Estava em um supermercado e, como de costume, vou ao setor de
vinhos para olhar alguns rótulos, nem sempre com a obrigação, a intenção de
comprar alguma garrafa, apenas, em alguns casos, ver, como um bom e fiel
enófilo. Até que avistei, em meio a poeira e meio que jogado de lado, no fundo
da gôndola, um vinho chileno com um peculiar rótulo, simples, mas muito bonito
e no mínimo sugestivo, com uma exuberante vegetação. Deduzi se tratar de um
vinho orgânico e bingo! Era um vinho produzido com conceitos sustentáveis, um
vinho, como alguns carinhosamente chamam, de “natureba” ou ecológico. O valor
do vinho era muito baixo para um vinho orgânico vendido no Brasil que,
convenhamos é exorbitante. Este estava, pasmem, na faixa dos R$ 25,00! Confesso
que, de início, fiquei curioso pelo apresentação estética e o preço muito
atraente, me estimulou em compra-lo, mas estava receoso. Será que é ruim? Mas
decidi arriscar e afinal, se acaso fosse ruim, não teria gastado tanto. E,
mesmo no escuro, pois no rótulo e contra rótulo não tinha tanta informação e
não sou muito simpático em comprar vinhos dessa forma, e comprei.
O vinho é maravilhoso! Surpreendentemente bom! E de taça
cheia e muito satisfeito do vinho que estava degustando e gostando, me
aprofundei nos seus detalhes técnicos. O vinho, que se chama “Nativa”, da linha
reserva, é um projeto da emblemática e tradicional vinícola chilena, Viña
Carmen, com um corte das castas Carmenère (90%), Cabernet Sauvignon (5%) e
Syrah (5%) da safra 2015 e produzido no Vale Central.
Na taça tem um impressionante vermelho rubi intenso, escuro e
brilhante que, ao deslizar na taça, mostra-se caudaloso, com uma abundância de
lágrimas finas que tingia as paredes do copo.
No nariz tem uma explosão aromática de frutas negras, com
toques fantásticos de especiarias como pimenta negra e pimentão vermelho e
notas de café, torrefação e baunilha.
Na boca é seco, estruturado, frutado, bem equilibrado, com
taninos presentes, mas finos e sedosos, com acidez instigante, amadeirado e
toques de baunilha, graças aos 8 meses de passagem por barricas de carvalho,
conferindo-lhe alguma complexidade. Tendo ainda um final longo e persistente.
Um vinho arrebatador, surpreendente, com personalidade
marcante, mas fácil de degustar. Gastronômico, harmoniza bem com massas
condimentadas, carnes e queijos gordurosos. Com 14% de teor alcoólico.
Sobre o Projeto “Nativa”:
A Nativa nasceu em 1995 como parte da Viña Carmen, uma das
vinícolas mais prestigiadas do Chile. Quatro anos depois, em 1999, a Nativa se
tornou o primeiro vinho chileno elaborado com uvas orgânicas certificadas. A
partir daí, a Nativa continuou desenvolvendo vinhos com as uvas Cabernet
Sauvignon e Chardonnay do Vale Alto Maipo, obtendo excelente prestígio
internacional e reconhecimentos importantes da imprensa especializada. Em 2007,
a Nativa começa a trabalhar em estreita colaboração com produtores de uva
cultivados organicamente no vale Maipo e em 2008 a Nativa recebe as primeiras
uvas orgânicas de suas próprias vinhas em Marchigüe, no vale de Colchagua. Em
2009, foi criada a empresa Nativa Eco Wines, que se tornou parte do portfólio
do Grupo Santa Rita, fortalecendo seu sólido compromisso com a agricultura
orgânica, a sustentabilidade e um plano ambicioso para o futuro.
Sobre a Viña Carmen:
A Viña Carmen foi fundada em 1850 por Christian Lanz e
batizada de "Carmen" em homenagem a sua amada esposa. A vinha possui
mais de 160 anos de experiência marcados por grandes marcos e sucessos obtidos
graças à sua experiência, seu patrimônio enológico e sua busca incansável por
qualidade e excelência. Em meados do século XIX, o Chile, como país
independente, começou a ver a indústria do vinho como um importante negócio
voltado para a exportação. É por isso que os principais produtores se
concentraram na qualidade do produto para serem percebidos mundialmente como um
país competitivo. Com novos ares de crescimento, expansão e inovação, a Viña Carmen
busca alcançar a mais alta qualidade e competitividade de seus vinhos. Um
evento enológico de grande relevância no mundo que marcou um antes e um depois
na indústria vinícola nacional e internacional. Após essa descoberta, Carmen se
tornou uma força motriz por trás do desenvolvimento da Carmenère no Chile. A
redescoberta do Carmenère em uma das vinhas de Carmen, especificamente no vale
do Alto Maipo, é um marco histórico que retornou ao patrimônio mundial do
vinho, uma espécie que se acreditava estar extinta há anos, depois de ter sido
infectada pela praga da filoxera na região na metade do século XIX.
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