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quinta-feira, 21 de março de 2024

Trifula Dolcetto 2021



Vinho: Trifula

Casta: Dolcetto

Safra: 2021

Região: Piemonte

País: Itália

Produtor: MGM Mondo del Vino

Teor Alcoólico: 12,5%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 45,90

 

Análise:

Visual: traz um rubi vibrante e vivo, com muito brilho e reflexos violáceos.

Nariz: aromas intensos de frutas vermelhas, com destaque para amora e cereja, com algo de baunilha.

Boca: é suculento, saboroso, fresco e frutado, com taninos amáveis, dóceis e uma acidez vibrante, com final de média persistência.

 

Produtor:

https://www.mondodelvino.com/en/


 

domingo, 2 de julho de 2023

Trifula Dolcetto 2021

 

Quando nos lembramos da Itália imediatamente associamos aos clássicos! Aqueles rótulos com sisudez, austeridade, aqueles vinhos carnudos, opulentos, encorpados, de longevidade, de potência mesmo.

Rótulos aristocráticos, com brasões, mostrando tradição, história e até mesmo luxo e poder. Mas não se enganem que a Itália tem produzido alguns rótulos mais descontraídos, com uma abordagem estética descontraída, bem como também na concepção do seu vinho.

Se para alguns e diria muitos sejam vinhos simplórios e ordinários, uma versão “bonitinha” e solar para vinhos ruins, enganam-se retumbantemente. São vinhos simples, mas sem depreciar, porque essa é a proposta: de vinhos jovens, frutados, frescos e descomplicados.

É também uma proposta os vinhos austeros, encorpados, complexos. O que não se pode pensar e disseminar uma cultura intolerante contra as propostas dos vinhos, fazendo incutir na mente das pessoas a sua torta percepção.

E hoje a Itália que se descortina em minhas retinas será descontraída, solar, com frescor, vivacidade e muito leve, na sua versão estética e do vinho propriamente dito. É com alegria e satisfação que anuncio o vinho que degustei e gostei que veio do Piemonte e se chama Trifula, um 100% Dolcetto da safra 2021.

Mas o que significa “Trifula”?

Trifula é um cão sagaz que vive neste terroir inspirador. Trifula raramente experimenta algo especial, até que um belo dia descobre uma legítima trufa branca enterrada na sua árvore favorita, em Alba.

A trufa é vendida por um milhão de dólares na famosa Feira Internacional de Trufas da região, tornando Trifula mundialmente conhecido e digno de receber uma homenagem em rótulos que inspiram sua história e trazem a leveza e descontração encontrada nos vinhos.

E na sequência de histórias vamos agora com a tradição do Piemonte e a sua casta mais leve, fresca e frutada: Dolcetto.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

A região do Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos.

Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

As sub-regiões do Piemonte

As sub-regiões do Piemonte diferem bastante entre si e possuem muitas DOC. São elas:

Monferrato

É uma vasta região de colinas, que pode ser dividida em duas partes bem diferentes:

Basso Monferrato - (Raciocinar ao inverso) é a parte mais setentrional e de maiores altitudes, com a base pelos 350m e os picos em 700m, um território muito apropriado para os vinhedos. Aqui predominam a Barbera e a Grignolino, em vinhos macios e fáceis de beber se comparados aos demais tintos piemonteses. Em Chieri se produz um Freisa DOC.

DOC: Albugnano, Cisterna d´Asti, Colline Torinesi, Dolcetto d`Asti , Freisa di Chieri, Gabiano, Grignolino d`Asti, Grignolino del Monferrato, Malvasia di Casorzo d`Asti, Malvasia di Castelnuovo Don Bosco, Monferrato, Rubino di Cantavenna , Ruché di Castagnole Monferrato

DOCG: Barbera d`Asti, Barbera del Monferrato,

Alto Monferrato - Ainda raciocinando invertido, aqui estão altitudes menores, e curiosamente o terreno é mais acidentado, com encostas mais íngremes e vales mais profundos. Esta conformação estranha tem seu efeito na viticultura, inicialmente pelo plantio de Barbera e Moscato, seguido das uvas autóctones como a Cortese, que aqui tem sua melhor expressão, na DOCG Gavi. Em seguida vem a Dolcetto, com ótimos resultados no entorno de Acqui e Ovada ambas DOCs. A terceira menção é a Brachetto, muito difundida no passado, mas hoje restrita a 50 hectares em Strevi. O Alto Monferrato costuma ser dividido em Monferrato Casalese e Monferrato Astigiano, por suas diferenças de território.

DOC: Dolcetto d`Acqui, Cortese Dell`Alto Monferrato, Dolcetto d`Alba, Loazzolo,

DOCG: Asti, Bracchetto d`Acqui (Acqui), Moscato d’Asti, Gavi (Cortese di Gavi).

Langhe

Tem seu principal centro vitícola em Alba, mas a fama mundial desta província veio de dois centros menores, Barolo e Barbaresco. É neste local que a Nebbiolo, já qualificada em outras sub-regiões, se exprime ao nível mais alto, nestes ícones italianos. Aqui também se produzem os qualificados Moscato d’Asti, os ótimos Nebbiolo, o Barbera d’Alba e quatro Dolcettos, sendo o melhor o Dogliani. Para acolher os vinhos menos portentosos, mas muito bons, existe a DOC Langhe.

DOC: Barbera d`Alba, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Dolcetto di Dogliani, Dolcetto di Ovada, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Langhe, Nebbiolo d`Alba, Verduno Pelaverga (Verduno),

DOCG: Barbaresco, Barolo, Dolcetto delle Langhe Superiore, Dolcetto di Diano d`Alba (Diano d’Alba), Dolcetto di Ovada Superiore (Ovada)

Roero

É um distrito situado na margem oposta a Alba, tendo como centros Bra e Canale. Aqui também se planta Nebbiolo, mas as brancas Arneis e Favorita, que no passado eram usadas em cortes, hoje produzem ótimos varietais.

DOC: Roero e Roero Arneis

Colline Astigniame

Compreendem uma área de vinicultura de grande interesse, situadas entre Canelli e Nizza, onde se produzem Moscato d`Asti e Barbera d`Asti. Aqui se diz ter sido inventado o espumante, há mais de um século e que tem aqui seu maior centro produtivo.

Colli Tortonesi

Estão entre o Alto Monferrato e o Pavese e possuem características ambientais e culturais típicas do Piemonte. As variedades principais são a Barbera eCortese, mas têm-se trabalhado outras uvas. Recentemente foi descoberta a variedade branca Timorasso.

DOC: Colli Tortonese

Colli Saluzzesi

Engloba 9 comunidades em Cuneo nas colinas suaves vale do rio Po. Aqui se cultivam Barbera e Nebbiolo, e também as variedades Pelaverga e Quagliano, das quais se produzem varietais.

DOC: Colline Saluzzesi, Pinerolese

Cavanese

Está na região a nordeste de Torino, com duas regiões vinícolas de importância:

A primeira está centrada no município de Caluso, se estendendo até as colinas de Ivrea. Aqui predomina a variedade autóctone branca Erbaluce, que produz um vinho passito tradicional e um branco delicado.

A segunda é a zona de Carema, com vinhedos em terraços com muros de pedra e pérgolas, cultivando a Nebbiolo.

DOC: Erbaluce di Caluso, Caluso Passito, Cavanese, Carema

Colli Novaresi e Colli Vercellosi

Estão situadas a noroeste, perto do lago Maggiore, nas províncias de Biella, Novara e Vercelli, abrigando diversas DOCs, algumas de alto nível. A mais prestigiada é o Gattinara, tinto famoso desde a corte de Carlos V, que hoje foi elevada a DOCG, e também a DOC Ghemme.

DOC: Boca, Bramaterra, Colline Novaresi, Coste della Sesia, Fara, Lessona, Sizzano,

DOCG: Gattinara, Ghemme



Dolcetto

Nem só das uvas Nebbiolo e Barbera são feitos os italianos clássicos do Piemonte, região noroeste da Itália. Muitas vezes subestimados, os Dolcettos (em italiano, 'ligeiramente doces' ou 'docinhos'), produzidos com a 'eterna' terceira uva do Piemonte são belos vinhos, mais frutados e macios e dificilmente apresentam caráter doce que seus poderosos conterrâneos, os Barolos e Barbarescos, feitos a partir da Nebbiolo, e os Barberas. Os Dolcettos são bastante tânicos, frescos e secos.

No Piemonte, as três uvas fazem parte de uma equação que determina a paisagem. Nebiollos só amadurecem em locais bem ensolarados, Barberas, embora menos exigentes, também têm lá suas suscetibilidades, a Dolcetto, ao contrário, é uva fácil de cultivar e que amadurece rapidamente, por isso ocupa os locais menos ensolarados dos vinhedos, muitas vezes os mais altos. Tradicionalmente, a Dolcetto produzia vinhos que podiam ser consumidos muito jovens, e muito antes das outras duas, o que ajudava a equilibrar o cash flow das vinícolas.

Sendo uma das uvas mais alegres da região de Piemonte, a casta Dolcetto é levemente fermentada no processo de vinificação, tal processo é realizado por produtores de renome que conhecem extremamente bem as características e propriedades da uva Dolcetto. A leve fermentação da uva faz com que seja extraído da casta a quantidade ideal de taninos para a elaboração de vinhos tintos secos maravilhosos.

Dolcetto

Utilizada em deliciosos e espetaculares vinhos tintos, a casta Dolcetto da região de Alba produz um dos melhores vinhos provenientes da casta. A Dolcetto D´Alba, cultivada em uma comuna do Piemonte, é considerada DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), sendo 80% dos exemplares de vinhos elaborados com a casta consumidos no próprio país de origem. Os rótulos produzidos a partir da cepa Dolcetto D´Alba possuem caráter rústico com taninos bastante leves e coloração rubi.

Além de Alba, um pequeno lugarejo, localizado na mesmo província de Cuneo, escapa à essa lógica de produção tradicional: Dogliani, uma comuna minúscula situada perto de Turim. Lá, a Dolcetto reina absoluta e ocupa todos os melhores espaços dos vinhedos. Por conta disso, Dogliani tem sua própria DOCG desde 2005, garantia de qualità superiore.

Muitos dizem que os Dolcettos são vinhos italianos com jeito de vinhos do Novo Mundo. E, de certa forma, isso se explica. Ainda que o nome remeta a um sabor adocicado, a uva Dolcetto produz vinhos muito tânicos e de baixa acidez, com alto teor alcoólico, mas que ainda assim são perfeitos para serem consumidos no dia a dia.

Ao contrário da realeza italiana da região piemontesa, que pede obras de arte gastronômicas para uma harmonização digna, caem como luvas ao acompanhar os pratos clássicos de massa da Itália, como spaghettis com molho bolonhesa ou polpettas.

Conhecida também como Ormeasco na região da Liguria, a uva Dolcetto vem conquistando muitos admiradores no mundo do vinho, ganhando bastante espaço em países do Novo Mundo com exemplares bastante potentes, secos e com graduação alcóolica elevada.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um claro e brilhante rubi com entornos violáceos que lembra um Pinot Noir, com poucas e finas lágrimas que, afastadas, logo desaparecem do bojo do copo.

No nariz extremamente aromático, remetendo a frutas vermelhas bem frescas, com destaque para ameixas, framboesas e morangos, com notas herbáceas, algo de hortelã, além de especiarias.

Na boca é leve, fresco, saboroso, com as notas frutadas protagonizando como no aspecto olfativo, com algo mineral, terroso, de terra molhada mesmo, além de taninos macios, elegantes e delicados, com acidez média e um final persistente e frutado.

Um Dolcetto super gastronômico, com notas de frutas vermelhas frescas, nuances florais, além da acidez vivaz que dá vida a vinhos frescos e saborosos. O estágio em tanques de aço inox contribui para preservar as características primárias de aromas e sabores, que encantam no primeiro gole! E viva a leveza! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Mondo del Vino:

A Mondo del Vino possui vinícolas de última geração mostrando seu compromisso dinâmico com a inovação e a sustentabilidade. Seu objetivo é oferecer aos enófilos um ótimo produto, mas também seguro e justo. Uma forma de fazer isso é medir o impacto ambiental de seus processos e produtos, bem como a conscientização sobre o impacto de sua produção.

Desde 2016, a MDV começou a pesar e medir seu impacto ambiental com a Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040-44:2006) adotando o que a Comissão da UE promove: a Pegada Ambiental da Organização (OEF) e a Pegada Ambiental do Produto (PEF). Ao fazer isso, estão na vanguarda da análise de desempenho ambiental, com base em uma ferramenta científica, sendo a primeira vinícola da Europa a adotar a política ecológica da UE.

Combina solidez produtiva, paixão pelas pessoas e responsabilidade pelos ecossistemas, buscando ser, no mundo, um ponto de referência da cultura e excelência do vinho italiano, dando sua contribuição tangível à sua história milenar, para que a Itália se torne o primeiro produtor no mundo por volumes e, sobretudo por valores.

Mais informações acesse:

https://www.mondodelvino.com/en/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=PIEMONTE

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“RBG Vinhos”: https://www.rbgvinhos.com.br/blog/dolcetto-uma-uva-nada-doce-e-cheia-de-potencial

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/dolcetto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






sábado, 24 de setembro de 2022

Dezzani Monferrato 2016

 

Direi, com toda certeza, que este vinho é especial! E não é especial pelo fato de ser caro, de um produtor renomado ou qualquer desses óbvios predicados. Não! Mas simplesmente por ser de uma pródiga região que aprecio muito, porém não tenho degustado muitos rótulos dessa região. Falo do Piemonte!

E como, confesso, tenho sido negligente com essa região tão especial da Itália. Talvez juntamente com a Toscana, rivalizam como uma das mais emblemáticas do “país da bota”. Como negligenciar o Piemonte terra dos “vinho dos reis”, o Barolo?

Lembro-me que o último piemontês que degustei e gostei por demais da conta fora de uma casta que, até então, era muito nova para mim e que é tida como uma das mais famosas da região, a Dolcetto, e o vinho era Sartirano Figli Dolcetto da safra 2018.

E lembro-me de outro também da famosíssima casta Barbera que eu degustei e gostei e que até hoje me traz doces lembranças pela qualidade e tipicidade: O Cantine Castelvecchio Barbera 2016.

As três castas principais do Piemonte são, além dessas acima mencionadas, é a Nebbiolo, conhecida por compor o tradicional Barolo. A Dolcetto traz a fruta e a jovialidade como carro chefe, vinhos mais básicos e leves, a Barbera, uma casta intermediária, trazendo alguma estrutura e complexidade e a Nebbiolo potente, gulosa, robusta e de grande potencial de guarda.

O meu caminho para o Piemonte, apesar de ainda pequeno, curto, com um número, confesso, reduzido de rótulos degustados, está completo com a experiência de suas principais variedades. A Nebbiolo está bem encaminhada com alguns poucos Barolos e rótulos hibernando na adega esperando o melhor momento para a sua degustação.

Mas voltando ao rótulo de hoje, além de ser especial pelo fato de retomar o meu caminho, a minha viagem ao Piemonte, revela ser também de uma sub-região piemontesa que, até algum tempo atrás desconhecia. Ah mais uma grata novidade no mundo do vinho! Trafegar neste vasto universo e conhecendo seus “mundos” tem sido simplesmente arrebatador. Falo da Monferrato!

Quando vi este rótulo que exibe, com letras garrafais, o nome da região a qual fora concebido, logo me chamou a atenção, estimulando a minha curiosidade e no site de compras mostrava um valor também muito atrativo, à época por volta dos R$39,90 e quando li a sua descrição me chamou também a atenção, pois traz um blend muito especial com duas das principais cepas da região do Piemonte: Dolcetto e Barbera, com a rainha das uvas tintas, a francesa Cabernet Sauvignon.

Então sem mais delongas vamos às apresentações, pois tem muita história a desfilar neste texto. O vinho que degustei e gostei veio, claro, da região de Monferrato, no Piemonte, na Itália, e se chama Dezzani Monferrato composto pelas castas Dolcetto (85%), Barbera (8%) e Cabernet Sauvignon (7%) da safra 2016. Vamos, antes de tecer detalhes sobre o vinho, falar do Piemonte e Monferrato.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos. Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantadas de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.


Monferrato

A região vinícola de Monferrato está localizada abaixo do rio Po, no canto sudeste da região do Piemonte, no noroeste da Itália. Como Langhe, essa área foi reconhecida como DOC em 1994.

Monferrato

Ela segue regras bastante relaxadas, permitindo a mistura de castas indígenas com castas internacionais. Esses vinhos são vendidos sob os rótulos “Monferrato Rosso” e “Monferrato Bianco”.

Também são produzidos vinhos varietais, mas essa variedade de uva deve representar pelo menos 85%. A produção de vinho tinto é dominada por variedades de uvas indígenas, incluindo Barbera, Freisa, Grignolino e Dolcetto. As variedades internacionais são lideradas por Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Pinot Noir.

Grande parte do terroir é ideal para a viticultura, graças ao clima continental e à drenagem gratuita, às terras aráveis. Este solo é perfeito para a produção de vinhos de alta qualidade a partir de variedades como Grignolino e Barbera. Ambos têm a clássica combinação italiana com sabores de frutas frescas e um equilíbrio entre açúcar e ácido.

Monferrato também abriga muitas pequenas partições diferentes, sendo certificada por DOC e DOCG. Estes incluem Barbera d’Asti, Moscato d’Asti. Barbera del Monferrato, sua partição DOCG Superiore, Nizza DOCG, Ruchè, Albugnano e Dolcetto di Ovado também estão localizados naquela região.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, com entornos violáceos com reluzente brilho, além de lágrimas finas, em intensidade e lentas que desenham as bordas do copo.

No nariz traz notas agradáveis e aromáticas de frutas vermelhas maduras, com delicadas notas amadeiradas que aportam, graças aos 12 meses de barricas de carvalho, um leve tostado, um abaunilhado e especiarias.

Na boca é elegante, média estrutura, que lhe confere marcante personalidade. A sinergia entre a fruta madura e a madeira é evidente que o torna complexo e versátil. Volumoso em boca, graças ao álcool evidente, mas sem agredir, mostra intensidade e sabor. Tem taninos domados, redondos, média acidez, tem toques de chocolate, um envolvente defumado e um final de média persistência.

A minha “volta” ao Piemonte foi gloriosa e recheada com algumas novidades surpreendentes. Monferrato me foi apresentada e revelaram as tradições piemontesas, com grande parte de suas principais e emblemáticas castas, a Dolcetto e a Barbera. A Itália ainda se mostra nova diante dos olhos dos enófilos, enchendo, inundando de prazer as nossas humildes taças. O Dezzani Monferrato é intenso, marcante, mas elegante pelos seus seis anos de garrafa e se destacam, em uma simbiose, a fruta e a madeira. Um vinho versátil, complexo, elegante e harmonioso. Que venham mais e mais piemonteses! Tem 14% de teor alcóolico.

Sobre a Vinícola Dezzani:

Foi em 1934 quando o avô Luigi Dezzani fundou sua histórica vinícola, no momento em que era dedicada à produção e distribuição local de uvas.

A chave do sucesso obtido nos anos 70-80 foi o entusiasmo que Luigi transmitiu a seu filho Romolo, que fez Dezzani conhecido não apenas no Piemonte, mas em toda a Itália, tornando-se um dos pontos de referência da tipicidade do Piemonte.

Seguindo de acordo com a filosofia do pai, Franca, Luigi e Giovanni, terceira geração, espalharam a marca Dezzani nos mercados internacionais.

Foi uma escolha de qualidade voltada para a produção de vinhos de prestígio, posteriormente reconhecidos pelos Clientes no mundo.

Hoje, enfim, essa realidade histórica é guiada pela Família Rocca (cinco gerações no ramo do vinho) e pela Villa Rivalta (10.000 hectares e centenas de famílias coletadas em cooperativas) que estão desenvolvendo importantes sinergias tangíveis através de um controle sensível da cadeia de suprimentos, tecnologias modernas e o amor de os que vivem do vinho há séculos.

Mais informações acesse:

https://www.dezzani.it/it/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

 

 

 

 


 


sábado, 27 de novembro de 2021

Sartirano Figli Dolcetto 2018

 

Modelo piemontês. É assim que a vinícola San Silvestro & Figli define a sua “natureza” de produzir vinhos. E nada como aliar suas produções a regiões emblemáticas como a magnifica Piemonte, lendárias pelos seus grandes vinhos que vão dos poderosos Barolos, com o potente Nebbiolo aos vinhos mais frescos, diretos e frutados. E quando um produtor se auto intitula um “modelo piemontês” é porque se entrega, de corpo e alma, ao terroir daquela região.

Piemonte traz castas emblemáticas, traz rótulos históricos, traz vinhos múltiplos em suas propostas. Alguns eu já degustei e gostei, nada melhor, por exemplo, como um Barbera, mas ainda faltava uma casta muito famosa por aquelas bandas, que geralmente aparece em blends, me aparece em varietal. Ah que maravilha, era tudo que eu precisava, jamais esperaria encontrar um vinho da casta Dolcetto.

E esse rótulo em especial não foi garimpado, não foi uma busca, mas parece que ele veio até mim, como se estivesse querendo se revelar diante dos meus olhos. O preço estava muito atrativo, afinal, trata-se de um varietal da casta Dolcetto o que não é muito comum encontrar em terras brasileiras.

A compra foi sacramentada, o vinho estava gozando de um espaço privilegiado na adega e até demorou relativamente um tempo para ser degustado, afinal talvez estivesse aguardando um momento importante, ou melhor, o momento importante para degustar esse vinho.

Então sem mais papos vamos às apresentações do vinho que degustei e gostei e, amigos, que belo vinho, que vinho versátil, muita fruta, mas carregado de personalidade e expressividade, aquele vinho com o típico caráter do Piemonte, a cara da Itália. Falo do Sartirano Figli da casta Dolcetto, do Piemonte, da safra 2018. Então, também para não fugir à risca vamos de história, vamos de Piemonte e Dolcetto, um casamento perfeito.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos. Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

Dolcetto

Nem só das uvas Nebbiolo e Barbera são feitos os italianos clássicos do Piemonte, região noroeste da Itália. Muitas vezes subestimados, os Dolcettos (em italiano, 'ligeiramente doces' ou 'docinhos'), produzidos com a 'eterna' terceira uva do Piemonte são belos vinhos, mais frutados e macios e dificilmente apresentam caráter doce que seus poderosos conterrâneos, os Barolos e Barbarescos, feitos a partir da Nebbiolo, e os Barberas. Os Dolcettos são bastante tânicos, frescos e secos.

No Piemonte, as três uvas fazem parte de uma equação que determina a paisagem. Nebiollos só amadurecem em locais bem ensolarados, Barberas, embora menos exigentes, também têm lá suas suscetibilidades, a Dolcetto, ao contrário, é uva fácil de cultivar e que amadurece rapidamente, por isso ocupa os locais menos ensolarados dos vinhedos, muitas vezes os mais altos. Tradicionalmente, a Dolcetto produzia vinhos que podiam ser consumidos muito jovens, e muito antes das outras duas, o que ajudava a equilibrar o cash flow das vinícolas.

Sendo uma das uvas mais alegres da região de Piemonte, a casta Dolcetto é levemente fermentada no processo de vinificação, tal processo é realizado por produtores de renome que conhecem extremamente bem as características e propriedades da uva Dolcetto. A leve fermentação da uva faz com que seja extraído da casta a quantidade ideal de taninos para a elaboração de vinhos tintos secos maravilhosos.

Utilizada em deliciosos e espetaculares vinhos tintos, a casta Dolcetto da região de Alba produz um dos melhores vinhos provenientes da casta. A Dolcetto D´Alba, cultivada em uma comuna do Piemonte, é considerada DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), sendo 80% dos exemplares de vinhos elaborados com a casta consumidos no próprio país de origem. Os rótulos produzidos a partir da cepa Dolcetto D´Alba possuem caráter rústico com taninos bastante leves e coloração rubi.

Além de Alba, um pequeno lugarejo, localizado na mesmo província de Cuneo, escapa à essa lógica de produção tradicional: Dogliani, uma comuna minúscula situada perto de Turim. Lá, a Dolcetto reina absoluta e ocupa todos os melhores espaços dos vinhedos. Por conta disso, Dogliani tem sua própria DOCG desde 2005, garantia de qualità superiore.

Muitos dizem que os Dolcettos são vinhos italianos com jeito de vinhos do Novo Mundo. E, de certa forma, isso se explica. Ainda que o nome remeta a um sabor adocicado, a uva Dolcetto produz vinhos muito tânicos e de baixa acidez, com alto teor alcoólico, mas que ainda assim são perfeitos para serem consumidos no dia a dia. Ao contrário da realeza italiana da região piemontesa, que pede obras de arte gastronômicas para uma harmonização digna, caem como luvas ao acompanhar os pratos clássicos de massa da Itália, como spaghettis com molho bolonhesa ou polpettas.

Conhecida também como Ormeasco na região da Liguria, a uva Dolcetto vem conquistando muitos admiradores no mundo do vinho, ganhando bastante espaço em países do Novo Mundo com exemplares bastante potentes, secos e com graduação alcóolica elevada. 

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi com reflexos violáceos de um reluzente brilho, lembra um Pinot Noir, com poucas lágrimas e que logo se dissipam.

No nariz goza de uma exuberância aromática protagonizada pela fruta, pelas frutas vermelhas onde se destacam a framboesa, o morango e a groselha, com notas de especiarias, talvez algo de herbáceo, um inusitado amadeirado, apesar de não estagiar em barricas de carvalho.

Na boca é seco, de leve para médio corpo, com um bom volume de boca que lhe confere alguma personalidade, a fruta dá o tom, com taninos gulosos, mas domados, uma acidez equilibrada, correta dando ao vinho frescor e uma jovialidade, com um final de média intensidade calcada na fruta.

Ah que maravilha! Que momento especial! A terceira casta Piemonte sendo degustada por mim pela primeira vez. Essa noite ela se tornou a primeira e única do Piemonte. Não sou muito simpático a essa questão da posição das castas essenciais do Piemonte. Cada casta trazem as suas particularidades, as suas peculiaridades, as suas propostas, primordialmente. Depois do Barbera, agora um Dolcetto e em breve será um Nebbiolo. A santíssima trindade do Piemonte. Este Sartirano Figli entrega, com fidelidade, o que um Dolcetto pode e deve apresentar: fruta, muita fruta, frescor, mas personalidade marcante. Um vinho versátil, equilibrado, vivaz e pleno. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a San Silvestro & Figli:

A vinícola San Silvestro está localizada em Novello, no coração do distrito de Barolo. Aqui, Paolo e Guido Sartirano administram o negócio com sabedoria e respeito pela tradição e pela história. Eles representam a quarta geração e são respeitosos com o trabalho que sua família fez para estar onde estão hoje.

Investimentos para o futuro, com atenção aos valores que aprenderam com seus ancestrais: consistência, autenticidade e inovação. Cada copo de vinho incorpora esses três princípios na produção de vinhos que refletem a singularidade dessa grande área. Trabalhando em estreita colaboração com viticultores de diferentes áreas vinícolas (7 hectares de vinhedos), através de parcerias estabelecidas por meio de contratos de longo prazo, que podem durar por gerações.

Dessa maneira, confiança e cooperação se tornaram fundamentais e de ambos os lados. A seleção profissional e rigorosa entre os produtores de uvas é um ponto forte em San Silvestro. Por fim, San Silvestro oferece uma variedade de vinhos que vão de Gavi a Barbaresco pelos distritos de Asti e Barolo.

Mais informações acesse:

https://www.sansilvestrovini.com/?lang=en

https://www.sartirano.com/?lang=en

Referências:

“RBG Vinhos”: https://www.rbgvinhos.com.br/blog/dolcetto-uma-uva-nada-doce-e-cheia-de-potencial

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/dolcetto

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html