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terça-feira, 31 de maio de 2022

Cruz Andina Estate Colection Merlot 2018

 

Merlot é uma cepa adorável! Poucas são as castas com tamanha versatilidade, que tem a capacidade de entregar inúmeras propostas aos mais variados preços. Sem contar com o cultivo, se dá bem em vários terroirs e assume várias facetas, de fato uma casta multifacetada.

Foi a casta que me mostrou o universo vasto dos vinhos finos! Isso já tem tanto tempo, mas lembro como se fora ontem! Há 25 anos atrás quando migrei dos vinhos de mesa, aqueles famosos vinhos de “garrafão”, o chamado vinho colonial, para os vinhos finos, lá estava o Merlot fazendo a minha iniciação.

E os Merlots chilenos tiveram uma influência muito grande nessa predileção pela variedade. Por anos a Merlot foi a minha cepa preferida e falo, com o carinho incondicional, dela. E o Merlot chileno foi decisivo para isso.

Já degustei de várias propostas: dos mais básicos, simples aos mais estruturados e complexos, o Merlot chileno definitivamente me ganhou! Se são os melhores do mundo eu não sei, mas são os meus melhores, há de fato um apelo sentimental e eu não tenho nenhum tipo de vergonha em dizer isso.

E hoje degustarei mais um Merlot, com muito orgulho e com um detalhe todo especial: esse é um vinho orgânico. Práticas sustentáveis que envolve todas as camadas da sociedade e que contempla a todas essas indistintamente. Até o vinho e seus produtores precisam trazer práticas limpas ao seu público, ao seu mercado, os enófilos.

Confesso não me recordar de ter degustado, especificamente, um Merlot chileno orgânico, mas é, indubitavelmente, um adendo especial ao ritual da degustação e não tenho dúvidas de que trará maravilhas.

E demorei um pouco para desarrolhá-lo. O comprei há cerca de um ano ou um pouco mais e lá ficou a evoluir na adega. Esperava e ansiava por um bom momento para degusta-lo e eis que o dia chegou. Há algum tempo não aprecio um Merlot chileno e é chegada a hora para este momento.

E o retorno não poderia ser melhor! E não direi surpreendente, pois tinha a melhor das expectativas por ele, pelo rótulo. Então, sem mais delongas, o vinho que degustei e gostei veio da emblemática região do Vale de Casablanca, é o Cruz Andina Estate Colection da casta Merlot safra 2018. E não é a minha primeira experiência com essa linha de rótulos, pois degustei, há pouco tempo atrás, o Cruz Andina Chardonnay 2017 e tive uma ótima surpresa. E, para não perder o costume, falemos um pouco de Casablanca Valley.

Valle de Casablanca, Aconcágua

Os primeiros espanhóis no Vale de Casablanca foram os expedicionários liderados, em 1536, pelo avançado Dom Diego de Almagro. O Conquistador, em suas incursões ao longo da costa, entrou na rota Inca, que de Quillota cruzou Limache e Villa Alemana, penetrando o vale de Margamarga em direção aos campos de Orozco. De lá avistou o vale (que os nativos chamavam de Acuyo) cruzando-o para continuar até Melipilla pelo Cordón Ibacache, visitou as colônias de 'Mitimaes' de Talagante, avançou mais para o Leste e depois voltou para Quillota. Em 1540, D. Pedro de Valdivia passou com os seus anfitriões, imitando a estrada para Almagro.

O vale, localizado entre Santiago e o maior porto do Chile, Valparaíso (recentemente declarado Patrimônio da Humanidade) combina todas as condições para tornar-se essencial para todos que visitam o país. Casablanca se caracteriza por ser um vale pre-litoral, localizado na planície costeira da região, a apenas 18 km do mar e rodeado pela serra costeira.

Casablanca Valley

A origem do nome Casablanca (Casa Branca) está no século XVI, quando foi construída uma casa de adobe caiada a oeste da cidade. Em 1755, os trabalhos preparatórios para a nova cidade prosseguiram e o seu traçado original foi delineado - de acordo com a tradicional grelha espanhola - por Dom Joseph Bañado y Gracia, juiz agrimensor do Bispado.

Quando as primeiras casas foram construídas, algumas medidas foram ditadas a fim de garantir o progresso da população. Foi nomeado um Tenente General do Partido Casablanca, dependente do prefeito de Quillota, que também recebeu ordens do Governador de Valparaíso em caso de defesa do referido porto.

Embora, no início, a população tenha crescido, a rivalidade entre José Montt e Dom Francisco de Ovalle pôs em risco o seu desenvolvimento, quando este último reivindicou os direitos sobre o terreno onde fora construída a vila, visto que os habitantes iam abandonando o terreno por entender que eles iriam perdê-los se Ovalle ganhasse o processo.

O contencioso durou toda a segunda metade do século XVIII e a situação normalizou-se quando os herdeiros dos litigantes encerraram a ação, reconhecendo o fundamento e os direitos dos seus habitantes.

Casablanca tem uma clara influência marítima, clima bem mais frio, com neblinas matinais e uma amplitude térmica de até 19 graus entre o dia e a noite, o que favorece a lenta maturação das uvas.

A temperatura média do verão é de 14,4 graus, as chuvas se concentram entre os meses de maio e outubro, com uma média anual de 450 mm. A influência marítima que o vale recebe faz com que a temperatura média seja moderada, alcançando não mais do que 20º C durante o período vegetativo. Isso cria excelentes condições para as variedades brancas, como Sauvignon Blanc e Chardonnay, refletindo-se na frescura e no intenso aroma cítrico de seus vinhos.

Os meses com riscos de geadas são setembro e outubro, ficando bem mais seco entre novembro e abril, época do crescimento e maturação das uvas. A colheita, diferente de outros vales, acontece mais tarde, a partir de 15 de março até final de abril. Essas características climáticas trazem vinhos de qualidade superior, com muita concentração de fruta, acidez muito boa e um final brilhante.

A região é dominada pelas castas brancas, que correspondem a 75% da área plantada. Lá reina a Chardonnay, que ocupa mais de 1.800 hectares. Outras variedades importantes são a Sauvignon Blanc (1.000 ha), a Merlot (430 ha) e a Pinot Noir (426 ha). Esta última, apesar de ser apenas a quarta mais plantada, forma, junto com a Chardonnay, a dupla de uvas emblemáticas da região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi vivo e pleno com tonalidades granada e lágrimas finas e em profusão, se dissipando vagarosamente, desenhando as bordas do copo.

No nariz explode em aromas frutados, frutas vermelhas e pretas maduras, onde se destaca groselha, cereja preta, ameixa, amora, com notas amadeiradas, graças aos oito meses de passagem por barricas de carvalho, que traz ainda um tostado, couro e especiarias.

Na boca é marcante, saboroso, logo de bom volume, cheio, de média estrutura, mas macio, redondo, fácil de degustar, tem um toque terroso, com as frutas sendo percebidas, bem como a madeira, como no aspecto olfativo, mas em perfeito equilíbrio, entregando ainda a baunilha, o chocolate meio amargo. Tem taninos maduros, presentes, mas domados, boa acidez e um final longo de retrogosto frutado.

Um autêntico Merlot do Vale de Casablanca! A história, o terroir (olha a palavrinha bonita) denuncia isso de forma veemente. A assinatura de uma região personificada em seus rótulos, a fidelidade da terra, o DNA de seus traços geológicos delimita as belíssimas características desse Cruz Andina Merlot Estate Colection. Entrega ainda uma filosofia calcada nas práticas sustentáveis, entregando vinhos singulares, com o respeito ao ambiente natural, levando à mesa de nós, felizes enófilos, não somente um belo produto, mais um produto que entrega prazer e sinônimo de saúde. Um vinho expressivo, que traz toda a característica de uma região de clima mais frio, próximo do litoral chileno, entregando um vinho estruturado sim, mas fresco, vivaz e solar. Lembrando ainda que 2018 foi um ano muito especial para o Chile e praticamente para todo o Cone Sul, o que, certamente, influencia na qualidade do vinho. Tem 14,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Veramonte:

A vinha em Veramonte é a maior vinha contígua do Chile, já que se estende por mais de 350 hectares na área de cultivo principal do Vale do Casablanca, no Chile. Em 1990, Agustin Huneeus escolheu este local para a Vinícola Veramonte, reconhecendo então que os microclimas e solos deste belo vale são semelhantes às prestigiadas regiões vinícolas da Califórnia, Napa Valley e Carneros.

O Veramonte Vineyard Manager utiliza os mais recentes avanços na tecnologia vitícola a fim de produzir frutos da mais alta qualidade possível. Ele gerencia cuidadosamente os rendimentos, eliminando a colheita, controlando a irrigação e experimentando diferentes técnicas de poda com a finalidade de maximizar a maturidade e a maturação das uvas.

Portanto, ele limita a produção de 5 a 7 toneladas por hectare para colher uvas de alta qualidade com sabor, definição e concentração intensos.

Veramonte foi introduzido pela primeira vez em 1996 e, desde então, recebeu elogios da crítica internacional por Chardonnay, Merlot, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc e Primus, um rico e picante proprietário vermelho, misturado com Carménère (uma bela variedade de Bordeaux, agora praticamente exclusiva do Chile), e Cabernet Sauvignon.

A vinícola de Veramonte é uma instalação de fato moderna de vinificação, projetada por um dos principais arquitetos líderes do Chile, Jorge Swinburn. Inaugurada em 1998, a vinícola de 7.896 metros quadrados inclui dessa forma a mais recente tecnologia em linhas de engarrafamento, fermentadores alimentados por gravidade e tanques ultramodernos de aço inoxidável.

Assim como é projetado para vinificação em pequenos lotes, permitindo fermentação e envelhecimento separados de blocos individuais de vinha e parcelas experimentais de vinha. Quando os hóspedes entram na vinícola, são recebidos no “Casona”, uma sala, inegavelmente, de tirar o fôlego, com uma rotunda alta, tetos de 16 metros e paredes de vidro que revelam as cavernas do barril abaixo.

No momento em que a família Huneeus era pioneira no Vale do Casablanca, no Chile, em 1990, havia menos de 40 hectares plantados em videiras. Posteriormente, nos dias atuais, a propriedade Veramonte Alto de Casablanca ganhou reconhecimento mundial pela qualidade de seus vinhos.

Todas as propriedades aderem a práticas orgânicas que garantem assim as melhores condições para o desenvolvimento das vinhas e a obtenção de vinhedos sustentáveis ao longo do tempo. Solos vigorosos e equilibrados cultivam uvas de qualidade que sem dúvida alguma expressam o potencial máximo de seu terroir.

Mais informações acesse:

https://www.veramonte.cl/disclaimer

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CASABLANCA

“Portal Casablanca”: http://valle.casablanca.cl/zona/zona1.shtm

 

 

 




quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Cruz Andina Chardonnay 2017

 

Quando a gente fala de “terroir”, essa palavrinha bonita que assume um caráter modista entre os enófilos, ela meio que se perde por conta do caminho que segue e da forma como é inserida no conteúdo verbal e textual dos apreciadores da poesia líquida. Está além da questão da moda e assume um contexto de suma importância para a compreensão do vinho que degustamos.

E o rótulo que escolhi para a degustação dessa tarde de domingo aprazível e ensolarada veio de uma região chilena muito importante para o cenário vitivinícola do todo o Cone Sul: Vale de Casablanca. E uma casta nascida nas terras francesas da Borgonha e que ganhou notoriedade no Chile, sobretudo na região do Vale de Casablanca: falo da rainha das uvas brancas, o Chardonnay.

E o rótulo de hoje traz uma personalidade marcante, potência e untuosidade, sobretudo quando vem de uma região que é banhada pelo Oceano Pacífico conferindo aos vinhos dessa cepa, que se beneficiam de regiões de clima frescos. Brisas, a maresia, o clima temperado, traz boa acidez, frescor, leveza, aliada a personalidade, aos toques de frutas de polpa branca e tropicais.

Combinações maravilhosas quando se espera versatilidade de um vinho branco, frescor e leveza, mas também corpo e cremosidade. Delicadeza, mas presença de boca, um bom volume que entrega aquela “pegada”.

E a essa porta de entrada adiciona-se a madeira que traz um aporte de aromas de tosta, de untuosidade. A Chardonnay proporciona essa possibilidade, é uma das poucas castas brancas que suporta com êxito a madeira. Há tempos não degusto um Chardonnay tão gostoso e versátil como esse rótulo.

O vinho que degustei e gostei desembarcou do Vale de Casablanca, no Chile, e se chama Cruz Andina Reserva da casta Chardonnay da safra 2017. E para fundamentar, pelo menos um pouco, o conceito de “terroir”, vamos de história do Vale de Casablanca para explicar o vinho que degustamos de uma forma didática, mas aplicada, sobretudo quando derramamos o vinho em nossa taça.

Valle de Casablanca, Aconcágua

Os primeiros espanhóis no Vale de Casablanca foram os expedicionários liderados, em 1536, pelo avançado Dom Diego de Almagro. O Conquistador, em suas incursões ao longo da costa, entrou na rota Inca, que de Quillota cruzou Limache e Villa Alemana, penetrando o vale de Margamarga em direção aos campos de Orozco. De lá avistou o vale (que os nativos chamavam de Acuyo) cruzando-o para continuar até Melipilla pelo Cordón Ibacache, visitou as colônias de 'Mitimaes' de Talagante, avançou mais para o Leste e depois voltou para Quillota. Em 1540, D. Pedro de Valdivia passou com os seus anfitriões, imitando a estrada para Almagro.

O vale, localizado entre Santiago e o maior porto do Chile, Valparaíso (recentemente declarado Patrimônio da Humanidade) combina todas as condições para tornar-se essencial para todos que visitam o país. Casablanca se caracteriza por ser um vale pre-litoral, localizado na planície costeira da região, a apenas 18 km do mar e rodeado pela serra costeira.

Vale de Casablanca

A origem do nome Casablanca (Casa Branca) está no século XVI, quando foi construída uma casa de adobe caiada a oeste da cidade. Em 1755, os trabalhos preparatórios para a nova cidade prosseguiram e o seu traçado original foi delineado - de acordo com a tradicional grelha espanhola - por Dom Joseph Bañado y Gracia, juiz agrimensor do Bispado.

Quando as primeiras casas foram construídas, algumas medidas foram ditadas a fim de garantir o progresso da população. Foi nomeado um Tenente General do Partido Casablanca, dependente do prefeito de Quillota, que também recebeu ordens do Governador de Valparaíso em caso de defesa do referido porto.

Embora, no início, a população tenha crescido, a rivalidade entre José Montt e Dom Francisco de Ovalle pôs em risco o seu desenvolvimento, quando este último reivindicou os direitos sobre o terreno onde fora construída a vila, visto que os habitantes iam abandonando o terreno por entender que eles iriam perdê-los se Ovalle ganhasse o processo.

O contencioso durou toda a segunda metade do século XVIII e a situação normalizou-se quando os herdeiros dos litigantes encerraram a ação, reconhecendo o fundamento e os direitos dos seus habitantes.

Casablanca tem uma clara influência marítima, clima bem mais frio, com neblinas matinais e uma amplitude térmica de até 19 graus entre o dia e a noite, o que favorece a lenta maturação das uvas.

A temperatura media do verão é de 14,4 graus, as chuvas se concentram entre os meses de maio e outubro, com um amédia anual de 450 mm. A influência marítima que o vale recebe faz com que a temperatura média seja moderada, alcançando não mais do que 20º C durante o período vegetativo. Isso cria excelentes condições para as variedades brancas, como Sauvignon Blanc e Chardonnay, refletindo-se na frescura e no intenso aroma cítrico de seus vinhos.

Os meses com riscos de geadas são setembro e outubro, ficando bem mais seco entre novembro e abril, época do crescimento e maturação das uvas. A colheita, diferente de outros vales, acontece mais tarde, a partir de 15 de março até final de abril. Essas características climáticas trazem vinhos de qualidade superior, com muita concentração de fruta, acidez muito boa e um final brilhante.

A região é dominada pelas castas brancas, que correspondem a 75% da área plantada. Lá reina a Chardonnay, que ocupa mais de 1.800 hectares. Outras variedades importantes são a Sauvignon Blanc (mil hectares), a Merlot (430 ha) e a Pinot Noir (426 ha). Esta última, apesar de ser apenas a quarta mais plantada, forma, junto com a Chardonnay, a dupla de uvas emblemáticas da região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo amarelo claro com tendências douradas e reflexos esverdeados muito brilhantes com lágrimas finas e abundantes.

No nariz explode em aromas de frutas brancas e cítricas, tais como maçã-verde, pera, abacaxi e limão, com notas sutis e elegantes de madeira, de tosta.

Na boca é fresco, saboroso, mas de bom volume de boca, com alguma untuosidade, cremoso, sendo de corpo leve para médio e muito, muito versátil e equilibrado. Goza de boa acidez, uma acidez equilibrada, com notas discretas de madeira, pois 15% do vinho passou 8 meses por barricas de carvalho, com um final longo, prolongado.

Um autêntico Chardonnay do Vale de Casablanca! A história, o terroir (olha a palavrinha bonita) denuncia isso de forma veemente. A assinatura de uma região personificada em seus rótulos, a fidelidade da terra, o DNA de seus traços geológicos delimitam as belíssimas características desse Cruz Andina Chardonnay. Entrega ainda uma filosofia calcada nas práticas sustentáveis, entregando vinhos singulares, com o respeito ao ambiente natural, levando à mesa de nós, felizes enófilos, não somente um belo produto, mais um produto que entrega prazer e sinônimo de saúde. Um vinho expressivo, saboroso, que entrega o Chardonnay chileno de que estamos todos habituados. Vida longa a rainha das uvas brancas! Tem 13,5% de teor alcoólico em perfeito equilíbrio com acidez, madeira e fruta.

Sobre a Vinícola Veramonte:

A vinha em Veramonte é a maior vinha contígua do Chile, já que se estende por mais de 350 hectares na área de cultivo principal do Vale do Casablanca, no Chile. Em 1990, Agustin Huneeus escolheu este local para a Vinícola Veramonte, reconhecendo então que os microclimas e solos deste belo vale são semelhantes às prestigiadas regiões vinícolas da Califórnia, Napa Valley e Carneros.

O Veramonte Vineyard Manager utiliza os mais recentes avanços na tecnologia vitícola a fim de produzir frutos da mais alta qualidade possível. Ele gerencia cuidadosamente os rendimentos, eliminando a colheita, controlando a irrigação e experimentando diferentes técnicas de poda com a finalidade de maximizar a maturidade e a maturação das uvas.

Portanto, ele limita a produção de 5 a 7 toneladas por hectare para colher uvas de alta qualidade com sabor, definição e concentração intensos.

Veramonte foi introduzido pela primeira vez em 1996 e, desde então, recebeu elogios da crítica internacional por Chardonnay, Merlot, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc e Primus, um rico e picante proprietário vermelho, misturado com Carménère (uma bela variedade de Bordeaux, agora praticamente exclusiva do Chile), e Cabernet Sauvignon.

A vinícola de Veramonte é uma instalação de fato moderna de vinificação, projetada por um dos principais arquitetos líderes do Chile, Jorge Swinburn. Inaugurada em 1998, a vinícola de 7.896 metros quadrados inclui dessa forma a mais recente tecnologia em linhas de engarrafamento, fermentadores alimentados por gravidade e tanques ultramodernos de aço inoxidável.

Assim como é projetado para vinificação em pequenos lotes, permitindo fermentação e envelhecimento separados de blocos individuais de vinha e parcelas experimentais de vinha. Quando os hóspedes entram na vinícola, são recebidos no “Casona”, uma sala, inegavelmente, de tirar o fôlego, com uma rotunda alta, tetos de 16 metros e paredes de vidro que revelam as cavernas do barril abaixo.

No momento em que a família Huneeus era pioneira no Vale do Casablanca, no Chile, em 1990, havia menos de 40 hectares plantados em videiras. Posteriormente, nos dias atuais, a propriedade Veramonte Alto de Casablanca ganhou reconhecimento mundial pela qualidade de seus vinhos.

Todas as propriedades aderem a práticas orgânicas que garantem assim as melhores condições para o desenvolvimento das vinhas e a obtenção de vinhedos sustentáveis ao longo do tempo. Solos vigorosos e equilibrados cultivam uvas de qualidade que sem dúvida alguma expressam o potencial máximo de seu terroir.

Mais informações acesse:

https://www.veramonte.cl/disclaimer

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CASABLANCA

“Portal Casablanca”: http://valle.casablanca.cl/zona/zona1.shtm 



quinta-feira, 22 de abril de 2021

Ventisquero Reserva Pinot Noir 2015

 

Era um domingo extremamente agradável. Um toque primaveril ensolarado, mas calor. Tudo conspirava para uma degustação. Não estava no meu roteiro de degustação naquele dia, mas algo dizia para abrir um rótulo naquela tarde de domingo que nascia. Decidi degustar um vinho e, a partir dessa decisão, faltava escolher o rótulo, de preferência que harmonizasse com o dia que estava muito agradável. Olhei todos os cantos da adega, inspecionei cada rótulo e avistei um que, a meu ver, teria tudo a ver com o momento.

Tudo conspira com uma degustação! Não é apenas aquele prato, o alimento, mas o momento, o estado de espírito, tudo que está ao nosso redor conta e muito para o enredo e o ritual da degustação de um vinho. E, para o momento que narrei em questão, escolhi um Pinot Noir chileno. Um vinho essencialmente fresco, agradável, mas com alguma personalidade, típica dessa casta produzida no Chile. Adoro os Pinots chilenos porque eles priorizam a tipicidade da cepa, mas com uma “pegada” incomum, uma boa personalidade.

Então o vinho que degustei e gostei veio da sub região de Valle de Casablanca que fica no Aconcágua, um chileno da tradicional Viña Ventisquero que é o Ventisquero Pinot Noir Reserva da safra 2015. Um vinho estupendo, um Pinot Noir que eu não havia degustado há tempos, mas não quero revela-lo, por inteiro, ainda, apesar da minha excitação para tal. Mas falemos um pouco da importante região de Valle de Casablanca, que fica no Valle de Aconcágua, que vem crescendo vertiginosamente, a olhos vistos.

Valle de Casablanca, Aconcágua

Os primeiros espanhóis no Vale de Casablanca foram os expedicionários liderados, em 1536, pelo avançado Dom Diego de Almagro. O Conquistador, em suas incursões ao longo da costa, entrou na rota Inca, que de Quillota cruzou Limache e Villa Alemana, penetrando o vale de Margamarga em direção aos campos de Orozco. De lá avistou o vale (que os nativos chamavam de Acuyo) cruzando-o para continuar até Melipilla pelo Cordón Ibacache, visitou as colônias de 'Mitimaes' de Talagante, avançou mais para o Leste e depois voltou para Quillota. Em 1540, D. Pedro de Valdivia passou com os seus anfitriões, imitando a estrada para Almagro.

O vale, localizado entre Santiago e o maior porto do Chile, Valparaíso (recentemente declarado Patrimônio da Humanidade) combina todas as condições para tornar-se essencial para todos que visitam o país. Casablanca se caracteriza por ser um vale pre-litoral, localizado na planície costeira da região, a apenas 18 km do mar e rodeado pela serra costeira.

Valle de Casablanca

A origem do nome Casablanca (Casa Branca) está no século XVI, quando foi construída uma casa de adobe caiada a oeste da cidade. Em 1755, os trabalhos preparatórios para a nova cidade prosseguiram e o seu traçado original foi delineado - de acordo com a tradicional grelha espanhola - por Dom Joseph Bañado y Gracia, juiz agrimensor do Bispado. Quando as primeiras casas foram construídas, algumas medidas foram ditadas a fim de garantir o progresso da população. Foi nomeado um Tenente General do Partido Casablanca, dependente do prefeito de Quillota, que também recebeu ordens do Governador de Valparaíso em caso de defesa do referido porto. Embora, no início, a população tenha crescido, a rivalidade entre José Montt e Dom Francisco de Ovalle pôs em risco o seu desenvolvimento, quando este último reivindicou os direitos sobre o terreno onde fora construída a vila, visto que os habitantes iam abandonando o terreno por entender que eles iriam perdê-los se Ovalle ganhasse o processo. O contencioso durou toda a segunda metade do século XVIII e a situação normalizou-se quando os herdeiros dos litigantes encerraram a ação, reconhecendo o fundamento e os direitos dos seus habitantes.

Casablanca tem uma clara influência marítima, clima bem mais frio, com neblinas matinais e uma amplitude térmica de até 19 graus entre o dia e a noite, o que favorece a lenta maturação das uvas. A temperatura media do verão é de 14,4 graus, as chuvas se concentram entre os meses de maio e outubro, com um amédia anual de 450 mm. A influência marítima que o vale recebe faz com que a temperatura média seja moderada, alcançando não mais do que 20º C durante o período vegetativo. Isso cria excelentes condições para as variedades brancas, como Sauvignon Blanc e Chardonnay, refletindo-se na frescura e no intenso aroma cítrico de seus vinhos. Os meses com riscos de geadas são setembro e outubro, ficando bem mais seco entre novembro e abril, época do crescimento e maturação das uvas. A colheita, diferente de outros vales, acontece mais tarde, a partir de 15 de março até final de abril. Essas características climáticas trazem vinhos de qualidade superior, com muita concentração de fruta, acidez muito boa e um final brilhante.

A região é dominada pelas castas brancas, que correspondem a 75% da área plantada. Lá reina a Chardonnay, que ocupa mais de 1.800 hectares. Outras variedades importantes são a Sauvignon Blanc (mil hectares), a Merlot (430 ha) e a Pinot Noir (426 ha). Esta última, apesar de ser apenas a quarta mais plantada, forma, junto com a Chardonnay, a dupla de uvas emblemáticas da região.

E agora o vinho!

Na taça goza de um vermelho rubi brilhante, um tanto quanto escuro, para o Pinot Noir, mas apresentando um brilho típico da casta, com lágrimas finas e em média intensidade desenhando as paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas maduras como cereja, por exemplo, com toques delicados de flores, toque floral que entrega suavidade e elegância ao vinho, com notas de baunilha e torrefação, graças a passagem por 10 meses em barricas de carvalho, de 70% do vinho.

Na boca é complexo e com médio corpo, mas que não perdeu, em momento algum, a tipicidade da casta, trazendo delicadeza, frescor, graças a sua acidez equilibrada e de média intensidade e de taninos finos e domados. Traz um pouco da madeira, bem discreto e bem integrado ao vinho, com toques de café.

Um autêntico Pinot Noir chileno, seu terroir, sua tipicidade assinada por uma região importante e com vocação para a produção da casta. O DNA está na cultura, no saber fazer de seus produtores, de sua gente, a terra faz a sua parte. Um Pinot Noir chileno que entrou para a minha história de degustação, emblemático, poderoso, expressivo, mas delicado, elegante como característica essencial e importante desta linda cepa. Um vinho versátil e saboroso, que enche a boca e que tem uma vocação gastronômica que impressiona. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Ventisquero:

Liderada por uma equipe jovem, criativa e empreendedora, em 1998 começou  produção da Viña Ventisquero, sob o slogan “um passo além”. A ideia foi elaborar vinhos de alta qualidade, vanguardistas e modernos, combinados com uma nova maneira de se comunicar com o público-alvo e os processos de marketing. Ela é apenas um dos ramos de poderosa holding chamada Agrosuper, que comercializa carne, frango, porco, peru, frutas, embutidos, além de vinho. Criada em 1998 por Gonzalo Vial, a vinícola tem hoje 1.500 hectares de vinhedos em diferentes regiões como os vales de Casablanca, do Maipo, de Rapel, de Colchagua e de Apalta. O nome Ventisquero deriva de um glaciar, massa de gelo que se concentra nas montanhas. Da mão do enólogo-chefe, Felipe Tosso, a vinícola surgiu em 2003 no Maipo Costa, área onde nasceram os primeiros vinhos. Depois de três anos, foram dados novos passos no Vale de Casablanca e no Vale de Colchágua, mais precisamente no Vale de Apalta, berço dos vinhos de alta gama da Ventisquero. Uma das características da vinícola é a preocupação com o meio ambiente, desde o plantio, que obedece à agricultura orgânica, até a redução de emissões de CO2 nos transportes de seus vinhos. Outra é a alta tecnologia que permite à equipe de enólogos acompanharem todo o processo do vinho. Outro fator que concorre para a qualidade dos vinhos é a disponibilidade de recursos. Só um açude construído no meio dos vinhedos para captar a água dos Andes custou dois milhões e meio de dólares. Buscando consolidar qualidade, se aventuraram a criar vinhos ícones com John Duval, um dos mais prestigiados enólogos da Austrália e do mundo. Com vinhedos nas melhores áreas vitivinícolas do Chile (Lolol é um exemplo), e um forte trabalho de pesquisa em terroir, o desafio foi oferecer a melhor qualidade e consistência nos vinhos Ventisquero. Com escritórios nos EUA, Espanha, Inglaterra e Japão e presença em mais de 55 países, é uma das cinco vinícolas mais importantes do Chile.

Mais informações acesse:

http://www.vinaventisquero.com/en

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CASABLANCA

“Portal Casablanca”: http://valle.casablanca.cl/zona/zona1.shtm