Tradicionalmente, Utiel-Requena é a terra da Bobal, cepa
tinta autóctone (originária da região) bastante adaptada aos rigores do clima
da região. Ocupa 75% da superfície total dos vinhedos, também sendo bem
adaptada ao calcário típico do seu solo.
São produzidos rosés e tintos, em sua maioria varietais,
desta cepa; os primeiros costumam ser muito aromáticos, remetendo geralmente a
frutas negras e muito fresco no paladar. Os tintos, por sua vez, geralmente são
muito bem estruturados e potentes, com aromas de frutas maduras, especiarias e
notas de couro.
Possuem bom potencial de envelhecimento. Uma curiosidade:
quando da expansão da filoxera pelo continente europeu, as vinhas de Bobal
demonstraram grande resistência à praga, ao contrário da maior parte do vinhedo
do continente, o que permitiu à região manter por algum tempo as plantações sem
a enxertia com a videira americana, e também propiciou um grande aumento das
vendas e exportações de seus vinhos, avidamente procurados por consumidores
“puristas”, em busca de vinhos oriundos de videiras sem a enxertia.
Também se faz presente a cepa Tempranillo, plantada cerca de
10% das vinhas da região. Outras cepas tintas permitidas pela legislação:
Garnacha (Grenache) Tinta, Garnacha Tintorera, Cabernet Sauvignon, Mertlot,
Syrah, Pinot Noir, Petit verdot e Cabernet Franc.
Diante da predominância tinta, naturalmente a participação
das vinhas brancas na composição da denominação é baixa: cerca de 6%. A cepa
mais cultivada é a também autóctone Tardana, de amadurecimento tardio. Produz
vinhos de cor amarela, pálidos com reflexos dourados.
Os aromas geralmente remetem a frutas como abacaxi e maçã.
Frescos e equilibrados no paladar, costumam ser bem estruturados e de boa
persistência na boca. Outras variedades brancas plantadas são: Macabeo,
Merseguera, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Parellada, Verdejo e Moscatel de grano
menudo.
Bobal
As primeiras notícias da Bobal datam do século XIV. Da costa
de Valência, esta uva estabeleceu-se com sucesso em outras regiões do interior
da Espanha. Lugares como Utiel-Requena, Ribera e Manchuela, todas Denominação
de Origem Controlada, tem a Bobal como uma das suas principais variedades,
chegando seu cultivo ser quase que majoritário.
A Bobal é pouco cultivada fora da Espanha, há plantações dela
nas regiões de Languedoc-Roussillon, no sul da França, e da Sardenha, na
Itália. Dentro dessas regiões é também conhecida por requena, espagnol,
benicarlo, provechón, valenciana, carignan d’espagne, balau, requenera,
requeno, valenciana tinta ou bobos. Seu nome é derivado da palavra latina
Bovale, que significa touro, e refere-se à semelhança que os seus cachos têm
com a cabeça de um touro.
Bobal
É uma uva de porte médio para grande, com bagos redondos e
cheios de sumo; além disso, apresentam quantidade razoável de taninos e sabores
de chocolate e frutos secos. Seus cachos, por sua vez, são muito grandes, bem
compactados e pesados.
Dá-se muito bem com climas mediterrâneos. Elabora diferentes
tipos de vinhos, com especial destaque para os vinhos rosés, sempre jovens, com
muita cor e com boa acidez; a Bobal ainda é responsável pelos aromas frutados
destas bebidas. Os tintos desta uva são pouco alcoólicos, mas muito saborosos e
de coloração cereja escura profunda e boa estrutura de taninos.
Por sua versatilidade e acidez adequada, a Bobal pode ainda
ser ainda utilizada para produzir espumantes. As peles grossas de Bobal têm uma
elevada quantidade de uma substância que dá cor intensa aos vinhos, bem como
presenteia a bebida com uma presença importante de taninos finos, esse é um dos
motivos que tem dado a esta uva um destaque especial na produção espanhola,
principalmente na região de Manchuela, cujo status de Denominação de Origem deu
respaldo ao cultivo da Bobal e aos vinhos elaborados com ela frente ao mercado
interno e externo.
E agora finalmente o vinho!
Na taça tem um rosado brilhante, com alguma intensidade, com
um cor salmão, com discretas lágrimas finas e rápidas.
No nariz um inusitado aroma de goma de mascar, algo como
balas de morango. Muito frutado, trazia algo de morango, framboesa, frutas
frescas mesmo. Macio, leve, traz uma incrível sensação de frescor.
Na boca é leve, de paladar fresco e agradável, muito
equilibrado, com as notas frutadas protagonizando, como no aspecto olfativo, com
uma acidez equilibrada, correta e um final com alguma persistência com um
retrogosto frutado.
Uma casta autóctone, ainda emergente no mercado, uma região
que também cresce em visibilidade e um rosé que traz todo o caráter que um
vinho desta proposta pode proporcionar: frutado, fresco, leve, que tem tudo a
ver com o clima de nosso país e o melhor: com um excelente valor! Um verdadeiro
achado que vale e muito a pena degustar e sair do óbvio, da temível zona de
conforto. A Bobal definitivamente se apossou de minha adega. Tem 12% de teor
alcoólico.
Sobre a Bodegas Coviñas:
A Bodegas Coviñas, fundada em 1965, é uma união dos
proprietários de terras mais proeminentes da região. Ela foi fundada em
esforços para criar uma destilaria para utilizar a abundância de mosto de suas
vinícolas individuais.
Durante os tempos sombrios do ditador Francisco Franco, a
maior parte da produção de vinhedos veio de cooperativas sindicalizadas que
empregavam milhares de proprietários de terras. Cada viticultor é considerado
um “funcionário” e recebe os benefícios que acompanham a estabilidade.
A Bodegas Coviñas sempre se esforçou para cuidar das pessoas
de UR, pagando caro pela fruta da mais alta qualidade, tornando-se a base sobre
a qual a região sobrevive e um destino desejado de frutas de qualidade pelos
habitantes locais.
Mais informações acesse:
https://covinas.com/
Referências:
“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/os-prazeres-da-uva-bobal/
Blog “O Mundo e o Vinho”: http://omundoeovinho.blogspot.com/2015/11/utiel-requena.html
“Center Gourmet”: https://centergourmet.com.br/enterizo-bobal-rosado-utiel-requena-dop-2021/