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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Bons Ventos 2022

 



Vinho: Bons Ventos

Safra: 2022

Casta: Arinto, Fernão Pires, Vital, Rabo de Ovelha e Chardonnay

Região: Lisboa

País: Portugal

Produtor: Casa Santos Lima

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: entrega um amarelo palha, brilhante, com reflexos esverdeados.

Nariz: aromas exóticos e exuberantes de frutas tropicais, cítricas, com destaque para nuances de limão, de laranja e um discreto floral.

Boca: é fresco, jovem, saboroso, com as notas frutadas em evidência, com boa acidez e um final de média persistência.

 

Produtor:

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Areias do Sado Reserva branco 2021

 



Vinho: Areias do Sado Reserva

Casta: Antão Vaz (25%), Verdelho (25%), Fernão Pires (25%) e Arinto (25%)

Safra: 2021

Região: Península de Setúbal

País: Portugal

Produtor: Adega Cooperativa de Pegões

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Rede de Supermercados Assaí (Niterói/RJ)

Valor: R$ 35,90

Estágio: 2 a 3 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: apresenta um amarelo com tendências ao dourado, com brilhantes reflexos esverdeados.

Nariz: aromas intensos de frutas cítricas, de polpa branca, com destaque para abacaxi, lichia, tangerina, pêssego, grama cortada, algo herbáceo, além de notas florais.

Boca: é fresco, leve, mas com leve untuosidade, devido a curta passagem por carvalho, que o torna complexo, frutado, mineral, notas de ervas, acidez equilibrada e final persistente.

 

Produtor:

http://cooppegoes.pt/

 

 


domingo, 30 de julho de 2023

Alfacinha Fernão Pires (50%) e Arinto (50%) 2021

 

Definitivamente o vinho está ligado a história de seu povo, a história e cultura da região a qual foi concebido. É inacreditável, pelo menos é o que me parece, dissociar isso e também o enófilo dissociar isso de sua realidade e limitar-se a degustação.

Evidente que a degustação é o primordial e o ápice de quem aprecia a poesia líquida, mas nada melhor que trazer o “tempero” da história às degustações. E não se pode enganar que até as castas, os blends, tudo está ligado ao terroir, está ligado com a sua região.

O vinho de hoje, a degustação de hoje “harmoniza” perfeitamente com essa convergência entre o vinho e a sua degustação com a cultura e a história de seu povo e de sua forma de conceber os rótulos.

A começar pelo blend: Fernão Pires e Arinto. Não há como negar que esse corte de cepas típicas de todas as regiões lusitanas impera, claro, em todas as regiões e é um corte maravilhoso. Entrega e enaltece o que há de melhor nas características das duas uvas: frescor, leveza, boa acidez, entre outros.

Degustei do Tejo, degustei de Setúbal e definitivamente me arrebatou e agora vem de Lisboa o próximo rótulo. E esse é um tanto quanto famoso em nossas terras, talvez um dos mais vendidos lisboetas no Brasil e não preciso dizer que Lisboa entrou em minha enófila vida e com aquela intensidade.

Mas nesse rótulo não é só Lisboa, mas a história que cerca o povo dessa cidade, por isso que comecei esse texto com a questão da “harmonização” da história, cultura e vinho, bem como as suas manifestações comportamentais.

E sem mais delongas vamos às apresentações do vinho: O vinho que degustei e gostei veio, claro, de Lisboa e se chama Alfacinha, um branco composto por Fernão Pires (50%) e Arinto (50%) da safra 2021.

E por que o vinho se chama “Alfacinha”? Em Portugal, quem nasce na capital Lisboa é conhecido por “alfacinha”. Segundo alguns dos habitantes dessa cidade, o apelido se deve ao fato de eles serem pacíficos e pequenos. Outros falam que suas sacadas estão cheias da hortaliça.

Para ajudar na solução deste mistério, o Gabinete de Estudos Olisiponenses (olisiponense = de Lisboa) enviou um grupo de documentos de sua vasta biblioteca. Deles, podem-se tirar as seguintes explicações:

Os lisboetas comiam muita alface

Em 1943, Fernanda Reis publicou um artigo no Boletim do “Grupo Amigos de Lisboa” um artigo com o título “Alfacinhas”, em que saiu pela capital portuguesa perguntando sobre a razão do nome. “Explicaram-me que tal soubriquet (apelido) viera aos da capital por serem muito amigos de alfaces e pôr as comerem exageradamente”, escreveu ela.

As mulheres de Lisboa não se moviam muito, assim como a hortaliça

Diz Fernanda Reis, no mesmo texto: “Talvez se possa avaliar qualquer coisa de suas antepassadas que viviam como aves de estimação fechadas em casas-gaiola e só usavam de uma liberdade muito reduzida para ir à Igreja, para cumprir o dever de uma visita ou ainda para figurar na romaria devota de uma procissão”.

Os lisboetas gostavam de visitar o campo

Segundo a revista LX Metrópole, de maio de 2002, os portugueses gostavam de “ir às hortas (…) em busca de  frescura, da sombra das árvores e do folguedo”.

A alface era abundante 

Em um jornal de 1984, na coluna O Poço da Cidade, aparecem ainda outras explicações. “Há quem explique que nas colinas de Lisboa primitiva verdejavam já as plantas hortenses utilizadas na culinária, na perfumaria e na medicina, que dão pelo nome de alfaces. ‘Alface’ vem do árabe, o que poderá indicar que o cultivo da planta começou quando da ocupação da península pelos pelos fiéis de Alá”.

Os lisboetas já tiveram de viver só da hortaliça

Continua a coluna O Poço da Cidade: “Há também quem sustente que, num dos cercos que a cidade foi alvo, os habitantes da capital portuguesa tinham como alimento quase exclusivo as alfaces de suas hortas”.

Por sorte, as explicações acima não são conflitantes e pode-se concluir facilmente que os nascidos em Lisboa são chegados nessa folhinha verde.

Lisboa

A costa de Portugal é muito privilegiada para a produção vitivinícola graças à sua posição em relação ao Oceano Atlântico, à incidência de ventos, ao solo e ao relevo que constituem o local.

Entre as principais áreas produtoras podemos citar a região dos vinhos de Lisboa, antigamente conhecida como Estremadura, famosa tanto por tintos encorpados como por brancos leves e aromáticos.

Lisboa

Tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

O litoral da IGP Lisboa corre para o sul de Beiras a partir da capital de Portugal, onde o rio Tejo encontra o Oceano Atlântico. Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião.

Ainda sofre influência direta da capital do país localizada em um extremo da região. Uma de suas características determinantes é a grande variedade de solos, como terras de aluvião (sedimentar), calcário secundário, várzeas e maciços montanhosos, muitas vezes misturados. Cada um desses terrenos pode proporcionar às uvas características completamente diferentes.

Lisboa

Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se um processo de reestruturação nas vinhas e adegas.

Provavelmente a reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e não em quantidade. Hoje, os vinhos da Região de Lisboa são conhecidos pela sua boa relação qualidade/preço.

A região concentrou-se na plantação das mais nobres castas portuguesas e estrangeiras e em 1993 foi criada a categoria “Vinho Regional da Estremadura”, hoje "Vinho Regional Lisboa". A nova categoria incentivou os produtores a estudar as potencialidades de diferentes castas e, neste momento, a maior parte dos vinhos produzidos na região de Lisboa são regionais (a lei de vinhos DOC é muito restritiva na utilização de castas).

Entre as principais uvas cultivadas podemos citar as brancas Arinto, Fernão Pires (ambas naturais de Portugal) e Malvasia, e as tintas, Alicante Bouschet, Castelão, Touriga Nacional e Aragonez (como é chamada a Tempranillo na região).

Acredita-se que a elaboração de vinhos seja uma atividade desde o século 12, quando os monges da Ordem de Cister se estabeleceram na região. Uma de suas principais funções era justamente a produção da bebida para a celebração de missas.

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

DO Lisboa

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico. A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar terrenos quase levaram à extinção das vinhas nestas Denominações de Origem.

A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.

Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10 mil garrafas.

A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas.

Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como, por exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.

A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça traz um amarelo palha, bem brilhante, diria intenso e citrinos com reflexos esverdeados. Tem discretas e rápidas lágrimas finas.

No nariz é bem aromático, com a predominância das notas frutadas, frutas cítricas e tropicais, de polpa branca, como pera, maçã-verde, limão, com ênfase no abacaxi e diria pêssego, com toques florais agradáveis que denota frescor e uma mineralidade igualmente agradável.

Na boca protagoniza as frutas tropicais e cítricas, como no aspecto olfativo, trazendo o frescor e leveza igualmente percebida no olfato. O álcool é um tanto quanto perceptível, o que confirma o aparecimento das lágrimas no aspecto visual, mas que não compromete em nada o conjunto do vinho, tendo uma acidez correta, equilibrada e um final de média a alta persistência.

Cultura, história, sociedade, comportamento, tudo harmoniza maravilhosamente com o vinho e o faz ainda melhor! As características não são apenas do terroir, das suas cepas, mas também do seu povo, da sua história, da sua gente e Portugal faz dessa convergência a realidade de seus vinhos, o apelo regional é pleno, vívido e transborda, de forma latente, em nossas taças. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta do Gradil (Parras Wines):

A Parras Vinhos de Luís Vieira nasce no ano de 2010, atualmente com sede em Alcobaça, onde também está instalada a unidade de engarrafamento do grupo. Cinco anos depois, com a empresa consolidada e voltada para o mercado internacional, surge a necessidade de se fazer um reposicionamento de marca e “vesti-la” de outra forma, mais atual.

É assim que no início de 2016 aparece a Parras Wines, mais jovem, mais flexível, e numa linguagem universal para que possa ser facilmente compreendida por todos, mesmo os que estão além-fronteiras.

Descendente de um pai e de um avô que sempre trabalharam com vinho, Luís Vieira é o único dono deste projeto. Aos cinco anos caiu num depósito de vinho e quase morreu afogado, não fosse um colaborador do avô na altura, que atualmente é seu, tê-lo salvo. Hoje, recorda com graça esse episódio e diz mesmo que simboliza o seu “batismo nestas andanças do vinho”.

A empresa começa então a formar-se com terra própria na Região Vitivinícola de Lisboa, mais exatamente na freguesia do Vilar, Cadaval, com duzentos hectares de propriedade em extensão, sendo que 120 são hoje de vinha plantada.

Na mesma região do país, um bocadinho mais acima, na zona de Óbidos, a Parras Wines é também responsável pela exploração de 20 hectares de vinha que dão origem aos vinhos Casa das Gaeiras. Com sede em Alcobaça, nas antigas instalações de uma fábrica de faianças, deu-se início a uma nova área de negócio – uma Unidade de Engarrafamento de Bebidas, que hoje serve também de sede à Parras Wines e que se chama Goanvi.

Cinco anos mais tarde, em 2010, constitui-se então a Parras Vinhos, hoje Parras Wines. Para além de terra na Região de Lisboa, o grupo começou paralelamente a produzir vinhos de outras regiões do país. Através de parcerias com produtores locais, a empresa consegue assim dar resposta às necessidades globais que iam surgindo do mercado, produzindo vinhos do Douro, Vinhos Verdes, Dão, Lisboa, Tejo, Península de Setúbal e Alentejo.

Mais informações acesse:

https://www.parras.wine/pt/

Referências:

“Blog Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/vinho-lisboa/

“Olhar Turístico”: https://www.olharturistico.com.br/regiao-dos-vinhos-de-lisboa/

“Belle Cave”: https://www.bellecave.com.br/vinhos-de-lisboa-saiba-mais-sobre-essa-regiao-produtora

“Infovini”: http://www.infovini.com/pagina.php?codNode=3901

“Veja”: https://veja.abril.com.br/coluna/duvidas-universais/por-que-os-habitantes-de-lisboa-sao-chamados-de-alfacinhas/#:~:text=Em%20Portugal%2C%20quem%20nasce%20na,sacadas%20est%C3%A3o%20cheias%20da%20hortali%C3%A7a.

  








sexta-feira, 20 de maio de 2022

Pinta Negra branco Arinto e Fernão Pires 2019

 

Sempre deixei claro, até de forma entusiasmada que, para alguns pode parecer demasiado, das minhas predileções pelos vinhos da região lusitana de Lisboa. Por isso não vou tecer maiores comentários sobre isso, para não soar repetitivo, redundante, mas não posso negligenciar o meu apreço também pelos vinhos de um produtor que, embora novo, vem trazendo, oferecendo, grandes rótulos: AdegaMãe!

Talvez a AdegaMãe tenha potencializado a minha predileção pelos lisboetas, sobretudo pelos vinhos que degustei e gostei dessa vinícola. São capazes de entregar rótulos dos mais expressivos e complexos e básicos com um detalhe que julgo ser preponderante: personalidade e tipicidade. Tradição com traços contemporâneos, de vinhos que agradam a paladares de alta litragem e as novas inserções neste universo.

Eu os conheci em um programa de televisão direcionado ao mundo do vinho que passava no Canal Globosat, do Grupo Globo, chamado “Um Brinde ao Vinho”, em uma temporada que dedicou aos vinhos portugueses e suas mais importantes regiões e claro, Lisboa estava na rota de visita.

E quando o episódio foi exibido eu já apreciava os lisboetas, mas conhecer alguns produtores fora como uma revelação e a AdegaMãe estava no rol das comentadas. E quando a apresentadora Cecília Aldaz mostrou alguns dos seus rótulos e, por um relance, mostrou um rótulo que havia degustado há muito tempo atrás e que tinha caído no esquecimento, mas ainda assim tinha um lampejo de lembrança foi a faísca de estímulo de que precisava para conhecer ainda mais os rótulos desse produtor.

Animado por conhecer um pouco mais do rótulo que havia degustar a tempos atrás, fui, o mais rápido possível, aos supermercados em busca do vinho. Coloquei como prioridade achá-lo e degustá-lo novamente. Esse vinho era o Pinta Negra tinto 2016. Fantástico vinho!

Mas eu não queria parar por aqui. E, mais uma vez por acaso, eu andando pelas ruas encontro no chão um mero encarte de supermercado. Bem poderia ser mais um desses encartes quando, ao olhar mais atentamente, vi um rótulo de vinho sendo ofertado que me era familiar. Sim! Era o Pinta Negra branco, que eu, até então, nunca tinha visto em lugar algum, a um preço ótimo: R$ 29,90!

Não hesitei e logo fui ao supermercado e comprei! Então sem mais delongas apresento o vinho que degustei e gostei que veio de Lisboa, Portugal, que se chama, claro, Pinta Negra branco com um blend, típico e irresistível de Portugal, das castas Arinto e Fernão Pires da safra 2019. Então antes de falar do vinho vamos às histórias de Lisboa que vale, sem dúvida, um texto à altura.

Lisboa

A costa de Portugal é muito privilegiada para a produção vitivinícola graças à sua posição em relação ao Oceano Atlântico, à incidência de ventos, ao solo e ao relevo que constituem o local. Entre as principais áreas produtoras podemos citar a região dos vinhos de Lisboa, antigamente conhecida como Estremadura, famosa tanto por tintos encorpados como por brancos leves e aromáticos.

Tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

O litoral da IGP Lisboa corre para o sul de Beiras a partir da capital de Portugal, onde o rio Tejo encontra o Oceano Atlântico. Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião.

Ainda sofre influência direta da capital do país localizada em um extremo da região. Uma de suas características determinantes é a grande variedade de solos, como terras de aluvião (sedimentar), calcário secundário, várzeas e maciços montanhosos, muitas vezes misturados. Cada um desses terrenos pode proporcionar às uvas características completamente diferentes.

Lisboa

Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se um processo de reestruturação nas vinhas e adegas. Provavelmente a reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e não em quantidade. Hoje, os vinhos da Região de Lisboa são conhecidos pela sua boa relação qualidade/preço.

A região concentrou-se na plantação das mais nobres castas portuguesas e estrangeiras e em 1993 foi criada a categoria “Vinho Regional da Estremadura”, hoje "Vinho Regional Lisboa". A nova categoria incentivou os produtores a estudar as potencialidades de diferentes castas e, neste momento, a maior parte dos vinhos produzidos na região de Lisboa são regionais (a lei de vinhos DOC é muito restritiva na utilização de castas).

Entre as principais uvas cultivadas podemos citar as brancas Arinto, Fernão Pires (ambos naturais de Portugal) e Malvasia, e as tintas, Alicante Bouschet, Castelão, Touriga Nacional e Aragonez (como é chamada a Tempranillo na região).

Acredita-se que a elaboração de vinhos seja uma atividade desde o século 12, quando os monges da Ordem de Cister se estabeleceram na região. Uma de suas principais funções era justamente a produção da bebida para a celebração de missas.

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico. A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar terrenos quase levou à extinção das vinhas nestas Denominações de Origem.

A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.

Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10 mil garrafas.

A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas. Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como por exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.

A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.

E agora o vinho!

Na taça revela um lindo amarelo palha, límpido, brilhante, com reflexos esverdeados, com a discreta aparição de finas lágrimas que logo se dissipam.

No nariz explodem os aromas frutados, de frutas brancas, tropicais, cítricas, tudo muito bem equilibrado, onde se destacam maçã-verde, melão, pêssego, abacaxi, lima, além de um delicado toque floral que denuncia muito frescor e leveza ao vinho.

Na boca é levemente seco, com um agradável amargor, mineral, as notas frutadas se reproduzem, como no aspecto olfativo, com um bom volume de boca, que faz do vinho, de leve a média estrutura, com uma incrível acidez certamente conferida pela percentual da Arinto, com um final longo, prolongado, fresco e refrescante.

O passado revisitou o presente e ajudou a construir um futuro na minha vida de enófilo e me fez observar e entender que, além do maravilhoso exercício da análise sensorial, a história do vinho, como seu terroir, sua história, sua região, pode ser sim, sem sombra de dúvida, um aditivo para a construção de sua percepção perante o rótulo. Pinta Negra é um vinho básico, para o dia a dia, mas que entrega muito além da sua proposta, definitivamente uma grata surpresa. Os vinhedos do Pinta Negra branco são oriundos de uma região chamada Torres Vedras que é tida como uma das maiores regiões produtoras de vinho em Portugal. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a AdegaMãe:

A AdegaMãe pertence ao grupo Riberalves, empresa familiar portuguesa, que é a maior produtora de bacalhau do mundo – 30 mil toneladas por ano, o equivalente a 10% de todo o bacalhau pescado no mundo! É uma homenagem da família à sua matriarca, Manuela Alves.

Em 2009, investindo na paixão pelo vinho, a família inaugurou a vinícola, que fica próxima da sede da empresa.  A vinícola fica em Torres Vedras, que faz parte da CVR Lisboa (Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa), antiga Estremadura, zona com grande influência atlântica, devido à proximidade com o oceano, com solos calcários, terroir propício para a produção de vinhos bastante minerais e com acidez marcante.

A AdegaMãe tem um projeto lindíssimo e Diogo, juntamente com Anselmo Mendes, enólogo consultor, entrou desde o começo da concepção da adega, no projeto das vinhas, de forma a definir as melhores variedades para a região, tanto que as vinhas velhas que ali estavam foram arrancadas, pois não eram boas o suficiente para os vinhos que pretendiam fazer. Mas é possível ver a vinha mãe da adega exposta como obra de arte, em uma das paredes da vinícola.

A Norte de Lisboa e a um passo da costa oceânica, a AdegaMãe potencia um terroir fortemente influenciado pelas brisas marítimas predominantes, destacando-se pelos seus vinhos de inspiração atlântica, plenos de carácter, frescos e minerais, premiados a nível nacional e internacional.

Referida pela arquitetura exclusiva, e pela forma como se harmoniza com a fantástica paisagem envolvente, a AdegaMãe foi desenhada de raiz para integrar a melhor experiência de visita, assumindo-se como uma referência no enoturismo da Região de Vinhos de Lisboa.

Mais informações acesse:

https://adegamae.pt/

Vídeo institucional AdegaMãe:

https://www.youtube.com/watch?v=P64IP8hnR6w 

Referências:

“Blog Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/vinho-lisboa/

“Olhar Turístico”: https://www.olharturistico.com.br/regiao-dos-vinhos-de-lisboa/

“Belle Cave”: https://www.bellecave.com.br/vinhos-de-lisboa-saiba-mais-sobre-essa-regiao-produtora

“Infovini”: http://www.infovini.com/pagina.php?codNode=3901

“Câmara Municipal Torres Vedras”: http://www.cm-tvedras.pt/turismo/gastronomia/vinhos-2/

 

 

 

 

 











domingo, 7 de março de 2021

Monte da Ribeira branco 2018

 

Dizem que o mais importante é degustar o vinho! Essa não é nenhuma novidade, a razão de ser do vinho é degusta-lo! Mas atualmente, com alguma modesta bagagem, neste universo vasto e logo inexplorado, de que existe uma espécie de “pré degustação”, um deleite digno aos enófilos, modéstia à parte, que vislumbra uma leitura dos rótulos, de uma visitação ao portal do produtor para conhecer o vinho, ter todas as nuances do vinho e se identificar com cada característica que ele possa te oferecer, das experiências sensoriais à ficha técnica com a região, teor alcoólico, se passou ou não por barricas de carvalho, nada, penso eu, deve passar pelo olhar clínico de um dedicado e bom enófilo.

E pensando nisso eu não posso deixar de falar, não posso negligenciar sobre os vinhos da região de Setúbal, em Portugal. Bem sei, é verdade, que os descobri tardiamente, mas, como diz aquele velho dito popular: antes tarde do que nunca! Uma região emblemática, tradicional e que, a cada experiência, a cada degustação, me surpreendente de uma maneira quase que arrebatadora, como se fora um fenômeno da natureza e não deixa de ser.

Hoje, tornou-se ponto determinante de escolha, de decisão de escolha, optar pela compra quando vem estampado em letras garrafais: “Vinho da Península de Setúbal”! Claro que não podemos generalizar e, em um momento demasiadamente emocional, apaixonado, comprar todos os vinhos de Setúbal achando que seja excepcional, temos que apurar sob todos os aspectos. Mas Setúbal virou um caso de amor, a emoção não pode se esvair totalmente, temos de coloca-la como peso na decisão de escolha.

E, para não perder o costume, um vinho que degustei e gostei veio, é claro, da Península de Setúbal, e é de um tradicional produtor que, com mais de dois séculos de existência, tem o seu nome gravado nos anais da vitivinicultura lusitana, a José Maria da Fonseca, e o vinho se chama Monte da Ribeira, um corte, bem interessante das castas Fernão Pires e Moscato Giallo, da safra 2018. E, para não perder o fio da meada, vamos de história, afinal, vinho e cultura, harmonizam maravilhosamente. Falemos de Setúbal.

Península de Setúbal

A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Na região foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal. De Setúbal saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico. Extensa em território e com clima mediterrânico – tempo quente e seco no verão e relativamente frio e chuvoso no inverno –, a Península de Setúbal é uma região que permite a obtenção de vinhos carismáticos, com personalidade forte e traços de caráter únicos, com uma singular relação entre qualidade e preço. A presença de vinhas em terras planas compostas por solos de areia perfeitamente adaptados à produção de uvas de qualidade, bem como de um relevo mais acentuado, com vinhas plantadas em solo argilo-calcários, protegidos do Oceano Atlântico pela Serra da Arrábida, resulta numa produção de vinhos reconhecida nacional e internacionalmente.

Setúbal

As designações de Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG)

As designações de Denominação de Origem (D.O.) e Indicação Geográfica (I.G) indicam os vinhos de acordo com a sua origem, características e castas. É esta certificação que garante a qualidade dos vinhos que irá consumir. Desde o plantio até o engarrafamento, os vinhos da Península de Setúbal são avaliados e controlados pela CVRPS, chegando à sua mesa com 3 possíveis classificações: D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal (Vinho Regional).

Agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha quase ouro talvez destacado pelo reluzente brilho e uma razoável concentração de finas lágrimas que logo se dissipavam.

No nariz é uma verdadeira explosão de aromas de frutas brancas, amarelas e cítricas com destaque para pera, maçã verde, limão, lima, melão e melancia, além de agradáveis notas florais.

Na boca é seco, fresco, leve, jovial, descomplicado, com um bom volume de boca, dando-lhe caráter, alguma personalidade, graças também a sua excelente acidez e citricidade, trazendo também as notas frutadas percebidas no aspecto olfativo, com um final longo e persistente.

O mapa do vinho, a viagem a cada pedacinho de chão das regiões por intermédio das taças cheias faz do vinho algo além da degustação, é cultura, é história, é conhecimento e todos esses incrementos faz criamos uma espécie de elo, de identificação que nos ajuda a escolher o vinho, que fomenta as nossas experiências sensoriais nos estimulando, mais e mais, a imergir no universo lindo e inexplorado do vinho. O Monte da Ribeira, para variar e sem nenhum tipo de influência de fã, de fanatismo, é um grande vinho dentro de sua proposta: um vinho básico, fresco, leve, refrescante e que entrega muito, muito além que vale. E essa foi uma cortesia do meu confrade amigo Paulo que proporcionou este rótulo para a nossa digna degustação em um encontro mais do que agradável. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a José Maria da Fonseca:

Um negócio de família com quase dois séculos de história que, sem nunca repousar sobre as glórias conquistadas, tem sabido modernizar-se. A José Maria da Fonseca exerce a atividade vinícola desde 1834, fruto da paixão partilhada de uma família que tem sabido preservar e projetar a memória e o prestígio do seu fundador. Consciente da responsabilidade der ser, na atualidade o mais antigo produtor de vinho de mesa e de Moscatel de Setúbal em Portugal, a José Maria da Fonseca obedece a uma filosofia de permanente desenvolvimento, o que a leva a investir sempre mais em suportes de investigação e de produção, aliando as mais modernas técnicas ao saber tradicional. Exemplo disso mesmo é a Adega José de Sousa Rosado Fernandes, em Reguengos de Monsaraz, no Alentejo, onde a tradição romana de fermentar em potes de barro se mantém a par da última tecnologia.

Continuando a investir em produtos de referência a nível internacional, sempre pautados pela qualidade, a José Maria da Fonseca tem contribuído de forma decisiva para a divulgação e o prestígio dos vinhos nacionais. Dos quase 650 hectares de vinhas, e de uma adega dotada de tecnologia de última geração que rivaliza com as melhores do mundo, resultam vinhos que aliam a experiência acumulada ao longo da sua história com as mais avançadas técnicas de vinificação. Além de todos estes recursos utilizados na produção dos seus vinhos, o que mais caracteriza o trabalho na José Maria da Fonseca é uma enorme paixão pela arte de fazer vinho. É esta paixão, geradora de emoções, que a José Maria da Fonseca partilha com o consumidor de cada vez que este prova um dos seus vinhos.

Mais informações acesse:

https://www.jmf.pt/index.php?id=8

Referências de pesquisa:

“Vinhos da Península de Setúbal”: https://vinhosdapeninsuladesetubal.org/

 





sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Baía dos Golfinhos branco 2019


Que os vinhos da região de Setúbal já fazem parte da minha simples vida de enófilo e, claro, do meu paladar, eu não tenho mais dúvidas. Eu não degustei muitos vinhos dessa estimada região lusitana, mas os poucos que degustei até o momento, fez com que eu me apaixonasse plenamente por essa região a ponto de ter pelo menos um rótulo da Península de Setúbal em minha humilde adega. E por não ter degustado tantos vinhos dessa região ainda, tenho tido algumas novas experiências muito agradáveis e dessa vez não foi diferente. Hoje será a minha primeira degustação de um vinho branco de Setúbal. Mas não se enganem pois apesar do vinho ser da Península de Setúbal este se mostra com a cara do Brasil, oriundo de regiões tropicais que traz as similaridades dos recursos naturais do Brasil e, claro que essas características refletem decisivamente na proposta do vinho: leve, fresco, despretensioso e muito saboroso e melhor: um custo baixo, um valor muito atrativo.

O vinho que degustei e gostei veio como disse, da Península de Setúbal e se chama Baía dos Golfinhos, da tradicional Casa Ermelinda Freitas, com o tradicional corte das castas Fernão Pires (85%) e Arinto (15%), da jovem safra de 2019. Antes eu havia dito das similaridades da região a qual o vinho foi produzido com a natureza tropical do Brasil. Falarei da Baía dos Golfinhos.

Baía de Golfinhos, Setúbal

A área envolvente à Baía de Setúbal é conhecida pela variedade e qualidade das suas áreas vínicas. A Península de Setúbal é rodeada pelo oceano Atlântico e pelos rios Tejo e Sado. A região, situada a sul de Lisboa, é essencialmente marcada pelo turismo e pelas grandes explorações vitícolas. Desde as grandes explorações dominadas pela casta Castelão até ao Moscatel, um dos vinhos generosos nacionais, esta região sempre teve um lugar cimeiro na história dos vinhos portugueses. A Baía de Setúbal é o centro geográfico de um ecossistema rico e variado. Este é o local onde reside permanentemente uma comunidade de cerca de 30 golfinhos (uma das 3 comunidades permanentes de golfinhos na Europa), mas a baía abraça também, a cidade de Setúbal, a península de Tróia, o Parque Natural da Arrábida e ainda a Reserva Natural do Estuário do Sado. O Parque Natural da Arrábida ocupa uma superfície de 17 mil hectares, dos quais 5 mil hectares pertencem ao Parque Marinho Prof. Luiz Saldanha, oferecendo assim uma miríade de cenários ideais para os seus momentos de lazer. A Reserva Natural do Estuário do Sado é uma fonte riquíssima de património natural, cultural e o local ideal para atividades de lazer. Entre a observação de aves e golfinhos, não pode perder uma visita aos marcos arqueológicos do neolítico, dos fenícios e dos romanos. As águas calmas da Baía dos Golfinhos e áreas envolventes proporcionam o cenário ideal para todo o tipo de atividades náuticas, que vão desde o mergulho, canoagem, vela, até ao kite surfing. É como essa exuberância natural que o vinho Baía dos Golfinhos foi concebido.

Baía dos Golfinhos, Setúbal

E agora finalmente falemos do vinho!

Na taça tem um lindo amarelo palha com reflexos esverdeados já tendendo para ao dourado, muito brilhante e se observa também que o vinho é gaseificado, com pequenos gases, “bolinhas” que já denuncia o caráter fresco do vinho.

No nariz explode uma explosão de frutas brancas, cítricas, como pêssegos, maracujá, pera, maça verde e que, ao girar a taça, irrompe sem perdão nas narinas. Sem falar das notas florais, flores brancas.

Na boca é fresco, jovem, elegante, com um bom volume de boca, preenche a boca, mostrando personalidade, com uma acidez vivaz e equilibrada e um toque mentolado e adocicado, diria, mas sem ser enjoativo. Sem falar da explosão frutada que é o destaque deste vinho. Com um final de média persistência.

Mais uma vez o terroir fala mais alto em Portugal. Um branco estupendo! Essa é a palavra que define bem o Baía dos Golfinhos. Frutas, notas florais, frescor, jovialidade, características essas que permeiam a estrutura natural de onde veio. Como costumamos dizer, diria de forma eloquente: cultura e tipicidade dentro de uma garrafa. Assim é o Baía de Golfinhos branco. Um vinho que harmoniza muito bem com carnes brancas, comidas de entrada, frios, queijos leves ou, diante de sua nobre simplicidade pode ser degustado sozinho. Um senhor vinho que me surpreendeu positivamente, me arrebatou pelo seu custo X beneficio insuperável. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Ermelinda Freitas:

A empresa, iniciada em 1920 por Deonilde Freitas, continuada por Germana Freitas e mais tarde por Ermelinda Freitas, sempre dedicou especial atenção ao vinho. Pelo desaparecimento precoce do seu marido, Manuel João de Freitas, Ermelinda deu continuidade à empresa com colaboração da sua filha única, Leonor, que embora com formação fora da área vitivinícola, tomou a liderança da empresa reforçando assim a presença feminina na sua gestão. Desde a primeira geração que esta casa aposta na qualidade das vinhas e dos vinhos, que inicialmente eram produzidos e vendidos a granel sem marca própria. Foi com a atual gestão que se deu a grande mudança de se  criar marcas próprias. Assim, em 1997, iniciou-se um novo ciclo com o “Terras do Pó” tinto, primeiro vinho produzido e engarrafado da Casa Ermelinda Freitas. elo trabalho desenvolvido, Leonor Freitas foi agraciada a 10 de Junho de 2009 com a comenda de Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial Classe do Mérito Agrícola Comendador por Sua Excelência o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

As vinhas

Herdando 60 ha de vinhas de apenas duas castas: Castelão e Fernão Pires, situadas em Fernando Pó na região de Palmela, Leonor Freitas com o seu espírito inovador e diferenciador introduziu uma diversidade de castas como a Trincadeira, Touriga Nacional, Aragonês, Syrah, Alicante Bouschet, entre outras. Sendo a Casa Ermelinda Freitas proprietária neste momento de 440 hectares de vinha, onde 60% são de Castelão, 30% de variedades tintas como Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Franca, Merlot and Petit Verdot, e 10% de uvas brancas como Fernão Pires, Chardonnay, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc e Moscatel de Setúbal. Dada a localização privilegiada da exploração, nela são produzidos alguns dos melhores vinhos da região.

Mais informações acesse:


Fonte de pesquisa sobre a Baía dos Golfinhos

Site “Baía dos Golfinhos”: http://abaiadosgolfinhos.pt/

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Quinta do Casal Monteiro branco 2016


Às vezes a escolha de um vinho pode assumir contornos dramáticos. O processo de escolha pode ser difícil e complicada e não se enganem que essa etapa é irrelevante ou mera frescura, onde o importante é comprar o que “estiver na mão” ou aquele mais em conta e pronto. Não! Aos enófilos que se preocupam com um momento agradável e importante na hora da degustação, o processo de compra pode e é providencial. Neste vinho que degustei eu passei por esse momento, diria, crítico. Estava em um supermercado e logo estava no setor dos vinhos e logo também estava diante de um dilema: Avistei um vinho, sem muito destaque ou evidencia, o rótulo, nesse sentido, também não ajudava, era bem discreto. O valor foi o que me chamou a atenção! Claro que é sedutor um vinho que custa na faixa dos R$ 25,90, um branco, português, da região do Tejo. Tomei o mesmo em minhas mãos e passei a analisa-lo. Decidi, para ajudar, acessar o site do produtor, que levava o nome do vinho também. Vi e li as informações e decidi arriscar, afinal o risco pode ser recompensado também, mas com o mínimo de cálculo e cautela, ajuda. Decidi leva-lo, afinal, a proposta do vinho “harmonizava” com os dias quentes de verão que imperava no auge do mês de janeiro.

Mas ainda levou algum tempo na adega antes de abrí-lo, por isso que na foto, o rótulo está um pouco enrugado, mas, após ler um “review” na internet sobre o vinho e muito positivo, diga-se de passagem, me estimulou a degustar o meu. Aproveitei uma noite quente e abafada e abri o meu Quinta do Casal Monteiro, um DOC da região do Tejo, branco, da safra 2016, com um corte que, depois descobri ser bem típico de Portugal e, claro, do Tejo, das castas Arinto (50%) e Fernão Pires (50%). Sei que ainda não está na etapa das análises organolépticas, mas preciso dizer: Que vinhaço! Surpreendentemente bom! Logo se revelou no aroma que, ao desarrolhá-lo, explodiu, invadindo impiedosamente as minhas narinas, mas, espera! Agora não falarei! Falarei, brevemente, da região do Tejo, emblemática em Portugal.

Tejo

Nesta região vitivinícola, situada no Centro de Portugal, a arte de produzir vinho remonta a 2000 a.C., quando os Tartessos iniciaram a plantação da vinha junto às margens do rio que lhe dá o nome. Reza a História que já Afonso Henriques fez referência aos vinhos da região no Foral de Santarém, datado de 1170, e que o Cartaxo terá exportado 500 navios com tonéis de vinho que, em apenas um ano, terão atingido o valor de 12.000 reis. As histórias continuam pela cronologia fora, com o ano de 1765 a destacar-se pelo desaparecimento da vinha nos campos do Tejo, como consequência de uma ordem imposta por Marquês de Pombal.

Tejo

Em 1989, são fundadas seis Indicações de Proveniência Regulamentada para vinhos da região do Ribatejo e, em 1997, é criada a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, à qual se sucede a constituição por lei da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, em 2008, seguindo-se a Rota dos Vinhos do Tejo.

E agora o vinho:

Na taça apresenta um amarelo palha, com detalhes em verde cítrico, muito brilhante.

No nariz é uma verdadeira explosão aromática, com notas evidentes de frutas brancas, como pera, maça-verde e frutas cítricas como limão, abacaxi, além de um agradável toque floral, com muito frescor e jovialidade.

Na boca repetem-se as impressões olfativas, sendo frutado, fresco, mostrando um bom corpo, um bom volume de boca, com ótima acidez que entrega um vinho fresco, direto, refrescante e saboroso. Com um final frutado, leve, mas de muito boa persistência.

Um vinho que te surpreendente pelo ótimo custo x benefício e que, sem sombra de dúvida, entrega muito mais do que vale. Um vinho fresco, harmonioso, fácil de degustar, de personalidade e que te convida a mais um gole, de forma frenética. Um vinho direto, correto e muito bem feito. Apesar do drama da escolha, quando constatamos que o vinho é maravilhoso, todo aquele processo faz valer a pena e nos ensina que vinho barato nem sempre é sinônimo de vinho ruim. Permita-se experimentar, sem visões pré-concebidas. Com 13% de teor alcoólico.

Sobre a Quinta do Casal Monteiro:

Fundada em 1979, a Quinta do Casal Monteiro engarrafa safras limitadas de produção exclusivamente a partir de sua propriedade de 80 hectares. Com idade média de 35 anos, as vinhas estão localizadas em solo arenoso aluvial fértil, enraizando-se em uma combinação incomum e resultando em uma produção de baixo rendimento de vinho de alta qualidade. Além disso, a característica do clima temperado sub-mediterrânico e a sua proximidade ao rio Tejo conferem aos vinhos uma identidade singular, revelada tanto nos aromas exuberantes como no paladar complexo, revestido por uma excelente acidez - são excelentes companheiros de comida. Em 2009, a nova geração / família assumiu a empresa e, desde então, uma reestruturação da vinícola e da vinha vem ocorrendo. Foram feitos investimentos consideráveis ​​em equipamentos modernos e a reabilitação das vinhas tem sido uma tarefa contínua. Como tal, todos os anos nossa qualidade tem aumentado e esperamos fazê-lo continuamente ao longo da década atual. O crescente número de prêmios internacionais e análises da imprensa internacional são uma prova da nossa qualidade contínua de produção.

Mais informações acesse:


Degustado em: 2018