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quarta-feira, 11 de março de 2020

Vinhas do Silvado Castelão 2016



Sou um degustador ávido por vinhos portugueses. Um país de dimensões territoriais pequenas, mas que apresenta diversas regiões com vinhos de tipicidades, características e propostas diferentes, uma diversidade que agrada a todos os bolsos e paladares. Por esse motivo procuro não direcionar apenas o meu radar a vinhos, cujos rótulos são conhecidos ou as vinícolas tem um alcance forte, não só no mercado interno, mas também no mercado externo, mas  também de rótulos que costumo chamar de “underground”, ou seja, pouco conhecidos, de vinícolas pouco badaladas. Eles podem nos entregar grandes e positivas surpresas. E incluo também as regiões, levando em consideração também de que determinadas localidades de potencial vitivinífera em Portugal que infelizmente no Brasil não são tão conhecidos ou as opções de rótulos não chegam por aqui.

E, apesar de degustar vinhos lusitanos há algum tempo, fui conhecer e degustar a região emblemática de Setúbal a pouco tempo e tiver o prazer de degustar um varietal mais importante dessa região e que, no passado era produzida, em profusão, em todo Portugal, a Castelão, que era chamada de Periquita. E o vinho escolhido foi o Vinhas do Silvado da safra 2016, da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões.

No aspecto visual apresenta um vermelho rubi de média intensidade, com entornos violáceos bem definido e muito brilhante.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas frescas, como framboesa, ameixa, e um toque floral muito agradável.

Na boca é frutado, fresco, direto, macio, fácil de degustar, com taninos delicados, sedosos e acidez correta, com final de média persistência, porém agradável.

O vinho me surpreendeu positivamente pela simplicidade sim, mas bem feito, com muita correção, um vinho de caráter, porque entrega muito bem a sua proposta, é honesto, saboroso e com ótima drincabilidade, um excepcional custo X benefício, com teor alcoólico de 12,5%. E digo mais, um varietal português é difícil de encontrar no Brasil, só nisso já vale a atenção.

Sobre a Cooperativa Agrícola de Santo Isidro:


Foi o grande proprietário rural e industrial de cerveja José Rovisco Pais quem doou as suas herdades de Pegões aos Hospitais Civis de Lisboa. Nelas viria a ser executado o maior projecto de Colonização Interna com a fixação de centenas de casais agrícolas e a plantação de 830 hectares de vinha. A Cooperativa Agrícola constituída por Alvará de 7 de Março de 1958 veio fornecer o apoio técnico e logístico à elaboração dos primeiros vinhos de Pegões. Numa primeira fase da sua existência a Cooperativa beneficiou de substanciais apoios financeiros e tecnológicos do sector estatal. Seguiu-se uma fase de ocupação e desequilibrio, consequente do processo revolucionário em curso (1975 – 76). Finalmente nos últimos 15 anos a Cooperativa empreendeu uma estratégia sistemática de modernização e estabilização financeira com o objectivo de melhorar e valorizar os vinhos da sua marca. Neste período a Cooperativa investiu cerca de 15.000.000€ para dotar a Adega com sistemas de vinificação e estabilização a frio, revestimento a “EPOXY” dos primitivos depósitos de cimento, complexo de cubas de INOX para fermentação com controle de temperatura, prensas de vácuo e pneumáticas, modernas linhas de enchimento e rotulagem, ETAR, caves para estágio de vinhos com mais de 3.000 barricas, obras de beneficiação e conservação geral de edifícios e pavimentação dos acessos fabris. No plano da organização interna, avançou-se na informatização da empresa que, neste momento, está certificada na norma NP EN ISO 9001: 2000 e HACCP.

Mais informações acesse:

http://cooppegoes.pt/

Degustado em: 2019