Sou um
degustador ávido por vinhos portugueses. Um país de dimensões territoriais
pequenas, mas que apresenta diversas regiões com vinhos de tipicidades,
características e propostas diferentes, uma diversidade que agrada a todos os
bolsos e paladares. Por esse motivo procuro não direcionar apenas o meu radar a
vinhos, cujos rótulos são conhecidos ou as vinícolas tem um alcance forte, não
só no mercado interno, mas também no mercado externo, mas também de rótulos que costumo chamar de “underground”,
ou seja, pouco conhecidos, de vinícolas pouco badaladas. Eles podem nos
entregar grandes e positivas surpresas. E incluo também as regiões, levando em
consideração também de que determinadas localidades de potencial vitivinífera
em Portugal que infelizmente no Brasil não são tão conhecidos ou as opções de
rótulos não chegam por aqui.
E, apesar de
degustar vinhos lusitanos há algum tempo, fui conhecer e degustar a região
emblemática de Setúbal a pouco tempo e tiver o prazer de degustar um varietal
mais importante dessa região e que, no passado era produzida, em profusão, em
todo Portugal, a Castelão, que era chamada de Periquita. E o vinho escolhido
foi o Vinhas do Silvado da safra 2016, da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro
de Pegões.
No aspecto
visual apresenta um vermelho rubi de média intensidade, com entornos violáceos bem
definido e muito brilhante.
No nariz
traz aromas de frutas vermelhas frescas, como framboesa, ameixa, e um toque floral muito agradável.
Na boca é
frutado, fresco, direto, macio, fácil de degustar, com taninos delicados,
sedosos e acidez correta, com final de média persistência, porém agradável.
O vinho me
surpreendeu positivamente pela simplicidade sim, mas bem feito, com muita
correção, um vinho de caráter, porque entrega muito bem a sua proposta, é
honesto, saboroso e com ótima drincabilidade, um excepcional custo X benefício,
com teor alcoólico de 12,5%. E digo mais, um varietal português é difícil de encontrar no Brasil, só
nisso já vale a atenção.
Sobre a Cooperativa
Agrícola de Santo Isidro:
Foi o grande
proprietário rural e industrial de cerveja José Rovisco Pais quem doou as suas
herdades de Pegões aos Hospitais Civis de Lisboa. Nelas viria a ser executado o
maior projecto de Colonização Interna com a fixação de centenas de casais
agrícolas e a plantação de 830 hectares de vinha. A Cooperativa Agrícola
constituída por Alvará de 7 de Março de 1958 veio fornecer o apoio técnico e
logístico à elaboração dos primeiros vinhos de Pegões. Numa primeira fase da
sua existência a Cooperativa beneficiou de substanciais apoios financeiros e
tecnológicos do sector estatal. Seguiu-se uma fase de ocupação e desequilibrio,
consequente do processo revolucionário em curso (1975 – 76). Finalmente nos
últimos 15 anos a Cooperativa empreendeu uma estratégia sistemática de
modernização e estabilização financeira com o objectivo de melhorar e valorizar
os vinhos da sua marca. Neste período a Cooperativa investiu cerca de
15.000.000€ para dotar a Adega com sistemas de vinificação e estabilização a
frio, revestimento a “EPOXY” dos primitivos depósitos de cimento, complexo de
cubas de INOX para fermentação com controle de temperatura, prensas de vácuo e pneumáticas,
modernas linhas de enchimento e rotulagem, ETAR, caves para estágio de vinhos
com mais de 3.000 barricas, obras de beneficiação e conservação geral de
edifícios e pavimentação dos acessos fabris. No plano da organização interna,
avançou-se na informatização da empresa que, neste momento, está certificada na
norma NP EN ISO 9001: 2000 e HACCP.
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