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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Kayen Gran Reserva Malbec 2021

 



Vinho: Kayen Gran Reserva

Safra: 2021

Casta: Malbec

Região: Vale do Cachapoal

País: Chile

Produtor: Casas del Toqui

Adquirido: Wine

Valor: R$ 54,90

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 14 meses em barricas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: rubi intenso, porém com reflexos violáceos vibrantes e brilhantes, com lágrimas lentas, finas e em abundância.

Nariz: aromas agradáveis e sedutores de frutas vermelhas frescas, como framboesa, cereja e morango, além de intensas e picantes, com notas de baunilha, cacau, discreto carvalho e algo de floral que o torna mais fresco.

Boca: é estruturado, vivo, sedutor, com as notas frutadas replicadas que traz a sensação agradável de frescor, mas com estrutura e personalidade, sendo ainda um vinho volumoso, com o carvalho mais perceptível, dando o aporte de chocolate, leve tosta. Taninos presentes, mas dóceis, acidez salivante e um final persistente.

 

Produtor:

https://www.casasdeltoqui.cl/


sábado, 10 de julho de 2021

Santa Ema Select Terroir Reserva Merlot 2018

 

A Merlot definitivamente tem uma importância ímpar na minha trajetória de enófilo. Diria, sem medo ou exagero, que a Merlot ajudou a moldar o que sou como um apreciador incondicional da poesia líquida. Foi uma casta essencial para a minha transição dos vinhos de mesa para os vinhos finos, de uvas vitis vinífera. Mas o mais importante disso tudo é o impacto que ela causou em minha vida e que, a cada degustação, a cada experiência sensorial vem impactando.

Lembro-me com nitidez que os primeiros rótulos da casta Merlot que degustei logo me rendi de forma incondicional, me curvei perante a ela e de imediato se tornou a minha casta preferida, mesmo que naquela época eu ainda estava apenas no início da minha trajetória no universo do vinho.

Degustei alguns rótulos nacionais e chilenos, mas o segundo, de cara, me impressionou: tinham personalidade, eram marcantes, alguns encorpados, mas macios, equilibrados e fáceis de degustar. Embora naquela época, como disse, estava apenas no início da minha caminhada no mundo dos vinhos, eu conseguia ter essa percepção do vinho, o que fez curvar diante da cobiçada Merlot.

E degustei de forma ávida e dedicada alguns rótulos chilenos da casta Merlot e que maravilha era explorar cada um deles, de várias regiões, cada um com a seu terroir, as suas características, fazendo com que eu mergulhasse profundamente nos rótulos chilenos da casta. Tive momentos em que a minha simples adega se tinha Merlot chileno, como foi intenso, uma espécie de paixão avassaladora em que, determinadas situações, temia que razão tomasse conta de meus sentidos e fizesse trazer à tona alguma ingrata realidade.

Mas não permiti que a temível e silenciosa zona de conforto, tomasse conta de mim e o Chile se desbravou diante dos meus olhos e sentidos de outras formas, ou melhor, de outras castas e rótulos nas suas mais diversas propostas, mas não posso negar que o Chile e os seus grandiosos vinhos chegou a mim graças a Merlot, bem como a casta propriamente dia.

E a minha mais nova degustação de um Merlot chileno veio de uma forma inusitada e surpreendentemente incrível. Avistei, em uma das minhas novas incursões aos supermercados, um Merlot do Chile com um atraente valor na faixa dos R$ 23,00! Receoso, me aproximei para conferir com cuidado. Como costumo fazer, acessei a página do produtor para colher mais informações acerca do vinho e o que lá li me chamou muito atenção, sobretudo pelo fato do valor tão baixo.

Não tinha nada a perder, afinal, um valor baixo, caso o vinho não me agradasse eu perderia pouco dinheiro. E eis que o dia, o momento, chegou! No barulho da rolha se desprendendo da garrafa, por um instante eu voltei no tempo e relembrei de agradáveis degustações de bons Merlots chilenos. Que vinho! Então apresento o vinho que degustei e gostei que veio do Vale del Cachapoal, no Chile, e se chama Santa Ema Select Terroir Reserva, da safra 2018.

Então já que fiz comentários elogiosos a Merlot, falemos um pouco da casta e também da região a qual o vinho foi concebido, já que o nome do vinho traz a palavra-chave: “Terroir”.

Merlot: popular sim, mas elegante.

Por um longo período na história dos vinhos, a Merlot ficou conhecida pejorativamente como a “outra tinta de Bordeaux”, região de sua origem e cuja estrela principal era a Cabernet Sauvignon. Esse panorama começou a mudar no final do século XX – atualmente ela é uma das castas de maior sucesso no mundo, sendo cultivada em diversos países vitivinicultores.

Pesquisas revelam que a Merlot descende da casta Cabernet Franc, também francesa, sendo meia-irmã das não menos famosas Carmenère e da Cabernet Sauvignon. Apesar de seu prestígio ter se espalhado pelo mundo apenas na década de 1980, a Merlot tem cultivo documentado há séculos atrás. A primeira referência à uva que se tem notícia data de 1784, no seu país de origem: a França.

A sua designação, Merlot, deriva de Merle – nome dado a um pássaro na França que, assim como a uva, ostenta uma coloração escura e profunda. 

Melre

No século XIX foi muito cultivada na região de Médoc, que fica à margem esquerda do rio Gironde. Tem seu nome mencionado em diversas ocasiões na Itália e Suíça já na virada para o século XX, mas ganha notoriedade mesmo quando entra no Novo Mundo em 1990, tornando-se a uva mais popular nos Estados Unidos.

A França continua sendo o maior cultivador desta casta, com aproximadamente dois terços da sua produção mundial. Bordeaux, com 56% de seus vinhedos cobertos de Merlot, é a principal produtora; sobretudo na sua margem direita, onde a uva domina as plantações das regiões de St. Émilion e Pomerol. Outros países como Itália (onde a Merlot é a quinta casta mais plantada), Estados Unidos (na Califórnia, principalmente), Argentina, Chile, Austrália, Brasil, Canadá e África do Sul cultivam a Merlot de forma significativa. Denotando seu prestígio, popularidade e fácil adaptação em diversas partes do globo.

Assim como a Cabernet Sauvignon, a Merlot tem boa adaptabilidade a diversos solos e terroirs. Suas cepas se desenvolvem muito bem em solos rochosos e áridos, mas também são bem cultivadas em solos argilosos. Quanto ao clima, a adaptabilidade também reina, pois consegue produzir boas safras tanto em climas mais quentes quanto em mais frios e úmidos.

Apesar do seu fácil cultivo e da sua flexibilidade, os especialistas divergem a respeito do tempo de maturação dessa uva, não existindo consenso. Isso porque, outra característica dessa uva é sua propensão para passar do ponto do amadurecimento, o que pode acontecer em questão de dias (um dia está boa e dias depois já amadureceu muito).

Os que defendem a colheita tardia entendem que isso conserva os açúcares e a maturação fenólica de forma mais concentrada. A outra corrente, ao contrário, acredita que a colheita tardia prejudica a acidez e destaca excessivamente os aromas frutados, tornando o vinho mais pesado, com menos frescor e elegância, razão pela qual defendem a colheita precoce.

Por causa dessa divergência que atualmente existem dois tipos de vinhos Merlot: (i) o estilo internacional, elaborado no novo mundo, no qual a uva é colhida mais tarde (no momento em que está mais madura), com teor alcoólico mais alto e que resulta em um vinho mais encorpado. E (ii) o tradicional estilo de Bordeaux, que usa uva colhida mais cedo para manter a acidez e produzir vinhos de corpo médio, com teor alcoólico moderado.

Como se não bastassem essas diferenças, especialistas ainda afirmam que há diferença de entre os vinhos em razão da região onde a uva é cultivada, especificamente se é em local mais quente ou mais frio. De fato, vinhos de regiões mais frias, como França, Itália e Chile, são mais estruturados, com maior presença de taninos e aromas de tabaco. Já os vinhos de regiões mais quentes, como da Califórnia, da Austrália e da Argentina, são mais frutados e com taninos menos predominantes.

Vale de Cachapoal

O Valle del Cachapoal – Valle del Rapel, é uma sub-região da região de Valle Central. Ocupa a parte sententrional do vale de Rapel, enquanto o vizinho meridional é Colchágua. Embora por muito tempo se tenha falado só de Rapel, pouco a pouco ambos foram se desligando dessa vizinhança a ponto de já muitos poucos rótulos falarem em um Rapel genérico.

Valle Central e o Valle del Cachapoal

Existe lógica por trás dessa divisão, porque as diferenças são importantes, tanto em clima quanto em topografia. Boa parte dos produtores mais importantes de Cachapoal tem seus vinhedos aos pés dos Andes, local chamado de Alto Cachapoal. Nessa região a Cabernet Sauvignon brilha com seu frescor e elegância, mas, também, aproveitando a influência fria da cordilheira e dos pedregosos solos aluviais de média fertilidade, conseguiram-se interessantes resultados com a Viognier em brancos  e  Cabernet Franc em tintos.

O poente, nos arredores de Peumo, as temperaturas aumentaram, especialmente nos setores protegidos da influência marítima, como em Las Cabras. Nesse setor, o estilo delicado e elegante transforma-se em maior potência de álcool, maturidade e doçura. Isso explica por que, na região ocidental do vale, a Carménère alcance sua completa maturação sem dificuldades. Em Peumo, na margem setentrional do rio Cachapoal, são produzidos alguns dos mais interessantes Carménère do Chile.

As brisas frescas da costa que deslizam pela bacia do rio banham os vinhedos de frescor e, ao mesmo tempo, moderam as altas temperaturas do setor. Isso explica, por exemplo, que os tintos tenham essas notas de ervas e frutas vermelhas maduras proporcionadas pelas brisas frescas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça mostra um imponente vermelho rubi intenso com reflexos violáceos brilhantes com abundantes lágrimas grossas que mancham as paredes do copo.

No nariz revela aromas de frutas vermelhas maduras, algo de groselha e ameixas, com notas amadeiradas delicadas e de baunilha em um equilíbrio invejável, graças aos 6 meses de passagem por barricas de carvalho, cerca de 40% do vinho.

Na boca é um vinho austero, maduro, de tipicidade, com alguma estrutura, mas muito macio e harmonioso, aparecendo, mais uma vez, as notas amadeiradas, de forma discreta, fazendo com que a fruta sobressaia, o toque herbáceo se faz presente também, com taninos firmes, mas domados, acidez correta e final prolongado e frutado.

O nome do vinho traz aquela palavra-chave: “Terroir”. E ela explica muita coisa que aqui foi textualizada. As características climáticas e geográficas que personificam os Merlots chilenos, a personificação do genuíno. Antes de saber ou pelo menos ter a mínima, a vaga noção do conceito de “Terroir” eu já tinha a plena noção da tipicidade dos Merlots chilenos e foi o que me cativou, o que me arrebatou por inteiro. Santa Ema Select Terroir surpreende por entregar um vinho maduro, de personalidade marcante, mas suave, elegante. Uma versatilidade que faz com que o vinho cative a todos os paladares, dos mais exigentes aos iniciantes do universo vasto e inexplorado do vinho que ainda tem a maravilhosa capacidade de nos surpreender. Que o Merlot chileno continue nos inspirando e provocando verdadeiras catarses em nossos sentidos. Tem 13,7% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Santa Ema:

O começo da Santa Ema remonta ao início do século XX, quando o Sr. Pedro Pavone Voglino, imigrante italiano, vindo do Piemonte, atleta e empresário, descobriu na Ilha de Maipo um Terroir, onde até hoje, ainda é a sede da vinícola, isso em 1917. Em 1935 ele adquire a fazenda Santa Ema, com 35 hectares.

O fundador, juntamente com seu filho Félix Pavone Arbea, um grande empreendedor e visionário, fundou a empresa vinícola, Vinhos Santa Ema, em 1956, proporcionando uma avançada infraestrutura industrial para o desenvolvimento e gerenciamento de vinhos embalados de alta qualidade.

A primeira exportação de vinhos Santa Ema para o mercado exterior acontece em 1986 e, a partir de então, a Santa Ema se abriu para o Chile e para o mundo, iniciando suas exportações em um processo de crescimento sólido e ininterrupto, que hoje atinge a mais de 30 países de destino nas mãos da terceira e quarta geração da família.

Se existe algo que caracteriza o espírito, a missão e a visão dos Vinhos de Santa Ema, que continua pertencendo à Família Pavone, hoje em sua quarta geração, é uma adesão plena e sustentada aos seguintes valores fundamentais: Compromisso, Qualidade, Respeito, Honestidade e Responsabilidade.

Mais informações acesse:

https://www.santaema.cl/pt-br/?active=S

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=RAPELCACHAPOAL

“Blog Vinho Site”: http://blog.vinhosite.com.br/uva-merlot-conheca-mais-sobre-os-vinhos-dessa-variedade/

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/uva-merlot-quando-a-popularidade-encontrou-a-elegancia/

“Blog do Jeriel”: https://blogdojeriel.com.br/2011/11/09/o-vale-de-cachapoal/

 

 

 

 

 






sábado, 10 de outubro de 2020

Marquês de Casa Concha Merlot 2012


Ah o vinho! Há que diga que vinho é poesia líquida, que é a celebração, que congrega, que traz momentos de alegria. E quando o vinho é emblemático e icônico, são atrativos que agregam aos momentos e estado de espírito que o mesmo proporciona. Bem, essa é a semana no meu aniversário! Até que me provem o contrário ou que a auto estima não te engane com elementos de autoajuda ou fugazes, é um momento de alegria, de celebração, de pleno júbilo. Então o vinho adentra e protagoniza os bons momentos, trazendo o “tempero” para as nossas vidas também nos capítulos duros e difíceis pelas quais passamos. 

E hoje eu olhei com mais carinho para os cantos mais longínquos e esquecidos da minha adega e pensei com uma determinação que há tempos não tinha e disse: Preciso escolher um vinho que me proporcione uma noite aprazível no dia de hoje! E com esse ímpeto, mesclado à sede incontida escolhi um rótulo, e aí faço questão de evocar novamente as palavras aqui citadas, icônico e emblemático. 

Um vinho, cujo rótulo, me norteou a compreensão do que são bons vinhos em muitos sentidos e percepções, tais como: terroir e tipicidade, essas são as primeiras palavras que me vem à cabeça. Acredito que, embora extremamente complexas e, em determinados momentos, até incompreensíveis, são elas que nos faz entender que estamos degustando qualidade, que nos suscita, nos proporciona, aos que tem o desejo, de conhecer e imergir na cultura de um país, da filosofia de uma vinícola ou ainda no que aquele enólogo quis traduzir em cada gota que compõe aquela simples garrafa. Um vinho de uma casta que praticamente me introduziu ao universo vasto e incrível do vinho: a Merlot! E um Merlot atípico, especial, não que os anteriores não tenham sido, mas esse é deveras arrebatador.

Então, sem delongas e muito papo, o vinho que degustei e gostei vem da tradicionalíssima região do Vale do Cachapoal, de uma comuna chamada Peumo e é nada mais, nada menos que o Marquês de Casa Concha Merlot, da safra 2012. E não se enganem, caros e estimados leitores, já tive experiências singulares com essa linha de rótulos e uma pode ser conferida, com requintes de detalhes, em uma resenha que fiz sobre o Marquês de Casa Concha Carmènere 2011. Então, para variar, vamos às histórias de Cachapoal e Peumo, no Chile.

Vale do Cachapoal e Peumo

O Valle del Cachapoal – Valle del Rapel, é uma sub-região da região de Valle Central. Ocupa a parte sententrional do vale de Rapel, enquanto o vizinho meridional é Colchágua. Embora por muito tempo se tenha falado só de Rapel, pouco a pouco ambos foram se desligando dessa vizinhança a ponto de já muitos poucos rótulos falarem em um Rapel genérico.

Existe lógica por trás dessa divisão, porque as diferenças são importantes, tanto em clima quanto em topografia. Boa parte dos produtores mais importantes de Cachapoal tem seus vinhedos aos pés dos Andes, local chamado de Alto Cachapoal.

Nessa região a Cabernet Sauvignon brilha com seu frescor e elegância, mas, também, aproveitando a influência fria da cordilheira e dos pedregosos solos aluviais de média fertilidade, conseguiram-se interessantes resultados com a Viognier em brancos e  Cabernet Franc em tintos.

O poente, nos arredores de Peumo, as temperaturas aumentam, especialmente nos setores protegidos da influência marítima, como em Las Cabras. Nesse setor, o estilo delicado e elegante transforma-se em maior potência de álcool, maturidade e doçura. Isso explica por que, na região ocidental do vale, a Carménère alcance sua completa maturação sem dificuldades. Em Peumo, na margem setentrional do rio Cachapoal, são produzidos alguns dos mais interessantes Carménère do Chile, é tida como a terra da Carménère.

As brisas frescas da costa que deslizam pela bacia do rio banham os vinhedos de frescor e, ao mesmo tempo, moderam as altas temperaturas do setor. Isso explica, por exemplo, que os tintos tenham essas notas de ervas e frutas vermelhas maduras proporcionadas pelas brisas frescas.

A comuna de Peumo, localizada por volta de 100 quilômetros ao sul de Santiago, está inserida na parte norte do Vale del Cachapoal, mais precisamente às margens do rio que leva o mesmo nome. Foi nesse lugar de paisagens bucólicas e de próspera produção agrícola que a Carménère encontrou as condições climáticas e de solo desejadas para se desenvolver plenamente e se tornar uma das uvas emblemáticas do Chile.

Peumo e as demais comunas de Cachapoal

Pode-se concluir que as condições da zona de Peumo são desejadas e necessárias para se cultivar quaisquer uvas, porém os resultados obtidos com a Carménère mostram que essa zona é das melhores, senão a melhor para o seu plantio em todo Chile.

E agora o tão esperado vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e escuro, mas brilhante, com lágrimas em profusão, grossas e que teimam em se dissipar das paredes do copo e nota-se também, graças a sua intensa coloração vermelha, um líquido caudaloso, que já denuncia um vinho intenso e estruturado.

No nariz entrega uma explosão aromática de frutas negras maduras como ameixa, notas de especiarias, pimentão, talvez, com um toque de baunilha e a madeira que lhe confere alguma complexidade, graças aos 18 meses de passagem por barrica de carvalho.

Na boca se confirma as notas frutadas, de tosta, torrefação mesmo, chocolate, com taninos de ótima textura, presentes, mas domados, com boa acidez que lhe confere um frescor e até jovialidade, apesar dos oito anos de safra. Um vinho redondo, estruturado, mas fácil de degustar, sendo equilibrado e bem versátil.

Um vinho saboroso! Embora seja uma palavra um tanto quanto genérica e usual, ela define bem, muito bem, o meu sentimento para com o excelente Merlot da linha Marquês de Casa Concha. Um vinho que no auge dos seus oito anos de safra, de vida,  está vivo, pleno e jovial. Suculento, predomina as notas da madeira, mas integrado ao conjunto do vinho, privilegiando as características da cepa, sem negligenciar as suas mais marcantes essências. O dia pediu esse momento que, como o vinho, tem e deve ser emblemático que, independente de questões existenciais e pontos de vista, a vida se faz presente e o tempo se torna mero detalhe quando é vivida em todas as suas nuances e em todos os seus dramas. Façamos isso tudo com vinho como o nosso mais fiel companheiro de todas as horas. Vida longa e próspera para mim, a todos que leem essa resenha e que o vinho seja um presente, uma dádiva para a história de todos nós. Tem 14,5% de teor alcoólico muito bem integrado ao conjunto do vinho.

Harmonizando com um queijo gruyère

Sobre o Marques de Casa Concha

Em 1718 o Rei Filipe V de Espanha concedeu o nobre título “Marques de Casa Concha” a José de Santiago Concha y Salvatierra pelo seu meritório trabalho como Governador do Chile e Cavaleiro de Calatrava. Nasce o fundador da vinícola, Don Melchor de Santiago Concha y Toro, o sétimo Marques de Casa Concha.

Don Melchior de Santiago Concha y Toro

Em homenagem ao título hereditário e refletindo tais valores nobres e tradicionais, um Cabernet Sauvignon de 1972 de Puente Alto foi lançado em 1976. Carregava o distinto rótulo Marques de Casa Concha e era o principal vinho da Viña Concha y Toro na época. Em 1990 os avanços no vinhedo, nas práticas de produção de vinho e nos melhores equipamentos levaram a uma melhora na qualidade do vinho e tornaram o rótulo Marques de Casa Concha procurado em todo o mundo. Marques de Casa Concha é a linha de vinhos chilena que abrange a completa diversidade do Chile, com vinhedos onde a complexa relação entre as condições naturais, a planificação do vinhedo, e os anos que as parreiras demoraram a crescer, proporcionam um caráter único para a linha inteira.

Sobre a Concha Y Toro

Em 1883 Don Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de 1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras.

Mais informações acesse:

http://www.marquesdecasaconcha.com/?lang=pt-pt

https://conchaytoro.com/holding/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=RAPELCACHAPOAL

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/uva-merlot-quando-a-popularidade-encontrou-a-elegancia/

“Blog do Jeriel”: https://blogdojeriel.com.br/2011/11/09/o-vale-de-cachapoal/

 

 




quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Marquês de Casa Concha Carmènére 2011


Já ouviu alguém dizer que o vinho é emblemático, icônico? Emblemático pelo seu terroir e proposta e icônico pela sua história e simbiose com a cultura de onde foi produzido. Esse sim é o vinho arrebatador! Aquele que te deixa nas nuvens! Quem é enófilo entenderá perfeitamente o que estou textualizando aqui e agora. E quando você degusta um vinho com essas características aliado à castas importantes de uma região, de um país. Sempre quis unir essas possibilidades e convenhamos que não é uma tarefa fácil escolher um rótulo assim, escolher um vinho nunca é uma tarefa fácil, sobretudo quando se faz no escuro, sem minimamente saber o que quer para o momento ou criar um vínculo com um estilo, uma proposta de vinho, levando em conta fatores como região, safras, castas, é claro, corpo, entre outros fatores. Eu queria, alguns anos atrás e lembro-me bem disso, mesmo tendo passado alguns anos, degustar um Carménère chileno com potência, robustez, estrutura e complexidade. Antes desse rótulo que logo direi qual é, já havia degustado alguns vinhos dessa casta, com outras propostas, dos mais básicos aos intermediários e as experiências foram gratificantes e até surpreendentes para alguns rótulos, mas eu precisava de um vinho icônico e emblemático e eis que surgiu um, embora o mesmo leve 5% de Cabernet Sauvignon, mas ainda assim tinha a magnânima presença dela, da Carménère.

Então o vinho que degustei e gostei é da gigante Concha Y Toro, do Chile, do Vale do Cachapoal, em uma região, com DO (Denominação de Origem) chamada Peumo, tida como a casa do Carménère, e se chama nada mais nada menos que Marques de Casa Concha, com 95% Carménère e 5% Cabernet Sauvignon, da safra 2011. Antes de falar sobre o vinho, como de costume, falemos sobre a região de Peumo.

Peumo, Vale do Cachapoal

É no Vale del Cachapoal, especialmente na região de Peumo, que a Carménère encontra condições ideais para prosperar e mostrar todo seu potencial. Essa condição ideal para o cultivo da Carménère está relacionada diretamente ao solo de argila profundo – por volta de 1,5 metros – e fértil encontrado na zona de Peumo, bem como à ausência de chuvas até o período da colheita, aos dias ensolarados e à grande amplitude térmica – diferença entre as temperaturas mínimas e máximas de um mesmo dia – que chega a atingir picos de 18oC. A comuna de Peumo, localizada por volta de 100 quilômetros ao sul de Santiago, está inserida na parte norte do Vale del Cachapoal, mais precisamente às margens do rio que leva o mesmo nome. Foi nesse lugar de paisagens bucólicas e de próspera produção agrícola que a Carménère encontrou as condições climáticas e de solo desejadas para se desenvolver plenamente e se tornar uma das uvas emblemáticas do Chile.

Vale do Cachapoal

Tais fatores são primordiais para que a Carménère atinja sua plena maturação, tanto fenológica quanto da própria fruta. De fato, por ser uma uva de maturação muito tardia – mais longa, por exemplo, que a Cabernet Sauvignon – ela necessita de solos que retenham a umidade de forma constante durante todo período de amadurecimento, bem como de dias secos, ensolarados, naturalmente frescos e mais úmidos, oriundos da considerável amplitude térmica, e ao relevo de baixa altitude (170 m) da zona de Peumo. Ou seja, essa uva, devido à maturação longa e tardia, tem nos solos férteis da região a possibilidade de manter as condições ideais para desenvolver seu pleno potencial. Além disso, o relevo do Vale del Cachapoal, principalmente na zona Peumo – onde as cadeias de montanhas se estendem de leste a oeste e o rio Cachapoal corre para o mesmo lado –, possibilita uma orientação de plantio dos vinhedos de norte para sul, propiciando uma insolação constante durante todo o dia, o que contribui, também, de forma decisiva para a maturação gradual e constante da uva. De modo geral, pode-se concluir que as condições da zona de Peumo são desejadas e necessárias para se cultivar quaisquer uvas, porém os resultados obtidos com a Carménère mostram que essa zona é das melhores, senão a melhor para o seu plantio em todo Chile.

E agora o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi muito escuro e profundo, mas brilhante e muito bonito. As lágrimas, finas e abundantes, já anunciam a potência e complexidade do vinho que teimavam em sumir, desenhando as paredes do copo.

No nariz traz notas intensas e agradáveis de frutas vermelhas maduras, como ameixa, especiarias, aquele típico toque de “carpete” da Carménère, com toquees generosos de tabaco e baunilha.

Na boca é estruturado, intenso, com um bom volume de boca, mas redondo, harmonioso e diria até fácil de degustar, com taninos de textura firme e presente, mas amaciados e uma boa acidez, com um toque amadeirado, mas bem integrado ao conjunto do vinho e um chocolate amargo delicioso, graças aos 12 meses de passagem por barricas de carvalho. Final frutado e persistente.

O Marques de Casa concha, icônico e emblemático vinho da tradicional Concha Y Toro, realizou meu sonho de degustar um legítimo Carménère, da região onde a cepa se dá bem, tem tipicidade, o terroir se deleitando em minha boca de uma forma intensa e visceral. Um vinho que, como se costuma dizer por aí, é digno de se degustar de joelhos, reverenciando e celebrando o que há de melhor na cultura vitícola chilena. Harmoniza muito bem com carnes corpulentas, massas e pizzas. Tem 14,7% de teor alcoólico muito bem integrado.

Sobre o Marques de Casa Concha

Em 1718 o Rei Filipe V de Espanha concedeu o nobre título “Marques de Casa Concha” a José de Santiago Concha y Salvatierra pelo seu meritório trabalho como Governador do Chile e Cavaleiro de Calatrava. Nasce o fundador da vinícola, Don Melchor de Santiago Concha y Toro, o sétimo Marques de Casa Concha.

Don Melchior de Santiago Concha y Toro

Em homenagem ao título hereditário e refletindo tais valores nobres e tradicionais, um Cabernet Sauvignon de 1972 de Puente Alto foi lançado em 1976. Carregava o distinto rótulo Marques de Casa Concha e era o principal vinho da Viña Concha y Toro na época. Em 1990 os avanços no vinhedo, nas práticas de produção de vinho e nos melhores equipamentos levaram a uma melhora na qualidade do vinho e tornaram o rótulo Marques de Casa Concha procurado em todo o mundo. Marques de Casa Concha é a linha de vinhos chilena que abrange a completa diversidade do Chile, com vinhedos onde a complexa relação entre as condições naturais, a planificação do vinhedo, e os anos que as parreiras demoraram a crescer, proporcionam um caráter único para a linha inteira.

Sobre a Concha Y Toro

Em 1883 Don Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de 1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras.

Mais informações acesse:



Fonte de pesquisa para a Região de Peumo:


Degustado em: 2016