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segunda-feira, 10 de março de 2025

BaglioRe Nero D'Avola 2021

 



Vinho: BaglioRe

Safra: 2021

Casta: Nero d’Avola

Região: Sicília

País: Itália

Produtor: Cusumano

Adquirido: Site World Wine

Valor: R$ 94,00

Teor Alcoólico: 13%

Estágio: 5 meses em contato com borras finas em tanques de aço inoxidável.

 

Análise:

Visual: apresenta uma coloração rubi com média intensidade, com halos violáceos e lágrimas em abundância, lentas e viscosas.

Nariz: aromas de frutas vermelhas maduras, com destaque para framboesa, cereja, morango, um transborde de frutas, como se fora uma cesta de frutas. As notas herbáceas, de especiarias são percebidas também, algo como pimenta preta, além de couro e tabaco.

Boca: é fresco, macio, mas com personalidade e volume de boca, corroborados pelos taninos adstringentes e presentes, porém não incomoda. O frutado também tem destaque, como no aspecto olfativo. Toques instigantes de café torrado e chocolate são sentidos. A rusticidade, típica da cepa, também é notada, com notas vegetais, de especiarias e herbáceas. Final cheio, longo e persistente.

 

Produtor:

https://cusumano.it/en/

 


domingo, 19 de janeiro de 2025

Terre di Vita Lucido (Catarratto) 2021

 



Vinho: Terre di Vita

Safra: 2021

Casta: Lucido (Catarratto)

Região: Sicília

País: Itália

Produtor: Cantine Colomba Bianca

Adquirido: Wine

Valor: R$ 54,90

Teor Alcoólico: 12,5%

 

Análise:

Visual: revela um amarelo palha, tendendo para o dourado, com discretos reflexos esverdeados muito brilhantes, com rápidas e finas lágrimas coloridas.

Nariz: explodem os aromas de frutas cítricas e tropicais, com destaque para o abacaxi, pera, melão, tangerina e maçã verde. As notas minerais e salinas trazem frescor e leveza, com aquela sensação de grama cortada, além de especiarias.

Boca: o primeiro ataque traz a frutas, tão marcante no aspecto olfativo. É fresco, leve, saboroso e ótimo para o cotidiano, mas, por outro lado, tem um caráter marcante, corroborado por um dulçor elegante e discreto. A acidez é gostosa, média que te estimula a cada degustação, com um final longo e de retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://colombabianca.com/?lang=en

 


domingo, 5 de janeiro de 2025

BaglioRe Chardonnay 2020

 



Vinho: BaglioRe

Safra: 2020

Casta: Chardonnay

Região: Sicília

País: Itália

Produtor: Cusumano

Adquirido: Site World Wine

Valor: R$ 94,00

Teor Alcoólico: 13%

 

Análise:

Visual: revela um lindo amarelo de tonalidade dourada, com brilho, já denunciando seus cinco anos de garrafa, com razoável concentração de lágrimas, finas e lentas.

Nariz: aromas agradáveis de frutas brancas maduras, com destaque para pêssego, lembra pêssego em calda, melão, além de um discreto cítrico que traz ainda uma sensação de frescor e de leveza. Algo de herbáceo e uma mineralidade que confirma a frescura.

Boca: a primeira impressão é de personalidade marcante, com persistência, mas que confirma, por intermédio de sua nota frutada, apesar de madura, um frescor. A acidez é discreta, em virtude do tempo, mas ainda resiste, sugerindo um pouco mais de capacidade de guarda. Ao longo da degustação surgem camadas interessantes de mel, um amargor agradável e um final longo.

 

Produtor:

https://cusumano.it/en/


domingo, 3 de novembro de 2024

Miral Grillo 2021

 



Vinho: Miral

Safra: 2021

Casta: Grillo

Região: Sicília

País: Itália

Produtor: Cantine Fina

Adquirido: Wine

Valor: R$ 45,90

Teor Alcoólico: 13,5%

 

Análise:

Visual: apresenta um envolvente amarelo que tendendo para o dourado com reflexos esverdeados, além de uma quantidade atípica de lágrimas que, em profusão, confirma seu alto teor alcoólico.

Nariz: traz aromas destacados de frutas brancas de caroço e tropicais, bem maduras, com destaque para maçã, damasco, pêssego, além de melão. Os tons herbáceos confirmam seu frescor, algo de “grama cortada”, com um tom de mineralidade que faz do vinho especial.

Boca: é saboroso, frutado, persistente, gozando de personalidade, sem perder a leveza e frescor. A personalidade é garantida por uma untuosidade, típica da casta, com acidez média, com final longo, persistente, de retrogosto frutado.

 

Produtor:

https://cantinefina.it/


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Gazzerosse Nero D'Avola 2020

 



Vinho: Gazzerosse

Safra: 2020

Casta: Nero D’Avola

Região: Mazara del Vallo, Sicília

País: Itália

Produtor: Cantina Gazzerosse

Adquirido: Site Sonoma Market

Valor: R$ 77,90

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 6 meses em barricas de carvalho.

 

Análise:

Visual: apresenta uma cor rubi intensa, fechada, intransponível, com halos granada. Tem lágrimas finas, lentas e em profusão.

Nariz: aromas sedutores de frutas vermelhas e pretas maduras, complementados por sutis notas de especiarias, como cravo e pimenta preta, além de notas discretas de carvalho que entregam baunilha. As notas herbáceas também são percebidas. A rusticidade tem destaque neste complexo aroma.

Boca: se revela expressivo, destacando-se pela sua estrutura e personalidade, mas, também traz maciez, elegância. A fruta é replicada no paladar, como no aspecto olfativo, os taninos marcados, presentes e a acidez com alguma vivacidade, apesar dos seus quatro anos de garrafa. Tem uma pegada amadeirada mais evidente, porém bem integrada, com final longo e cheio.

 

Produtor:

https://www.gazzerosse.it/


quarta-feira, 3 de abril de 2024

Famiglia Castellani Pinot Grigio 2021

 



Vinho: Famiglia Castellani

Casta: Pinot Grigio

Safra: 2021

Região: Sicília

País: Itália

Produtor: Famiglia Castellani

Teor Alcoólico: 12%

Adquirido: Evino

Valor: R$ 54,90

 

Análise:

Visual: apresenta um amarelo pálido, claro com evidentes reflexos esverdeados.

Nariz: revela aromas intensos de frutas brancas e cítricas, com destaque para maçã-verde, lichia, tangerina e abacaxi. Há um toque delicado de flores brancas e de ervas, algo como grama cortada também.

Boca: é fresco, leve, jovem, confirmando as notas frutadas, com acidez média, porém refrescante, com um final de média persistência.

 

Produtor:

https://www.castelwine.com/


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Cardilla Frappato 2021

 



Vinho: Cardilla

Safra: 2021

Casta: 100% Frappato (Sobre a casta acesse aqui)

Região: Sicília

País: Itália

Produtor: Cantine Pellegrino

Teor Alcoólico: 13%

 

Análise:

Visual: rubi vivo, pleno, brilhante com belos reflexos violáceos.

Nariz: aromas de frutas vermelhas frescas, fresco, com toques de especiarias, como pimenta e cravo.

Boca: as notas frutadas também são percebidas, com muito frescor, alguma personalidade, com taninos sedosos e acidez salivante. Final com persistência.

 

Sobre o Produtor:

https://www.carlopellegrino.it/


quarta-feira, 15 de março de 2023

Canceddi Vermentino 2019

 

Mais um vinho da série: castas novas para mim! Como é bom ter centenas e centenas de castas que ainda não degustamos catalogadas e à disposição para todos os enófilos que decide, claro, garimpar, buscar novas experiências, novas sensações.

E essa casta de hoje, tipicamente italiana, eu já conhecia, porém nunca tinha tido a oportunidade de comprar, de degustar e um dos motivos, é claro, era o valor. Alguns “exemplares” são muito caros, talvez pela baixa oferta de alguns rótulos em nosso mercado de vinhos, um tanto quanto “escravizado” pelas castas de sempre.

Mas ela é muito popular na Itália, sobretudo no noroeste deste país, bem amplamente cultivada em algumas regiões vinícolas ao redor do Mediterrâneo, sul da França e nas ilhas vizinhas de Sardenha e Córsega.

Não precisamos dizer que ela deve trazer algo de “solar”, um frescor, leveza, mas que certamente goza de alguma personalidade. Falo da Vermentino. Não precisa dizer do quão animado e ansioso para degusta-la!

E o rótulo de hoje teve um estímulo extra para a compra. Não foi apenas pelo fato de ser de uma casta que nunca degustei, o que já é bem relevante, mas também por ter degustado um vinho de outra casta que, até então, era nova para mim: a Grilo, igualmente típica da Itália, de regiões igualmente quentes.

Quando eu degustei o Canceddi Grillo da safra 2019 e vi o vinho, do mesmo produtor e da mesma linha de rótulos, da casta Vermentino, não hesitei muito e decidi compra-lo, sem contar também que o valor estava deveras atraente.

Então sem mais delongas vamos às apresentações que já foram feitas, basicamente. O vinho que degustei e gostei veio da ótima e querida região da Sicília, no sul da Itália, e se chama Canceddi Vermentino da safra 2019. E para variar vamos de história, vamos de Sicília e da cepa Vermentino. 

Sicília

A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo. É uma ilha vulcânica repleta de praias lindas, paisagens espetaculares e uma arquitetura interessante. Fruto da mistura de civilizações que habitaram a ilha e da cálida hospitalidade de seu povo. A Passagem de diversos povos através durante séculos, a Sicília tornou-se um entreposto importante no Mediterrâneo. É um destino desejado para todo viajante. Mas a Sicília não é apenas conhecida pela exuberante natureza, mas também se destaca quando o assunto é vinho. E isso teve influências na sua cultura e, claro, no seu vinho.


Foram os fenícios que iniciaram o cultivo da videira e a elaboração do vinho na Sicilia, porém foram os gregos que introduziram as cepas de melhor qualidade. Alguns historiadores relatam que antigamente na região de Siracusa (província siciliana), havia um vinho chamado Pollios, em homenagem a Pollis de Agro (que foi um ditador nessa região), que se tornou famoso na Sicilia no século VIII-VII a.C.. 

Esse vinho era um varietal de Byblia, uva originária da área mais oriental do Mediterrâneo, dos montes de Biblini na Trácia (antiga região macedônica que hoje é dividida entre a Grécia, Turquia e Bulgária). O historiador Saverio Landolina Nava (1743-1814) relatou que o Moscato de Siracusa deriva desse vinho de Biblini, sendo classificado como o vinho mais antigo da Itália.

Já o vinho doce Malvasia delle Lipari (Denominação de Origem do norte da Sicilia) parece ter sua origem na época da colonização grega na Sicilia. Lipari é uma cidade que pertence ao arquipélago das ilhas Eólicas.

Durante o Império Romano, o também vinho doce Mamertino (outra Denominação de Origem) produzido no norte da Sicilia, era muito apreciado por muitos, inclusive por Júlio César e era exportado para Roma e África.

A viticultura na região sofreu uma grande redução com a queda do Império Romano, porém durante a dominação árabe foi introduzida a variedade de uva Moscatel de Alexandria na ilha Pantelleria, que mantém ainda hoje ali o nome árabe Zibibbo. Os árabes introduziram na Sicília suas técnicas de viticultura e também o processo de passificação das uvas.

No século XVIII a indústria enológica na Sicilia teve um grande avanço e começou a produzir o vinho de Marsala que conta atualmente com uma Denominação de Origem Protegida. Esse vinho se tornou conhecidíssimo no resto da Europa graças a um navegante e comerciante inglês chamado John Woodhouse, que ancorou sua embarcação no porto de Marsala para se proteger de uma tempestade. Foi quando provou o vinho local e se apaixonou, resolvendo levar alguns barris para a Inglaterra. O vinho de Marsala fez tanto sucesso por lá que Woodhouse começou a investir na Sicilia comprando vinhedos e construindo vinícolas para produzir vinho de Marsala, se tornando um empresário do setor vitivinícola de grande êxito.

Como na maioria dos vinhedos da Europa, a Phylloxera também atingiu a ilha Salinas, no norte da Sicilia, provocando uma devastação dos vinhedos que foram se recuperando gradativamente com a plantação de novos vinhedos e a criação em 1973 da Denominação de Origem Malvasia delle Lipari.

A região possui um clima e um solo que favorecem muito a viticultura e a elaboração de vinhos, sendo uma das principais atividades econômicas da ilha italiana. A topografia é variada, formada por colinas, montanhas, planícies e o majestoso vulcão Etna. Encontramos vinhedos por toda parte, que vão das colinas até a parte costeira.

Nas colinas os vinhedos são cultivados em terrazas que chegam inclusive a uma altitude de 1.300 metros, o que as videiras adoram, pois proporciona muita luminosidade e uma ótima drenagem. Encontramos vinhedos também na parte costeira da ilha.

O clima na Sicília é mediterrâneo, mais quente na área mais costeira e no interior da ilha é temperado e úmido, podendo ás vezes apresentar temperaturas bem elevadas por influência de ventos procedentes da África. Também possui uma quantidade grande de microclimas por causa da influência do mar. As chuvas são mais comuns durante o inverno com cerca de 600mm anuais. Os vinhedos sicilianos necessitam, portanto, serem regados.

O solo na ilha é muito variado e rico em nutrientes em razão das erupções vulcânicas do Etna. Encontramos solos arenosos, argilosos e de composição calcária. Em uma parte da ilha o solo é constituído de gneiss, que é um tipo de rocha metamórfica composta de granito. Em quase todas as localidades da Sicília se elaboram vinhos, e essas regiões vitivinícolas contam com várias DOC.

As principais castas tintas produzidas na Sicília são: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Nerello Mascalese, Nerello Capuccio, Frappato, Sangiovese, Nero d’Avola e Pinot Nero. Já as brancas destacam-se: Grillo, Catarrato, Carricante, Inzolia, Moscato di Panteleria, Grecanico, Trebbiano Toscano, Malvasia, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Vermentino

A Vermentino é uma uva branca amplamente cultivada em diversas regiões vinícolas ao redor do Mediterrâneo, como no noroeste da Itália, sul da França e nas ilhas vizinhas de Sardenha e Córsega. A Vermentino é conhecida por diversos nomes, tais como Pigato, Favorita, Malvoisie de Corse e Rolle.

Não há consenso sobre a origem da Vermentino. De um lado, há quem acredite que ela seja originária do noroeste da Itália, possivelmente da Liguria, muito usada na elaboração dos vinhos brancos conhecidos como “Colli di Luni”, ou mesmo do Piemonte, onde é conhecida como Favorita. Por outro lado, há quem aposte que ela seja originária da Espanha, tendo chegado à Córsega na época em que a região era controlada pela Coroa espanhola.

Já em Bolgheri, região próxima a Toscana, a Vermentino produz alguns dos melhores e mais ricos vinhos italianos. Graças ao clima da Toscana, quente e com alta incidência solar, e às modernas técnicas de vinificação, essa variedade de uva dá origem a vinhos cuja complexidade aromática pode ser comparada aos elaborados com a casta Viognier.

Em outra região da Itália, na Sardenha, a uva Vermentino tornou-se ícone na produção de bons vinhos brancos. Na área, a variedade possui sua própria denominação regional, o Vermentino di Sardegna, e é utilizada na elaboração de um dos melhores vinhos italianos, o Vermentino di Gallura.

No sul da França, conhecida tradicionalmente como Rolle, a uva Vermentino foi autorizada na produção de vinhos AOC apenas nos últimos 20 anos. Anteriormente, a variedade era restrita na elaboração do Vin de Pays – IGP, em especial, os vinhos brancos Bellet, produzidos com, no mínimo, 60% da Vermentino.

Pequenos produtores nos Estados Unidos começaram a produzir vinhos Vermentino, em especial, na Califórnia. Entretanto, a variedade ainda não atingiu a popularidade desfrutada pela uva Chardonnay, Sauvignon Blanc e Pinot Grigio. O enorme prestígio das três variedades de uvas tem desempenhado um papel fundamental na crescente popularidade da casta Vermentino na Austrália, onde inúmeras adegas têm oferecido seus vinhos como uma alternativa refrescante para o dia a dia.

De forma geral, os vinhos produzidos com a Vermentino são bastante variados. Há os delicados e frescos, mas também os estruturados e potentes. Os aromas mais comuns são de pera, maçã, flores brancas, amêndoas, hortelã, erva-doce e tomilho. Aromas e sabores minerais aparecem frequentemente. Em boca, um leve amargor no final é característica marcante da casta.

Segundo dados da OIV, a área plantada de Vermentino ao redor do mundo, em 2015, era de 11.155 hectares. A grande maioria destes vinhedos (cerca de 98% da área plantada) situava-se na Itália e França. Na Itália eram 5.625 hectares (50,4%), enquanto a França contava então com 5.378 hectares (48,2%). Porém, por conta do acelerado crescimento dos vinhedos na França nos últimos cinco anos, sobretudo no Languedoc-Roussillon, a Itália deve perder a liderança quando da divulgação de estatísticas mais recentes. Na França existam cerca de 2.800 hectares de vinhedos de Vermentino em 1998, área que passou para mais de 6.300 hectares em 2018.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um lindo e reluzente amarelo ouro, um pouco mais para o claro, com discretas e rápidas lágrimas finas.

No nariz traz a sutileza e delicadeza do frescor e leveza, com aromas de frutas de polpa branca e cítricas com destaque para a maçã verde, abacaxi, pera, maracujá, com um toque floral agradável, como se estivéssemos a caminhar em um campo com flores brancas, além do herbáceo evidente, bem como a salinidade, a mineralidade.

Na boca é leve, fresco, refrescante, mas que goza de alguma personalidade, graças a uma intrigante untuosidade que o torna saboroso e volumoso no palato. Protagoniza, como no aspecto olfativo, as notas frutadas, cítricas e de polpa branca e também a salinidade, a mineralidade, com uma acidez instigante, média, que saliva, com um azedo gostoso, típico da casta e um final persistente.

É um prazer que não se cessa quando se degusta, pela primeira vez, vinhos cujas castas ou regiões não conhecia. E degustar uma casta pouquíssima conhecida em nossas terras, embora goze de popularidade em terras italianas, considero esse momento especial. Um vinho simples, com uma proposta direta, mas singular no seu momento em que envolve tantas gratas novidades. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Mandrarossa:

Criada em 1999 graças a um estudo que durou mais de 20 anos, que levou à seleção das melhores combinações variedade/terroir: os habitats ideais que permitem a cada casta expressar plenamente o seu potencial.

Depois de fundar a Marca, fruto de anos de estudos de mapeamento de solos, a pesquisa continuou a ser o fio condutor dos vinhos sicilianos inovadores. No território de Menfi, onde é criada a Mandrarossa, o comportamento de outras variedades foi monitorado em 5 campos experimentais. Intensas atividades de microvinificação foram realizadas levando à introdução de novos vinhos na linha de produtos ao longo do tempo, alguns dos quais únicos para o panorama siciliano.

A ambição de Mandrarossa é grande e, a partir de 2014, uma equipa internacional de enólogos, agrônomos e especialistas em terroir, lançou um importante estudo científico sobre os solos calcários, levando à produção de dois vinhos Contrada.

Sobre a Vinícola Settesoli:                                         

Cantine Settesoli é uma grande cooperativa vinícola siciliana que exporta um grande volume de vinhos de valor sob as classificações Sicilia DOC bem como Terre Siciliane IGT.

A empresa foi fundada em Menfi em 1958 por um grupo de agricultores no momento em que eclodia uma crise econômica na região. Settesoli agora tem mais de 2.000 viticultores membros, com vinhedos totalizando então cerca de 6.500 hectares.

A empresa inicialmente vendia apenas a granel, mas começou a engarrafar seus próprios vinhos em 1974. Settisoli começou a se concentrar em variedades locais como Grecanico, Inzolia e Nero d’Avola, e em seguida, em meados da década de 1980, começaram a plantar variedades importadas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Sauvignon Blanc e Chardonnay.

Settesoli é a linha principal de vinhos varietais, enquanto o rótulo Mandrarossa é a camada superior. Inycon é, de fato, a marca exclusiva para exportação da empresa, lançada em 1999.

Mais informações acesse:

https://www.mandrarossa.it/en

https://www.cantinesettesoli.it/

Referências:

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/04/sicilia/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/290-sicilia-o-continente-do-vinho

“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-da-sicilia-italia/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/vermentino

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2022/02/uva-vermentino/

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-vermentino/

“Wine Fun”: https://winefun.com.br/vermentino-conheca-uma-das-uvas-que-mais-vem-ganhando-espaco-na-europa/

 

 








terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Trisole Nero d'Avola 2019

 

Acho que tenho sido, nos meus últimos textos, neste humilde e reles blog, um tanto quanto repetitivo, quase que redundante. Mas eu não posso, na realidade não consigo negligenciar o fato de degustar castas pouco conhecidas e/ou badaladas, aquelas que não estão na boca, ou melhor, na taça de todos os bons enófilos.

Regiões especiais, terroirs únicos trazem boas castas, vinhos de grande tipicidade, são quesitos que nos arrebata, nos entusiasma. Talvez esses sejam bons argumentos para se falar sempre e sempre sobre isso. Sim essa é a palavra: Entusiasmo!

E a casta que degustarei hoje não é exatamente uma novidade, mas ela não é exatamente a síntese do glamour de algumas cepas espalhadas por aí. Eu já a degustei em um momento de enófila vida, porém já tem algum tempo, põe tempo nisso.

Mas lembro do quão interessante e pouco exótico foi degusta-la. Ela veio da Itália, ela veio de um pequeno vilarejo chamado Avola. Acredito que já tenha dado a resposta da casta, mas talvez não, porque ela ainda não é tão conhecida por aqui no Brasil.

Por incrível que pareça até mesmo neste pequeno local onde é oriunda não gozava de tanta popularidade, mas vem ganhando alguma repercussão por lá e isso está se “alastrando” pelo mundo, reforçando a sua exportação para alguns países.

Para alguns especialistas em vinhos a Nero d’Avola, a protagonista de hoje, é considerada como uma alternativa para os vinhos frutados e estruturados como a Cabernet Sauvignon, por exemplo, e vem se destacando, ganhando espaço na carta de restaurantes, nos e-commerces e gôndolas de supermercados pelo mundo.

Porém está além de uma mera comparação com a rainha das uvas tintas, mas uma ótima opção de apelo relevante regional e que vem de um dos grandes centros da vitivinícola mundial, a Itália.

Sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da Sícilia, da pequena aldeia de Avola e se chama Trisole da casta Nero d’Avola e a safra é de 2019. Para não perder o costume vamos de história! Vamos de Sicília e também de Nero d’Avola.

Sicília

A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo. É uma ilha vulcânica repleta de praias lindas, paisagens espetaculares e uma arquitetura interessante. Fruto da mistura de civilizações que habitaram a ilha e da cálida hospitalidade de seu povo. A Passagem de diversos povos através durante séculos, a Sicília tornou-se um entreposto importante no Mediterrâneo. 

É um destino desejado para todo viajante. Mas a Sicília não é apenas conhecida pela exuberante natureza, mas também se destaca quando o assunto é vinho. E isso teve influências na sua cultura e, claro, no seu vinho.


Foram os fenícios que iniciaram o cultivo da videira e a elaboração do vinho na Sicilia, porém foram os gregos que introduziram as cepas de melhor qualidade. Alguns historiadores relatam que antigamente na região de Siracusa (província siciliana), havia um vinho chamado Pollios, em homenagem a Pollis de Agro (que foi um ditador nessa região), que se tornou famoso na Sicilia no século VIII-VII a.C..

Esse vinho era um varietal de Byblia, uva originária da área mais oriental do Mediterrâneo, dos montes de Biblini na Trácia (antiga região macedônica que hoje é dividida entre a Grécia, Turquia e Bulgária). O historiador Saverio Landolina Nava (1743-1814) relatou que o Moscato de Siracusa deriva desse vinho de Biblini, sendo classificado como o vinho mais antigo da Itália.

Já o vinho doce Malvasia delle Lipari (Denominação de Origem do norte da Sicilia) parece ter sua origem na época da colonização grega na Sicilia. Lipari é uma cidade que pertence ao arquipélago das ilhas Eólicas.

Durante o Império Romano, o também vinho doce Mamertino (outra Denominação de Origem) produzido no norte da Sicilia, era muito apreciado por muitos, inclusive por Júlio César e era exportado para Roma e África.

A viticultura na região sofreu uma grande redução com a queda do Império Romano, porém durante a dominação árabe foi introduzida a variedade de uva Moscatel de Alexandria na ilha Pantelleria, que mantém ainda hoje ali o nome árabe Zibibbo. Os árabes introduziram na Sicília suas técnicas de viticultura e também o processo de passificação das uvas.

No século XVIII a indústria enológica na Sicilia teve um grande avanço e começou a produzir o vinho de Marsala que conta atualmente com uma Denominação de Origem Protegida. Esse vinho se tornou conhecidíssimo no resto da Europa graças a um navegante e comerciante inglês chamado John Woodhouse, que ancorou sua embarcação no porto de Marsala para se proteger de uma tempestade.

Foi quando provou o vinho local e se apaixonou, resolvendo levar alguns barris para a Inglaterra. O vinho de Marsala fez tanto sucesso por lá que Woodhouse começou a investir na Sicilia comprando vinhedos e construindo vinícolas para produzir vinho de Marsala, se tornando um empresário do setor vitivinícola de grande êxito.

Como na maioria dos vinhedos da Europa, a Phylloxera também atingiu a ilha Salinas, no norte da Sicilia, provocando uma devastação dos vinhedos que foram se recuperando gradativamente com a plantação de novos vinhedos e a criação em 1973 da Denominação de Origem Malvasia delle Lipari.

A região possui um clima e um solo que favorecem muito a viticultura e a elaboração de vinhos, sendo uma das principais atividades econômicas da ilha italiana. A topografia é variada, formada por colinas, montanhas, planícies e o majestoso vulcão Etna. Encontramos vinhedos por toda parte, que vão das colinas até a parte costeira.

Nas colinas os vinhedos são cultivados em terrazas que chegam inclusive a uma altitude de 1.300 metros, o que as videiras adoram, pois proporciona muita luminosidade e uma ótima drenagem. Encontramos vinhedos também na parte costeira da ilha.

O clima na Sicília é mediterrâneo, mais quente na área mais costeira e no interior da ilha é temperado e úmido, podendo ás vezes apresentar temperaturas bem elevadas por influência de ventos procedentes da África. Também possui uma quantidade grande de microclimas por causa da influência do mar. As chuvas são mais comuns durante o inverno com cerca de 600mm anuais. Os vinhedos sicilianos necessitam, portanto serem regados.

O solo na ilha é muito variado e rico em nutrientes em razão das erupções vulcânicas do Etna. Encontramos solos arenosos, argilosos e de composição calcária. Em uma parte da ilha o solo é constituído de gneiss, que é um tipo de rocha metamórfica composta de granito. Em quase todas as localidades da Sicília se elaboram vinhos, e essas regiões vitivinícolas contam com várias DOC.

As principais castas tintas produzidas na Sicília são: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Nerello Mascalese, Nerello Capuccio, Frappato, Sangiovese, Nero d’Avola e Pinot Nero. Já as brancas destacam-se: Grillo, Catarrato, Carricante, Inzolia, Moscato di Panteleria, Grecanico, Trebbiano Toscano, Malvasia, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Nero d’Avola: “A uva negra de Avola”

A uva tinta Nero d’Avola é a “uva negra da cidade de Avola”, região italiana localizada na costa sudeste da Sicília, mais precisamente na Província de Siracusa. Os vinhos aos qual essa variedade de uva dá origem são encorpados e possuem coloração escura. A Nero d’Avola é utilizada com grande frequência em blend com as uvas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Frappata e Merlot, garantindo maior complexidade de aromas e paladar aos vinhos.

Cidade de Avola

Porém há quem diga que exista uma incerteza quanto a origem desta casta, apenas a existe a certeza de que essa tinta é uma uva indígena, ou seja, autóctone da Itália. Por também ser chamada de Calabrese, alguns estudiosos acreditam que ela tenha nascido na Calábria, bem na ponta da bota.

Outros defendem que a Nero d’Avola é realmente siciliana. Além de sua terra natal, essa casta tem sido cultivada com sucesso em outros países produtores, como os Estados Unidos, a Austrália, a Turquia e a África do Sul, mas a região de maior expressão dessa casta é, sem dúvidas, na região da Sicília, província responsável pela produção de premiados e elogiados vinhos com estilo intenso e frutado, que resguardam o caráter de vinhos tipicamente italianos.

Na produção siciliana, a uva Nero d’Avola costuma aparecer em dois estilos vitivinícolas diferentes. No primeiro, os vinhos apresentam caráter rico e sabores que referenciam café e chocolate, provenientes do envelhecimento prolongado em barris de carvalho. Já o segundo estilo, mais elegante, sugere sabores como frutas vermelhas e ervas, uma vez que têm curto período de envelhecimento.

Conhecida também como uva Calabrese, a fruta apresenta elevados níveis de taninos e acentuada acidez, acompanhados de aromas intensos que fazem da casta uma variedade interessante e intrigante. Os vinhos Nero d’Avola têm teor alcoólico que varia entre 13,5 e 14,5%.

Esse tipo de uva dá origem a vinhos que acompanham muito bem pratos com o uso de especiarias, como cascas de laranja, folhas de louro e sálvia. Os exemplares que possuem a Nero d’Avola em sua composição podem apresentar algumas características semelhantes aos vinhos produzidos com a uva Syrah, tanto pela tonalidade escura quanto pelo excelente equilíbrio.

E agora finalmente o vinho!

Na taça expressa um lindo e reluzente vermelho rubi com reflexos violáceos, com lágrimas finas, lentas e em plena profusão que desejam o bojo do copo.

No nariz explode em aromas de frutas vermelhas bem frescas, com destaque para amora, cerejas, framboesas e até morango, com rústicas notas de tabaco, couro e um discreto floral que traz a sensação de frescor.

Na boca é seco, tem médio corpo, mas é macio e saboroso que preenche a boca, com um bom volume, trazendo também o protagonismo da fruta vermelha como no aspecto olfativo. O fundo amadeirado se faz presente, mas muito bem integrado ao conjunto do vinho, com taninos presentes, mas sedosos, uma acidez gostosa, instigante e um final persistente, longo.

Mesmo que o vinho ganhe contornos globais ele sempre deve levar consigo a tipicidade de sua terra, o apelo regionalista, o tão propagado e cultuado terroir. E esse exemplar da Sicília entregue, com fidelidade, de forma genuína, as características dessa ilha ao sul da Itália. Um vinho versátil, que traz as notas frutadas, frescas, mas que entrega também a estrutura, a personalidade. Tem 13% de teor alcoólico.

Harmonizando com churrasco: Surpreendente!


Sobre a Cantine Birgi:

A Cantina Sociale Birgi está localizada no coração de um cenário natural de beleza opressora. Este terreno possui uma tradição vitivinícola milenar que foi retomada, valorizada, renovada e reapresentada pela Cooperativa Vitivinícola Birgi, nascida em 1960 pela vontade de produtores apaixonados pela sua terra e orgulhosos das suas origens.

O ano de 1970 foi importante para Cantine Birgi: vendeu os primeiros vinhos a granel para consumo direto, sendo que em 1975 a produção da primeira garrafa, os primeiros vinhos brancos estagiando, pela primeira vez, nas barricas de carvalho.

Em 1990 novos processos e novas produções fizeram com que começassem as primeiras fermentações de mostos limpos. Nos primeiros anos do novo milênio, em 2004, as garantias que as vinícolas Birgi devem oferecer aos seus clientes aumentaram, os processos de controle de qualidade para todas as vinhas foram iniciados.

Em 2013, novos horizontes para a fase de produção surgiram, com o início da viticultura de precisão e novos processos de controlo da qualidade das vinhas e das uvas. A tecnologia a serviço da vinificação adentravam na realidade da Cantina Birgi.

Hoje em dia a adega produz diferentes tipos de vinho para ir ao encontro das necessidades do consumidor: desde vinhos espumantes, a vinhos tranquilos, aos vinhos de sobremesa e meditação, à produção biológica.

Mais informações acesse:

https://www.cantinebirgi.it/en/marsala-wine/

Referências:

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/04/sicilia/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/290-sicilia-o-continente-do-vinho

“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-da-sicilia-italia/

“Revista Sociedade da Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2021/01/conheca-a-uva-italiana-nero-davola/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/nero-d-avola

 

 












segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Canceddi Grillo 2019

 

Mais um vinho da série: castas novas para mim! Olha é evidente que há centenas de castas que ainda não degustamos e claro que não teremos vida o suficiente para degustar todas as cepas catalogadas, mas há aquelas que são conhecidas que nunca tivemos acesso, que nunca degustamos, mas há aquelas pouquíssimas conhecidas em nossas terras e que também não são tão populares em suas terras de origem.

E quando vi a casta de hoje sendo ofertado em um famoso aplicativo, em um e-commerce de vendas de vinhos, primeiramente achei o nome inusitado, no mínimo engraçado, porém, depois da reação, veio a curiosidade, decidi buscar a informação sobre a casta.

E com um pouco de dificuldade, pois tinham poucas referências sobre ela na grande rede, encontrei algumas linhas sobre ela que diziam que se assemelhava a minha queridinha Pinot Grigio.

Ah isso já me animou e muito, de cara fiquei animado com a possibilidade de tê-la em minha adega. E o valor neste site de vendas de vinho estava bem atrativo e aproveitei o momento de frete grátis e me pus a adquiri-lo e o fiz!

E a animação não cabia dentro do peito! Decdi que assim que o vinho chegar logo o degustarei. Qual o nome da casta? Falo da casta Grillo! Grillo? Isso mesmo, a casta Grillo! Estou curioso em tê-la em minha taça e de cara, ao desarrolhar a garrafa, já explodia a fruta branca, alguma nota floral e aquela cor límpida e brilhante, um amarelo palha com reflexos esverdeados.

O vinho que degustei e gostei veio da região da Sicília, na Itália, que eu muito gosto, e se chama Canceddi, da casta Grillo e a safra é 2019. Mas não entrarei, ainda, no detalhe do rótulo, mas vou começar como de costume, a gerar linhas históricas da casta Grillo e falar de uma região que eu gosto muito, a Sicília.

Sicília

A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo. É uma ilha vulcânica repleta de praias lindas, paisagens espetaculares e uma arquitetura interessante. Fruto da mistura de civilizações que habitaram a ilha e da cálida hospitalidade de seu povo. A Passagem de diversos povos através durante séculos, a Sicília tornou-se um entreposto importante no Mediterrâneo. É um destino desejado para todo viajante. Mas a Sicília não é apenas conhecida pela exuberante natureza, mas também se destaca quando o assunto é vinho. E isso teve influências na sua cultura e, claro, no seu vinho.


Foram os fenícios que iniciaram o cultivo da videira e a elaboração do vinho na Sicilia, porém foram os gregos que introduziram as cepas de melhor qualidade. Alguns historiadores relatam que antigamente na região de Siracusa (província siciliana), havia um vinho chamado Pollios, em homenagem a Pollis de Agro (que foi um ditador nessa região), que se tornou famoso na Sicilia no século VIII-VII a.C..

Esse vinho era um varietal de Byblia, uva originária da área mais oriental do Mediterrâneo, dos montes de Biblini na Trácia (antiga região macedônica que hoje é dividida entre a Grécia, Turquia e Bulgária). O historiador Saverio Landolina Nava (1743-1814) relatou que o Moscato de Siracusa deriva desse vinho de Biblini, sendo classificado como o vinho mais antigo da Itália.

Já o vinho doce Malvasia delle Lipari (Denominação de Origem do norte da Sicilia) parece ter sua origem na época da colonização grega na Sicilia. Lipari é uma cidade que pertence ao arquipélago das ilhas Eólicas.

Durante o Império Romano, o também vinho doce Mamertino (outra Denominação de Origem) produzido no norte da Sicilia, era muito apreciado por muitos, inclusive por Júlio César e era exportado para Roma e África.

A viticultura na região sofreu uma grande redução com a queda do Império Romano, porém durante a dominação árabe foi introduzida a variedade de uva Moscatel de Alexandria na ilha Pantelleria, que mantém ainda hoje ali o nome árabe Zibibbo. Os árabes introduziram na Sicília suas técnicas de viticultura e também o processo de passificação das uvas.

No século XVIII a indústria enológica na Sicilia teve um grande avanço e começou a produzir o vinho de Marsala que conta atualmente com uma Denominação de Origem Protegida. Esse vinho se tornou conhecidíssimo no resto da Europa graças a um navegante e comerciante inglês chamado John Woodhouse, que ancorou sua embarcação no porto de Marsala para se proteger de uma tempestade. Foi quando provou o vinho local e se apaixonou, resolvendo levar alguns barris para a Inglaterra. O vinho de Marsala fez tanto sucesso por lá que Woodhouse começou a investir na Sicilia comprando vinhedos e construindo vinícolas para produzir vinho de Marsala, se tornando um empresário do setor vitivinícola de grande êxito.

Como na maioria dos vinhedos da Europa, a Phylloxera também atingiu a ilha Salinas, no norte da Sicilia, provocando uma devastação dos vinhedos que foram se recuperando gradativamente com a plantação de novos vinhedos e a criação em 1973 da Denominação de Origem Malvasia delle Lipari.

A região possui um clima e um solo que favorecem muito a viticultura e a elaboração de vinhos, sendo uma das principais atividades econômicas da ilha italiana. A topografia é variada, formada por colinas, montanhas, planícies e o majestoso vulcão Etna. Encontramos vinhedos por toda parte, que vão das colinas até a parte costeira.

Nas colinas os vinhedos são cultivados em terrazas que chegam inclusive a uma altitude de 1.300 metros, o que as videiras adoram, pois proporciona muita luminosidade e uma ótima drenagem. Encontramos vinhedos também na parte costeira da ilha.

O clima na Sicília é mediterrâneo, mais quente na área mais costeira e no interior da ilha é temperado e úmido, podendo ás vezes apresentar temperaturas bem elevadas por influência de ventos procedentes da África. Também possui uma quantidade grande de microclimas por causa da influência do mar. As chuvas são mais comuns durante o inverno com cerca de 600mm anuais. Os vinhedos sicilianos necessitam, portanto, serem regados.

O solo na ilha é muito variado e rico em nutrientes em razão das erupções vulcânicas do Etna. Encontramos solos arenosos, argilosos e de composição calcária. Em uma parte da ilha o solo é constituído de gneiss, que é um tipo de rocha metamórfica composta de granito. Em quase todas as localidades da Sicília se elaboram vinhos, e essas regiões vitivinícolas contam com várias DOC.

Sub-regiões da Sicília

As principais castas tintas produzidas na Sicília são: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Nerello Mascalese, Nerello Capuccio, Frappato, Sangiovese, Nero d’Avola e Pinot Nero. Já as brancas destacam-se: Grillo, Catarrato, Carricante, Inzolia, Moscato di Panteleria, Grecanico, Trebbiano Toscano, Malvasia, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

Grillo

Nome engraçado para uma uva. Traduzindo do italiano, pode significar grilo mesmo, o inseto, mas pode significar, também, em sentido figurativo, capricho. Será essa uva um capricho da natureza?

Estudos de DNA mostraram que a Grillo é um cruzamento natural entre as castas Catarrato Bianco e Muscat de Alexandria.

E qual a história da Grillo? Algumas evidências sugerem que essa uva é muito antiga, já utilizada na época da Roma Antiga para elaborar um vinho siciliano chamado Mamertino, que era o preferido, inclusive, do poderoso Júlio César.

Outra versão dos fatos conta que a Grillo seria nativa de Puglia, e teria chegado na Sicília apenas no século 19. O fato é que a Grillo é uma cepa perfeitamente adequada ao clima siciliano, quente e seco.

A cepa Grillo desempenha um importante papel em muitos vinhos da Sicília, principalmente no mais famoso deles, o fortificado Marsala, cuja popularidade não está tão forte atualmente.

Se, por um lado, a Grillo perdeu espaço nos vinhedos sicilianos durante o século 20, quando os altos rendimentos da Catarratto, seduziram os produtores, agora o movimento em busca de maior qualidade tem sinalizado um resgate do interesse pelo cultivo da Grillo.

Trata-se de uma uva com altos níveis de açúcar, com capacidade de naturalmente produzir vinhos de alto teor alcoólico.

Pode produzir perfeitamente vinhos leves e fáceis de beber, com resultados semelhantes, por exemplo, à Pinot Grigio. É capaz de demonstrar toda a sua graça em versões fortificadas como a Marsala. Ou pode simplesmente encantar em vinhos de colheita tardia, que apresentam uma cor dourada que evolui para âmbar, com o passar do tempo.

Os vinhos elaborados da casta Grillo apresentam aromas de frutas cítricas, maçãs, peras e amêndoas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha tendendo para o dourado, devido ao seu reluzente brilho, com algumas lágrimas finas e lentas, denunciando o seu alto teor alcoólico para um vinho branco, 13%.

No nariz exalta a sua exuberância aromática com o protagonismo das notas frutadas, frutas de polpa branca, frutas cítricas, onde se destacam a laranja, pera, maçã-verde, cascas de limão, abacaxi, além de toques florais e minerais dando a sensação de muito frescor e leveza.

Na boca é fresco e leve, mas que entrega, ao mesmo tempo, alguma untuosidade, um discreto amanteigado que mostra certa personalidade ao vinho, um pouco alcoólico sem agredir, com as notas frutadas em evidência, como no aspecto olfativo, ótima acidez, que saliva, arrisco até taninos, discretos, claro e um final longo e persistente.

É um prazer que não se cessa quando se degusta, pela primeira vez, vinhos cujas castas ou regiões não conhecia. E degustar uma casta pouquíssima conhecida em nossas terras e que sequer é popular em sua região, considero esse momento especial. Um vinho simples, com uma proposta direta, mas singular no seu momento em que envolve tantas gratas novidades. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Mandrarossa:

Criada em 1999 graças a um estudo que durou mais de 20 anos, que levou à seleção das melhores combinações variedade/terroir: os habitats ideais que permitem a cada casta expressar plenamente o seu potencial.

Depois de fundar a Marca, fruto de anos de estudos de mapeamento de solos, a pesquisa continuou a ser o fio condutor dos vinhos sicilianos inovadores. No território de Menfi, onde é criada a Mandrarossa, o comportamento de outras variedades foi monitorado em 5 campos experimentais. Intensas atividades de microvinificação foram realizadas levando à introdução de novos vinhos na linha de produtos ao longo do tempo, alguns dos quais únicos para o panorama siciliano.

A ambição de Mandrarossa é grande e, a partir de 2014, uma equipa internacional de enólogos, agrônomos e especialistas em terroir, lançou um importante estudo científico sobre os solos calcários, levando à produção de dois vinhos Contrada.

Sobre a Vinícola Settesoli:                                         

Cantine Settesoli é uma grande cooperativa vinícola siciliana que exporta um grande volume de vinhos de valor sob as classificações Sicilia DOC bem como Terre Siciliane IGT.

A empresa foi fundada em Menfi em 1958 por um grupo de agricultores no momento em que eclodia uma crise econômica na região. Settesoli agora tem mais de 2.000 viticultores membros, com vinhedos totalizando então cerca de 6.500 hectares.

A empresa inicialmente vendia apenas a granel, mas começou a engarrafar seus próprios vinhos em 1974. Settisoli começou a se concentrar em variedades locais como Grecanico, Inzolia e Nero d’Avola, e em seguida, em meados da década de 1980, começaram a plantar variedades importadas como Cabernet Sauvignon, Syrah, Sauvignon Blanc e Chardonnay.

Settesoli é a linha principal de vinhos varietais, enquanto o rótulo Mandrarossa é a camada superior. Inycon é, de fato, a marca exclusiva para exportação da empresa, lançada em 1999.

Mais informações acesse:

https://www.mandrarossa.it/en

https://www.cantinesettesoli.it/

Referências:

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2016/04/sicilia/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/290-sicilia-o-continente-do-vinho

“Vinhos e Castelos”: https://vinhosecastelos.com/vinhos-da-sicilia-italia/

“Tintos & Tantos”: http://www.tintosetantos.com/index.php/escolhendo/cepas/854-grillo