Determinados caminhos são um tanto quanto inusitados ou
improváveis que nos conduz até um vinho, um rótulo. Desde que degusto vinhos eu
conheço a linha Rio Sol que são produzidos no Vale São Francisco no nordeste
brasileiro. Eu praticamente fui “iniciado” no mundo dos vinhos com esses
rótulos a quem tenho um valor sentimental muito grande. Pois bem, depois de
algum tempo, depois de anos, para dizer a verdade, descobri que tais vinhos são
produzidos por um grupo português chamado Global Wines. E quando conheci o
portfólio desse grupo composto por algumas “Quintas” (vinícolas), descobri também
que eles produzem alguns vinhos da emblemática e tradicional região do Dão.
Sempre tive dificuldades para arranjar alguns rótulos dessa região, talvez a
oferta aqui no Brasil seja incipiente ou as que têm não oferecem alguma
segurança ou idoneidade quanto a qualidade. Então decidi ver os rótulos que a
Global Wines poderia oferecer da referida região lusitana. E achei!
O vinho que degustei e gostei verdadeiramente vem, como disse
do Dão, e se chama Grilos, um reserva, DOC (Denominação de Origem Controlada)
composto pelas típicas castas da região: 40% de Tinta Roriz (Aragonez), 30% de
Touriga Nacional e 30% de Jaen, da safra 2014. E, como a região do Dão, me
parece ser pouco degustada em terras brasileiras, acho que vale a pena uma
pincelada sobre a região, um pouco de sua história, antes de falar sobre as características
organolépticas do Grilos.
Dão
O Dão é uma das mais antigas regiões vitivinícolas de
Portugal, situada no centro-norte do país, logo abaixo do Douro, que carrega a
reputação de produzir alguns dos melhores tintos portugueses.
Dão
O Dão é ainda conhecido como o berço da Touriga Nacional. De
fato, dentre as tintas, a Touriga Nacional tem se mostrado a casta mais
emblemática de Portugal, apresentando grandes qualidades para a vinificação e
agindo como uma espécie de porta-voz da vitivinicultura do país. Plantada desde
o Douro até ao Alentejo, é no Dão que a cepa se revela plenamente. Em 1908, o
Dão foi oficialmente reconhecido como "Região Demarcada". Na década
de 1940, entretanto, a região sofreu fortes intervenções governamentais. O intuito
inicial era o de melhorar a qualidade dos vinhos e, por isso, novas regulações
foram instituídas pelo governo de Salazar, criando um programa de participação
de cooperativas no setor. Essas cooperativas tinham exclusividade na compra das
uvas produzidas no local; empresas privadas podiam somente comprar vinhos já
prontos. Infelizmente, os efeitos dessa política não foram positivos e a
indústria do Dão, sem competição, acabou por produzir vinhos de qualidade
inferior, com padrões de higiene por vezes abaixo do ideal. Após a entrada de
Portugal na Comunidade Econômica Europeia, a legislação que então vigorava -
monopolista e, obviamente, não alinhada aos princípios do bloco - foi revogada.
Novos empreendimentos viníferos foram montados e um grande número de novas
propriedades deu início ao renascimento do que havia sido uma das mais
conhecidas regiões produtoras de vinho do país. Em 1990, o Dão se tornou uma
Denominação de Origem Controlada. Cercada por altas montanhas de granito por
três lados - Serra da Estrela, Serra do Caramulo e Serra da Nave -, a região
fica protegida da influência do Oceano Atlântico. Assim, o clima local se
mantém temperado. Os verões são secos e quentes, enquanto os inversos, frios e
chuvosos, com grande amplitude térmica. Além disso, os solos são arenosos, de
origem granítica e xistosa, bem drenados. Em conjunto, esses são fatores
propícios para a obtenção de vinhos de alta qualidade. No Dão planta-se uma
grande variedade de cepas e é notável o fato de a região ser rica em espécies autóctones.
A maior parte dos vinhos é, todavia, produzido a partir de Touriga Nacional,
Tinta Roriz, Jaen (conhecida na Espanha como Mencía), Alfrocheiro Preto e
Encruzado. De fato, dados apontam que 80% da produção da região é de tintos,
sendo que pelo menos 20% desses rótulos leva Touriga Nacional. A Encruzado é a
principal cepa branca, por vezes combinada com Malvasia Fina e Bical. Fonte:
Revista Adega, em: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/as-grandezas-do-dao_5228.html.
Agora o vinho:
Na taça apresenta um vermelho rubi brilhante com entornos
violáceos com lágrimas em média intensidade e finas e que leva algum tempo para
se dissipar.
No nariz mostrou-se muito frutado, sem ser enjoativo, aromas
de frutas vermelhas, com agradáveis notas florais, terrosas e de especiarias,
como pimentão, por exemplo.
Na boca é frutado, redondo, bom volume de boca, equilibrado,
com taninos de boa textura, acidez refrescante, com notas discretas de
chocolate e algum tostado, graças a passagem por barricas de carvalho por 6
meses. Um vinho muito fresco, de certa personalidade, com um final de média
intensidade.
Um belo e contemporâneo vinho do Dão, revelando uma região
nova, remodelada, com vinhos versáteis, frescos, jovens, mas que mantém a sua
marcante personalidade, a sua essência e as mais evidentes características de
seu belo terroir. Com 13,5% de teor alcoólico.
Sobre o rótulo “Grilos”:
Grilos nasceu em 1993 na Quinta dos Grilos, Tondela –
Portugal.
O Concelho de Tondela
Os vinhos Grilos – com um perfil jovem e uma imagem moderna – são
feitos para pessoas simples, com espírito jovem. Estes vinhos do Dão são fabricados
com a nova palavra, mas sem nunca deixar de ser vinhos do Dão, porque essa é a
natureza dessa marca. Em 2017, o Grilos Reserva recebeu 90 pontos dos críticos
da prestigiada revista americana Wine Enthusiast. O Grilos White também foi
considerado, em 2016, um dos melhores vinhos brancos portugueses com preços
abaixo de 10 dólares por outra importante publicação americana, a Wine &
Spirit Magazine.
Sobre a Global Wines:
A Global Wines nasceu em 1990 no Dão, com o nome Dão Sul. Queriam
ser a maior empresa da mais antiga região de vinhos tranquilos de Portugal, o
Dão. Quando o objetivo foi atingido, decidiram partir para outros sonhos,
outras aventuras, outras regiões e outros países. Ainda são ainda hoje a
empresa de vinhos líder do Dão. Mas também uma empresa de vinhos da Bairrada,
do Alentejo, de Portugal e até o Brasil. Tem atualmente 5 Espaços de
Enoturismo, 3 dos quais com restaurante, onde procuram conjugar o vinho e a
gastronomia, despertando como as melhores sensações, na experiência perfeita. A
Global Wines recebe, diariamente, pessoas de todas as partes do mundo, a quem
procuram dar a melhor experiência de vinho e gastronomia. Estão hoje presentes
nos 5 continentes, com suas marcas atingindo a mais de 40 países. Com vinhos
reconhecidos pelos principais críticos mundiais, as portas foram-se abrindo e o
sonho foi sendo cumprido. Hoje, como sempre, o caminho é para frente e é o
futuro que nos move. Todos os dias constroem mais um degrau no reconhecimento
mundial, num trabalho feito por pessoas e para pessoas. Através da linguagem do
vinho construíram a ponte entre a pequena região montanhosa do centro de
Portugal e o mundo. Percorreram as rotas do vinho com determinação, porque
sabem exatamente onde querem chegar: a todas as mesas do mundo.
Mais informações acessem:
Degustado em: 2017