Decisão tomada. Louis-Antoine Luyt ia aprender a fazer vinho.
Voltou para a França estudou viticultura e enologia em Beaune e, durante os
estudos, fez amizade com Mathieu Lapierre, proprietário da renomada vinícola
Villié-Morgon, onde teve a oportunidade de participar de cinco colheitas e ser
introduzido ao vinho natural. Munido de conhecimento, sonho e coragem, Louis
abriu uma vinícola no Chile e começou a explorar diferentes terroirs e cepas
locais para produzir vinhos que seriam exportados, principalmente, à França.
Mas em 2010, o desastroso terremoto resultou na perda de 90%
do seu cultivo. Ele não desistiu. Comprou mais oito hectares de vinhas, entre
elas, a País. Desde então, a cepa foi voltando aos palcos, retomando os
holofotes e mostrando (novamente) toda a sua capacidade para produzir grandes
vinhos. De muita textura e ótima acidez, a País origina vinhos rústicos,
bastante gastronômicos e corpo médio.
Com o tempo, os taninos ficam tão elegantes e macios que
parecem veludo. Em geral, a uva País não recebe muito envelhecimento em
madeira, pois os aromas dessa variedade são muito delicados e muita madeira
pode interferir demais na tipicidade do vinho. Continuou sendo cultivada,
principalmente por pequenas famílias agrícolas, até que, nas últimas décadas,
alguns produtores começaram a apostar na sua volta ao mundo dos vinhos.
A Região do Maule é considerada a maior produtora, por
hectare, da País atualmente e muitas de suas vinhas, como em todo o Chile, que
traz essa cepa, são antigas, com média de 70 a 100 anos de idade! Afinal, foram
esquecidas por tanto tempo!
Carignan
Também conhecida por Cariñena no nordeste da Espanha e
Carignano na Sardenha, a Carignan é uma casta de uva de origem espanhola,
especificamente da região de Aragón, onde seu nome mais comum é Mazuelo.
Trata-se de uma casta bastante antiga, que foi se espalhando pela Europa ao
longo de muitos anos. A uva possui mais de 60 derivações, sendo conhecida por
diferentes nomes em todo o mundo e apresentando características diferenciadas
de acordo com a região em que é cultivada.
Na França, onde a uva parece ter chegado em meados do século
XII, atravessando os montes Pirineus, ela é chamada também de Monestel, Catalan
e Roussillonen. Esse último nome faz referência à região que mais a acolheu, o
Languedoc-Roussillon, de onde se tornou a uva tinta mais plantada da França,
ocupando (em dados de 2006 da Vitis International Variety Catalogue) mais de 73
mil hectares de vinhedos.
Da França, a Carignan se espalhou por todo o Mediterrâneo,
sendo bastante popular no sul da Itália (com o nome de Carignano ou Uva di
Spagna). Durante muitas décadas, ela foi muito utilizada para vinhos de baixa
qualidade, tanto na França quanto na Itália, o que a fez perder território para
outras castas. Felizmente, há poucos anos isso começou a mudar na Europa. Na
França ela se tornou grandiosa.
A uva possui resistência a solos com falta de água,
amadurecendo e produzindo em larga escala mesmo em condições rigorosas. A casta Carignan possui casca grossa e
profunda cor escura, sendo uma uva com amadurecimento tardio e de produção
elevada.
Uva Carignan
A casta da uva é bastante produtiva, demandando que os
rendimentos sejam controlados para dar vinhos tintos de qualidade. É uma casta
que pede bastante sol para ficar madura.
A uva da casta Carignan (Mazuelo) vem ganhando muitos adeptos
e espaço no Novo Mundo do vinho, sendo muito utilizada também no Chile, onde
cada vez mais é empregada na produção de vinhos tintos de qualidade e com
grande reconhecimento mundial.
Os vinhos tintos elaborados com a casta Carignan mostram boa
acidez e taninos potentes, que podem conferir um leve e característico amargor,
além de um toque de rusticidade, típico de alguns vinhos do
Languedoc-Roussillon. Os melhores exemplos de vinhos tintos, geralmente
elaborados com uvas de vinhas antigas, plantadas em arbustos (goglet), podem
ser complexos e longevos.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um rubi quase translúcido, com um lindo e
brilhante violáceo, com discretas lágrimas, finas e rápidas, que desenham a
borda do copo.
No nariz é incrivelmente complexo, mas que traz frescor e
leveza, ao mesmo tempo, graças as suas notas frutadas, com destaque para
morango, framboesas, cerejas, talvez algo de amora. Têm notas herbáceas, um toque
vegetal, de ervas, que harmoniza com a fruta, com um toque floral e de terra
molhada, mas não tão evidente.
Na boca é seco, elegante, leve, fresco, que surpreende, pelo
fato de já ter cinco anos de garrafa, mas com presença. Os tons frutados ganham
protagonismo no paladar, como no aspecto olfativo, a madeira figura com mais
destaque na boca, graças aos doze meses que a Carignan, apenas, estagiou em
barricas de carvalho, entregando uma leve tosta, um café moído, torrado, com
taninos finos e boa acidez. Final de média persistência.
“A País é uma uva que
pode ser terrosa demais, mas Las Veletas conseguiu criar um exemplo de vinho
mais frutado e fresco com os aromas herbáceos em harmonia com a fruta. Um belo
vinho para começar um jantar ou ainda melhor, almoço.”
Paul Tudgay
Um vinho especial, delicioso, complexo, mas muito elegante,
macio e fácil de degustar. O Las Veletas Estate País e Carignan é oriundo de
vinhas velhas, que variam de 8 a 103 anos de idade! São elaborados com fermentação
espontânea (sem adição de leveduras). O Las Veletas, a sua linha de rótulos,
vieram de uma tradicional e antiga propriedade na zona seca de San Javier onde
há muitos vinhedos apresentam exatamente as castas País e Carignan, dentre
outras cepas mais famosas. Todo o trabalho conta com a parceria do enólogo
conceituado chamado Rafael Tirado, juntamente com o proprietário da vinícola
Las Veletas, Raúl Dell’Oro. O projeto começou como algo para família e amigos,
movidos apenas pelo prazer de fazer um bom vinho. A total liberdade para errar
e experimentar foi o berço perfeito para dar asas à imaginação e obter um
resultado totalmente diferente, pois estes vinhos nasceram com o único objetivo
de serem degustados em casa, fazendo um brinde e partilhando, com lotes de
produção de baixas quantidades, mas qualidade superior. Tem 12,5% de teor
alcoólico.
Sobre a Vinícola Las Veletas:
Las Veletas corresponde a uma propriedade tradicional e
antiga, localizada na zona seca de San Javier, onde, durante muitos anos, as
vinhas foram País, Carignan e misturas de outras castas tintas. Com esta
premissa, tem-se trabalhado na recuperação das vinhas velhas e no
desenvolvimento de novas vinhas com vinhas mais tradicionais. Todo este trabalho,
promovido pelo seu proprietário Raúl Dell'Oro, que depois de vários anos a
trabalhar na área junta-se ao conceituado enólogo Rafael Tirado para
desenvolver o projeto do vinho Las Veletas.
O projeto começou como algo muito familiar, de amizade, e
motivado unicamente pelo prazer de fazer um bom vinho. A máxima liberdade para
errar e experimentar foi o berço perfeito para dar largas à imaginação e obter
um resultado verdadeiramente diferente, pois estes vinhos nasceram com o único
objetivo de desfrutar em casa para brindar e partilhar, com lotes de produção
reduzidos em quantidade e elevados em qualidade.
Mais informações acesse:
https://www.lasveletas.cl/
Referências:
Clube dos Vinhos: https://www.clubedosvinhos.com.br/uva-pais-chile-curiosidade-harmonizacao-caracteristicas/
Tintos & Tantos: http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/604-pais
“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/vale-do-maule-fertilidade-e-diversidade-de-uvas-e-vinhos/
“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/valle-de-maule
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/carignan
“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uva-carignan-e-seus-mundos_3212.html