Eu sou um assíduo defensor das variadas propostas do vinho.
Prefiro não aceitar que exista vinho ruim, de baixa qualidade ou aquele vinho
superior, apenas propostas de vinhos que não podem ser comparadas, a não ser
que seja dentro das próprias propostas. Explico: Você não pode comparar um
vinho de entrada, mais básico da vinícola com um barricado, mais complexo.
Beira a injustiça! Infelizmente ainda pensamos de uma forma pré-concebida, que
os vinhos baratos são ruins e de má qualidade. Nem todos! Não se engane que os
caros sempre agradarão! Não devemos, a meu ver, encarar o vinho como status ou “grife”,
ou seja, quanto mais caro melhor. Não podemos negligenciar o fator orgânico,
que varia de degustador para degustador. Falo tudo isso porque tive uma
satisfatória experiência com uma mesma linha de rótulos, uma básica e outro um
pouco mais complexo, de um mesmo produtor e vou falar dos dois ao mesmo tempo.
Os vinhos que degustei e gostei são: Ysern da casta Tannat, da
safra 2007, um vinho mais básico da vinícola tradicional uruguaia chamada
Bodegas Carrau, e um mais complexo, também da linha Ysern, da linha “Roble”
(Com passagem por barrica de carvalho), da safra 2013. Ambos são considerados “Blends
de regiões”, ou seja, um varietal, neste caso da casta Tannat, que veio de duas
regiões: Cerro Chapéu, que fica em Rivera (25%) e da região de Las Violetas, em
Montevidéo (75%). Veja no mapa estas e as outras principais regiões
vitivinícolas do Uruguai.
Sobre os vinhos:
Ysern Tannat 2007:
Na taça apresenta um vermelho rubi com reflexos violáceos com
pouca incidência de lágrimas.
No nariz tem aroma de frutas vermelhas como morango, amora
com um toque de especiarias, como pimenta do reino.
Na boca é frutado, seco, de leve para médio, redondo,
harmonioso, com taninos sedosos e acidez quase imperceptível, com um final
agradável, frutado e saboroso. Com 13% de teor alcoólico.
Ysern Tannat Roble 2013:
Na taça tem um vermelho rubi profundo, escuro meio
acastanhado nas bordas com abundância de lágrimas, finas, que demoravam a
dissipar desenhando as paredes do copo.
No nariz é extremamente aromático, revelando frutas negras
com toques de especiarias, um toque abaunilhado, de torrefação e madeira muito
bem integrada ao vinho, graças aos 9 meses de passagem por barrica de carvalho.
Na boca reproduzem-se as impressões olfativas sendo
estruturado e complexo, devido também à passagem por madeira com taninos
gulosos, presentes, mas redondos, com boa acidez. Um vinho de marcante
personalidade, equilibrado, mas muito fácil de degustar. Com 13,5% de teor
alcoólico.
Uma grande e satisfatória experiência com vinhos, embora
distintos, mas muito bem feitos, corroborando a história plena e altiva da
produção uruguaia dos vinhos da casta Tannat. Ouvi de alguém, não me recordo
quem, de que a melhor forma de confirmar se um produtor é idôneo e que produz,
com excelência, seus vinhos, e degustar os seus vinhos, mas básicos, de
entrada. Por isso que, quando adquiri o de entrada da linha “Ysern” e degustei
e gostei, não hesitei em comprar a linha “Roble”. Se permita a degustar todos
os vinhos em todas as suas propostas, indiscriminadamente.
Sobre a Bodegas Carrau:
A tradição secular de uma família em um panorama que
fortalece o crescimento dos bons vinhos uruguaios em pleno andamento dia a dia.
A presença da família Carrau é um fato indesculpável desse processo no quadro
de uma longa história que começa na Catalunha. Bodegas Carrau estabelece a
qualidade constante como objetivo principal. comércios nobres são muitas vezes
alojados na tradição familiar dentro da prática repetida passada de pai para
filho. Dos avós aos netos, uma longa carreira de perfeição um dia foi cumprida
na antiga mídia comercial. Parte disso ainda subsiste no campo dos enólogos que
se prezam. Por esse motivo, a Família Carrau ainda preserva como um documento
precioso que afirma que, em 2 de abril de 1752, Dom Francisco Carrau Vehils
comprou a primeira vinha da família na Catalunha. Em 6 de fevereiro de 1783, o
notário declara que foi esse o caso e que a vinha está em Vilassar de Mar. Hoje
incorporado no corpo de Barcelona. Em 1840, Juan Carrau Ferrés dedicou-se ao
negócio do vinho e também aos livros de sua vinícola, que eram zelosamente
guardados por seus atuais herdeiros. Seu neto Juan Carrau Sust, formado em
vinicultura em Villa Franca del Penades, concorda com a transferência, um
verdadeiro transplante de família no Uruguai. Em 1930 Juan Carrau Sust chega
com sua esposa Catalina Pujol e cinco filhos no Uruguai, entre eles Juan
Francisco Carrau Pujol . A Carrau Sust se une à fundação da Vinícola Santa
Rosa, que entre 1930 e 1940. Cresce com a tecnologia fornecida pelo viticultor
catalão, que também fornece ao Uruguai o método champenoise e outros vinhos
especiais. Em 1976, fundou Bodegas Carrau,
um projeto de grande ambição, para o qual importou videiras livres de
vírus de seleção clonal com critérios revolucionários para a época. O projeto
em andamento foi declarado de interesse nacional em novembro de 1977, pois,
entre outras razões, o objetivo era exportar e divulgar os vinhos uruguaios no
mercado internacional. A importância desse empreendimento justifica o fato de
ser considerado o ponto de partida de uma nova etapa na Viticultura Nacional.
Para implementar adequadamente, além das vinhas Cerro chapeu, a nova empresa
adquire a vinícola Pablo Varzi, fundada em 1887 e faz parte da contribuição
italiana para a história do vinho uruguaio.
Mais informações acesse:
Ysern Tannat 2007 degustado em 2015
Ysern Tannat Roble 2013 degustado em 2016