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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Pueblo del Sol Crianza en Roble Petit Verdot 2017

 



Vinho: Pueblo del Sol Crianza em Roble

Safra: 2017

Casta: Petit Verdot

Região: Canelones

País: Uruguai

Produtor: Pueblo del Sol (Família Deicas)

Adquirido: Wine

Valor: R$ 54,90

Teor Alcoólico: 13%

Estágio: 16 a 20 meses em barricas de carvalho francês e americano.

 

Análise:

Visual: apresenta uma coloração rubi com tons acobreados, atijolados, demonstrando os seus sete anos de garrafa. As lágrimas são grossas, lentas e em abundância.

Nariz: os aromas de frutas vermelhas com destaque para morango, framboesa, cereja e amora, equilibram-se com as notas amadeiradas, apesar do longo tempo em carvalho. O aporte da madeira entrega baunilha, notas de terra molhada, couro, cacau, caramelo. Especiarias são percebidas, como pimenta.

Boca: é macio e elegante, afinal o tempo lhe ofereceu essa condição, porém a estrutura, típica da casta, se mostra ainda relevante e contundente. As notas frutadas são percebidas, como no aspecto olfativo, os taninos dóceis, trazem também ainda uma força fazendo do vinho volumoso em boca. A acidez é média, quase contida. A madeira entrega baunilha, chocolate meio amargo e leve tosta. Final persistente.

 

Produtor:

https://familiadeicas.com/


quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Finca El Lince Monastrell 2017

 



Vinho: Finca El Lince

Safra: 2017

Casta: Monastrell

Região: Jumilla

País: Espanha

Produtor: Bodegas Alceño (Familia Bastida)

Adquirido: Wine

Valor: R$ 65,90

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 8 a 9 meses em barricas de carvalho, sendo que 50% francês e 50% americano.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi com alguma intensidade, com reflexos, já evidentes, de um granada denotando os seus sete anos de garrafa, com lágrimas grossas, lentas e coloridas.

Nariz: trazem aromas evidentes de frutas pretas e vermelhas maduras, com destaque para framboesas e ameixas. As notas amadeiradas são sentidas, porém, de forma discreta, dando o aporte de baunilha, carvalho, leve toque de chocolate e especiarias.

Boca: é encorpado, tem personalidade e complexidade, porém é elegante, devido, primordialmente, ao seu tempo em garrafa. As notas frutadas ao paladar são replicadas, bem como a discrição do amadeirado, com um toque agradável de baunilha e chocolate meio amargo. Final longo e agradável.

 

Produtor:


segunda-feira, 29 de julho de 2024

Ser Lapo Chianti Classico Riserva 2017

 



Vinho: Ser Lapo Chianti Classico Riserva

Safra: 2017

Casta: Sangiovese (90%) e Merlot (10%)

Região: Chianti Classico, Denominação da Toscana

País: Itália

Produtor: Vinícola Mazzei

Adquirido: Evino

Valor: R$ 169,00

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: linda cor rubi intensa, com halos granada, com uma profusão de lágrimas grossas, lentas e coloridas.

Nariz: aroma de muita tipicidade, mostrando as características de um bom Chianti, com notas de frutas vermelhas maduras, quase em compota, extremamente aromático, com as notas amadeiradas conferindo ainda mais complexidade, trazendo algo de mentolado, baunilha, tosta média, chocolate e especiarias.

Boca: é seco, entrega média estrutura, complexo, equilibrado, elegante, macio, mostrando incrível sinergia entre fruta, acidez e taninos. Os taninos presentes, mas domados, a acidez viva e plena, mesmo aos sete anos de idade, com as notas amadeiradas perceptíveis, mas integrada ao conjunto do vinho.

 

Produtor:


segunda-feira, 17 de junho de 2024

Valtier Reserva Tempranillo e Bobal 2017

 



Vinho: Valtier Reserva

Safra: 2017

Casta: Tempranillo (50%) e Bobal (50%)

Região: Utiel-Requena

País: Espanha

Produtor: Hacienda y Viñedos Marqués del Atrio

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 64,90

Estágio: 24 meses em barricas de carvalho francês e americano.

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi de média intensidade, com halos granada. Tem lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: aromas flagrantes de frutas vermelhas maduras, com notas amadeiradas, baunilha, leve tosta, caramelo, cacau, coco queimado, além de toques defumados e terra molhada.

Boca: é elegante, macio, mas com alguma estrutura. Bom volume de boca, mostra equilíbrio entre taninos, marcados, mas dóceis e um acidez média. Replica-se as notas frutadas, bem como as notas amadeiradas, que entrega chocolate, baunilha. Tem final persistente e amadeirado.

 

Produtor:


segunda-feira, 3 de junho de 2024

Marqués de Mejía Reserva Tempranillo e Garnacha 2017

 



Vinho: Marqués de Mejía Reserva

Casta: Tempranillo e Garnacha

Safra: 2017

Região: Rioja

País: Espanha

Produtor: Bodegas del Medievo

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 79,90

Estágio: 30 meses em barricas de carvalho.


Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, fechado, escuro, com halos granada e lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: aroma intenso e complexo de frutas pretas maduras, com notas amadeiradas que entrega toques defumados, de coco queimado, de baunilha, de cacau, caramelo, mentolado, especiarias, como pimenta preta.

Boca: é igualmente complexo e com média estrutura, mostrando sinergia entre as notas frutadas e a barrica de carvalho que traz o aporte de chocolate meio amargo, da baunilha, de leve tosta, com taninos presentes, mas amáveis, com acidez média e um final cheio, gordo e persistente.

 

Produtor:

https://bodegasdelmedievo.com/en/


segunda-feira, 6 de maio de 2024

Balduzzi Grand Reserve Cabernet Sauvignon 2017

 



Vinho: Balduzzi Grand Reserve

Casta: Cabernet Sauvignon (85%), Carménère (10%) e Merlot (5%)

Safra: 2017

Região: Vale do Maulle

País: Chile

Produtor: Viña Balduzzi

Teor Alcoólico: 14%

Adquirido: Site Lovino

Valor: R$ 70,00

Estágio: 16 meses em barricas de carvalho francês e 12 meses em garrafa

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi profundo, escuro, com halos granada, com lágrimas grossas, lentas e em profusão.

Nariz: aroma agradável de frutas pretas, com destaque para cereja preta, ameixa, um toque floral é sentido, bem como as especiarias, algo herbáceo, bem como as evidentes notas amadeiradas, além da baunilha, do tostado, do chocolate.

Boca: é macio, elegante, porém estruturado, com bom volume de boca, com toques minerais, replica-se a fruta preta madura, com taninos presentes, porém maduros, amadeirado evidente que entrega chocolate, baunilha, menta, com acidez média e um final prolongado e retrogosto macio.

 

Produtor:

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Tarima Monastrell 2017

 



Vinho: Tarima

Casta: Monastrell

Safra: 2017

Região: Alicante

País: Espanha

Produtor: Bodegas Volver

Teor Alcoólico: 14,5%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 74,90

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: revela um rubi intenso, escuro, profundo com entornos arroxeados, violáceos, com lágrimas em profusão, lentas e coloridas.

Nariz: é muito aromático com destaques para frutas negras maduras, com destaque para a cereja preta, além das notas amadeiradas discretas e bem integradas, com aporte de chocolate, caramelo e baunilha.

Boca: é complexo, cheio, alcoólico, dotado de personalidade, mas macio e elegante garantido pelos sete anos de garrafa, com taninos gordos, mas equilibrados, amadeirado, acidez média e final cheio e persistente.

 

Produtor:

https://bodegasvolver.com/?lang=en


quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Califortune Zinfandel 2017

 




Vinho: Califortune

Casta: Zinfandel

Safra: 2017

Região: Napa Valley, Califórnia

País: Estados Unidos

Produtor: Grand Napa Vineyards

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho.

Adquirido: Top Wines

Valor: R$ 79,90

 

Análise:

Visual: um vermelho rubi intenso, escuro, com reflexos evidentes de granada, quase um acastanhado, denotando os seus sete anos de garrafa.

Nariz: notas de frutas pretas maduras, toques amadeirados, trazendo algo de terra molhada, carvalho, couro, tabaco e charcutaria.

Boca: é macio e elegante, o tempo lhe conferiu equilíbrio, mas não tirou a sua personalidade, pois tem volume de boca, álcool proeminente, porém não incomoda, além de um residual de açúcar, taninos presentes e domados e uma acidez média.

 

Produtor:

https://westcoastwinegroup.com/

https://grandnapavineyards.com/


sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Velharia Reserva Syrah 2017

 




Vinho: Velharia Reserva

Casta: Syrah

Safra: 2017

Região: Lisboa

País: Portugal

Produtor: Adega Cooperativa de Labrugeira

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho


Análise:

Visual: revela um rubi intenso, escuro, com alguma viscosidade, que faz manchar o bojo, com halos granada e lágrimas grossas, coloridas, em profusão e lentas.

Nariz: aroma complexo a frutos negros maduros, quase em compota, que denota ainda uma presença forte das notas amadeiradas, que aporta baunilha, defumado, caramelo, carvalho.

Boca: traz estrutura e complexidade, porém, ao mesmo tempo, é elegante e equilibrado, com as notas frutadas em sinergia com a madeira, especiarias, presença da pimenta preta. Taninos presentes, mas polidos e uma acidez média, com um final longo, prolongado.

 

Produtor:

http://www.adegalabrugeira.pt/index.html


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Fin Reserva do Produtor Malbec 2017

 



Vinho: Fin Reserva do Produtor

Safra: 2017

Casta: Malbec

Região: Rota das Missões, Rio Grande do Sul

País: Brasil

Produtor: Vinícola Fin

Teor Alcoólico: 12,7%

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho


Análise:

Visual: um vermelho intenso, com reflexos granada, com algum brilho e lágrimas finas, abundantes e lentas.

Nariz: aromas de frutas vermelhas, como cereja, ameixa, algo de cereja. Traz notas de especiarias, algo herbáceo, com toques de madeira, café, baunilha.

Boca: é fresco, frutado, com alguma personalidade, bom volume de boca que lhe confere personalidade, com taninos amáveis e boa acidez. Tem final envolvente e persistente.

 

Produtor:

https://vinicolafin.com.br/produto/vinho-fino-tinto-seco-reserva-do-produtor-malbec-750ml/


domingo, 13 de agosto de 2023

Salton Domênico Marselan (78%) e Tannat (22%) 2017

 

Definitivamente os vinhos da Salton fazem parte da minha história de simples e reles enófilo. Sempre costumo falar da Vinícola Miolo, mas a Salton tem o seu pedaço importante em minha vida afetiva e emocional com os vinhos.

Mas não apenas afetivo e emocional, mas também no quesito da qualidade, principalmente. Afinal é o que vale! A afeição e o carinho a um vinho e/ou produtor se constroem com a qualidade e a tipicidade de seus rótulos, afinal.

E faz algum tempo que não aprecio os rótulos da Salton e hoje o retorno às suas degustações será premiada com rótulos, ditos, “premium” da vinícola: a linha “Domênico”, que carrega o nome de seu fundador, então esperemos algo de bom, muito bom nessa nova linha de vinhos da gigante Salton.

Além da linha “Domênico”, que vislumbra novidades na linha “Premium” da Salton, ela também visa privilegiar uma região que está em franca ascendência entre os terroirs brasileiros, a Campanha Gaúcha, tanto que faz questão de carregar seu nome no vinho.

Como falei a linha “Domênico” faz homenagem a Antônio Domênico Salton, imigrante que iniciou a história da empresa há mais de cem anos. Segundo Maurício Salton, presidente da Salton, esta é a primeira “marca-conceito” da Salton e vem sendo trabalhada pelos jovens enólogos da quarta geração da família. O que entusiasma, apesar do caráter “industrial” da vinícola, dado o seu tamanho no mercado, ela mostra que ainda é familiar, enaltecendo o seu passado.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio, como disse, da Campanha Gaúcha e se chama Domênico Campanha, composto pelo inusitado e excelente corte de Marselan (76%) e Tannat (24%) da safra 2017. Para não perder o costume vamos também de histórias, vamos de Campanha Gaúcha.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.

A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os “hermanos” do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

Campanha Gaúcha

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

A mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.


IP (Indicação de Procedência) da Campanha Gaúcha

Em 2020 a Campanha Gaúcha ganhou reconhecimento de Indicação de Procedência (IP) para seus vinhos. Aprovada pelo Inpi na modalidade de I.P., a designação vem sendo utilizado pelas vinícolas da região a partir do ano de 2020 para os vinhos finos, tranquilos e espumantes, em garrafa.

A Indicação Geográfica (IG) foi o resultado de mais de 5 anos de pesquisa, discussões e estudos de um grupo interdisciplinar coordenados pela Embrapa Uva e Vinhos do Rio Grande do Sul.

Além disso, os vinhos devem ser elaborados a partir das 36 variedades de vitis viníferas permitidas pelo regulamento, plantados em sistema de condução em espaldeira e respeitando os limites máximos de produtividade por hectare e os padrões de qualidade das frutas que seguirão para a vinificação. Finalmente, os vinhos precisam ser avaliados e aprovados sensorialmente às cegas por uma comissão de especialistas.

Esta é uma delimitação localizada no bioma Pampa do estado do Rio Grande do Sul, região vitivinícola que começou a se fortalecer na década de 1980, ganhando novo impulso nos anos 2000, com o crescimento do número de produtores de uva e de vinho, expandindo a atividade para diversos municípios da região.

A área geográfica delimitada totaliza 44.365 km2. A IP abrange, em todo ou em parte, 14 municípios da região: Aceguá, Alegrete, Bagé, Barra do Quaraí, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Itaqui, Lavras do Sul, Maçambará, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livramento e Uruguaiana.

A Campanha Gaúcha está situada entre os paralelos 29º e 31º Sul e trata-se de uma zona ensolarada, com as temperaturas mais elevadas e o menor volume de chuvas entre as regiões produtoras do Sul do Brasil.

Ao mesmo tempo, as parreiras – predominantemente plantadas em sistema de espaldeira – foram estabelecidas em grandes extensões de planície (altitude entre 100 e 360 m.) com encostas de baixa declividade, o que favorece a mecanização das colheitas, reduz os custos e potencializa a escala produtiva. Uma característica importante é o solo basáltico e arenoso, com boa drenagem, que somada aos outros fatores propicia a ótima qualidade das uvas.

Esta foi uma conquista para a região, que pode refletir em uma garantia da qualidade de seus produtos. Fica a torcida para que, após muito tempo de consistência de qualidade e de uma real identificação da tipicidade, a Campanha Gaúcha possa ter o reconhecimento de uma Denominação de Origem (DO). Leia aqui na íntegra o regulamento de uso da IP da Campanha Gaúcha.

Na taça revela um lindo e brilhante rubi com entornos violáceos, com uma bela profusão de lágrimas finas e lentas que desenham as bordas do copo.

No nariz traz um aroma exuberante de frutas frescas, de frutas vermelhas com destaque para morangos, amoras, framboesas e groselhas, além de um floral, de violeta que corrobora a sua condição de frescor mesmo que aos seis anos de garrafa. Tem sutis notas de baunilha, especiarias e carvalho graças aos 21 meses em barricas de carvalho que o Tannat passou.

Na boca é extremamente elegante, seco, macio, redondo, mas com alguma estrutura e complexidade, tudo isso envolto em notas frutadas evidentes, quase que em compota, a fruta tem protagonismo como no olfativo. A madeira protagoniza trazendo a baunilha, o mentolado, o couro, com taninos bem sedosos, mas vivazes, bem como a sua acidez que, embora correta, equilibrada, é salivante, com um final guloso e persistente.

Não é apenas uma nomenclatura, algo que designa qualidade que fomenta interesses ou dita regras de etiqueta social, mas a tipicidade, a qualidade de um rótulo que expressa fielmente o terroir da Campanha Gaúcha e toda a sua ascendência, o prestígio de uma região. Definitivamente trata-se de um belíssimo vinho! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Salton:

Antônio Domênico Salton veio para o Brasil em 1878 e junto com seus filhos fundou em 1910 a vinícola que é reconhecida por ser a maior produtora brasileira de espumantes e top 3 entre as produtoras de vinho no Brasil!

Nos anos 1980 o forte da empresa era a produção e venda de conhaque. O vinho deixava a desejar e para mudar essa realidade foi contratado o enólogo Lucindo Copat, um dos fundadores da Vinícola Aurora. Novos equipamentos foram comprados e a produção foi modernizada.

Outro marco foi a criação em 1995 do projeto que resultaria em 2002 no Salton Talento e na nova unidade no distrito de Tuiuty, que trouxe tecnologia de ponta para a empresa. No ano de 2019 a empresa inaugurou a bela Enoteca Salton na capital paulista. Local que mais do que pronto para a compra de vinhos, serve como um ponto para degustar os sabores que a Salton tem.

Na extensa lista de conquistas destes mais de 100 anos de história comemora o fato de ser familiar e 100% brasileira. Com a terceira geração à frente da empresa, tanto na Unidade em Bento Gonçalves quanto em São Paulo, revela em seus quadros a quarta geração Salton, que promete o mesmo empenho e dedicação com que a empresa foi comandada até agora.










sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Cataregia Reserva Syrah 2017

 

E eu continuo, ferozmente, avidamente, nas minhas novas e excitantes experiências com o que há de mais intenso e complexo no universo dos vinhos e o que ele, claro, pode nos proporcionar. Eu confesso que, ao longo desse período, estou me divertindo muito e além do prazer da degustação que é, obviamente, o principal. Tenho imergido fundo nas histórias, no intenso processo de pesquisa. A história é viva e pulsa!

Eu estou, a cada dia, descobrindo a Espanha, claro, por intermédio dos seus mais importantes e emblemáticos rótulos. Essa mesma Espanha que, há alguns anos atrás, tinha dificuldade de trafegar, por conta da baixa oferta que eu tinha, além dos valores altos que eram praticados para a compra.

Talvez o meu leque de opções fosse pequeno, mas o fato que, há cerca de 10 anos, aproximadamente, não tínhamos tantas opções de e-commerce e a consequente competitividade entre elas, ocasionando a baixa de alguns vinhos.

O panorama é outro e favorável! Temos, não só uma boa variedade, como várias camadas de propostas de vinhos, que me deu o luxo, inclusive, de escolher algumas características e me aprofundar nelas, é o caso dos crianzas, reservas e gran reservas espanhóis, tão famosos por serem tão criteriosos e carregarem tais “títulos” com uma real razão de ser.

A Espanha é o terceiro maior produtor de vinhos do mundo, ficando atrás apenas da França e dos Estados Unidos. Com uma tradição tão expressiva na viticultura, o país conta com uma rígida legislação na classificação de seus vinhos.

E hoje a degustação será de um reserva da região de Terra Alta. Essa será a minha terceira experiência com vinhos dessa região. Região esta que serviu de paisagem e inspiração para um dos melhores pintores da história, Pablo Picasso.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região de Terra Alta DO, que fica na cidade espanhola da Catalunha e se chama Cataregia, um reserva varietal da casta Syrah da safra 2017. Eu degustei recentemente um vinho deste mesmo produtor, um crianza, o Cataregia Crianza 2018 que surpreendeu pelo excelente custo x benefício. Então para variar vamos de história, vamos de Catalunha e Terra Alta!

Catalunha

A região da Catalunha, no norte da Espanha, é a área vinícola com maior número de DOs (Denominação de Origem) do país e que foi formalmente reconhecida em 1999 e também para salvaguardar a tradição de produção de vinho na Catalunha, tão importante há mais de 2.000 anos. Foi criada também com o propósito específico de fornecer suporte comercial para mais de 200 vinícolas (bodegas), mas que não foram incluídos em outros DOP's específicos na Catalunha.

Entre as mais importantes encontram-se Costers del Segre, Montsant e Penedès, além da reputada DOC Priorato, a segunda mais reconhecida na Espanha. Não tem uma localização geográfica específica, mas é formado por mais de 40 km² de vinhedos individuais que estão dispersos por toda a Catalunha e permite a mistura de uvas de outros DOPs, ou seja, cerca de 4.000 hectares de vinha distribuídos por toda a região. De um modo geral, um clima mediterrâneo domina com muitas horas de sol, mas sem calor excessivo.

Lar do famoso espumante espanhol Cava, a região da Catalunha possui solos chamados de 'licorella' e apresenta um baixo índice pluviométrico, fazendo com que as videiras apresentem baixa produtividade e as uvas tornem-se muito concentradas.

Mais precisamente em Penedès Central, na região espanhola de Sant Saurndí d’Anoia, que ocorre a elaboração do Cava, produzido pelo método tradicional com, no mínimo, nove meses de contato com as leveduras. Diferentes uvas podem integrar a composição do vinho Cava, classificando os exemplares entre os estilos branco ou rosado, que também variam em nível de doçura.

Apesar de utilizarem-se métodos de produção similares, o sabor encontrado no Cava é diferente do Champagne, principalmente pela distinção das uvas utilizadas: enquanto um é produzido a partir das uvas Pinot Meunier, Chardonnay e Pinot Noir, o Cava é elaborado com as castas Parellada, Macabeo e Xarel-lo.

Já a região do Priorato é conhecida por ter recebido o título máximo de denominação espanhola, elaborando vinhos com castas autóctones cultivadas na Catalunha. Outra região vinícola importante é Montsant, lar de alguns dos melhores e mais renomados produtores da Espanha e a denominação de origem mais nova da Catalunha, regulamentada somente em 2001.

Catalunha

Porém também abrange vinhos brancos, rosés e tintos, bem como licorosos tradicionais, mistela, vinhos maduros e doces naturais. Em geral, os vinhos são modernos e inovadores, com uma cor atraente, intensidade aromática média e acidez moderada.

Os brancos são leves e frutados e os tintos são encorpados e equilibrados. Todos estes vinhos podem ser descobertos e experimentados durante a “Mostra de Vinhos i Caves de Cataluña” que acontece em Barcelona em meados de setembro.

Muitos dos vinhos com a Denominação de Origem da Catalunha são encontrados perto de mosteiros que remontam à Idade Média, como os de Montserrat, Santes Creus, Poblet ou Sant Pere de Rodes. Isso se deve ao fato de que em muitos casos os monges eram aqueles que tinham autorizações régias para produzir vinho. Da mesma forma, os vinhos com esta designação podem ser descobertos visitando as caves onde foram produzidos.

Terra Alta

A Denominação de Origem (DO) Terra Alta está localizada no interior, a sudoeste de Tarragona, delimitada por montanhas e pelo rio Ebro. A altitude varia entre 350 e 500 metros.

É formada por novas vinícolas e cooperativas estabelecidas há bastante tempo que cultivam uvas nativas e importadas. Existe um investimento considerável em nova tecnologia. Essa DO consiste em 12 municípios localizados no oeste da Província de Tarragona.

Terra Alta

Como o nome da área indica, está situada numa encosta de grande beleza, usado por Picasso em suas obras quando passava os verões nessa região.

Devido ao seu isolamento geográfico, essa área primeiramente produzia vinho somente para o mercado interno, que continua a preservar o método tradicional de produção de vinho.

Ao mesmo tempo, pequenas vinícolas privadas e grandes cooperativas estão também produzindo excelentes vinhos tintos com características do Mediterrâneo. Seu clima é mediterrâneo com influências continentais.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo, intenso e escuro rubi, com halos granada. Uma cor ainda viva e plena, com lágrimas finas e lentas em profusão, desenhando as bordas do copo.

No nariz explode em aromas frutados, de frutas vermelhas bem maduras, quase em compota, com notas amadeiradas evidentes, mas bem integradas, trazendo o aporte de baunilha, carvalho, tostado médio. Têm toques de especiarias, pimenta preta, couro, terra molhada, algo de herbáceo e um discreto defumado.

Na boca é seco, intenso, estruturado, tem pegada, mas redondo, equilibrado, fácil de degustar. As notas frutadas ganham protagonismo, como no aspecto olfativo, a madeira se revela igualmente evidente, trazendo estrutura ao vinho, graças aos doze meses de passagem por barricas de carvalho, em plena sinergia com a fruta, trazendo baunilha, chocolate, com taninos marcados, presentes, mas domados, com acidez correta e final de média persistência.

Um belo vinho de goles carnudos, de caráter frutado e estruturado mostrando todo o caráter do terroir local. E falando em tipicidade a Vinícola Reserva de la Tierra possui um lindo projeto de nome “produção partilhada” conhecida como “Winemakers e Winelovers” e consiste na participação dos enófilos que escolhem as diferentes opções de parcelas que estão sendo vinificadas, sendo engarrafados os vinhos escolhidos pelos “Winelovers”. Fantástica iniciativa que alia algo arrojado que é o terroir, o respeito a terra e suas particularidades e os anseios dos enófilos em escolher, querer degustar vinhos que lhe apetecem. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Reserva de la Tierra:

A Reserva de la Tierra faz parte deste maravilhoso mundo do vinho há mais de 60 anos. Os primeiros passos foram dados em San Rafael, província de Mendoza, na República Argentina. Foi naquelas terras tão distantes, e ao mesmo tempo tão caras aos emigrantes espanhóis, que os primeiros vinhos foram feitos com muito entusiasmo, tenacidade e muito esforço.

Anos depois, já com uma grande experiência acumulada, o Grupo fixou-se em Espanha, atrás de um novo sonho. Daquele momento até hoje, o Reserva de la Tierra não parou um momento de trabalhar, da tradição à inovação em cada uma das iniciativas do Grupo.

Hoje a empresa é admirada e respeitada em todo o mundo por sua constante adaptação às mudanças, sua visão inovadora e seu respeito por trabalhar em harmonia com o meio ambiente. Menção especial deve ser feita aos valores em relação às pessoas que fazem parte desta grande família. A honestidade é especialmente valorizada e acima de tudo a atitude empreendedora.

Com paixão, esforço e dedicação constante, Reserva de la Tierra vem cumprindo todas as expectativas. As vinhas, as adegas, os vinhos, nada mais são do que sonhos realizados.

“Winemakers e Winelovers” – conceito e filosofia

Na Reserva de la Tierra há uma visão diferente do mundo do vinho, partilhada, mais social e mais próxima de todos.

Para Reserva de la Tierra cada vinho é concebido com paixão como a união entre dois mundos: Enólogos e Enólogos. Cria-se vinhos com pessoas, abraçando uma filosofia de trabalho ao mesmo nível que se distingue dos restantes.

Os enólogos selecionam as melhores cepas e terroirs para fazer os vinhos mais especiais. Mas o mais importante é que grupos muito variados de apreciadores de vinho participem desse processo, degustando diferentes opções de variedades. Após este processo, engarrafa-se apenas o vinho selecionado pelos Winelovers, conseguindo assim vinhos com uma identidade única.

Mais informações acessem:

https://www.reservadelatierra.com/

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/catalunha

“Catalunya.com”: https://www.catalunya.com/do-catalunya-23-1-43?language=en

“Wikipedia”: https://en.wikipedia.org/wiki/Catalunya_(DO)

“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/regioes-117-Terra-Alta

“Wine”: https://www.wine.com.br/vinhos/dardines-reserva-d-o-terra-alta-2015/prod27301.html




 


sábado, 17 de junho de 2023

Fin Reserva do Produtor Malbec 2017

 

Quando falamos ou sequer lembramos de Malbec, não há como negligenciar regiões como Mendoza, na Argentina e Cahors, na França, como a “pátria-mãe” da cepa tão famosa hoje mundialmente falando.

Mas não se enganem o Brasil está cultivando a variedade e vem se destacando na tipicidade de seus rótulos. Eu descobri os primeiros vinhos tupiniquins de Malbec lá pelos idos de 2017, quando estive em uma das primeiras edições do Festival “Vinho na Vila”, que privilegia os produtores nacionais.

Para quem conhecia apenas Mendoza e Cahors, Chile também, apesar de poucos rótulos ofertados em nosso mercado consumidor, como produtores, ver alguns vinhos brasileiros da casta foi motivo de alegria e ansiedade para ter um “exemplar” em minha adega.

Mas demorou um pouco, embora tenha degustado alguns poucos rótulos em eventos que participei desde o “Vinho na Vila”, em 2017. Alguns valores estavam demasiados altos para mim e fui, contudo, adiando o momento de ter em minha taça um Malbec brasileiro.

Até que um belo dia, visitando alguns sites de vinhos descobri um rótulo a um preço excelente, praticamente imperdível a compra e é de um produtor que havia conhecido no evento “Vinho na Vila” anos antes, porém no dia no estande não tinha o Malbec.

O dono era que “regia” as apresentações de seus rótulos. Era muito simpático e atria a todos pelo seu carisma e sorriso. O nome dele era Jorge Fin e era da Vinícola Fin, de uma região gaúcha, até então, desconhecida para mim: Entre-Ijuís.

Eu me aproximei do estande e ele logo me apresentou os seus rótulos e de imediato me apresentou o seu Tannat, o Fin Tannat Reserva 2015. Como eu estava, e ainda estou, na época de garimpos de Tannats brasileiros o comprei, sem pestanejar.

Fin Tannat Reserva 2015

Degustei outros rótulos e estavam maravilhosos, o Sr. Jorge Fin, muito simpático, me motivou a tirar uma foto com ele e também não hesitei e prometi a ele que buscaria novos rótulos.

Com Jorge Fin

E foi assim que o Malbec chegou às minhas mãos! Com várias buscas, tentativas e procuras. É difícil encontrar os rótulos do Seu Jorge Fin, mas com um pouco de esmero e dedicação até consegue.

E o momento da degustação chegou! Algumas novidades cercam esse rótulo, além de ser o meu primeiro rótulo de Malbec nacional. A região: Entre-Ijuís, o portal da Missões. Nem precisa dizer que estou tomado por uma animação mesclada a ansiedade.

Então sem mais delongas, vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio do sul do Brasil, de Entre-Ijuís e se chama Fin Reserva do Produtor, um 100% Malbec, da safra 2017. Tentarei tecer um pouco da história da região, embora pouco conhecida entre os enófilos, mas que goza de uma forte representatividade histórica: Segundo Jorge Fin as primeiras uvas que chegaram ao sul do Brasil, isso no século XVII, não foi na Serra Gaúcha, como dizem, mas em Entre-Ijuís.

Entre-Ijuís: Portal das Missões

Embora não seja muito conhecida entre os viajantes, o local tem grande potencial turístico. Para quem vai de Santo Ângelo a São Miguel das Missões, vale a pena dar uma paradinha em Entre-Ijuís, que fica no caminho entre as duas cidades.

A simpática cidade tem pontos turísticos históricos e cheios de vida, todos muito bem organizados e com belas paisagens. Entre eles destacam-se o Sítio Arqueológico de São João Batista, o Parque das Fontes e a Vinícola Fin.

Missões

Com a economia baseada principalmente na agricultura, Entre-Ijuís se destaca pelo seu belo interior, cercado principalmente pelas plantações de trigo e aveia. Viajamos em uma época linda (no final de setembro), então os campos de trigo já estavam dourados.

E uma curiosidade: antes chamada de Passo do Ijuí, a cidade foi renomeada após separar-se de Santo Ângelo, e recebeu o nome que faz referência ao fato de estar localizado entre os rios Ijuí e Ijuizinho.

História

A primeira organização urbana ao estilo europeu que ocorreu nas terras entre-ijuienses foi a Missão Jesuítica-Guarani de São João Batista, fundada em 14 de setembro de 1697, com 2.832 nativos oriundos da Redução de São Miguel Arcanjo, liderados pelo jesuíta Antônio Sepp. Foi a 6ª Redução de um conjunto conhecido como Sete Povos das Missões.

Por um longo tempo os Sete Povos das Missões foram administrados por Corregedores nomeados pelos governadores de Buenos Aires, subordinados a Coroa Espanhola. Além dos Corregedores, existiam os Cabildos (semelhante à Câmara Municipal de hoje) que tinham poderes para efetuar a concessão de terras. Aí tiveram origem os latifúndios.

Com a extinção das reduções, já sem jesuítas, índios desgarrados, surgem os Tropeiros e Carreteiros para utilizarem e batizarem o “Passo do IJUÍ”, lugar preferido para “fazerem o meio-dia” ou, o pernoite e depois seguir para o “povo” de Santo Ângelo onde faziam seu comércio.

Em 1824, o governo provincial mandou para São João Batista diversas famílias de imigrantes alemães que haviam chegado à Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Era o início da Colônia São João das Missões, criada pelo Presidente da Província José Feliciano Fernandes Pinheiro. 

Entretanto, os imigrantes não se adaptaram e poucos permaneceram no local, onde ficaram residindo apenas as famílias de Ernesto Kruel, Carlos Holsbach, Tristão Schmidt. Mais tarde vieram imigrantes italianos e poloneses.

Para não deixar as terras abandonadas, o governo distribuiu grandes lotes através dos Atos de Concessões de Terras, sendo que as terras que fazem parte de Entre-Ijuís foram concedidas a João de Lara Leite Bueno, que em 1858, doou parte de suas terras para a construção de uma Capela dedicada a São João Batista, a capela não foi construída, mas as terras passaram a ter responsabilidade da Mitra Diocesana de Uruguaiana.

Em 22 de março de 1873, Santo Ângelo se desmembrava de Cruz Alta, e o Passo do Ijuí começava a ter os primeiros moradores. Eram colonos que receberam terras quando da colonização da margem esquerda do rio Ijuí, época da fundação oficial da colônia do Ijuí Grande. Quando o governo Republicano delegou poderes à Delegacia de Terras e Colonização, em maio de 1890, era decidido colonizar a Bacia do Uruguai, começando pelas matas do Rio Ijuí, sob a chefia do Engenheiro José Manoel da Siqueira Couto.

Em 1918, a construção de uma modesta ponte de madeira, vem dar condições às carretas, carroças, charretes, jardineiras de passar de um lado ao outro do rio. No início os carroceiros, tropeiros de mulas, carreteiros e viajantes paravam aqui para abastecerem-se, alimentarem-se e descansarem antes de seguir para Santo Ângelo. À medida que aumentava o movimento local foram se estabelecendo comerciantes de produtos alimentícios.

O que fazer em Entre-Ijuís?

Em uma visita rápida, é possível conhecer e se encantar pelos principais pontos turísticos de Entre-Ijuís, que vão desde o Sítio Arqueológico até a Vinícola Fin, que conta com um belíssimo espaço externo, ideal para contemplação.

Sítio Arqueológico São João Batista

É conhecido como o principal ponto turístico do município. Fundado em 1697, o local fica a 19km do centro de Entre-Ijuís, na localidade de São João Velho. O caminho é de estrada de chão com uma paisagem belíssima e muito bem conservada. A redução de São João Batista se destacou, principalmente, por ter sido a primeira Fundição de ferro da América do Sul e pelas culturas das atividades artísticas musicais.

Amplo, o sítio é repleto de árvores. Logo na entrada, estão expostas pedras que foram doadas pela comunidade, e compõem um cenário belíssimo e cheio de história. Uma das principais obras é a escultura em homenagem ao padre Antônio Sepp, um dos principais religiosos da região das Missões.

Balneário Parque das Fontes

O Balneário fica na comunidade de Esquina Rondinha. O lugar é mais frequentado durante o verão, já que funciona como parque aquático, com piscinas, áreas de lazer e churrasqueiras. O Parque das Águas recebe turistas e grupos mediante agendamento, além de ser parada dos peregrinos que realizam o Caminho das Missões.

Vinícola Fin

Em plena Rodovia BR 285, no Km 509, a Vinícola Fin é um dos pontos altos dos pontos turísticos. Logo na entrada tem uma vista incrível e muito bem conservada, com características que lembram uma fazenda. Do lado externo da vinícola há um grande lago cercado por árvores, que formam um belo cenário para fotografias e também para quem deseja descansar na sombra.

Há 23 anos na cidade, a vinícola preserva uma tradição familiar que iniciou em 1876. O lugar vende vinhos de mesa e finos e também espumantes. A degustação e visitação guiada custam R$ 50, e é possível provar cinco tipos de vinho.

Um dos sucessos da vinícola é o vinho Porto das Missões, que homenageia a região e o padre jesuíta Roque Gonzáles. Ele plantou as primeiras castas europeias em solo missioneiro no município de São Nicolau. O ambiente da vinícola é bem rústico, mas a paisagem é encantadora.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta uma coloração rubi intensa. Quase escura com algum brilho e halos granada. Tem lágrimas finas, lentas, que desenham as bordas do copo, e em média intensidade.

No nariz é perfumado, aromático, com discreto floral, mas as notas frutadas é que ganha protagonismo, como todo bom Malbec, frutas vermelhas maduras, com toques evidentes de especiarias, com destaque para ervas, algo verdadeiramente herbáceo reina no nariz, pimenta, cravo, além de couro, tabaco e baunilha. A madeira é discreta.

Na boca é de textura sedosa, macia, mas com personalidade, mostrando-se um vinho razoavelmente cheio. As notas frutadas ganha destaque como no aspecto olfativo, com a madeira um pouco mais proeminente, devido aos doze meses em barricas de carvalho, trazendo um toque de baunilha, terra, algo de café torrado. Taninos presentes, mas domados, com acidez equilibrada e final de média persistência.

Que bom seria que pudéssemos ter no Brasil produtores de vinhos tão próximos, tão simpáticos e receptivos que, de forma tão educada e calorosa, apresentasse seus vinhos, sem aquele muro que segmenta um mercado que precisa, de forma urgente, de união, de convergência de forças de todos os seus grupos de interesse. Um Malbec especial, de tipicidade, que traz algumas rusticidades, mas que não copia o famoso “Malbecão” argentino. Sabores e aromas raros que fez desse rótulo algo particularmente especial. Parabenizo ao Sr. Jorge Fin, não apenas pela simpatia, mas por conceber um belíssimo Malbec brasileiro com tipicidade. Tem 12,7% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Fin:

A Vinícola Fin é uma empresa familiar com produção própria de uvas e vinhos. Tudo começou em 1876 com a vinda do patriarca da família Luigi Fin, que nasceu em Arzignano, na província de Vêneto, na Itália indo direto para Campo dos Bugres (hoje Caxias do Sul)

A continuidade se deu com Patrício Fin. Jorge Fin, 3ª geração dos Fin no Brasil, mantém vivas as raízes e a tradição familiar na elaboração de vinhos e cultivo de videiras, fazendo valer um passado de bravura, trabalho, amor e paixão de um povo com mais de um século de história.

Mais informações acesse:

https://vinicolafin.com.br/

Referências:

“AM Missões”: https://ammissoes.com.br/?pg=noticias&rel=67f75ade6d3040f3cb77245d0731fb41

“Prefeitura Municipal de Entre-Ijuís”: https://www.entreijuis.rs.gov.br/cidade

“Wikipedia”: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Entre-Iju%C3%ADs

“Portal das Missões”: https://portaldasmissoes.com.br/site/view/id/78/vinicola-fin.html