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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Chateau des Aladères 2016

 



Vinho: Chateau Aladères  

Safra: 2016

Casta: Carignan (40%), Syrah (30%), Grenache (20%) e Cinsault (10%)

Região: Corbières, Languedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Château de Lastours

Adquirido: Wine

Valor: R$ 59,90

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 6 meses em tanques de aço inoxidável com as borras.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, porém com traços acobreados, atijolados, denotando seus oito anos de garrafa. É viscoso, traz lágrimas finas, lentas e que mancham o bojo.

Nariz: entrega aromas agradáveis de frutas vermelhas maduras, como groselha, cereja e até framboesa, com notas de especiarias, com destaque para pimenta preta e um toque lácteo, arriscaria.

Boca: é intenso, com alguma estrutura, porém é elegante e macio, revelando-se equilibrado. Mostrou-se alcoólico no início, porém logo equilibrou-se, trazendo as notas frutadas, como no aspecto olfativo, taninos presentes, mas domados pelo tempo, acidez média e final persistente, de retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://www.chateaudelastours.com/en/home/




quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Claude Val tinto 2020

 



Vinho: ClaudeVal

Safra: 2020

Casta: 50% Grenache, 25% Carignan, 15% Syrah e 10% Merlot

Região: Laguedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Domaine Paul Mas

Adquirido: Loja Niterói Vinhos

Valor: R$ 74,90

Teor Alcoólico: 13,5%

 

Análise:

Visual: apresenta cor rubi intensa, porém com halos violáceos, além de lágrimas proeminentes e lentas que mancham toda a taça.

Nariz: aromas de frutas negras, com destaque para amora e ameixa, com muito frescor, com um leve especiado, algo como pimenta preta.

Boca: é jovem, frutado, fresco, mas com alguma personalidade, mostrando equilíbrio entre acidez, vibrante e salivante, taninos, amáveis e dóceis e, claro, estrutura. Tem um final persistente, de retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://www.paulmas.com/


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Claude Val Rosé 2022

 



Vinho: ClaudeVal

Safra: 2022

Casta: 50% Grenache, 30% Cinsault e 20% Syrah.

Região: Laguedoc-Roussillon

País: França

Produtor: Domaine Paul Mas

Adquirido: Loja Arte dos Vinhos, na cidade de Niterói

Valor: R$ 65,90

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: traz um rosado bem claro, delicado, mas muito brilhante, lembrando um Provence. Tem rápidas lágrimas e em pequena quantidade.

Nariz: focado distintamente nos aromas de frutas vermelhas frescas, com destaque para morango, cerejas e framboesa. Traz mineralidade, frescor, leveza e um discreto, porém agradável toque floral.

Boca: é leve, fresco, saboroso, com as notas frutadas perceptíveis, como no aspecto olfativo, com uma acidez na medida e um final persistente, frutado e suculento.

 

Produtor:

https://www.paulmas.com/


sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Chateau Saint Pons de Mauchiens Neratius Syrah e Grenache 2018

 

Sempre ouvi, por parte dos “influenciadores” do universo do vinho, que os rótulos franceses, sobretudo de sua mais emblemática e famosa região, Bordeaux, para serem bons, de qualidade, precisam ser caros.

Como sou um homem de extrema humildade e, diante da enorme sapiência desses especialistas, prefiro não entrar nos pormenores, embora acredite piamente que é possível sim, degustar bons rótulos desse país, com preços mais convidativos para a maioria da população brasileira.

Mas convivi com essa “máxima” durante muitos anos, degustando pouquíssimos rótulos franceses, principalmente no período em que estava começando a adentrar no vasto universo do vinho em que não tinha, digamos, maturado, a percepção de que qualidade não precisa andar de mãos dadas com dinheiro, muito dinheiro.

Afinal essa é uma visão míope e arrogante de que vinho bom é vinho caro, porque para alguns aristocratas do vinho, tal bebida serve para ditar regras de etiqueta social. E poucos rótulos deixei de degustar, por um longo tempo, principalmente de Bordeaux, por conta dessa situação.

Então com o passar dos tempos e com o desbravar de informações que desmistificasse tal “máxima” busquei rótulos de Bordeaux com ótimos preços e que pudesse me trazer um retorno satisfatório no que tange à degustação.

Mas com isso descobri outra região da França muito importante para a viticultura local e que atualmente é uma das maiores produtoras de vinho por volume deste país e que, ao longo dos anos, vem se notabilizando, crescendo em qualidade. Falo do Languedoc-Roussillon.

Percebi valores extremamente atraentes e rótulos surpreendentemente bons! Fui degustando rótulo por rótulo e gostando de cada um, independente da proposta e da casta. O último inclusive, foi maravilhosa a degustação, o Antodie, um varietal da Viognier, da safra 2020.

E como o interesse foi crescendo cada vez mais, nada mais natural do que garimpar novos rótulos, ter novas experiências e, mais uma vez, me vi enamorado por outro rótulo que descobri e que, para variar, me surpreendeu positivamente. O vinho que degustei e gostei veio, claro, do Languedoc-Roussillon, e se chama Neratius, composto por um blend tradicional da região, Grenache e Syrah, da safra 2018.

Château Saint Pons de Mauchiens

O Château Saint Pons de Mauchiens não é apenas uma vinícola, é uma ode à majestosidade do vinho francês, situada na venerada região vinícola de Languedoc-Roussillon.

Esta região é um verdadeiro tesouro para os apreciadores de vinho, uma tapeçaria de vinhedos que criam as mais divinas bebidas, como o excepcionalmente rico e complexo Neratius.

Languedoc-Roussillon

Languedoc-Roussillon é uma região francesa localizada na costa do país. Ela faz fronteira com a Espanha e é também chamada apenas de Languedoc. Na Idade Média, os povos que ocupavam o território da França atual tinham duas maneiras de dizer "sim": os do Norte diziam "oïl" e os do Sul diziam "oc".

Dessa forma, o Norte era conhecido como a terra da Língua do Oïl e, o Sul, a terra da Língua do Oc ("Langue d'Oc"). Esse segundo nome persistiu e o território mediterrâneo entre Perpignan e Montpellier, no sul da França, incluindo Narbonne e Carcassone, é até hoje denominado Languedoc.

Languedoc-Roussillon

Durante séculos essa região ensolarada, voltada em forma de anfiteatro para o Mar Mediterrâneo, dedicou-se à produção de volumes enormes de vinhos de mesa populares e baratos, os quais eram servidos em copos, nos bares, ou em jarras de vidro ("pichés"), nos restaurantes franceses, a preço de banana.

Até recentemente, nos anos 1970 e início dos 1980, o Languedoc ainda produzia, na maior parte, vinhos propostos para o consumo massivo. Do ponto de vista vitivinícola, isso era impulsionado pela facilidade com que a uva Carignan, que não se inclui entre as melhores, é cultivada e amadurece nas planícies quentes do anfiteatro mediterrâneo. Ela ocupava grande área de cultivo e sua utilização não conhecia limites.

O prestígio veio depois, por volta dos anos 1980, quando os produtores elevaram a qualidade, chegando a exemplares de tipos variados, com destaque para tintos frutados e robustos, com excelente relação custo e benefício, o melhor da França.

No entanto, passados mais de trinta anos, poucas regiões vinícolas do mundo são tão excitantes para vinhos tintos robustos e frutados a preços convidativos como o Languedoc. Nesse período, vinicultores pioneiros ajudaram a elevar a qualidade para novos níveis. As uvas Syrah, Grenache e Mourvèdre ocuparam o lugar da Carignan e a procura pela qualidade reduziu a primazia dos vinhos populares.

Um cauteloso processo de subdivisão de Languedoc-Roussillon em terroirs reconhecidamente distintos está em andamento há alguns anos, originando as apelações Clairette du Languedoc, La Clape, Picpoul de Pinet, entre outras. Algumas encontram-se bem estabelecidas, com anos de certificação, outras estão conquistando aos poucos seus espaços perante o mundo do vinho.

As cidades de maior destaque do Languedoc são Nîmes, Montpellier, Sète e Bézier e as do Roussillon são Narbonne, Carcassone, Minervois, Saint-Hilaire e Limoux. Essas duas regiões produzem principalmente vinhos tintos, seguidos dos brancos espumantes, brancos doces, brancos tranquilos secos e rosés.

Tradicionalmente, a Carignan é a uva de destaque, mas atualmente muitas outras têm brilhado. Grenache, Mourvèdre, Syrah, Merlot, Cinsault e Cabernet Sauvignon, entres as tintas. Picpoul, Muscat, Maccabéo, Clairette, Rollet, Bouboulenc, Sauvignon Blanc, Viognier, Marsanne e Chardonnay, entre as brancas.

Por causa da boa adaptação de uma grande diversidade de uvas, há uma produção muito variada por lá. Os tintos Vin de Pays d’Oc são deliciosos e cheios de tipicidade. Os brancos são impressionantes, dos secos aos doces. Sem falar do precioso espumante Crémant de Limoux, de estilo similar ao champanhe.

Com exceção do seu extremo oeste, que tem alguma influência atlântica, o clima da região é essencialmente mediterrâneo, com chuvas escassas (geralmente caem em temporais localizados) e verões muito quentes. O maior problema para a viticultura é a seca. O Roussillon é a região mais ensolarada da França, com 325 dias de sol no ano e com os ventos quentes que no verão aceleram a maturação das uvas.

O solo da maior parte da região é do tipo aluvial, exceção feita das partes mais ao norte, afastadas do litoral, e mais a oeste, próxima aos Pirineus, onde os vinhedos estão a altitudes maiores e repousam em solos variados como cascalhoso com seixos, xistoso, arenoso e de pedra calcária.

A virada

No período de 1982 a 1993, sub-regiões como Faugères, Minervois e Limoux enquadram-se como Denominação de Origem Controlada. Corbières, o vinhedo mais amplo da França Meridional, corre atrás com tintos apimentados da Grenache.

Como a quantidade - mais que a qualidade - era a premissa para a maioria dos produtores, isso se constituiu em uma virada no mundo dos vinhos franceses. A melhoria começa timidamente com a vinícola Fortant de France, do empreendedor Robert Skalli. Ele desvia-se da tradição local voltando-se para varietais de Cabernet Sauvignon, Viognier e Chardonnay, mas limita-se a enquadrar seus produtos sob a denominação Vin de Pays d'Oc (vinho regional).

Para encontrar os melhores tintos temos que nos voltar para os terrenos mais elevados. Isso significa, principalmente, os Côteaux du Languedoc, que contam, por sua vez, com diversas subregiões na zona de colinas entre a planície costeira e o Maciço Central. Os melhores tintos do Coteaux são cortes com base na Syrah e na Mourvedre. Propriedades emergentes, como os Châteaux la Roque, de Flaugergues e Puydeval despontam internacionalmente e são recomendados nos EUA, em 2003, pela Wine Spectator.

Outras, com nomes pouco divulgados até então como, por exemplo, os Domaines d'Aupilhac, Magellan e St. Martin de la Garrigue recebem tratamento semelhante. Os vinhos de Gerard Bertrand recebem da revista americana pontuações acima de noventa na sua escala de zero a cem.

A descoberta do Languedoc na Califórnia chega a ponto de Robert Mondavi tentar instalar-se com uma vinícola na região na cidade de Aniane. A prefeitura local socialista, entretanto, rechaça essa possibilidade e não autoriza o empreendimento. No local, instala-se a Maison Nicolas.

Futuras gerações

De modo geral, pode-se confiar de forma consistente em que os tintos contemporâneos do Languedoc, Corbières, Coteaux du Languedoc, Fitou etc, são vinhos equilibrados, potentes e que seu frutado não se deixa suplantar por aromas amadeirados.

Tendo rompido com o passado, a possibilidade do Languedoc de elaborar vinhos de qualidade ainda mais elevada, reconhecidos internacionalmente, dependerá da dedicação da nova geração de vinhateiros ao se expandir pela diversidade de terroirs da região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um rubi escuro, pouco translúcido, diria, com entornos granada, com lágrimas finas, espaçadas e lentas.

No nariz traz um aroma expressivo de frutas vermelhas e pretas maduras, algo de floral, de violeta, com notas picantes, as especiarias que a Syrah traz, como pimenta, por exemplo, com evidentes aromas terrosos, de terra molhada mesmo, além de couro e talvez tabaco.

Na boca é redondo, aveludado, mas traz alguma intensidade, arriscaria complexidade no paladar, um tanto quanto rústico, com as notas frutadas em profusão, com a terra molhada protagonizando, as especiarias, a pimenta, pimenta preta, com taninos presentes, mas domados pelos seus cinco anos de garrafa, com acidez correta e um final de média persistência.

Cada gole é uma experiência que envolve todos os seus sentidos, uma dança elegante de sabores que definitivamente clama por mais e mais. E o que torna este vinho ainda mais atraente e instigante é que ele vem de uma edição limitada, tornando cada garrafa especial nas degustações. Mais uma vez o Languedoc se revela um primor para os sentidos! Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a vinícola Les Vignerons de la Vicomté

O ambicioso projeto ecoagronômico, “Les Vignerons de la Vicomté”, surgiu em 2014 como parte de uma iniciativa maior denominada “Viticultura, Biodiversidade e Qualidade da Água na região de Hérault”. Inicialmente, a liderança do projeto foi conduzida pela Federação IGP Hérault, passando em 2016 para as mãos da Câmara de Agricultura.

Com foco em dois principais pilares, a “Les Vignerons de la Vicomté” se dedica a:

1-      Promover o uso de técnicas que diminuam a dependência de insumos, principalmente herbicidas, entre os cooperados.

2-      Encorajar as adegas, membros da Les Vignerons de la Vicomté, a produzirem cuvées oriundas de uma viticultura sustentável, que abrange desde práticas convencionais até biológicas.

Abrangendo 45 vilas rurais entre Gignac, ao norte, e Saint Pons de Mauchiens, ao sul, a iniciativa une 1.800 cooperados em 8.000 hectares de vinhedos, resultando na produção de 500.000 hectolitros de vinho por ano.

Os cooperados contam com uma série de ferramentas para auxiliar na transição para práticas mais sustentáveis. Ações como dias de treinamento, fornecimento de informações, conselhos personalizados e demonstrações, ajudam nesse processo. 

Um exemplo foi um evento organizado pela Câmara Hérault de Agricultura e a federação CUMA, com o propósito de apresentar uma série de soluções mecânicas para reduzir a necessidade de herbicidas. Este evento, realizado em Le Pouget, Plaine de l’Estang, atraiu mais de 200 viticultores, refletindo o crescente interesse pelo compromisso ecológico no setor.

Os Vignerons de la Vicomté também estão investindo na criação de um cuvée “ambiental”. Este projeto, parte das Medidas Agroambientais e Climáticas no Vicomté, tem como objetivo desenvolver linhas de vinhos que adotem práticas de baixo consumo.

Os primeiros exemplares, oriundos da safra 2018, estão disponíveis para venda, incluindo uma seleção de Merlot, um IGP Vicomté d’Aumelas Cuvée tinto e uma seleção de Syrah.

Avançando em sua jornada de sustentabilidade, Les Vignerons de la Vicomté está em processo de obter a certificação HVE, reafirmando seu compromisso com a conservação ambiental e atendendo às demandas crescentes de consumidores preocupados com o meio ambiente.

Mais informações acesse:

https://www.cavescooperatives.com/les-vignerons-de-la-vicomte-le-pouget/

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/languedoc-roussillon

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=FR14

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/o-vinho-de-languedoc_8053.html

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2021/10/languedoc-roussillon/

“Center Gourmet”: https://centergourmet.com.br/chateau-saint-pons-de-mauchiens-neratius-languedoc-aop-2018/





sábado, 14 de maio de 2022

Colnem Costières de Nîmes Syrah e Grenache 2017

 

Mais uma noite de degustação inundada por grandes e especiais novidades! Essas viagens que aliam novas experiências sensoriais e história de fato vêm gerando grandes harmonizações. E dessa vez tantas novidades e euforia veio da França, mais precisamente do Sul da França.

Essa região francesa tem me agradado e muito e não somente pela qualidade dos vinhos que são inquestionáveis, mas pelo custo mais do que atraente aos bolsos: o famoso custo X benefício!

Vinhos maravilhosos e que são capazes de derrubar alguns tabus importantes que vem reinando, até hoje, aqueles discursos de que degustar rótulos franceses excelentes tem de ser os caros, com valores altos. É claro que há as propostas e precisamos identifica-las, entende-las, mas defini-las como “bom” e “ruim” é no mínimo imprudente.

E o vinho de hoje vem de uma região extremamente famosa e tradicional e que poucos rótulos degustei. Lembro-me de ter degustado um rótulo há tanto tempo que já não me recordo de seus detalhes. Era preciso degustar um vinho do Vale do Rhône! Já passou da hora de tê-los em minha “litragem”.

Mas o melhor de degustar um vinho do Rhône é degustar de regiões específicas, de sub-regiões que traz a tipicidade, as nuances mais características de terroirs especiais com um forte apelo regionalista. E além de trazer o Vale do Rhône depois de alguns anos, vem junto a novidade de uma micro região que não conhecia chamada Costières de Nîmes.

E com esse turbilhão de novidades apresento o vinho que degustei e gostei que veio do Vale do Rhône, de Costières de Nîmes, na França, chamado Colnem composto pelas castas Syrah (60%) e Grenache (40%) da safra 2017. E para coroar essas novidades ainda temos o blend, o famoso blend do Sul da França, do Vale do Rhône que traz Syrah, Grenache e geralmente vem a Mourvèdre, conhecida pela sigla “GSM” que também será a minha primeira experiência. Então antes de falar do vinho vamos contar um pouco a história do Vale do Rhône e Costières de Nîmes.

Vale do Rhône

O Vale do Rhône é considerado o elo entre o clima continental e o mediterrâneo, entre as famosas regiões de Borgonha e Provence. Junto com a especificidade do clima, tem também a junção de diferentes solos. Esse conjunto permite que os produtores juntem tradição e originalidade, obtendo vinhos notáveis.

O Rhône está situado no sudeste da França. A região começa logo depois de Beaujolais, um pouco abaixo da famosa Lyon, um grande centro gastronômico do país, e os vinhedos estão situados entre os paralelos 44 e 45 norte. A produção aqui é majoritariamente de vinhos tintos, que representam 86% do total.

A região tem esse nome, pois é literalmente um vale em torno do rio Rhône, que nasce das águas do glaciário derretido no alto dos Alpes Suíços e corre em direção ao Mar Mediterrâneo. O rio desce 1.800m em uma extensão de 813 km e tem um efeito moderador sobre a temperatura da região, ajudando a suavizar as variações térmicas e diminuindo o risco de geadas durante a primavera (já que geadas nessa época podem matar os brotos de uva).

Vale do Rhône

O Rhône Norte

São cerca de 3.240 hectares de vinhedos, sendo que a maioria dos vinhos do Norte provém de denominações classificadas como Cru. Apenas 5% da produção de todo o Rhône sai daqui.

A região tem solo granítico, o que significa riqueza em granito e outros minerais, garantindo certa influência na acidez das uvas, além de maior concentração de luz solar durante o seu crescimento. Uma curiosidade da região é o lugar onde as videiras estão plantadas, perto do rio Rhône e nas encostas ou vales laterais, que proporciona melhor exposição solar apesar do vento Mistral (um vento muito forte que vem do norte), resultando em poucas uvas de altíssima qualidade. Isso acontece porque quando as condições climáticas não são favoráveis, a videira tenta se reproduzir da melhor forma possível. No entanto, devido ao declive e ao solo, é necessário que a colheita das uvas seja realizada de forma manual.

Todas essas condições tornam o norte ideal para o cultivo da casta Syrah, a única variedade tinta autorizada no norte do Rhône. No caso das uvas brancas, temos 3 variedades autorizadas: Viognier, Marsanne e Roussanne. Em algumas denominações essas uvas podem ser utilizadas para elaborar vinhos brancos e, em outras, é permitida a adição de uma pequena porcentagem de Viognier no vinho tinto como forma de aportar aromas e auxiliar na fixação de cor.

Os vinhos tintos da região são secos e bastante tânicos. Tendem a ter cor profunda e apresentar aromas que lembram frutas negras, pimenta preta e flores como violetas. Normalmente são vinhos feitos para envelhecer, e com o passar do tempo adquirem aromas de caça e couro. A maioria dos vinhos brancos da região são feitos no estilo seco também.

O Rhône Sul

O sul começa na cidade de Montélimar e vai até Nîmes. Nessa parte, o Vale começa a alargar e o terreno fica bem mais plano quando comparado ao norte. Os vinhedos começam a se estender para longe do rio também, até cerca de 80km.

Onde se localiza 95% da produção de vinhos do Vale do Rhône, apresenta clima mediterrânico (altas temperaturas e pouca pluviosidade no verão e outono) com influência excessiva do vento Mistral. Em decorrência disso, a plantação é em cortinas de abrigo, que consiste em uma proteção com redes nas videiras contra o vento que vem do norte e arranca a planta da terra. Já o solo é majoritariamente plano e expõe enorme variedade em composição, o que torna possível os cortes complexos presentes na região, com vinhos de mais de treze castas na composição. Uma das mais famosas denominações de origem da região é Châteauneuf-du-Pape.

As videiras costumam ser plantadas sem nenhuma forma de sustentação e são podadas para ficarem baixinhas, próximas ao chão. Isso as ajuda a resistir à força dos ventos Mistral. Essas videiras também precisam que a colheita seja manual, já que a pouca distância do chão não permite o uso de máquinas. Outro fator é que as videiras são mais espaçadas para que não haja competição por água entre as raízes de cada videira.

A uva mais cultivada é a Grenache, pois precisa de muito calor e é resistente a seca e ventos fortes. O vinho produzido por essa casta apresenta sabores condensados de frutas vermelhas, com alta maturação de açúcar e teor alcoólico. A Syrah é comum em vinhedos mais frescos, dá mais força aos taninos e à cor, quando combinada à Mourvèdre.

Mesmo que pequena, também há produção de vinhos brancos no sul do Rhône, cujos melhores se destacam pela textura rica e encorpada, acidez média e alto teor alcoólico, sempre com muito aroma. As principais uvas são Clairette, Bourboulenc e Grenache Blanc.

Denominações de Origem do Rhône

A maioria dos vinhos produzidos no Vale do Rhône são feitos sob a denominação regional de Côtes du Rhône, que abrange tanto as sub-regiões do Norte como do Sul, entretanto, praticamente todo o vinho com essa classificação provém da parte Sul. Isso se deve ao fato de que a maioria dos vinhedos do Norte encontra-se em localizações de prestígio que podem ser denominadas como Crus (um nível de produção com regras mais rígidas). Os rótulos Côtes du Rhône podem ser feitos como tinto, branco ou rosé; também podem ser varietais ou corte entre uvas.

Dentro de Côtes du Rhône temos alguns villages, que são sub-regiões ainda menores. Para poder colocar o nome do Village no rótulo, 100% das uvas devem ser originárias dessa parcela específica. Atualmente, apenas 20 vilarejos são autorizados a colocar o nome no rótulo. Para, além disso, há que se seguir regras de produção mais rígidas e vinhedos com menores rendimentos. Os villages também podem ser tintos, brancos ou rosés; mas, por lei, os vinhos devem ser elaborados a partir de uma mistura de pelo menos 2 uvas, sendo a Grenache a principal tinta.

No topo da hierarquia, com regras muito mais restritas no que diz respeito a plantio e vinificação, estão as denominações classificadas como Cru. No Rhône, temos ao todo 17 denominações nesta categoria, sendo que 8 estão na parte Norte e 9 na parte Sul.

O Vale do Rhône foi alvo de uma praga (a famosa praga Filoxera) que devastou as vinícolas no fim do século XIX. Logo que a região se recuperou por volta de 1900, a produção voltou com imensa força e volume, de forma que surgiram fraudes dos vinhos mais procurados. Com isso, a comunidade vinhateira organizou a “Appelation D’origine”, que consiste em conjuntos de regras certificadas para o cultivo e produção de vinho. A Denominação de Origem obteve tanto sucesso que foi expandido, mais tarde, para o resto do país. Hoje, a França possui cerca de 20 denominações de origem.

Costières de Nîmes

Costières de Nîmes é a designação de Origem Contrôlée (AOC) para um vinho produzido na área entre a antiga cidade de Nîmes e o delta ocidental do Rhône, no departamento francês de Gard.

Anteriormente era parte da região do Languedoc, mas como os vinhos se assemelham aos do Vale do Rhône no que tange ao caráter do que os do Languedoc, agora faz parte da região vinícola do Ródano e é administrado pelo comitê do Vinho do Rhône com sede em Avignon.

Costières de Nîmes entre Rhône e Languedoc

Os vinhos da região são produzidos há mais de dois mil anos e consumidos pelos gregos na época pré-romana, tornando-se uma das vinhas mais antigas da Europa. A área foi habitada por veteranos da campanha de Júlio César no Egito, e a garrafa de Costières de Nîmes traz o símbolo do assentamento romano em Nîmes, um crocodilo acorrentado a uma palmeira. De acordo com as mesas da cozinha do Palais des Papes em Avignon, muitas das cidades do que hoje é a região de Costières de Nîmes eram os principais fornecedores de vinho para os papas naquela época.

Anteriormente conhecido como Costières du Gard, a VDQS, o vinho alcançou o status de AOC em 1986 e foi renomeado Costières de Nîmes em 1989. Em 1998, as organizações de agricultores (sindicatos) solicitaram que as designações fossem anexadas à região vinícola do Rhône, pois seus vinhos refletiam melhor as características da região vinícola do Rhône do que da região do Languedoc em que a região está geograficamente localizada.

A INAO, a autoridade francesa que regula as denominações do país, submete cada denominação a um comitê regional encarregado de aprovar o vinho dessa denominação. Esta lista é um texto legal publicado pelo Ministério da Agricultura francês. A transferência de Costières de Nîmes para o comitê regional do Vale do Rhône foi feita na versão de 19 de julho de 1998, que subsititui a versão de 2004, Costières de Nîmes foi atribuído ao comitê regional Languedoc-Roussillon. O AOC diretamente adjacente a Clairette de Bellegarde permanece registrado como AOC Languedoc.

Entre as baixas colinas rochosas e garrigues que marcam a fronteira do Languedoc com a Provence e as planícies arenosas do delta de Camargue Rhône, o solo é principalmente uma mistura de cascalho redondo (“galets”) semelhante a Châteauneuf-du-pape, e depósitos aluviais de xisto arenoso e vermelho. As profundidades do solo de 3 a 15 metros são as grandes responsáveis pela variação de forças nesta AOC.

O clima é mediterrâneo, semelhante ao do Vale do Rhône, mas caracterizado pela proximidade da costa e pela brisa do mar.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, brilhante, com reflexos violáceos e lágrimas finas, em média intensidade e que demoram a se dissipar.

No nariz traz aromas intensos de frutas vermelhas maduras onde se destacam morango, framboesas, cerejas, com um toque rústico, com notas de especiarias, como pimenta, além de tabaco e couro.

Na boca é seco, tem média estrutura, mas fácil de degustar. Tem taninos presentes, marcados, mas elegantes, redondos, com uma boa acidez, um agradável picante, álcool em evidência, mas bem integrado, sendo um vinho muito equilibrado, com um final longo e persistente e um retrogosto frutado.

E diante de tanta história que harmoniza com tantas novidades, as experiências sensoriais são garantidas! Todas as nuances que traduzem em terroir, em tipicidade, em apelos regionalistas chegam a nossa taça de forma singular, única. Situações geográficas, o chão, o clima, tudo conspira a favor de um rótulo saboroso, de caráter expressivo, aromático, um vinho austero, mas delicado, contemporâneo. Um vinho do Rhône, mediterrânico, mas que tem história com outra região que amo, aprecio, o Languedoc-Roussillon, que expressa a fidelidade do sul da França. Um vinho carregado de emoção, um vinho especial! Tem 13% de teor alcoólico.

Uma curiosidade sobre o nome do vinho, COLNEM: O rótulo elogia a história excepcional da Costières de Nîmes. COLNEM: Colonia Neumausensis, que em latim significa "Colônia de Nîmes" é a abreviação encontrada nas moedas romanas mais famosas da antiguidade.

Sobre a Vignobles & Compagnie:

Em 1963, graças ao espírito de federação dos viticultores, liderado por Paul Blisson, que deu origem a vinícola, originada a promover vinhos da região do Gard, do Vale de Rhône. A adega, um edifício original inspirado pelo brasileiro Oscar Niemeyer, estava e ainda está localizada em um ponto estratégico de Gard.

A família Merlout investe na organização, isso em 1969. À frente da empresa estava uma mulher, Miss Noble, um fato ousado para a época. Em 1972 a vinícola entra em uma nova era graças a modernização do local e ao grande crescimento econômico também.

Em 1990 o Grupo Taillan assumiu todas as atividades da vinícola, dando início a uma parceria importante com vários produtores locais, trazendo o conceito de regionalismo aos seus rótulos.

Mais informações acesse:

https://vignoblescompagnie.com/en/

Referências:

“Evino Blog”: https://www.evino.com.br/blog/vale-do-rhone-guia-sobre-as-regioes-e-seu-produtores/

“Blog Grand Cru”: https://blog.grandcru.com.br/vinho-sul-franca-vale-rhone-chateauneuf-du-pape-hermitage/

“Nwikiid”: https://nwikiid.cyou/wiki/Costi%C3%A8res_de_N%C3%AEmes_AOC

 

 

 

 

 

 






segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Coq Licot Grenache, Syrah e Mourvèdre 2020

 

Atire a primeira pedra o enófilo que nunca degustou um vinho de mesa no Brasil, ou melhor, atire a primeira garrafa! Claro que os enófilos que nasceram abastados, os aristocratas do vinho nunca foram pobres, como eu, e sempre degustou os vinhos mais caros do mundo, as melhores “grifes”, mas aquele humilde e enófilo trabalhador assalariado dessas terras de meu Deus, aposto a minha simplória adega se já não degustou.

Os vinhos de mesa são aqueles que são produzidos pelas uvas americanas (oriundas dos EUA mesmo), os famosos “garrafões”, quem não lembra? Lembro-me, inclusive com certo ar de nostalgia, que degustava esses vinhos nos idos longínquos de 1994, 1995 e reunia, para este momento ímpar, os meus melhores amigos para celebrar, jogar conversa fora, entonar besteiras sem compromisso algum. Ah e como era bom degustar aqueles vinhos e estar com amigos, um complementava o outro.

Nunca tive nenhum tipo de visão pré-concebida com tais vinhos, afinal eram só mais do que propostas de rótulos que até hoje detém uma grande participação de mercado, apesar do crescimento, embora tímido, dos vinhos vitis viníferos.

Mas em 1999, 2000, aproximadamente, decidi enveredar para os já mencionados vitis viníferos, os vinhos produzidos com as castas finas, tais como Merlot, Malbec etc. Não porque os de mesa estavam inadequados para o meu paladar, porém eu gostaria de traçar novos caminhos na estrada do vinho, o universo do vinho é infindável e eu desejava, ansiava por novos caminhos, explorar novas possibilidades e estou até hoje e o caminho, a necessidade por percorrê-lo ainda é urgente e latente.

Mas por que raios estou relembrando isso agora? Explico! Fui convidado por um querido amigo para degustarmos alguns rótulos em sua casa e darmos continuidade a nossa pequena, mas significativa confraria e um rótulo que ele tem me chamou a atenção e praticamente sugeri que ele abrisse para nós degustarmos. Era um vinho francês, um “Vin de France”, um vinho mais simples e descontraído e que equivale a um vinho de mesa no Brasil, embora as castas não sejam as mesmas usadas em nossas terras para produção dos vinhos franceses com essa designação.

Por uma grata curiosidade, nunca degustamos um francês “Vin de France”, então era chegada a hora, mais do que pertinente, de degustar, com um grande amigo, como no passado eu fazia com outros grandes amigos, as degustações dos vinhos de mesa brasileiros.

E não é que o vinho surpreendeu? Inacreditável como o vinho entregou além do que esperávamos, tamanha a personalidade, a expressividade. O vinho que degustei e gostei, é um “Vin de France”, portanto, sem definição de uma região, e se chama Coq Licot com o clássico corte, típico do Vale de Rhône, “GSM”: Grenache (50%), Syrah (30%) e Mourvèdre (20%) ou Monastrell muito popular na Espanha e a safra é 2020. Mas antes de falarmos do vinho vou detalhar sobre o conceito de “Vin de France”.

“Vin de France” ou no passado o “Vin de Table”

É preciso lembrar que o “Vin de Table” não está relacionado com o nosso “Vinho de Mesa”, embora a tradução seja exatamente esta. Para os franceses, o Vin de Table é um nome geral dado aos vinhos para consumo imediato. Não existe uma definição precisa para o termo.

“Vin de Table” era a categoria associada a vinhos mais simples, em geral aqueles produzidos com uvas provenientes de áreas fora de denominações de origem ou indicações geográficas. Também podiam se referir a vinhos cujo produtor não aceitava as regras dos conselhos de denominação (por exemplo, elaborando vinhos com uma uva não aprovada na denominação).

Nos últimos anos, porém, a referência a vinho de mesa foi extinta. Na França, estes vinhos passaram a ser chamados, a partir de 2010, mas precisamente em 2009, com a sanção de uma lei, de Vin de France, ou seja, sem qualquer referência regional específica.

O “Vinho de Mesa” em outras partes do mundo

Vinho de mesa é um termo que parece muito simples, mas que ainda causa muita confusão. E isso ocorre porque, dependendo do local ou do contexto, ele assume um significado diferente. Na Europa ele tem um significado, assume outro nos Estados e representa um terceiro no Brasil. Mas quais são e como explicar estas diferenças?

Estas diferenças são significativas, já que se referem a conceitos distintos. Na Europa, o termo é geralmente associado a uma questão de qualidade e hierarquia, sobretudo dentro do contexto de denominações de origem. Já nos Estados Unidos, o termo é usado para diferenciar estilos de vinificação. No Brasil, por sua vez, é uma forma de diferenciar os vinhos de acordo com a uva com a qual foram elaborados.

Até as mudanças mais recentes no sistema de classificação de vinhos na maioria dos países europeus, falar de vinho de mesa era se referir a um vinho simples. No topo da pirâmide de qualidade dos vinhos europeus estão aqueles que pertencem às denominações de origem. Por outro lado, a parte mais larga da pirâmide é composta por aqueles que não estão dentro destas denominações ou mesmo que tenham uma indicação geográfica mais específica, como o caso já mencionado da França.

Já nos Estados Unidos, a definição de vinho de mesa (table wine) não tem nada a ver com hierarquia ou qualidade. Ele se refere ao que chamamos no Brasil de vinho tranquilo, ou seja, um vinho que não é espumante ou tenha sido fortificado. Deste modo, se refere ao estilo de elaboração do vinho. Por exemplo, qualquer tipo de espumante, seja qual método adotar, não pode ser chamado de table wine.

O mesmo vale para vinhos como Madeira, Porto ou outros onde ocorre a adição de aguardente vínica ou outras formas de álcool durante seu processo de elaboração. Existe, inclusive, uma regra nos Estados Unidos que define que, para poder ser chamado de “table wine”, o vinho não pode ter um teor alcóolico acima de 14%.

O Brasil mostra uma peculiaridade nos vinhos. Nosso mercado de vinhos é dominado por variedades americanas ou híbridas, e isso acaba se refletindo no uso do termo vinho de mesa. Assim, um vinho elaborado a partir destas uvas, mesmo que contenha uma proporção de vitis vinifera, é classificado como vinho de mesa.

Caso o vinho seja elaborado exclusivamente a partir de espécies da Vitis vinífera e com o uso de processo tecnológicos adequados, pode receber a designação de vinho fino. Deste modo, o termo vinho de mesa ganha uma conotação distinta no Brasil, com referência explícita às uvas utilizadas para sua elaboração.

E agora falemos do vinho!

Na taça um vermelho rubi intenso, mas com reflexos violáceos, diria que apresenta um lindo tom roxo que imprime um brilho a cor, com lágrimas finas e em média intensidade.

No nariz entrega um aroma intenso e agradável de frutas vermelhas onde se destacam morango, groselha e cereja. Há um toque floral que traz certo frescor muito agradável.

Na boca é saboroso, redondo e macio, com as notas frutadas bem intensas, com um toque adocicado, mas sem ser enjoativo, além de especiarias, como pimenta, com taninos macios e uma boa acidez, que colabora para a sua boa persistência. Tem um final longo e retrogosto frutado.

Um vinho suculento! Um vinho saboroso, descomplicado de degustar, mas que revelam marcante personalidade típico do corte de castas tão voluptuosas e altivas como a Grenache, Syrah e Mourvèdre. Um vinho que me trouxe grandes momentos do meu passado enófilo, de reuniões com amigos quando eu apenas engatinhava no universo vasto e instigante dos vinhos e hoje cá estou com um grande amigo e companheiro de taça em uma estabelecida e significativa confraria compartilhando esse rótulo, esse vinho que foge um pouco da austeridade dos franceses caros e de grife e que abrilhanta um momento de muita alegria e celebração, com a descontração que merecemos, sem contar que o rótulo personifica isso também, talvez tenha uma intenção de marketing, arrisco. Um vinho que embora não tenha uma região estabelecida traz à tona todas as características das castas que compõe esse blend tão importante para a história vitícola da França. Brindemos ao vinho, a vida, a celebração da amizade, da pura e genuína amizade. Tem 14% de teor alcoólico muito bem integrado ao conjunto do vinho.

Sobre a Vignobles & Compagnie:

Em 1963, graças ao espírito de federação dos viticultores, liderado por Paul Blisson, que deu origem a vinícola, originada a promover vinhos da região do Gard, do Vale de Rhône. A adega, um edifício original inspirado pelo brasileiro Oscar Niemeyer, estava e ainda está localizada em um ponto estratégico de Gard.

A família Merlout investe na organização, isso em 1969. À frente da empresa estava uma mulher, Miss Noble, um fato ousado para a época. Em 1972 a vinícola entra em uma nova era graças a modernização do local e ao grande crescimento econômico também. Em 1990 o Grupo Taillan assumiu todas as atividades da vinícola, dando início a uma parceria importante com vários produtores locais, trazendo o conceito de regionalismo aos seus rótulos.

Mais informações acesse:

https://vignoblescompagnie.com/en/

Referências:

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/o-que-e-vin-de-pays/

“Wine Fun”: https://winefun.com.br/vinho-de-mesa-um-conceito-com-diferentes-significados-ao-redor-do-mundo/