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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Encostas do Trogão Reserva 2015

 

Acredito que, em algum momento da minha vida, eu disse que Portugal, embora tão pequeno em dimensões territoriais, se revela gigante e significativo com as suas 14 regiões vitivinícolas que são extremamente reconhecidas, não tão somente em seu território, mas em todo o planeta, algumas mais conhecidas que outras, é bem verdade, mas sempre prestigiadas.

Prestigiadas principalmente pelo forte apelo regionalista, graças a cultura de vinificação/produção, a cultura do seu povo que, claro, influencia diretamente na cultura de vinificação, do clima, da terra e também de suas autóctones castas, algumas delas ou a sua esmagadora maioria cultivada apenas em Portugal ou ainda apenas em uma ou poucas regiões espalhadas por aquele país.

Eu estou atualmente buscando o exercício das degustações de rótulos as quais já tive experiência no passado, primeiro porque deixou algum impacto positivo em minha vida, segundo para fazer algumas, digamos, experiências de percepção de um vinho com certo tempo de garrafa.

E neste caso não é tão somente a experiência satisfatória e prazerosa ou experiências aliadas às descrições dos vinhos propriamente dito que me chamou a atenção do rótulo de hoje, mas também por pouco degustar a região a qual foi concebido. Falo da tradicional Trás-os-Montes.

Não sei dizer com precisão, mas me parece que a região de Trás-os-Montes não é tão conhecida em nossas terras brasileiras, pouquíssimas são as opções de rótulos que temos à disposição em sites de vendas ou lojas especializadas. Então uni o útil a urgência da pouca opção de vinhos dessa região.

Lembro-me que conheci essa região em um evento de degustação de vinhos em minha cidade, Niterói, organizado por uma rede de supermercados da cidade, o “Festival de Vinhos Supermercado Real 2017”, onde os rótulos expostos para degustação eram os mesmos que estavam sendo ofertados em suas filiais.

Já para o final do evento, eu já estava praticamente me preparando para deixar o local do evento e vi, ao longe, um estande, até pouco procurado e com poucos rótulos disponíveis para degustação e vi um rótulo, simples, mas que me chamou a atenção: era Trás-os-Montes. Comprei o Encostas do Trogão Reserva 2011! E que grande e especial vinho! O degustei com 8 anos de vida e ainda reluzia vivacidade! 2011 tinha sido um ano espetacular para toda a Portugal.

Encostas do Trogão Reserva 2011

Então vamos às apresentações que, de certa forma, já foi feita! O vinho que degustei e gostei veio da região de Trás-os-Montes e se chama Encostas do Trogão Reserva composto pelas castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Trincadeira agora da safra 2015. Uma nova versão, para os mesmos 8 anos de garrafa! Vejamos o que iremos encontrar! E para variar vamos às histórias, vamos de Trás-os-Montes!

Trás-os-Montes

Já durante a ocupação dos romanos se cultivava a vinha e se produzia vinho na região de Trás-os-Montes. Situada no nordeste de Portugal, a província de Trás-os-Montes e Alto Douro é um lugar onde a identidade portuguesa, fruto de tradições culturais enraizadas, sobreviveu como em nenhuma outra região do país lusitano. O seu conhecido isolamento, bem como o alto índice de emigração e despovoamento, são características que acompanham a região há muito tempo.

Situada a Norte de Portugal a Região de Trás-os-Montes revela-se por entre montes e pronunciados vales numa grande área de extensão. Esta é uma Região única com características especiais. Em toda a região o cenário muda rapidamente, entre exuberantes vales verdejantes, ou colinas antigas cobertas por uma colcha de retalhos de bosques, ou olivais verde-cinza, extensas vinhas verdes brilhantes, ou amendoeiras floridas e outras árvores de fruto.

Sua capital é a cidade de Vila Real, e, ao longo da história, sofreu diversas modificações em seu território e nas atribuições administrativas. Desde o século XV, passou de Comarca a Província, e suas fronteiras territoriais, cujos limites foram se adequando com a aquisição ou perda de regiões, já não são as mesmas da época de sua fundação. Atualmente, é formada por três sub-regiões: Chaves, Valpaços e o Planalto Mirandês.

Na sub-região de Chaves a vinha é plantada nas encostas de pequenos vales, onde correm os afluentes do rio Tâmega. A sub-região de Valpaços é rica em recursos hídricos e situa-se numa zona de planalto. No Planalto Mirandês é o rio Douro que influencia a viticultura.

Trás-os-Montes

O cultivo da vinha e a produção de vinho na Região de Trás-os-Montes tem origem secular, estando esta intrinsecamente marcada nas suas rochas, uma vez que por toda a região existem vários lagares cavados na rocha de origem Romana e Pré-Romana. A existência de vinhas velhas com castas centenárias marca também de uma forma muito peculiar a qualidade reconhecida dos vinhos desta região.

As paisagens desta província apresentam uma beleza natural e rural exuberante, sendo suas terras ricas em cerais, legumes e frutos como amêndoas e cerejas, além das oliveiras que produzem azeites. Para completar, ainda existe a cultura vitivinícola, que, com as inúmeras vinhas da região, fazem de Trás-os-Montes e Alto Douro um destino turístico perfeito para os amantes da gastronomia e do vinho de alta qualidade. Montes é uma das regiões mais ricas em descobertas arqueológicas. Destacam-se as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, assim como dólmenes e povoados do período neo-eneolítico.

Trás-os-Montes é uma região montanhosa, caracterizada por sua diversidade de relevo e de clima – altitude, temperatura, pluviosidade, solo, etc, variam conforme cada cidade da província. As diferenças são bastante acentuadas. De maneira geral, seu relevo é formado por uma série de elevadas plataformas onduladas atravessadas por vales e bacias profundas, os solos se apresentam como graníticos, mas com presença importante de xisto.

Trás-os-Montes tem clima com influência mediterrânico-continental, com áreas de muito frio nas partes mais altas e outras mais quentes na região do Douro. A natureza privilegiada é fonte de riqueza para a região: os recursos hídricos, com rios importantes, por exemplo, são utilizados para gerar energia elétrica e produzir água mineral.

Essas diferenças climáticas acentuadas permitiram definir três sub-regiões para a produção de vinhos de qualidade com direito a DO Trás-os-Montes. Os critérios tidos em conta foram essencialmente as altitudes, exposição solar, clima e a constituição dos solos, tendo sido a Denominação de Origem (DO Trás-os-Montes) reconhecida a partir de 9 de Novembro de 2006 (Portaria n.º 1204/2006).

No que se refere aos vinhos com Identificação Geográfica Transmontano, estes podem ser produzidos em toda a Região, sendo que a Indicação Geográfica Transmontano (IG Transmontano), foi reconhecida a partir de 9 de Novembro de 2006 (Portaria n.º 1203/2006).

Outra possibilidade de riqueza retirada da natureza da região são as vinhas dispostas nos vales que circundam o Douro e que originam vinhos excelentes e apreciados no mundo todo. O principal deles: o famoso Vinho do Porto. A vitivinicultura em Trás-os-Montes e Alto Douro tem história e tradição.

Além de ter sido a primeira região regulamentada para produção vinícola do mundo, em 1756, foi reconhecida pela UNESCO, em 2001, como Património da Humanidade por causa da beleza de suas vinhas. Quanto à produção, 50% dos vinhos elaborados nas vinícolas da região são destinadas para o Vinho do Porto, a outra metade se dedica à produção de vinhos que utilizam a denominação de origem controlada (DOC) “Douro”, e que são tão diversos quanto os microclimas e solos da província.

O controle e a defesa da Denominação de Origem e Indicação Geográfica são da responsabilidade da entidade certificadora “Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes” esta tem por objetivo, proteger e garantir a qualidade e genuinidade dos vinhos de qualidade produzidos na região de Trás-os-Montes.

Constituída em 1997 a CVRTM, viria ajudar a impulsionar o desenvolvimento da região, e a levar mais alto, aquém e além-fronteiras, os vinhos Transmontanos. Tendo iniciado a sua atividade com apenas um agente económico, esta entidade conta já com 62 associados, que contribuíram para o renascimento da região e para o incremento de qualidade dos seus vinhos, sendo que a sua atividade resulta num volume anual de litros certificados de aproximadamente 3 milhões.

Tradicionalmente, as vinhas são plantadas de maneiras diferentes em Trás-os-Montes, aproveitando toda a diversidade da região. Essa característica se reflete nos vinhos produzidos, que além do vinho do Porto, pode resultar excelentes vinhos tintos e brancos. As castas brancas dominantes são: Côdega do Larinho, Malvasia Fina, Fernão Pires, Gouveio, Rabigato, Síria e Viosinho, e nas tintas Bastardo, Tinta Roriz, Marufo, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Os vinhos brancos são suaves e com aroma floral. Os vinhos tintos são geralmente frutados e levemente adstringentes.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente podem ser referidos alguns traços comuns a todos os vinhos, os vinhos brancos apresentam equilíbrio aromático com grande intensidade de aromas frutados e leves florais, na boca revelam uma acidez correta não sendo excessivamente pronunciada.

No caso dos vinhos tintos, são vinhos com uma intensidade corante muito consistente e elevada, aromaticamente muito frutados, na boca relevam-se estruturados, e apesar dos teores alcoólicos normalmente elevados verifica-se uma acidez fixa correta, tornando-se vinhos robustos, mas agradáveis e muito equilibrados.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vivo e intenso rubi, escuro, com halos granada denotando seus oito anos de garrafa, com lágrimas finas e lentas em profusão.

No nariz nota-se a presença aromática de frutas pretas e vermelhas bem maduras, quase geleia, algo compotado. As especiarias doces são percebidas, talvez pimenta, cassis, um toque herbáceo, terroso. Nota-se também um discreto floral, violeta.

Na boca é estruturado, mas harmonioso, redondo e macio, afinal os oito anos de garrafa deram ao vinho a elegância evidente. É volumoso em boca, alcoólico, traz como no aspecto olfativo, as notas frutadas, chocolate, com taninos evidentes, vivos, mas domados, com acidez controlada e um final de média persistência.

Mais uma vez o vinho estava ótimo, muito equilibrado, harmonioso e que o produtor, acertadamente, decidiu não o repousar em madeira, elevando ainda mais as características de cada cepa, destacando-se as frutas, a acidez e os taninos que em uma impressionante sinergia, brilharam sem um ofuscar o outro. Um vinho de oito anos de vida, porém cheio de vida, personalidade e pegada. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Rabaçal:

Com cerca de 400 associados, oriundos dos concelhos de Vinhais, Valpaços, Mirandela e Macedo de Cavaleiros, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L.recebe 1,5 milhões de quilos de uvas de uma zona de transição entre a Terra Quente e a Terra Fria, que garante um grau surpreendente em todos os néctares que ali são vinificados.

A reconversão da vinha que está em curso e a aposta nas castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Trincadeira e Tinta Roriz já está a dar os seus frutos ao nível da qualidade do produto final. Ao nível da promoção, a adega que labora em Rebordelo vive um período de evolução, bem patente na criação de uma imagem institucional que simboliza o vinho e os quatro concelhos produtores.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente, a base dos mesmos assenta nas especificidades únicas das nossas castas.

“Porque o mundo é um mar de oportunidades e também de desafios, hoje globais; porque acreditamos que, para além de nos inserirmos num país que se afirma cada vez mais enquanto produtor de vinhos de excelência e também numa região privilegiada, Trás-os-Montes, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L. afirma-se com base nos efetivos vitícolas da Adega, que a alimentam com as melhores castas autóctones, mantidas por várias gerações, num percurso que se aprimorou cada vez mais a nossa região, cultura e história, numa descoberta, aqui de novos «territórios sensoriais», os seus vinhos”.

Filosofia do produtor

Mais informações acesse:

http://www.adegarabacal.com/www/default.asp

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/tras-os-montes/doc-tras-os-montes/

“Wine Tourism Portugal”: https://www.winetourismportugal.com/pt/regioes/tras-os-montes/

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/tras-os-montes-e-alto-douro-um-paraiso-vinicola-em-portugal/

“Dre.tretas”: https://dre.tretas.org/dre/203153/portaria-1204-2006-de-9-de-novembro

“Terras de Portugal”: http://www.terrasdeportugal.pt/tras-os-montes-e-alto-douro

“Instituto da Vinha e do Vinho”: https://www.ivv.gov.pt/np4/76/

“Infovini”: http://www.infovini.com/pagina.php?codNode=3891

 

 

 

 

 















domingo, 2 de julho de 2023

Encostas do Trogão branco 2018

 

Acredito que, em algum momento da minha vida, eu disse que Portugal, embora tão pequeno em dimensões territoriais, se revela gigante e significativo com as suas 14 regiões vitivinícolas que são extremamente reconhecidas, não tão somente em seu território, mas em todo o planeta, algumas mais conhecidas que outras, é bem verdade, mas sempre prestigiadas.

Prestigiadas principalmente pelo forte apelo regionalista, graças à cultura de vinificação/produção, a cultura do seu povo que, claro, influencia diretamente na cultura de vinificação, do clima, da terra e também de suas autóctones castas, algumas delas ou a sua esmagadora maioria cultivada apenas em Portugal ou ainda apenas em uma ou poucas regiões espalhadas por aquele país.

E mesmo sendo um país geograficamente pequeno ainda há muito a se explorar no que tange às suas regiões e microrregiões. Algumas que ainda se colocam em uma posição de desconhecida pelo grande público enófilo, mas que goza de muita importância e representatividade em Portugal. E hoje degustarei um vinho de Trás-os-Montes.

Lembro-me que conheci essa região em um evento de degustação de vinhos em minha cidade, Niterói, organizado por uma rede de supermercados da cidade, o “Festival de Vinhos Supermercado Real 2017”, onde os rótulos expostos para degustação eram os mesmos que estavam sendo ofertados em suas filiais.

Já para o final do evento, eu já estava praticamente me preparando para deixar o local do evento e vi, ao longe, um estande, até pouco procurado e com poucos rótulos disponíveis para degustação e vi um rótulo, simples, mas que me chamou a atenção: era Trás-os-Montes. Comprei o Encostas do Trogão Reserva 2011! E que grande e especial vinho! O degustei com 8 anos de vida e ainda reluzia vivacidade! 2011 tinha sido um ano espetacular para toda a Portugal.

Mas teve espaço também para a degustação de um branco da região do mesmo produtor, a Adega Cooperativa de Rabaçal, igualmente pouco conhecida em nossas terras e que muito me chamou a atenção pela sua simplicidade aliada a alguma personalidade.

O vinho que degustei e gostei veio de Trás-os-Montes e se chama Encostas do Trogão e é composto pelas castas Côdega de Larinho, Malvasia-Fina e Viosinho e a safra é 2019. Regiões “undergrounds”, castas tipicamente da região, não se poderia esperar algo melhor. Mas antes de falar do vinho, vamos as histórias da região e das castas.

Trás-os-Montes

Já durante a ocupação dos romanos se cultivava a vinha e se produzia vinho na região de Trás-os-Montes. Situada no nordeste de Portugal, a província de Trás-os-Montes e Alto Douro é um lugar onde a identidade portuguesa, fruto de tradições culturais enraizadas, sobreviveu como em nenhuma outra região do país lusitano. O seu conhecido isolamento, bem como o alto índice de emigração e despovoamento, são características que acompanham a região há muito tempo.

Situada a Norte de Portugal a Região de Trás-os-Montes revela-se por entre montes e pronunciados vales numa grande área de extensão. Esta é uma Região única com características especiais. Em toda a região o cenário muda rapidamente, entre exuberantes vales verdejantes, ou colinas antigas cobertas por uma colcha de retalhos de bosques, ou olivais verde-cinza, extensas vinhas verdes brilhantes, ou amendoeiras floridas e outras árvores de fruto.

Sua capital é a cidade de Vila Real, e, ao longo da história, sofreu diversas modificações em seu território e nas atribuições administrativas. Desde o século XV, passou de Comarca a Província, e suas fronteiras territoriais, cujos limites foram se adequando com a aquisição ou perda de regiões, já não são as mesmas da época de sua fundação. Atualmente, é formada por três sub-regiões: Chaves, Valpaços e o Planalto Mirandês.

Na sub-região de Chaves a vinha é plantada nas encostas de pequenos vales, onde correm os afluentes do rio Tâmega. A sub-região de Valpaços é rica em recursos hídricos e situa-se numa zona de planalto. No Planalto Mirandês é o rio Douro que influencia a viticultura.

Trás-os-Montes

O cultivo da vinha e a produção de vinho na Região de Trás-os-Montes tem origem secular, estando esta intrinsecamente marcada nas suas rochas, uma vez que por toda a região existem vários lagares cavados na rocha de origem Romana e Pré-Romana. A existência de vinhas velhas com castas centenárias marca também de uma forma muito peculiar a qualidade reconhecida dos vinhos desta região.

As paisagens desta província apresentam uma beleza natural e rural exuberante, sendo suas terras ricas em cerais, legumes e frutos como amêndoas e cerejas, além das oliveiras que produzem azeites. Para completar, ainda existe a cultura vitivinícola, que, com as inúmeras vinhas da região, fazem de Trás-os-Montes e Alto Douro um destino turístico perfeito para os amantes da gastronomia e do vinho de alta qualidade.

Montes é uma das regiões mais ricas em descobertas arqueológicas. Destacam-se as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, assim como dólmenes e povoados do período neo-eneolítico.

Trás-os-Montes é uma região montanhosa, caracterizada por sua diversidade de relevo e de clima – altitude, temperatura, pluviosidade, solo, etc, variam conforme cada cidade da província. As diferenças são bastante acentuadas. De maneira geral, seu relevo é formado por uma série de elevadas plataformas onduladas atravessadas por vales e bacias profundas, os solos se apresentam como graníticos, mas com presença importante de xisto.

Trás-os-Montes tem clima com influência mediterrânico-continental, com áreas de muito frio nas partes mais altas e outras mais quentes na região do Douro. A natureza privilegiada é fonte de riqueza para a região: os recursos hídricos, com rios importantes, por exemplo, são utilizados para gerar energia elétrica e produzir água mineral.

Essas diferenças climáticas acentuadas permitiram definir três sub-regiões para a produção de vinhos de qualidade com direito a DO Trás-os-Montes. Os critérios tidos em conta foram essencialmente as altitudes, exposição solar, clima e a constituição dos solos, tendo sido a Denominação de Origem (DO Trás-os-Montes) reconhecida a partir de 9 de novembro de 2006 (Portaria n.º 1204/2006).

No que se refere aos vinhos com Identificação Geográfica Transmontano, estes podem ser produzidos em toda a Região, sendo que a Indicação Geográfica Transmontano (IG Transmontano), foi reconhecida a partir de 9 de novembro de 2006 (Portaria n.º 1203/2006).

Outra possibilidade de riqueza retirada da natureza da região são as vinhas dispostas nos vales que circundam o Douro e que originam vinhos excelentes e apreciados no mundo todo. O principal deles: o famoso Vinho do Porto. A vitivinicultura em Trás-os-Montes e Alto Douro tem história e tradição.

Além de ter sido a primeira região regulamentada para produção vinícola do mundo, em 1756, foi reconhecida pela UNESCO, em 2001, como Património da Humanidade por causa da beleza de suas vinhas. Quanto à produção, 50% dos vinhos elaborados nas vinícolas da região são destinadas para o Vinho do Porto, a outra metade se dedica à produção de vinhos que utilizam a denominação de origem controlada (DOC) “Douro”, e que são tão diversos quanto os microclimas e solos da província.

O controle e a defesa da Denominação de Origem e Indicação Geográfica são da responsabilidade da entidade certificadora “Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes” esta tem por objetivo, proteger e garantir a qualidade e genuinidade dos vinhos de qualidade produzidos na região de Trás-os-Montes.

Constituída em 1997 a CVRTM, viria ajudar a impulsionar o desenvolvimento da região, e a levar mais alto, aquém e além-fronteiras, os vinhos Transmontanos. Tendo iniciado a sua atividade com apenas um agente económico, esta entidade conta já com 62 associados, que contribuíram para o renascimento da região e para o incremento de qualidade dos seus vinhos, sendo que a sua atividade resulta num volume anual de litros certificados de aproximadamente 3 milhões.

Tradicionalmente, as vinhas são plantadas de maneiras diferentes em Trás-os-Montes, aproveitando toda a diversidade da região. Essa característica se reflete nos vinhos produzidos, que além do vinho do Porto, pode resultar excelentes vinhos tintos e brancos. As castas brancas dominantes são: Côdega do Larinho, Malvasia Fina, Fernão Pires, Gouveio, Rabigato, Síria e Viosinho, e nas tintas Bastardo, Tinta Roriz, Marufo, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Os vinhos brancos são suaves e com aroma floral. Os vinhos tintos são geralmente frutados e levemente adstringentes.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente podem ser referidos alguns traços comuns a todos os vinhos, os vinhos brancos apresentam equilíbrio aromático com grande intensidade de aromas frutados e leves florais, na boca revelam uma acidez correta não sendo excessivamente pronunciada.

No caso dos vinhos tintos, são vinhos com uma intensidade corante muito consistente e elevada, aromaticamente muito frutados, na boca relevam-se estruturados, e apesar dos teores alcoólicos normalmente elevados verifica-se uma acidez fixa correta, tornando-se vinhos robustos, mas agradáveis e muito equilibrados.

Côdega-de-Larinho

A Côdega do Larinho é uma casta branca da família da Vitis Vinífera, sendo uma das menos conhecidas. É uma casta com uma produtividade média, sendo os cachos grandes e compactos, com bagos arredondados e de tamanho médio, com cor amarelada, de película medianamente espessa, com polpa suculenta e de sabor peculiar. Tem maturação média, com um potencial alcoólico mediano e baixa acidez.

Principalmente encepada nas regiões do Douro e Trás-os-Montes, durante muitos anos pensou-se que seria idêntica à Síria, contudo testes de DNA mostraram que não existe relação entre as duas castas. É citada pela primeira vez em 1880.

Esta uva garante elevados rendimentos, com cachos densos, mas também suscetíveis ao ataque de míldio. As videiras são especialmente plantadas em encostas íngremes, sendo resistentes aos solos secos. Representam perto de 600 hectares em área de plantação. Dado a faltar alguma frescura, muitas vezes é combinada com Rabigato ou Gouveio. Apresenta ainda algum carácter tropical.

Malvasia-Fina

Não se sabe ao certo qual é origem da uva Malvasia Fina, mas acredita-se que ela tenha surgido na Grécia ou em Roma. Uma casta muito antiga, tendo registros qyue demonstram seu cultivo em Portugal durante o século XVI.

A Malvasia Fina é uma das principais uvas utilizadas na produção do vinho do Porto branco, apesar de ocupar uma área de vinhedos bastante reduzida, de apenas sete mil hectares. Hoje, além de Portugal, também é possível encontrar a Malvasia Fina na Itália.

Com cachos de tamanho médio e bagos de coloração verde-amarelada, a Malvasia Fina é uma uva de baixo rendimento, suscetível ao ataque de doenças e pragas, como oídio, míldio e desavinho. Os vinhos Malvasia Fina são frescos, equilibrados e elegantes. No nariz, revelam aromas frutados, notas de especiarias, como noz-moscada, além de nuances defumadas.

Viosinho

A uva Viosinho é uma variedade de pele clara de alta qualidade, nativa do nordeste de Portugal. O cultivo da Viosinho estabeleceu-se, principalmente, nas regiões de Tras-os-Montes e no Douro desde o século XIX.

Trata-se de uma variedade que não é normalmente utilizada na produção de vinhos varietais, por ser plantada em maior frequência em fileiras misturadas com outras uvas brancas. Além disso, a uva Viosinho é utilizada comumente na produção de vinhos brancos do Porto e, cada vez mais, na composição de vinhos de corte brancos tranquilos na região do Douro.

A Viosinho é responsável por adicionar maior estrutura, corpo e acidez aos vinhos de corte, bem como acrescenta sabores frutados e florais, como os de ameixa, pêssego e cereja. Os vinhos Viosinho são descritos constantemente como detentores de sabores cítricos, no entanto, a natureza dos vinhos de Portugal podem dificultar o isolamento destes sabores singulares. Normalmente, estes vinhos apresentam um elevado nível de acidez e são capazes de envelhecer muito bem em garrafa por muitos anos.

As videiras da Viosinho produzem baixos rendimentos e seus frutos amadurecem cedo, dando origem a uvas com cachos pequenos que são altamente suscetíveis a podridão. Esta característica torna a variedade difícil de ser produzida e, por consequência, cultivada apenas em volumes ínfimos.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um lindo e envolvente amarelo palha tendendo para o dourado, muito brilhante, com pequena manifestação de lágrimas denotando a personalidade deste vinho.

No nariz exibe, exuberantemente, aromas de frutas cítricas, de frutas brancas, como abacaxi, pêssego maduro, pera, lima, com toques minerais, de grama cortada e um delicioso herbáceo. Um bom frescor resiste apesar dos seus cinco anos de garrafa.

Na boca é seco, saboroso, um bom volume de boca traz a sensação de alguma untuosidade e personalidade, mas com muito frescor, com as notas frutadas sendo reproduzidas fortemente, como no aspecto olfativo, além de acidez correta, o toque mineral protagonizando e um final de média persistência.

Belíssimo branco de Trás-os-Montes! Um vinho, apesar de já possuir seus quatro anos de garrafa, estava no auge, entregando acidez, muito fruta tropical, de polpa branca e uma mineralidade que corroborou todo o seu frescor. Que possamos ter sempre experiência enosensoriais como essa de uma histórica região, embora pouco conhecida. Que possamos, cada vez mais, explorar regiões emblemáticas como essa! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Rabaçal:

Com cerca de 400 associados, oriundos dos concelhos de Vinhais, Valpaços, Mirandela e Macedo de Cavaleiros, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L.recebe 1,5 milhões de quilos de uvas de uma zona de transição entre a Terra Quente e a Terra Fria, que garante um grau surpreendente em todos os néctares que ali são vinificados.

A reconversão da vinha que está em curso e a aposta nas castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Trincadeira e Tinta Roriz já está a dar os seus frutos ao nível da qualidade do produto final. Ao nível da promoção, a adega que labora em Rebordelo vive um período de evolução, bem patente na criação de uma imagem institucional que simboliza o vinho e os quatro concelhos produtores.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente, a base dos mesmos assenta nas especificidades únicas das nossas castas.

“Porque o mundo é um mar de oportunidades e também de desafios, hoje globais; porque acreditamos que, para além de nos inserirmos num país que se afirma cada vez mais enquanto produtor de vinhos de excelência e também numa região privilegiada, Trás-os-Montes, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L. afirma-se com base nos efetivos vitícolas da Adega, que a alimentam com as melhores castas autóctones, mantidas por várias gerações, num percurso que se aprimorou cada vez mais a nossa região, cultura e história, numa descoberta, aqui de novos «territórios sensoriais», os seus vinhos”.

Filosofia do produtor

Mais informações acesse:

http://www.adegarabacal.com/www/default.asp

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/tras-os-montes/doc-tras-os-montes/

“Wine Tourism Portugal”: https://www.winetourismportugal.com/pt/regioes/tras-os-montes/

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/tras-os-montes-e-alto-douro-um-paraiso-vinicola-em-portugal/

“Dre.tretas”: https://dre.tretas.org/dre/203153/portaria-1204-2006-de-9-de-novembro

“Terras de Portugal”: http://www.terrasdeportugal.pt/tras-os-montes-e-alto-douro

“Vino Emporium”: http://www.vinoemporium.com.br/uvas/codega-do-larinho

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/castas-brancas-codega-de-larinho/

“Divinho”: https://www.divinho.com.br/blog/diferenca-malvasia-fina-e-malvasia-nera/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/viosinho












sexta-feira, 21 de abril de 2023

Ribeira do Corso Reserva Touriga Nacional e Syrah 2012

 

Costumo dizer, até de forma demasiada, de que Portugal, mesmo que tão pequeno, em dimensões territoriais, é significativo e gigante em seus diversificados terroirs, é um universo inexplorado e maravilhoso, ainda há muito a se degustar, muitas regiões a se descobrir e vinhos nas suas mais propostas. Por isso que é impossível alguém, um digno enófilo que seja que não aprecie os vinhos lusitanos.

E por sorte o Brasil é um grande consumidor dos rótulos portugueses, somos ávidos apreciadores dos vinhos lusitanos. Nosso mercado é repleto de rótulos do Alentejo, da Região dos Vinhos Verdes, do Douro, Do Porto, entre outros. Esses são uma das mais representativas, em termos de quantidade, regiões que encontramos sendo ofertados no Brasil.

Mas temos visto, mesmo que timidamente, algumas regiões, pouco badaladas, dando o ar da graça em nossas terras, mesmo que em seu país de origem gozem de extrema tradição. Falo da região do Trás-os-Montes!

Eu descobri, de forma quase que despretensiosa, em um evento de degustação de vinhos, em minha cidade, Niterói. Era 2017 e o evento, que se chamava “Festival de Vinhos do Supermercado Real”, era promovido por uma famosa rede de supermercados, claro, da cidade e que tinham muitos rótulos, variados, de inúmeros países.

Já no final do evento, todos indo embora e os rótulos disponíveis para degustação, estavam escasseando, eu avistei um pequeno e tímido estande, com poucas garrafas e algo me chamou a atenção para ir até lá, talvez pelo fato da simplicidade do estande e das poucas garrafas disponíveis.

E avistei alguns rótulos que estampavam o “Trás-os-Montes”. Eu não conhecia e o demonstrador, muito atencioso, me disse que os vinhos eram da região portuguesa de Trás-os-Montes. Eu não conhecia a região, mas evidente que conhecia os vinhos portugueses. E bastou para ganhar o meu interesse.

Os vinhos eram da Encostas do Trogão e lá tinha a versão “branco”, tinto de entrada e o reserva. Degustei o branco e foi maravilhoso! Degustei os tintos e o reserva me chamou a atenção pela intensidade, personalidade e robustez, mesmo se tratando de um rótulo da safra 2011, tida como uma das mais emblemáticas em todas as regiões portuguesas.

Pena que no evento os vinhos não estavam à venda, pois aquele seria uma das minhas escolhas para aquisição, sem sombra de dúvida. Mas parte do investimento no ingresso para participar do evento seria revertida para compras de vinhos nos supermercados. Então ainda tinha uma expectativa de encontrar o Encostas do Trogão nas gôndolas e não é que no dia da minha ida eu encontrei? A safra de 2011! Então degustei o Encostas do Trogão Reserva 2011. Que vinho excepcional!

Encostas do Trogão Reserva 2011

Então decidi que degustaria um novo rótulo de Trás-os-Montes! Não poderia parar no Encostas do Trogão de maneira nenhuma! Era preciso, claro, garimpar, buscar avidamente, afinal, não são muitos os rótulos dessa região ofertados por aí. E encontrei! E melhor: encontrei um rótulo da safra 2012! Com 11 anos de garrafa! O que podemos esperar? O valor estava atraente, na faixa dos R$80! Não hesitei e comprei!

Mas decidi que não levaria muito tempo para degusta-lo! A ansiedade era maior e depois de algumas pesquisas que fiz sobre o vinho, para buscar referências sobre, eu descobri um vídeo do “Vinhos de Bicicleta”, um famoso influenciador e vendedor de vinhos que falava sobre a região de Trás-os-Montes e usava, adivinhem, um rótulo para ilustrar a região. Exatamente o mesmo que eu havia comprado.

Então sem mais conversas, vamos ao que interessa, vamos às apresentações do vinho: O vinho que degustei e gostei veio da região portuguesa de Trás-os-Montes e se chama Ribeira do Corso Reserva composto pelas castas Touriga Nacional e Syrah da safra 2012. Antes de detalhar as minhas impressões do vinho falemos de Trás-os-Montes.

Trás-os-Montes

Já durante a ocupação dos romanos se cultivava a vinha e se produzia vinho na região de Trás-os-Montes. Situada no nordeste de Portugal, a província de Trás-os-Montes e Alto Douro é um lugar onde a identidade portuguesa, fruto de tradições culturais enraizadas, sobreviveu como em nenhuma outra região do país lusitano. O seu conhecido isolamento, bem como o alto índice de emigração e despovoamento, são características que acompanham a região há muito tempo.

Situada a Norte de Portugal a Região de Trás-os-Montes revela-se por entre montes e pronunciados vales numa grande área de extensão. Esta é uma Região única com características especiais. Em toda a região o cenário muda rapidamente, entre exuberantes vales verdejantes, ou colinas antigas cobertas por uma colcha de retalhos de bosques, ou olivais verde-cinza, extensas vinhas verdes brilhantes, ou amendoeiras floridas e outras árvores de fruto.

Sua capital é a cidade de Vila Real, e, ao longo da história, sofreu diversas modificações em seu território e nas atribuições administrativas. Desde o século XV, passou de Comarca a Província, e suas fronteiras territoriais, cujos limites foram se adequando com a aquisição ou perda de regiões, já não são as mesmas da época de sua fundação. Atualmente, é formada por três sub-regiões: Chaves, Valpaços e o Planalto Mirandês.

Na sub-região de Chaves a vinha é plantada nas encostas de pequenos vales, onde correm os afluentes do rio Tâmega. A sub-região de Valpaços é rica em recursos hídricos e situa-se numa zona de planalto. No Planalto Mirandês é o rio Douro que influencia a viticultura.

Trás-os-Montes

O cultivo da vinha e a produção de vinho na Região de Trás-os-Montes tem origem secular, estando esta intrinsecamente marcada nas suas rochas, uma vez que por toda a região existem vários lagares cavados na rocha de origem Romana e Pré-Romana. A existência de vinhas velhas com castas centenárias marca também de uma forma muito peculiar a qualidade reconhecida dos vinhos desta região.

As paisagens desta província apresentam uma beleza natural e rural exuberante, sendo suas terras ricas em cerais, legumes e frutos como amêndoas e cerejas, além das oliveiras que produzem azeites. Para completar, ainda existe a cultura vitivinícola, que, com as inúmeras vinhas da região, fazem de Trás-os-Montes e Alto Douro um destino turístico perfeito para os amantes da gastronomia e do vinho de alta qualidade. Montes é uma das regiões mais ricas em descobertas arqueológicas. Destacam-se as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, assim como dólmenes e povoados do período neo-eneolítico.

Trás-os-Montes é uma região montanhosa, caracterizada por sua diversidade de relevo e de clima – altitude, temperatura, pluviosidade, solo, etc, variam conforme cada cidade da província. As diferenças são bastante acentuadas. De maneira geral, seu relevo é formado por uma série de elevadas plataformas onduladas atravessadas por vales e bacias profundas, os solos se apresentam como graníticos, mas com presença importante de xisto.

Trás-os-Montes tem clima com influência mediterrânico-continental, com áreas de muito frio nas partes mais altas e outras mais quentes na região do Douro. A natureza privilegiada é fonte de riqueza para a região: os recursos hídricos, com rios importantes, por exemplo, são utilizados para gerar energia elétrica e produzir água mineral.

Essas diferenças climáticas acentuadas permitiram definir três sub-regiões para a produção de vinhos de qualidade com direito a DO Trás-os-Montes. Os critérios tidos em conta foram essencialmente as altitudes, exposição solar, clima e a constituição dos solos, tendo sido a Denominação de Origem (DO Trás-os-Montes) reconhecida a partir de 9 de Novembro de 2006 (Portaria n.º 1204/2006).

No que se refere aos vinhos com Identificação Geográfica Transmontano, estes podem ser produzidos em toda a Região, sendo que a Indicação Geográfica Transmontano (IG Transmontano), foi reconhecida a partir de 9 de Novembro de 2006 (Portaria n.º 1203/2006).

Outra possibilidade de riqueza retirada da natureza da região são as vinhas dispostas nos vales que circundam o Douro e que originam vinhos excelentes e apreciados no mundo todo. O principal deles: o famoso Vinho do Porto. A vitivinicultura em Trás-os-Montes e Alto Douro tem história e tradição.

Além de ter sido a primeira região regulamentada para produção vinícola do mundo, em 1756, foi reconhecida pela UNESCO, em 2001, como Património da Humanidade por causa da beleza de suas vinhas. Quanto à produção, 50% dos vinhos elaborados nas vinícolas da região são destinadas para o Vinho do Porto, a outra metade se dedica à produção de vinhos que utilizam a denominação de origem controlada (DOC) “Douro”, e que são tão diversos quanto os microclimas e solos da província.

O controle e a defesa da Denominação de Origem e Indicação Geográfica são da responsabilidade da entidade certificadora “Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes” esta tem por objetivo, proteger e garantir a qualidade e genuinidade dos vinhos de qualidade produzidos na região de Trás-os-Montes.

Constituída em 1997 a CVRTM, viria ajudar a impulsionar o desenvolvimento da região, e a levar mais alto, aquém e além-fronteiras, os vinhos Transmontanos. Tendo iniciado a sua atividade com apenas um agente económico, esta entidade conta já com 62 associados, que contribuíram para o renascimento da região e para o incremento de qualidade dos seus vinhos, sendo que a sua atividade resulta num volume anual de litros certificados de aproximadamente 3 milhões.

Tradicionalmente, as vinhas são plantadas de maneiras diferentes em Trás-os-Montes, aproveitando toda a diversidade da região. Essa característica se reflete nos vinhos produzidos, que além do vinho do Porto, pode resultar excelentes vinhos tintos e brancos. As castas brancas dominantes são: Côdega do Larinho, Malvasia Fina, Fernão Pires, Gouveio, Rabigato, Síria e Viosinho, e nas tintas Bastardo, Tinta Roriz, Marufo, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Os vinhos brancos são suaves e com aroma floral. Os vinhos tintos são geralmente frutados e levemente adstringentes.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente podem ser referidos alguns traços comuns a todos os vinhos, os vinhos brancos apresentam equilíbrio aromático com grande intensidade de aromas frutados e leves florais, na boca revelam uma acidez correta não sendo excessivamente pronunciada.

No caso dos vinhos tintos, são vinhos com uma intensidade corante muito consistente e elevada, aromaticamente muito frutados, na boca relevam-se estruturados, e apesar dos teores alcoólicos normalmente elevados verifica-se uma acidez fixa correta, tornando-se vinhos robustos, mas agradáveis e muito equilibrados.

E agora finalmente o vinho!

Na taça traz um rubi profundo, escuro, com halos granada, já denotando os seus 11 anos de idade, com lágrimas finas, lentas e em profusão.

No nariz revela a sua complexidade com aromas de frutas pretas bem maduras são sentidas, bem como frutas secas, com destaque para ameixa seca e avelãs. Toques vibrantes de rusticidade também são percebidos, tais como couro, tabaco, mentolado, carpete, estrebaria e discretas notas florais.

Na boca é seco apresentando também aquela complexidade, de um vinho equilibrado, que entrega elegância, maciez, mas personalidade, austeridade, afinal o tempo lhe foi gentil. Preenche a boca por ser alcoólico, frutado e um discreto residual de açúcar que lembra mel. Tem taninos marcados, porém domados e redondos, com uma incrível acidez, vívida e salivante, com notas de especiarias picantes, uma leve picância que remete a pimenta preta. Tem um final de média persistência.

O “Barolo Português”! Assim chamou o Rodrigo Ferraz, do “Vinhos de Bicicleta” sobre os tintos de Trás-os-Montes. Se é um exagero de comerciante eu não sei dizer. Mas em seu vídeo, que está disponível nesta resenha, ele faz uma completa e detalhada, sob o aspecto do clima e geologia, correlação das regiões de Barolo, no Piemonte, bem como a de Trás-os-Montes e definitivamente traz uma incrível consistência em sua fala. Consistente é este belíssimo vinho no auge dos seus 11 anos de vida! E que evolução estupenda, ainda vivo, pleno, mas elegante e macio. A complexidade é a tônica deste rótulo. Que venham muitos e muitos trasmontanos para a minha reles e humilde adega. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa Ribadouro:

A Cooperativa Ribadouro situa-se no Nordeste de Portugal, na região de Trás-os-Montes, fazendo fronteira com Espanha e produz vinhos tintos, brancos e rosés encorpados. A região vitivinícola Trás-os-Montes situa-se perto do Vale do Douro e da sua Região Demarcada, onde são produzidos os conhecidos “Vinhos do Porto” e centrada na Vila de Miranda do Douro com três sub-regiões: Chaves, Planalto Mirandês e Valpaços.

A região foi inicialmente considerada “Indicação de Proveniência Regulamentada ” (Região IGP), mas em 2006, passou a ser considerada como região “Denominação de Origem Controlada” (DOC). Os nossos vinhos são produzidos na sub-região do Planalto Mirandês a partir das castas locais: Bastardo, Guveito, Malvasia Fina, Mourisco Tinto, Rabo de Ovelha, Tinta Amarela, Touriga Francesa, Touriga Nacional e Viosinho.

A empresa começou a funcionar a 3 de Fevereiro de 1959. A mensagem principal “para continuar a tradição…” expressa o nosso amor pelo vinho e pelas tradições da região Norte de Portugal.

Produzem quatro rótulos de vinho – Pauliteiros, Mirandum, Lhéngua Mirandesa IGP e Ribeira do Corso D OC. Cada nome de vinho tem sua história e reflete nossas tradições nos nomes e no sabor do vinho.

Mais informações acesse:

http://ribadourowine.blogspot.com/

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/tras-os-montes/doc-tras-os-montes/

“Wine Tourism Portugal”: https://www.winetourismportugal.com/pt/regioes/tras-os-montes/

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/tras-os-montes-e-alto-douro-um-paraiso-vinicola-em-portugal/

“Instituto da Vinha e do Vinho”: https://www.ivv.gov.pt/np4/76/

“Infovini”: http://www.infovini.com/pagina.php?codNode=3891

 

 













quinta-feira, 22 de julho de 2021

Encostas do Trogão Reserva tinto 2011

 

Costumo dizer, até de forma demasiada, de que Portugal, mesmo que tão pequeno, em dimensões territoriais, é significativo e gigante em seus diversificados terroirs, é um universo inexplorado e maravilhoso, ainda há muito a se degustar, muitas regiões a se descobrir e vinhos nas suas mais propostas. Por isso que é impossível alguém, um digno enófilo que seja que não aprecie os vinhos lusitanos.

E melhor que descobrir novos terroirs, novas regiões, novos vinhos e novas propostas são conhecê-los nos famosos e imprescindíveis eventos de vinhos, aqueles festivais de degustação que temos a nossa disposição. Eu estive em um, no ano de 2017, na minha cidade, em Niterói, de um evento de degustação de um grande supermercado local, o Festival de Vinhos Supermercado Real 2017, onde os rótulos expostos para degustação eram os mesmos que estavam sendo ofertados em suas filiais. 

Já para o final do evento, eu já estava praticamente me preparando para deixar o local do evento e vi, ao longe, um estande, até pouco procurado e com poucos rótulos disponíveis para degustação e vi um rótulo, simples, mas que me chamou a atenção pela região que confesso não conhecia para a produção de vinhos: Trás-os-Montes. É uma região conhecida, mas não sabia que se produziam vinhos por lá, nunca degustei, claro, que isso me atraiu e decidi degusta-lo. Que vinho maravilhoso e surpreendente era! Degustei primeiro o reserva, depois o mais básico, ambos tintos e depois um branco. Todos excelentes!

Pensei: tomara que esse vinho tenha no mercado mais próximo da minha casa! Uma semana após o evento de degustação, decidi ir ao supermercado para comprar alguns vinhos, sobretudo os que degustei no evento e gostei, inclusive esse rótulo de Trás-os-Montes. E logo quando adentrei o mercado, não é que localizei o vinho!! Não hesitei e coloquei o rótulo em meu carrinho de compras e levei-o, entre outros rótulos, para casa.

Demorei um pouco para degusta-lo, cerca de um ano, aproximadamente. Mas decidi, em dado momento, que precisava degusta-lo, até porque era um vinho da safra 2011 e já estava com cerca de 7 anos de vida! O vinho que degustei e gostei, como disse, veio das terras portuguesas de Trás-os-Montes e se chama Encostas do Trogão Reserva, com um blend das castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Trincadeira da safra 2011. E como o Trás-os-Montes era, até então, uma região vinícola nova para mim, nada mais prudente falar um pouco sobre ela.

Trás-os-Montes: Os vinhos trasmontanos

Já durante a ocupação dos romanos se cultivava a vinha e se produzia vinho na região de Trás-os-Montes. Situada no nordeste de Portugal, a província de Trás-os-Montes e Alto Douro é um lugar onde a identidade portuguesa, fruto de tradições culturais enraizadas, sobreviveu como em nenhuma outra região do país lusitano. O seu conhecido isolamento, bem como o alto índice de emigração e despovoamento, são características que acompanham a região há muito tempo.

Sua capital é a cidade de Vila Real, e, ao longo da história, sofreu diversas modificações em seu território e nas atribuições administrativas. Desde o século XV, passou de Comarca a Província, e suas fronteiras territoriais, cujos limites foram se adequando com a aquisição ou perda de regiões, já não são as mesmas da época de sua fundação. Atualmente, é formada por três sub-regiões: Alto Trás-os-Montes, Douro e Tâmega.

Trás-os-Montes

As paisagens desta província apresentam uma beleza natural e rural exuberante, sendo suas terras ricas em cerais, legumes e frutos como amêndoas e cerejas, além das oliveiras que produzem azeites. Para completar, ainda existe a cultura vitivinícola, que, com as inúmeras vinhas da região, fazem de Trás-os-Montes e Alto Douro um destino turístico perfeito para os amantes da gastronomia e do vinho de alta qualidade. Montes é uma das regiões mais ricas em descobertas arqueológicas. Destacam-se as estações do paleolítico da serra do Brunheiró e Bóbeda, assim como dólmenes e povoados do período neo-eneolítico.

Trás-os-Montes é uma região montanhosa, caracterizada por sua diversidade de relevo e de clima – altitude, temperatura, pluviosidade, solo, etc, variam conforme cada cidade da província. As diferenças são bastante acentuadas. De maneira geral, seu relevo é formado por uma série de elevadas plataformas onduladas atravessadas por vales e bacias profundas, os solos se apresentam como graníticos, mas com presença importante de xisto. Trás-os-Montes tem clima com influência mediterrânico-continental, com áreas de muito frio nas partes mais altas e outras mais quentes na região do Douro.

A natureza privilegiada é fonte de riqueza para a região: os recursos hídricos, com rios importantes, por exemplo, são utilizados para gerar energia elétrica e produzir água mineral.

Essas diferenças climáticas acentuadas permitiram definir três sub-regiões para a produção de vinhos de qualidade com direito a DO Trás-os-Montes. Os critérios tidos em conta foram essencialmente as altitudes, exposição solar, clima e a constituição dos solos, tendo sido a Denominação de Origem (DO Trás-os-Montes) reconhecida a partir de 9 de Novembro de 2006 (Portaria n.º 1204/2006).

Outra possibilidade de riqueza retirada da natureza da região são as vinhas dispostas nos vales que circundam o Douro e que originam vinhos excelentes e apreciados no mundo todo. O principal deles: o famoso Vinho do Porto. A vitivinicultura em Trás-os-Montes e Alto Douro tem história e tradição. Além de ter sido a primeira região regulamentada para produção vinícola do mundo, em 1756, foi reconhecida pela UNESCO, em 2001, como Património da Humanidade por causa da beleza de suas vinhas. Quanto à produção, 50% dos vinhos elaborados nas vinícolas da região são destinadas para o Vinho do Porto, a outra metade se dedica à produção de vinhos que utilizam a denominação de origem controlada (DOC) “Douro”, e que são tão diversos quanto os microclimas e solos da província.

Tradicionalmente, as vinhas são plantadas de maneiras diferentes em Trás-os-Montes, aproveitando toda a diversidade da região. Essa característica se reflete nos vinhos produzidos, que além do vinho do Porto, pode resultar excelentes vinhos tintos e brancos. As castas brancas dominantes são: Côdega do Larinho, Malvasia Fina, Fernão Pires, Gouveio, Rabigato, Síria e Viosinho, e nas tintas Bastardo, Tinta Roriz, Marufo, Touriga Franca, Touriga Nacional e Trincadeira. Os vinhos brancos são suaves e com aroma floral. Os vinhos tintos são geralmente frutados e levemente adstringentes.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e profundo, mostrando-se um pouco caudaloso, com lágrimas finas e abundantes que teimavam em se dissipar.

No nariz há um destaque para um mix de frutas vermelhas e negras, onde se destacam a ameixa, cereja e amora, sendo muito complexo nesse sentido, com toques evidentes de especiarias, algo como tabaco, uma linha bem herbácea, diria. Um vinho ainda vivo e fresco, apesar dos 7 anos de safra à época.

Na boca é estruturado, redondo, harmonioso, com o protagonismo das frutas vermelhas e negras, mas muito vívido, pleno, com uma boa acidez ainda, com taninos maduros, presentes, mas domados devido ao tempo de vida do vinho, com um final voluptuoso e frutado. Não tem passagem por barricas de carvalho, estagia em cubas de aço inox e 12 meses em garrafa antes de sair da vinícola o que mostra o seu incrível equilíbrio.

Essa degustação foi deveras significativa, não apenas pelo fato de ter sido o meu primeiro rótulo da região de Trás-os-Montes, mas também pela relevância e qualidade deste belíssimo vinho, ainda mais que descobri, quando busquei maiores informações sobre o rótulo de que o ano de 2011 para a vitivinicultura portuguesa foi extremamente produtiva e significativa, sendo uma das melhores de todos os tempos. Que momento especial eu tive com esse grande vinho! Preocupado com possíveis borras que poderia encontrar com o tempo de safra deste vinho decidi decanta-lo, mas não precisou, não tinha sequer um sedimento, nada, e o vinho estava ótimo, muito equilibrado, harmonioso e que o produtor, acertadamente, decidiu não repousá-lo em madeira, elevando ainda mais as características de cada cepa, destacando-se as frutas, a acidez e os taninos que em um impressionante equilíbrio, brilharam sem um ofuscar o outro. Um vinho de 8 anos de vida quando o degustei, mas cheio de vida, personalidade e pegada. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Cooperativa de Rabaçal:

Com cerca de 400 associados, oriundos dos concelhos de Vinhais, Valpaços, Mirandela e Macedo de Cavaleiros, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L.recebe 1,5 milhões de quilos de uvas de uma zona de transição entre a Terra Quente e a Terra Fria, que garante um grau surpreendente em todos os néctares que ali são vinificados.

A reconversão da vinha que está em curso e a aposta nas castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Trincadeira e Tinta Roriz já está a dar os seus frutos ao nível da qualidade do produto final. Ao nível da promoção, a adega que labora em Rebordelo vive um período de evolução, bem patente na criação de uma imagem institucional que simboliza o vinho e os quatro concelhos produtores.

No que se refere à tipicidade dos vinhos da região de Trás-os-Montes, para além da diversidade existente, a base dos mesmos assenta nas especificidades únicas das nossas castas.

“Porque o mundo é um mar de oportunidades e também de desafios, hoje globais; porque acreditamos que, para além de nos inserirmos num país que se afirma cada vez mais enquanto produtor de vinhos de excelência e também numa região privilegiada, Trás-os-Montes, a Adega Cooperativa de Rabaçal, C.R.L. afirma-se com base nos efetivos vitícolas da Adega, que a alimentam com as melhores castas autóctones, mantidas por várias gerações, num percurso que se aprimorou cada vez mais a nossa região, cultura e história, numa descoberta, aqui de novos «territórios sensoriais», os seus vinhos”.

Filosofia do produtor

Mais informações acesse:

http://www.adegarabacal.com/www/default.asp

Referências:

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/tras-os-montes/doc-tras-os-montes/

“Wine Tourism Portugal”: https://www.winetourismportugal.com/pt/regioes/tras-os-montes/

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/tras-os-montes-e-alto-douro-um-paraiso-vinicola-em-portugal/

Degustado em: 2018