Em conjunto, os vinhos de denominação de origem Jumilla são
exemplares que alcançaram um alto nível dentro do cenário vinícola da Espanha,
sendo vinhos bastante premiados em concursos, tanto nacionais quanto
internacionais.
Os vinhos da região de Jumilla têm revelado um grande
potencial desde o início dos anos 90. O último ataque da phylloxera em 1989
conduziu a um novo começo: os vinhedos foram replantados para produzir vinhos
tintos leves e frutados e vinhos brancos e rosés feitos de uvas nativas como a
Monastrell, assim como as importadas Syrah e Merlot.
Ao mesmo tempo, cuidadosas colheitas e investimento em novos
equipamentos melhoraram a qualidade dos vinhos. O resultado é uma nova geração
de vinhos elegantes, alguns orgânicos, e a maioria sendo jovens, na qual a uva
Monastrell está mostrando resultados notáveis nas mãos de habilidosos
produtores. Os vinhos de Jumilla começaram, então, a causar grande impacto no
mercado internacional.
Monastrell
Essa uva espanhola com sotaque francês e que produz excelente
vinhos, sozinha ou em comunhão com outras castas, teve sua primeira menção ao
seu nome original – Monastrell – no longínquo século 14! Sendo, juntamente com
a Bobal, uma das variedades mais importantes da região de Valência na época.
O nome deriva do latim monasteriellu, um diminutivo de
monasteriu, que significa “mosteiro”, sugerindo que a variedade foi cultivada e
propagada por monges na região de Valência, Espanha.
Apesar de ali ser apresentada para o mundo, estudos apontarem
que sua origem é bem mais antiga, a casta teria sido introduzida na região pelos
fenícios por volta de 500 a.C., quando estes fizeram as primeiras viagens do
que hoje conhecemos como oriente médio até a Península Ibérica.
Seu outro nome famoso, o francês Mourvèdre, traz uma pista de
onde a uva se desenvolveu já na Espanha e de onde teria saído para conquistar o
mundo. Afinal, Camp de Morvedre (Murviedro em espanhol) foi até 1868 o nome
catalão para a cidade de Sagunto, um importante porto vinícola ao norte de
Valência.
Camp de Morvedre
Assim como Mataró, ou Mataro, é um nome também derivado de
uma cidade na costa do Mediterrâneo, entre Barcelona e Valência, um dos grandes
terroirs por excelência da casta.
A Monastrell se adapta melhor em regiões com climas secos e
quentes. A variedade apresenta bagas pequenas e de espessura média – combinação
ideal para dar origem a vinhos com cor intensa e altos níveis de taninos. Seus
aromas são complexos e muito distintivos, assim como os seus taninos.
Estas características tornam a variedade um potente
ingrediente de mistura, principalmente, ao lado da picante uva Syrah e da rica
Grenache. As uvas Carignan e Cinsaut também aparecem frequentemente nos rótulos
com a Monastrell, principalmente por conta da tradição destes vinhos, do que
pelo aroma ou sabor. Na França, a Monastrell é uma variedade chave nas regiões
de Provence e no sul do Vale do Rhône, onde é um dos principais componentes dos
tradicionais vinhos Chateauneuf-du-Pape e Côtes du Rhone.
A variedade sofreu muito na década de 1880, quando a praga
filoxera assolou os vinhedos da Europa, destruindo inúmeras plantações. Seus
redutos notáveis durante este tempo se formaram em torno de Bandol, que possui
solos arenosos onde a filoxera não consegue sobreviver. Nos dias de hoje, as vinhas
da Monastrell ainda se encontram nas encostas litorâneas de Bandol e a
variedade constitui, pelo menos, metade dos vinhos tintos tânicos e os rosés
delicadamente picantes da região.
Na Espanha, as modernas técnicas vinícolas mudaram o foco
para as uvas Tempranillo e Cabernet Sauvignon, mas a Monastrell hoje se tornou
uma das uvas mais plantadas com cerca de 40 mil hectares, mas o grande expoente
nos últimos anos é sem dúvida a França. Em 50 anos o país passou de 500
hectares plantados para 10 mil, principalmente nas regiões do Rhône e do
Languedoc-Roussillon.
Já na Austrália e na Califórnia, a Monastrell é conhecida
como Mataro, embora o prestígio do seu nome francês tenha conquistado os
produtores, que abandonaram o termo Mataro. Os vinhos australianos e
californianos elaborados com a variedade são tipicamente mais ricos e mais
frutados do que aqueles produzidos no Mediterrâneo.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase escuro, com
halos evoluídos, acastanhados, denotando seus oito anos de garrafa, com
profusão de lágrimas grossas e lentas que desenham o bojo.
No nariz traz aromas complexos de frutas pretas maduras com
destaque para a cereja negra, ameixa e notas amadeiradas, com evidência para o
tostado, a torrefação, a baunilha, o tabaco, couro, mas em total sinergia com a
fruta. Percebe-se também especiarias, algo de herbáceo e terra molhada.
Na boca tem médio corpo, com grande amplitude de boca, um
vinho volumoso, cheio, mas com alguma elegância, fácil de degustar, saboroso.
Os 12 meses em barricas de carvalho definitivamente traz o aporte do tostado,
do chocolate, da baunilha, cacau, coco queimado bem como a fruta bem integrada,
em convergência com a madeira, o mesmo percebido no aspecto olfativo. Traz
taninos macios, sedosos, mas presentes, com acidez baixa para média e um final
persistente e um discreto adocicado.
Profundo e elegante, frutado e complexo! Um vinho
multifacetado e que certamente agradaria a todos os paladares, dos iniciantes
aos mais exigentes e experientes. Assim é Genio Expañol Monastrell. Os seus
oito anos de vida lhe garantiu esse equilíbrio e mesmo a Monastrell ser, na sua
gênese, uma casta robusta, taninosa e potente, neste rótulo se mostrou fácil de
degustar e complexo, ao mesmo tempo. Grata novidade, surpreendente vinho e
sedutor terroir! Espero que muito em breve possa ser arrebatado, mais uma vez
por rótulos de Jumilla. Tem 14% de teor alcoólico.
Sobre a Família Bastida:
A Família Bastida, com adegas pertencentes a diferentes
Denominações de Origem desde 1870 e várias gerações dedicadas exclusivamente ao
mundo dos vinhos, trabalha com profundo entusiasmo neste projeto com o objetivo
de agrupar diferentes Denominações de Origem de Espanha, procurando as
especificações de cada um em tramas únicas em pequenas produções.
Isto oferece ao consumidor uma vasta gama de vinhos da
Península Ibérica que apresentam a melhor relação preço-desempenho, algo
comprovado por um grande número de prémios nacionais e internacionais que
recebeu e vem recebendo ao longo dos anos.
Mais informações acesse:
http://familiabastida.com/en/
Referências:
“Compra-vino”: https://www.compra-vino.com/pt/jumilla#
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/jumilla
“Vinho Virtual”: http://www.vinhovirtual.com.br/regioes-87-Jumilla
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/monastrell
“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/mourvedre-voce-precisa-provar-uva-que-anda-mais-falada-do-que-nunca_13168.html