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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Chateau Duvalier Sémillon 2001

 



Vinho: Chateau Duvalier

Casta: Semillon

Safra: 2001

Região: Rio Grande do Sul (Sem detalhes de informação no rótulo e site do produtor)

País: Brasil

Produtor: Bacardi-Martini do Brasil

Teor Alcoólico: 10,5%

Adquirido: Presente de um amigo

Valor: ----

 

Análise:

Visual: amarelo intenso, em uma cor alaranjada denotando os seus vinte e três anos de garrafa.

Nariz: revela aroma intrigante de mel, sem as notas frutadas, sem o frescor de juventude, mas a sedução da idade.

Boca: complexo, traz algo de frutas secas, não há frescor, não há a leveza, não há acidez, a idade impõe as suas mais fiéis características. Final envolvente e persistente.




Produtor:

https://www.bacardilimited.com/country-info/brazil/


sábado, 8 de outubro de 2022

L'Esquirre Sémillon (50%) e Sauvignon Blanc (50%) 2020

 

Para muitos, eu diria que seja unânime, que a região francesa de Bordeaux é uma das mais prestigiadas do planeta do vinho, se não for a mais importante. Não quero entrar em discussões frívolas, mas o fato é que, sem sombra de dúvidas, Bordeaux é uma das mais famosas, mas melhor, em um universo de milhares terroirs, seria até fazer pouco caso das demais regiões.

Evidente que cada terra, cada região tem as suas particularidades, tornando-se impossível fazer quaisquer juízos de valores nesse quesito. Mas em um quesito, eu acho que Bordeaux ganha de lavada: o seu famoso blend: Cabernet Sauvignon e Merlot ou Merlot e Cabernet Sauvignon, dependendo do “lado” da região.

Sou um entusiasta desse blend. Para mim é o melhor blend que existe! Independente se é “Lado Direito” ou “Lado Esquerdo”, o corte dessas duas castas, na sua predominância, pois pode levar também, em um pequeno percentual, Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot, traz uma versatilidade incrível.

Tem a força, a potência, a estrutura da Cabernet Sauvignon, a maciez da Merlot e nessa ambiguidade o vinho ganha em personalidade e elegância, sem contar que, dependendo da proposta, o vinho ganha em longevidade. Não há como negligenciar a complexidade que esse “assemblage”, como dizem os franceses, pode nos entregar.

Mas não se enganem, mesmo que diante desse glamour e fama dos tintos de Bordeaux há sim lugar e espaço para os brancos “tranquilos” da região bordalesa. E eu custei, até por causa desse prestígio que os tintos ostentam, a perceber que os brancos têm vez na emblemática Bordeaux.

E descobri, por acaso, quando fazia aquelas indispensáveis incursões aos supermercados em busca de alguns “achados”, algo que nos faça crer que vale a pena continuar a degustar a poesia líquida. E não é que achei o tal “achado”?

E de Bordeaux! Um branco bordalês! Desculpem-me se eu fiquei animado quando, nessa altura da vida, encontrei um branco de Bordeaux, mas para mim é uma novidade diante de tantos tintos dessa região.

E é tão novo, não apenas pelo fato de ser um branco de Bordeaux, mas de uma sub-região que, à época, quando o comprei, eu, diante da minha estupenda ignorância, desconhecia: Entre-Deux-Mers.

Claro que tudo isso gerou um clima de excitação, eu precisava ter esse vinho em minha adega, haja vista que não é tarefa fácil encontrar uma boa variedade desses rótulos por aqui em terras brasileiras. E o preço também excitou: cerca de R$34,90, aproximadamente. Dizem que é uma temeridade comprar Bordeaux a esses valores! Que se dane! Comprar vinho é um risco, então vamos encará-los!

Sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei, veio de Bordeaux, de Entre-Deux-Mers, e se chama L’Esquirre, composto pelo blend das castas Semillon (50%) e Sauvignon Blanc (50%) da safra 2020. Falemos um pouco de Entre-Deux-Mers.

Entre-Deux-Mers: Entre dois mares

O extenso território situado entre Graves e Sain-Émilion, dentro do “Y” formado pelos afluentes Garrone e Dordogne, ganhou sua denominação que significa “Entre-dois-Mares”. O nome da região é derivado, não da palavra francesa “mer” ("mar"), mas de "marée" ("maré"). Assim, significa "entre duas marés", uma referência à sua localização entre dois rios de maré.

Com 3.000 hectares (7.400 acres), é a maior sub-região de Bordeaux, embora, como existem grandes áreas de floresta, apenas metade da terra é usada para o cultivo de uvas. A área total de vinha é de cerca de 1.500 hectares (3.700 acres), com cerca de 250 produtores fazendo vinho nesta região.

Essa sub-região sempre foi conhecida por seus vinhos brancos, na AOC de mesmo nome, mas nas últimas décadas progrediu muito a produção de vinhos tintos nas AOC regionais Bordeaux e Bordeaux Supérieur, baseados na uva mais plantada em Bordeaux - a Merlot. É uma região de interesse onde surgem boas descobertas.

Entre-Deux-Mers

A região vinícola de Entre-Deux-Mers possui 8 apelações: Bordeaux-Haut-Benauge (AOC), Côtes de Bordeaux Saint-Macaire (AOC), Entre-Deux-Mers (AOC), Entre-Deux-Mers-Haut-Benauge (AOC), Graves de Vayres (AOC), Loupiac (AOC), Premières Côtes de Bordeaux (AOC) e Sainte-Croix du Mont (AOC).

A apelação Bordeaux e suas derivadas (Bordeaux Supérieur, Bordeaux Blanc Sec, Bordeaux Clairet, Bordeaux Rosé, Crémant de Bordeaux) é uma apelação regional: Todos os vinhos produzidos no departamento da Gironde podem se classificar para usar esta AOC. Os produtores mais qualificados preferem usar as apelações comunais como Pauillac ou Moulis, mas todos podem produzir vinhos na AOC Bordeaux. Curiosamente vários produtores de Blaye preferem usar AOC Bordeaux.

A AOC Bordeaux Supérieur não produz vinhos brancos secos. Na AOC Bordeaux os tintos são produzidos principalmente em Entre-Deux-Mers, ao sul de Graves, na margem direita (fora das zonas de AOC) e também uma pequena área no Médoc, perto da cidade de Bordeaux.

Esses pequenos Bordeaux hoje são comercializados com preços muito competitivos e sua qualidade os faz ótima compra. Na maioria são produzidos com uma presença maior de Merlot (70-90%), podendo jovens ser sem madeira, 30% de barrica.

Os pequenos Bordeaux podem ter 70%, 80% ou mais de Merlot, beneficiando-se assim da maior produtividade dessa uva e produzindo vinhos macios e fáceis de agradar, com bons preços.

Esses vinhos podem ser elaborados sem madeira, com 30% ou com 100% de madeira, nesse caso os preços variam bastante, mas são vinhos que surpreendem.

Os brancos são tradicionalmente produzidos com Sauvignon Blanc, seja em varietais, na atualidade, ou em cortes tradicionais com Sémillon e Muscadelle.

A AOC Bordeaux Supérieur possui normas de produção mais rígidas, como menores rendimentos por hectare e maturação mais longa. O nível médio de qualidade é bom, mas cada vez mais produtores se destacam pela alta qualidade de seus vinhos.

A denominação Entre-Deux-Mers tem as seguintes características:

1 - Vinho branco seco: menos de 4 gramas/litro de açúcar residual;

2 - Lote de três castas: Sauvignon Blanc (principalmente), Sémillon e Muscadelle;

3 - Teor alcoólico mínimo de 11,5%;

4 - O vinho é tipicamente apreciado jovem – dentro de um ano de safra – mas tem algum potencial de envelhecimento, devido ao Sémillon.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha com reflexos esverdeados bem brilhantes, límpido e com lágrimas finas, dispersas e ligeiras.

No nariz intensidade aromática alta com as notas frutadas predominando, com destaques para frutas amarelas, de polpa branca e cítricas, tais como pêssego, em destaque, abacaxi, pera, maçã-verde, combinados com uma boa mineralidade e algo floral, de flores brancas.

Na boca é seco, com incrível frescor e leveza, mas que traz certo volume de boca, é um vinho cheio, diria entregar uma discreta untuosidade, com a fruta aparecendo, como no aspecto olfativo, com uma acidez média e agradável e um final de persistência média.

Bordeaux é sempre Bordeaux! E algumas “máximas” quanto a qualidade dos vinhos tendo como parâmetro o preço, não funcionou, pelo menos na minha reles e humilde percepção! Não quero entrar em discussões polarizadas e tão pouco questionar a qualidade dos Bordeaux mais caros e de “grife”, mas há sim vida nos bordaleses mais baratos. Esse L’Esquirre (Camarão, em francês), trouxe aquelas notas agradáveis de frutas como maracujá, abacaxi, pera, um delicado floral, boa acidez e uma leveza sem igual. Belo Bordeaux! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Seignouret Frères:

Fundada em 1830, A Seignouret Frères é uma das casas comerciais mais antigas de Bordeaux. No entanto, a história de seu fundador, François Seignouret, parece muito com uma história de sucesso americana. Nascido em Bordeaux em 1783, chegou a Nova Orleans em 1808. A cidade, que acaba de passar sob a bandeira americana, está crescendo. François Seignouret lança-se com sucesso no design de tapeçaria e mobiliário.

Em 1820, sua reputação se estendeu além da Louisiana. Ele é então considerado o fabricante dos móveis mais elegantes do sul dos Estados Unidos. Ainda hoje, possuir um “Seignouret” é um privilégio.

Para atender à crescente demanda por vinhos franceses nos Estados Unidos, Seignouret fundou uma casa de exportação em 1830, a rue de la Verrerie. Em Nova Orleans, ele converteu suas oficinas em adegas onde engarrafava vinhos excepcionais como Château Margaux, Château Lafite, Château Latour, Château Mouton Rothschild e Château Haut-Brion.

François Seignouret morre em Bordeaux em 1852. Seu negócio permanecerá nas mãos dos descendentes da família Seignouret até 1927, quando a casa é comprada pela família Brou de Laurière antes de ser adquirida em 2011 por Laurent Barrier e Erwan Flageul.

Entre os últimos comerciantes de vinho independentes em Bordeaux, Seignouret Frères segue uma abordagem muito particular: combina sua busca permanente por safras excepcionais e exclusivas com a paixão pelas profissões da vinha e da vinificação.

Igualmente essencial é a proximidade que cultivamos com os nossos clientes e parceiros, elemento essencial para nos mantermos proativos e respondermos de forma adequada às suas necessidades.

Graças ao seu conhecimento histórico dos terroirs, apurado ao longo de dois séculos, Seignouret Frères sabe como selecionar grands crus excepcionais e descobrir os tesouros escondidos de Bordeaux. Um know-how enológico interno também permite produzir cuvées e marcas muito apreciadas pelos conhecedores. Cada garrafa é cuidadosamente armazenada em adegas internas mantidas em temperatura e umidade ideais.

A Seignouret Frères gera mais de 80% do seu volume de negócios com exportações. A casa sempre esteve muito presente em nichos de mercado: departamentos e territórios ultramarinos, Pacífico, Sudeste Asiático, Caribe, África, Europa Oriental, América Central e América do Sul. A Seignouret Frères também trabalha com lojas duty free e companhias aéreas.

Mais informações acesse:

http://www.seignouret.com/

Referências:

“Além do Vinho”: https://alemdovinho.wordpress.com/2016/03/23/os-segredos-de-bordeaux/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/direita-ou-esquerda_9559.html

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=ENTREDX_R

“Wikipedia: https://en.m.wikipedia.org/wiki/Entre-Deux-Mers

 

 

 

 

 

 




quarta-feira, 15 de abril de 2020

120 Reserva Especial Sauvignon Blanc 2016


Sabe aquele vinho que encontramos no fundo da gôndola, empoeirado, sem destaque algum no supermercado que, por uma ordem do instinto, um chamamento do coração, pegamos e, quando degustamos nos arrebata em uma surpresa agradável? Pois é, uma das grandes alegrias de um humilde enófilo é investir em vinhos subestimados, geralmente baratos, e ter um retorno espetacular e improvável. Isso corrobora uma máxima, diria, de que vinho barato não deve ser encarado como um vinho ruim, mas apenas uma proposta diante de tantas que temos no universo infindável de vinhos.

O vinho que degustei e gostei veio do Chile, da região do Valle Central, o 120, reserva especial, tradicional linha de rótulos da igualmente tradicional Viña Santa Rita, da casta Sauvignon Blanc, ou melhor, segundo o site do produtor, conta com um corte de 98% de Sauvignon Blanc e apenas 2% de Semillón. Mas de acordo com uma legislação chilena, as castas que compõe um baixo percentual na composição do blend ou corte do vinho, não é informada nos seus rótulos. Para mais informações leia: Qual a diferença entre blend e varietal?

Na taça conta com um amarelo palha com reflexos esverdeados e brilhantes.

No nariz aromas intensos de frutas brancas frescas como abacaxi, melão, maçã verde e pêra, com um agradável toque floral que já denuncia um frescor e leveza.

Na boca se confirma as impressões olfativas com uma acidez agradável, e um agradável final frutado de média intensidade.

A linha 120, como diz no site da vinícola, entrega, com maestria, a simplicidade, a nobreza de entregar o vinho na sua expressão mais genuína, sobretudo no tocante as características da cepa, um vinho leve, fresco, para ser degustado jovem, de forma despretensiosa, desfrutando com amigos e harmonizando com comidas leves como frituras, carnes brancas e massas leves, sem condimentos fortes. Um vinho sensacionalmente surpreendente. Não posso dizer categoricamente isso, mas essa safra, 2016, deve ter sido muito especial, o vinho estava soberbo, muito equilibrado e harmonioso, talvez a sinergia entre o clima e a mão humana foi determinante para esse belo vinho. Tem 12% de teor alcoólico.

A história do rótulo “120”:

Em 1814, um grupo de soldados do movimento de independência, após a Batalha de Rancágua, procurou abrigo e refúgio na Hacienda de Paine que era uma propriedade agrícola que remonta antes mesmo da efetiva fundação da Viña Santa Rita, em 1880. Paula Jaraquemada, proprietária e defensora do movimento e ciente da proximidade dos espanhóis, protegeu os 120 soldados no porão da sede da fazenda, salvando suas vidas. Não à toa, uma das principais linhas da Santa Rita é o rótulo 120, em alusão aos soldados. Na ilustração abaixo, do início do século XIX, mostra Paula Jaraquemada sendo interrogada por soldados da Coroa Espanhola, em busca dos 120 soldados pró-independência.



A independência do Chile foi obtida em 1818, e a “Hacienda” viveu dias tranquilos a partir de então. Os anos se passaram e, em paralelo, no ano de 1880, o empresário chileno Domingos Fernández Concha fundara a Viña Santa Rita.

Sobre a Viña Santa Rita:

A Vinícola Santa Rita foi fundada em 1880 por Domingo Fernández Concha, destacado empresário e homem público da época. Dom Domingo introduziu finas cepas francesas nos privilegiados solos do Vale do Maipo e incorporou maquinaria especializada, o que somado à contratação de enólogos da mesma nacionalidade lhe permitiu produzir vinhos com técnicas e resultados muito superiores aos tradicionalmente obtidos no Chile, mudando a forma de elaborar vinhos em nosso país. Desde o final do século XIX e até meados do decênio de 1970, a vinícola funcionou sob o controle da família García Huidobro, iniciando com Dom Vicente García Huidobro, genro de Dom Domingo Fernández Concha, quem continuou com o legado e ideais do fundador.  No ano de 1980 o Grupo Claro e a empresa Owens Illinois, principal produtora de embalagens de vidro do mundo, adquirem parte do patrimônio da Vinícola Santa Rita. A chegada do Grupo Claro significou um forte impulso para a empresa. Na área produtiva foram introduzidos significativos avanços tecnológicos e técnicas de elaboração de vinhos desconhecidos até então no Chile. Da mesma forma, foi fortemente impulsionada a criação de novas linhas de vinhos; no ano de 1982 inicia-se a linha 120 e em 1985 começa a exportação de vinhos chilenos para distintos mercados do mundo. O crescimento da Santa Rita ocorreu também a partir da aquisição de marcas de prestígio no mercado como Carmen, em 1987. Em 1988, o Grupo Claro assume a propriedade total da Vinícola Santa Rita. Inicia-se um período de grande expansão da vinícola, transformando-se em sociedade anônima aberta em 1990. Seu crescimento se baseou no forte impulso às exportações e na excelente reputação de seus vinhos, os quais obtiveram importantes prêmios. Na década de 90 se iniciou investimentos significativos em todos os processos. Em todos os processos, destacando-se a área enológica, na qual foram incorporados novos equipamentos, tanques de aço inoxidável e barris de carvalho francês e americano. Na área agrícola consolidou-se a aquisição e plantação de mais de 1000 hectares nos mais importantes vales da vitivinicultura chilena: Maipo, Colchagua e Casablanca. Os mais de 135 anos nos quais a Vinícola Santa Rita tem trabalhado na elaboração de vinhos lhe propiciaram acumular uma vasta experiência, que sem dúvida repercute na qualidade de seus produtos, qualidade esta mantida inalterável com o passar do tempo e que seguirá surpreendendo consumidores em cada canto do mundo.

Mais informações acesse:

https://www.santarita.com/pt/

Vinho degustado em 2017.