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sábado, 7 de janeiro de 2023

Anciano Reserva Tempranillo 2011

 

Alguns rótulos aos poucos vão atingindo status de sucesso comercial com vendas altas, com representatividade de mercado, graças também a propagandas agressivas por parte de alguns sites especializados em vendas de vinho, principalmente por causa de exclusividade de venda ou coisas similares.

Nada melhor, penso, para um vinho ganhar notoriedade por intermédio de seus enófilos, para aquele que o compra, independentemente de sua classe social, de seu poder aquisitivo, de que posição está na famosa “pirâmide social”. Afinal vinho é para quem o degusta.

E um ótimo exemplo disso é a famosa linha de vinhos espanhóis da “Anciano”. Lembro-me bem que quando o comprei, quando comprei um rótulo, ele estava na faixa dos R$40 a R$ 50. Isso em 2019! Há quase quatro anos essa era a média do vinho em um famoso e-commerce de vinhos brasileiros.

Mas como vivemos em um país com taxas altas de impostos que incidem no vinho e também pela ganância desmedida de alguns revendedores, o valor atingiu, com a sua linha “Gran Reserva” quase R$100! Sim! Três dígitos em pouco menos de quatro anos!

Essa é a realidade de um país que encara o vinho, bebida cientificamente comprovada como benéfica a saúde, como meramente uma bebida alcoólica. Infelizmente a carga tributária e o custo Brasil são entraves para a difusão da cultura do vinho em terras brasileiras.

Mas não vou entrar, pelo menos por enquanto, nessa discussão, embora urgente e necessária, mas falar na minha primeira experiência com a linha “Anciano” que custou em 2019, R$ 44,50, pasme, para um Gran Reserva! Mas também não gozava ainda de grande sucesso, apesar da propaganda agressiva de vendas.

Lembro que o abri em meu aniversário com um amigo de longa data e como ele tinha outro rótulo de safra distinta, sugeri que fizéssemos uma “mini degustação vertical” com os dois rótulos que tínhamos!

Os rótulos eram o Anciano Gran Reserva 2006 e 2008! Os dois degustados em 2021! 15 e 13 anos de garrafa, respectivamente. Não preciso dizer a excitação que estávamos para degusta-los. A experiência foi especial e arrebatadora. Prometi, à época, que tornaria a degustar qualquer outro rótulo da linha.

E a oportunidade surgiu pouco mais de um ano depois e com a sua “versão Reserva” e melhor: com uma garrafa Magnum, ou seja, uma garrafa que contém um litro e meio de vinho! Uma grande e desafiadora novidade para mim. Mas com isso veio uma dúvida: Como degustar, sozinho, uma garrafa, em um dia, que tem um litro e meio?

Para mim parece um tanto quanto difícil degustar todo ele em um dia. Então decidi fazer algo que há tempos não fazia: degustar o vinho em duas etapas, isto é, em dois dias. Sequer me lembro de quando foi a última vez que degustei o vinho em dois ou mais dias. Até o meu famoso “vácuo vin” estava um tanto quanto aposentado, devido pouco uso.

E o rótulo também conta com algum tempo em garrafa que, para mim, já é outro atrativo para o vinho. Cerca de 12 anos de garrafa! Não preciso dizer também da minha excitação para com a degustação.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região espanhola de Valdepeñas, que fica em Castilla La Mancha, e se chama Anciano Reserva da casta Tempranillo (100%) da safra 2011. Para não perder o costume vamos de história e falar de Valdepeñas, em Castilla La Mancha.

Valdepeñas


A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são destinadas à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.


E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi com certa transparência, mas também traz alguma intensidade, quase opaco e halos “atijolados”, com lágrimas finas e abundantes e lentas que desenham a borda do copo.

No nariz inicialmente se mostrou tímido nos aromas, mas logo apresentou notas de frutas pretas maduras com destaque para ameixa e cereja, os 12 meses em barricas de carvalho trouxe notas amadeiradas, um discreto toque de torrefação, café, tabaco, especiarias, baunilha e caramelo.

Na boca o tempo, os seus doze anos de garrafa personificaram em um vinho elegante e macio, taninos sedosos, finos e amáveis, porém surpreende pela acidez vivaz, altiva. As notas frutadas replicam no paladar e em sinergia com o carvalho que traz o aporte de características como baunilha, terra molhada, madeira, além de um final de média persistência com um retrogosto frutado.

Aos 12 se mostrou vivo e pleno, mas elegante. O tempo lhe foi gentil. Surpreendeu pela acidez vivaz e intensa, as notas frutadas evidentes. Pouco denotou a idade do vinho, apenas a sua tonalidade granada, os halos “atijolados” que deu um caráter lindo ao aspecto visual com um vermelho rubi que embora tenha se revelado intenso, mostrou também alguma transparência. Um Tempranillo sedoso, macio e saboroso. Enfim, mais uma vez a linha “Anciano” não decepcionou. Tem 13% de teor alcoólico.

Algumas curiosidades sobre a linha Anciano:

A história dos rótulos da Anciano começou quando Guy Anderson, enólogo do Reino Unido, decidiu explorar outros países para produção de seus vinhos e, assim, conheceu a capital Lisboa e Douro, em Portugal e logo depois a Espanha. Sua energia criativa e paixão casaram com a experiência da vinícola Casa Santos Lima em Portugal.

Na Espanha desbravou os solos de regiões emblemáticas como Rioja e outras regiões em ascensão, um tanto desconhecida no mundo, como Valdepeñas, por exemplo. Esta última região, traz um clima quente que favorece a produção de vinhos potentes e expressivos. E assim nasceu, sob a consultoria do “Master of Wine” (título que apenas pouco mais de 300 pessoas no mundo possuem) chamado Norrel Robertson.

Sobre a Vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Sobre a Bodegas Navalón:

A Bodegas Navalón está rodeada pelos antigos vinhedos de DO Valdepeñas no coração da Espanha. A bodega é a paixão da mesma família local há várias gerações. Foi originalmente fundada no início do século XX por Don Juan Sánchez, um proprietário de terras que decidiu construir uma adega para fazer o seu próprio vinho, em vez de vender as suas uvas a terceiros.

Valdepeñas significa “Vale das Rochas”, referindo-se ao solo especial, salpicado de seixos e pedras maiores. Essas pedras absorvem os raios do sol durante o dia e liberam seu calor durante a noite.

No subsolo profundo, camadas de giz e argila retêm água, vital para refrescar as vinhas durante o intenso calor do verão. A uma altitude média de 2.300 pés acima do nível do mar, os vinhedos se beneficiam de um clima continental seco com mais de 2.500 horas de sol e pouca chuva, resultando em um microclima ideal para o cultivo de videiras.

A enóloga, María José Marchante, é guiada pelo mestre do vinho, Norrel Robertson, na produção de vinhos varietalmente corretos, frescos, frutados e com valor incrível.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

https://www.guyandersonwines.co.uk/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

“Gastronominho”: https://gastronominho.com.br/noticias/2018/08/evino-anuncia-chegada-de-novos-rotulos-da-linha-anciano/

 

 

 








domingo, 10 de outubro de 2021

Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008

 

Não estava em meus planos para hoje, meu aniversário. É claro que o plano, o roteiro era degustar um belo vinho, um vinho para celebrar o dia, para que o dia se tornasse melhor, porque o vinho é assim: sempre torna o dia, a vida melhor, mas não estava nos meus planos sair de casa, mas ficar nela, curtindo apenas o meu belo vinho que fora escolhido a dedo: o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas recebi a mensagem entusiasma de meu grande e já confrade amigo Paulo Roberto para ir à sua casa e degustar uma de suas deliciosas pizzas e, claro, degustar alguns bons vinhos, alguns rótulos sempre especiais.

Hesitei um pouco confesso, não por conta do meu grande amigo e de sua sempre agradável presença, mas pelo convite em cima da hora e não ter tido tempo o suficiente para me programar, me preparar, haja vista que sou uma pessoa deveras sistemática, metódica mesmo.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi fazer ao meu bom amigo e confrade uma “exigência”. Sei que ele tinha feito a aquisição de um também Anciano Gran Reserva Tempranillo, porém da safra 2008, então o sugeri fazermos com esses especiais rótulos uma pequena degustação vertical, ou seja, a degustação de rótulos iguais, porém de safras diferentes. Seria um dia especial, de vinhos evoluídos, de safras razoavelmente antigas, afinal não é todo dia que degustamos vinhos longevos desse jeito.

Ele concordou em fazer e também logo se animou tudo parecia conspirar a nosso favor: um dia ameno, agradável, de aniversário, de pizzas, de degustações de vinhos especiais. A expectativa era enorme!

Cheguei a sua casa, colocamos os “Ancianos” na sua adega climatizada iniciamos a degustação do Plaza del Torres Reserva Tannat 2018, com alguns aperitivos, como um bom queijo provolone e estava ótimo, mas não conseguíamos conter a ansiedade de degustar os “Ancianos”.

Enfim o momento chegou. Iniciamos com a degustação da safra 2006, isso mesmo, um vinho debutando, de 15 anos, e aqui segue a análise para caso quiserem, caros leitores, fazer a comparação, do Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006. E quando começamos a degustar o 2008, o vinho que degustamos e gostamos, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008, percebemos a mesma qualidade do que observamos, sentimos no da safra 2006, mas sim, com algumas nuances, algumas peculiaridades que logo irei expor. Porém antes falemos um pouco da região que nasceu este vinho: Valdepeñas.

Valdepeñas

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi, intenso, quase escuro, mas não tem aquela típica tonalidade atijolada, acastanhada típica de um vinho de safra mais antiga, uma cor viva e intensa, com lágrimas pungentes, finas e densas, onde teimavam em se dissipar das paredes do copo.

No nariz mostrava-se delicado e elegante, aquele famoso buquê aromático, os tão famosos aromas terciários, com complexidade, mas se sentia as notas frutadas em profusão, frutas negras maduras, como ameixa, amora, groselha preta, toques de especiarias, notas amadeiradas, de uma discreta baunilha e de terra, fazenda também foram sentidos.

Na boca alguma estrutura, aliado a maciez, a elegância conferida pelo tempo de safra e o descanso de longos 10 anos na garrafa, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega um discreto toque amadeirado, muito integrado ao conjunto do vinho, além de um pouco de rusticidade, com taninos mais presentes, porém redondos, com uma acidez razoável. Um vinho ainda pleno e atraente aos sentidos.

A tarde e noite agradáveis, o dia especial, com rótulos especiais e pizzas deliciosas. Assim se resumiu o dia de meu aniversário, ao lado de um grande amigo e confrade e conferindo dois grandes vinhos, de safras razoavelmente antigas. A degustação vertical nos entregou uma máxima: degustamos grandes vinhos, vinhos que independente da safra, entregariam grandes momentos sensoriais. E além dos grandes momentos e da atestada qualidade, algumas peculiaridades foram sentidas, percebidas. Estávamos preocupados em encontrar o “mais do mesmo” nos dois rótulos, tudo igual, mas não, percebemos que mesmo sendo o mesmo rótulo, do mesmo produtor, da mesma região, o clima, o tempo podem conspirar, em cada safra, em cada ano, de formas distintas, nos entregando detalhes que podem ser significativos para a nossa degustação. Que venham mais e mais rótulos do bom e especial Anciano. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 





Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006

 

Hoje é o dia do meu aniversário! Dia de celebração? Em tese sim, afinal mais um ano de vida, mas há tempos que não festejo aniversário da forma convencional, com convidados, festas etc. Não que eu esteja deprimido ou não queira as pessoas que tanto amo perto de mim neste momento dito tão importante, é porque simplesmente não me interessa mesmo esse “formato”. Entretanto o conceito de celebração não pode e tão pouco deve ser colocado de lado, sobretudo quando se tem, na vida, o vinho que é a personificação da celebração.

Então já que o momento pede algo especial e que o mencionado vinho pode significa, entre outras coisas, a celebração, por que não convergir tudo isso? Juntar tudo a nosso favor? Degustar um belo vinho no meu aniversário? Está aí uma boa “harmonização”, levando a coisa para o mundo do vinho.

Como alguns “entendidos” costumam dizer: Precisa acertar na escolha de um vinho mais imponente para essa data tão importante que é o aniversário. Outra coisa que sempre me colocou a pensar, a contextualizar: Existem vinhos para momentos em especial? Claro que em um dia de sol na praia ou na piscina um bom vinho branco ou rosé bem leve e frutado é o ideal ou aquele vinho robusto, barricado e complexo para um churrasco ou dia frio, mas existe um vinho específico para aniversário, comemoração, promoção profissional etc?

Todo vinho é especial, todo vinho quando derramado na sua taça, escolhido por você para degustar é especial, independente da sua proposta, do que você entrega. Se você o escolheu se tornou, desde já, especial. Mas apesar dessas discussões o dia pede, o momento é propício!

O vinho de hoje é especial! Eu o comprei há dois anos, um pouco mais de dois anos e decidi esperar esse tempo todo para que o vinho completasse exatamente 15 anos de safra! Sim! 15 anos de idade! Espero que a sua evolução tenha sido satisfatória, que o vinho tenha envelhecido bem e que proporcione complexidade, personalidade e a elegância da maturidade.

O vinho que, por algum tempo hibernou na adega, finalmente foi retirado dela com uma expectativa do tamanho da sua longevidade, de sua vida muito bem resolvida, evoluída, pronto para o meu deleite, para a celebração. A rolha saiu e de cara os aromas terciários já se revelaram a expectativa em profusão, os sentidos aguçados.

A taça inundada do vinho, os sentidos transbordam de curiosidade! O vinho que degustei e gostei veio da Espanha, da região de Valdepeñas, e se chama o já famoso Anciano Gran Reserva da casta Tempranillo da safra 2006. É um prazer degustar um vinho de 15 anos de safra e que evoluiu por 10 anos na garrafa antes de sair da vinícola, além de 18 meses de passagem por barricas de carvalho. É simplesmente demais! E ainda de “quebra” tem uma região que nunca degustei: Valdepeñas. Então, antes de falar do vinho, falemos dessa importante região produtora de vinhos na Espanha.

Valdepeñas DO

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um vermelho rubi intenso, com alguns reflexos violáceos, mas também com aquele acastanhado, uma cor atijolada se revelando devido aos 15 anos de safra, mas ainda vivo graças a um incomum brilho, com uma proeminente concentração de lágrimas finas e densas que desenhavam as bordas do copo.

No nariz o destaque para o buquê aromático, um estágio de complexidade, onde se destacam as notas de frutas secas e frutos secos também, um toque de amêndoa, talvez, o discreto toque amadeirado, com toques de baunilha, de couro, de terra, de fazenda, especiarias.

Na boca é delicado, elegante, redondo, não é estruturado, mas complexo, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega o toque, também discreto, da madeira, um pouco de rusticidade, talvez, os taninos macios e dóceis, o tempo denuncia essa condição, mas com uma incrível acidez que mostrou um vinho ainda vivo e pleno. Final persistente e longo.

Muito mais do que um aniversário, é celebrar o tamanho de um longevo, mas pleno, expressivo e elegante vinho que amadureceu que evoluiu maravilhosamente por 10 anos em garrafa, vagarosamente, pacientemente até sair da bodega para ganhar o mundo, as mesas dos mais exigentes e ávidos enófilos com seus aguçados sentidos. Um vinho de 15 anos que abrilhantou mais um ano de minha vida que celebro grandemente com esse rótulo que de fato merece ser chamado de “GRAN”, um grandioso vinho que é complexo, aromático que entrega de forma indelével as características marcantes da casta mais popular e emblemática da Espanha, a Tempranillo que com o aporte da madeira, longos 18 meses de passagem, garantem personalidade, equilíbrio, mas delicadeza, com taninos presentes, mas dóceis pelo tempo com as notas de chocolate, de especiarias, de terra, fazenda, baunilha. Um vinho que os prêmios, os diversos prêmios corroboram a sua qualidade. O tempo definitivamente foi generoso com este rótulo que ouso dizer que teria mais alguns anos pela frente. 15 aniversários para 42 aniversários. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html