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quarta-feira, 6 de março de 2024

Pedrucci Blanc de Blancs brut

 



Vinho: Pedrucci blanc de blancs brut

Casta: Chardonnay, Riesling Itálico, Trebbiano e Glera

Safra: Não safrado

Região: Garibaldi, Serra Gaúcha

País: Brasil

Produtor: Casa Pedrucci

Teor Alcoólico: 12%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 82,90

Estágio: 12 meses em contato com as leveduras (Método tradicional)

 

Análise:

Visual: amarelo palha brilhante com reflexos esverdeados, com perlages finos, delicados e em profusão.

Nariz: com aromas intensos de frutas brancas tropicais e cítricas, com destaque para abacaxi, melão, maçã-verde, com nuances florais que traz a sensação de frescor e leveza.

Boca: é agradável, fresco, harmônico, com discretas notas untuosas, com algo de panificação bem discreta, que traz alguma complexidade. As notas frutadas são percebidas, a acidez é refrescante e o final de média persistência.

 

Produtor:

https://www.casapedrucci.com.br/

 

 

 

 

 

 


segunda-feira, 26 de julho de 2021

Garibaldi Vero Brut Rosé

 

Já dizia o ditado popular: Um raio não cai no mesmo lugar duas vezes! Aquele clássico que é dito de boca em boca, uma unanimidade, é de fato verídico? Definitivamente eu não sei dizer, talvez dependa da situação vivida, mas no universo do vinho, esse ditado nem sempre tem validade, tem força. Explico: quantas vezes degustamos grandes vinhos duas, três vezes e sempre nos surpreendemos com algo novo, com alguma nuance que não havíamos percebido no que degustou anteriormente e isso se confirma quando são safras distintas, embora sejam de rótulos idênticos.

São vários os fatores, mas o clima e a vinificação são um dos principais motivos para degustarmos vinhos de rótulos iguais e com nuances distintas em suas características sensoriais. Mas no caso desse rótulo brasileiro é um espumante e quando falamos em espumantes nacionais tem um peso maior, afinal, os melhores espumantes produzidos no planeta estão em terras tupiniquins. E o que dizer dos rótulos, dos tradicionais espumantes da Garibaldi?

Quando mencionamos a Cooperativa Garibaldi, falamos em espumantes, falamos em tradição, falamos em referência na produção dos borbulhantes, falamos em custo X benefício! E como (sempre me pergunto isso com satisfação e até com algum ceticismo, as vezes, diante do atual cenário dos valores dos espumantes no Brasil) que os espumantes da Garibaldi, ganhando prêmios relevantes em nossas terras e na Europa, conseguem manter um valor muito competitivo nos seus rótulos, independente da proposta?

Vinhos de excelente qualidade, de tipicidade, que expressam o terroir de forma plena, com um preço justo e que difunde a democracia da cultura do vinho! É possível comprar os vinhos, os espumantes da velha Cooperativa Garibaldi. Lembro-me que quando comprei o Garibaldi Vero Brut, confesso que não alimentei maiores expectativas acerca do vinho, afinal, trata-se de um básico espumante, uma linha mais simples do produtor, mas comprei pelo preço e também pelo know how da Garibaldi. E não é que surpreendeu? Entregou muito além do que eu esperava! E aí vem a menção aquele dito popular no início do meu texto: Um raio cai duas vezes no mesmo lugar? Decidi comprar mais um espumante dessa linha, mais uma vez o preço estava convidativo então decidi arriscar de novo, estou no lucro.

O vinho que degustei e gostei veio da emblemática e tradicional Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, no Brasil, e se chama Garibaldi Vero Brut Rosé, com um blend interessante das castas Trebbiano, Prosecco e Ancellotta e não é safrado. Elaborado pelo método Charmat (Leia Diferenças entre os métodos Champenoise e Charmat) esse vinho surpreendeu, é fantástico o quanto a Garibaldi consegue entregar espumantes excelentes, em todas as suas propostas, com preços atraentes e que, “de quebra”, ganha prêmios no Brasil e no mundo. Mas antes de falarmos do vinho, falemos da valorosa história dessa região que produz um dos melhores espumantes do mundo: Serra Gaúcha!

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geo-climáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

O Vale dos Vinhedos, importante região que fica situada na Serra Gaúcha, junto à cidade de Bento Gonçalves, caracteriza-se pela presença de descendentes de imigrantes italianos, pioneiros da vinicultura brasileira. Nessa região as temperaturas médias criam condições para uma vinicultura fina voltada para a qualidade. A evolução tecnológica das últimas décadas aplicada ao processo vitivinícola possibilitou a conquista de mercados mais exigentes e o reconhecimento dos vinhos do Vale dos Vinhedos. Assim, a evolução da vitivinicultura da região passou a ser a mais importante meta dos produtores do Vale.

Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

E agora falemos do vinho!

Na taça um lindo rosado claro, límpido e muito brilhante com uma ótima concentração de perlages muito finos.

No nariz explode em frutas vermelhas onde se destacam a cereja, morango e framboesa, exaltando um excelente frescor, com um delicado toque floral e diria notas minerais.

Na boca é jovial com uma boa presença de boca, talvez pelo toque generoso de frutas vermelhas, que lhe confere ainda leveza. Tem uma acidez discreta, talvez pelas notas frutadas, mas ainda assim é fresco e o residual baixo de açúcar, típico de um brut, não é tão evidente, parecendo até mesmo um demi-sec, mas não soa enjoativo, sobretudo para quem não aprecia essa última proposta de espumante. Um final prolongado e frutado.

Ah sim senhor, um raio cai duas vezes no mesmo lugar ou melhor, para se adequar ao universo dos vinhos, um vinho cai duas vezes na mesma taça sim. Apesar deste Garibaldi Vero Brut ser um rosé o que degustei antes um espumante brut branco, são da mesma linha da vinícola e o que mais surpreende: uma linha básica deste excelente produtor. Mais uma vez a Garibaldi não decepciona e apesar de, lamentavelmente, não despontar em reconhecimento, entre os melhores produtores de espumantes do Brasil, sem dúvida nenhuma para os meus humildes aspectos sensoriais, são vinhos especiais. É isso! Essa é a palavra: especiais. Não é apenas o aspecto sensorial, mas vinhos, rótulos que tem um forte apelo sentimental, que faz parte da nossa história e que ela é viva, latente e que sempre estarão despontando em minhas taças, alegrando, celebrando os nossos dias de degustação. Esse Garibaldi Vero Rosé Brut definitivamente é leve, fresco, refrescante, simples, nobre, porque é expressivo, traz a tipicidade dos vinhos borbulhantes produzido em nossas terras e olha essa matéria que fala do prêmio que Garibaldi Vero Brut Rosé ganhou em 2019: Cooperativa Vinícola Garibaldi é a mais premiada do brinda Brasil Edição 2019. Fantástico! Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Garibaldi:

Situada em Garibaldi (120Km de Porto Alegre) no coração da Serra Gaúcha, a maior região vitivinícola do Brasil, a  empresa nasceu como Cooperativa Agrícola Garibaldi na quinta-feira, 22 de janeiro de 1931, na sede do Club Borges de Medeiros. Naquele dia, Monteiro de Barros reuniu representantes de 73 famílias para criar uma das mais importantes cooperativas da região. O sucesso da empreitada foi tanto que, em 1935, o grupo já contava com 416 associados.

A prosperidade, contudo, estancou no começo dos anos 1970. Em 1973, a empresa sofreu uma intervenção que duraram cinco anos. O processo, porém, deu resultado e, no começo dos anos 1980, a Garibaldi passou a se modernizar. No entanto, o grande passo só seria dado no início dos anos 2000. No passado, a cooperativa trabalhava muito com vinho de mesa e até a granel, e isso não rentabilizava o produto. Era uma commodity. Então, teve a necessidade de agregar valor. Desde 2004, investiu-se fortemente na elaboração de espumantes para dar essa guinada, rentabilizar os produtos e remunerar a uva dos associados. Foi feito um intenso trabalho no campo de reconversão, tecnologia em produto, para chegar a esse reconhecimento de mercado que a vinícola tem hoje, como referência na produção de espumante.

A cooperativa tem hoje 400 famílias associadas, que juntas formam um total de 900 hectares em 12 municípios diferentes do Rio Grande do Sul. Gerenciar tudo isso é um trabalho complexo. O departamento técnico visita todas as propriedades pelo menos três vezes ao ano. Tem um contato direto como produtor tanto na orientação técnica quanto reconversões, conforme os interesses da cooperativa. As 380 famílias são responsáveis pela produção da uva. Elas elegem um conselho para cuidar do negócio e cada área tem um responsável, um profissional contratado para gerir. É cooperativa, mas tem que ser profissional no que faz. Em 2010, a Garibaldi adquiriu os direitos de produção e comercialização da marca Granja União, que estava sob domínio da Vinícola Cordelier. Mais recentemente, lançou a linha Acordes.

A vinícola hoje apresenta índices de crescimento superiores aos da média nacional. Resultado de uma história de investimentos, de profissionalização, de união e de uma trajetória que carrega em sua bagagem o trabalho e a vida de milhares de pessoas. O investimento é permanente em manutenção e melhoria dos processos produtivos e na qualidade dos produtos. Com uma área de 32 mil metros quadrados de construção e capacidade de processamento que ultrapassa os 20 milhões de quilos, utilizando tecnologia e equipamentos europeus para a elaboração de nossos vinhos e espumantes. Uma identidade marcante, personalidade e características próprias, aliadas ao terroir da Serra Gaúcha, fez com que os seus espumantes acumulassem uma série de premiações em concursos no Brasil e no exterior.


Mais informações acesse:

https://www.vinicolagaribaldi.com.br/inicio

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

 

 

 

 


 






sábado, 30 de janeiro de 2021

Contessa Carola Millesimato Extra Dry Garganega e Trebbiano 2017

 

O melhor espumante do mundo é do Brasil! Ufanismos à parte, essa afirmação tão veemente tem muita força. Não quero entrar no âmago da discussão, mas o Brasil, atualmente, está entre os melhores produtos dos borbulhantes no planeta. Rivaliza em condições de igualdade com os cavas espanhóis, os champanhes franceses, os proseccos italianos entre outros. Infelizmente há entraves entre os nossos espumantes: o preço! O custo Brasil é deveras alto, as cargas tributárias que incidem sobre os nossos rótulos são absurdos e os nossos grandes vinhos ainda não foram devidamente apresentados aos brasileiros como deveria ser. O consumo é baixo, apesar de tímidos crescimentos. Mas não quero entrar no mérito dessa questão, embora urgente e necessária, ainda. Quando comecei o texto com afirmando que o espumante brasileiro é o melhor do mundo, eu quis dizer que, apesar de ser uma afirmação mais do que pertinente, há sim grandes espumantes espalhados pelo mundo que são dignos de nossa audiência, inclusive mencionei algumas emblemáticas regiões produtores de grandes vinhos borbulhantes.

Estava eu em minhas incursões pelos supermercados e garimpando pelas gôndolas, cada canto, com um olhar atento e perspicaz, meus olhos pararam em uma garrafa linda, em um formato de flauta, com um discreto rótulo que me chamou a atenção. Aproximei-me, a tomei em minhas mãos e analisando com mais interesse e perícia, observei se tratar de um italiano, um espumante da Velha Bota. Confesso que nunca havia degustado um vinho espumante da Itália e, nos atuais dias de intenso calor, é muito propícia a compra de um espumante leve, fresco e frutado. Bem, alguns quesitos fizeram com que essa compra fosse tomasse corpo. Quando verifiquei o contra rótulo, as castas também chamaram a atenção. Ah já estava me enamorando pelo vinho. Será que, na degustação, caso a aquisição fosse decretada, seria um amor a primeira vista? Para fechar com chave de ouro o preço estava atraente: R$ 29,90! Como não conhecia o espumante, apesar de conhecer o produtor, decidi fazer uma pesquisa de preço na grande rede: a média, alta, estava entre R$ 60,00 e R$ 80,00! Inacreditável então encontrar o vinho por R$ 30,00! Verdades e mentiras acerca do espumante italiano resolvi arriscar e o tomei em meus braços e o comprei.

O vinho que degustei e gostei veio da tradicional região do Vêneto e é o Contessa Carola Extra Dry Millesimato, composto pelo blend das castas Garganega e Trebbiano da safra 2017. Apesar de ser uma safra um tanto quanto “antiga” para um espumante, tudo nele, tudo que o define me chamou a atenção: o termo “Extra Dry” e a casta Garganega. Tudo novidade para mim. A Trebbiano eu já conhecia em degustações de vinhos tranquilos, mas a Garganega eu nunca tinha ouvido falar. Então, antes de falar no espumante, definiremos os conceitos de “Extra Dry” e vamos conhecer um pouco sobre a casta Garganega.

“Extra Dry”

O termo extra-dry pode ser encontrado no rótulo de alguns espumantes. Diferente do que se acredita, não se trata de uma classificação extra seca. Esse termo está interligado à classificação de nível de doçura dos espumantes, que é definida durante a vinificação. Geralmente, os espumantes começam a ser vinificados secos. O grau de doçura é determinado na adição do licor de expedição, uma quantidade de vinho e açúcar (ou similar). Cada país ou continente possui a própria legislação quanto a nomenclatura de vinhos. Portanto, é comum que vinhos importados sejam reetiquetados. Termos oficiais em alguns países podem não ter a mesma validade no Brasil, como é o caso do extra-dry. O nome continua no rótulo, porém, leva uma nova etiqueta na parte de trás. O rótulo precisa estar de acordo com a legislação brasileira quando passa pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Quando as mudanças são necessárias, elas são feitas com base nos laboratórios nacionais e na legislação. Dessa forma, um espumante prosecco, por exemplo, se vier de Itália como extra-dry, entra em nosso país como Brut ou Seco. Seguem as diferenças entre as classificações de açúcar nos espumantes nas legislações do Brasil e da União Europeia:

Legislação Brasileira

Nature: Até 3 g de açúcar por litro;

Extra-brut: De 3 a 8 g de açúcar por litro;

Brut: De 8 a 15 g de açúcar por litro;

Seco: De 15 a 20 g de açúcar por litro;

Demi-sec: De 20 a 60 g de açúcar e por litro;

Doce: Acima de 60 g de açúcar por litro.

Legislação Europeia (dados da OIV)

Brut: Até 12 g/l de açúcar com tolerância de + 3 g/l;

Extra-dry: Acima de 12 g/l de açúcar até 17 g/l com tolerância de + 3 g/l;

Dry: Acima de 17 g/l de açúcar até 32 g/l com tolerância de 3 g/l;

Demi-sec: Acima de 32 g/l de açúcar até 50 g/l;

Doce: Acima de 50 g/l de açúcar.

Garganega

A uva Garganega é nativa das províncias de Vicenza e Verona, no nordeste da Itália. Utilizada para a produção de vinhos delicados e frescos de Denominação de Origem Soave, presentes na região de Vêneto, esta variedade está entre as uvas brancas mais cultivadas na Itália. A Garganega é recorrente tanto em vinhos varietais como vinhos de corte, onde aparece com maior frequência junto às uvas Trebbiano e Chardonnay. Os vinhos produzidos com a uva Garganega em versões mais complexas denotam aromas de ervas e minerais, já os exemplares originados em versão tradicional, apresentam grande riqueza de compostos aromáticos, entre eles, perfumes florais, amêndoas e frutas, como damasco e maçã. A uva Garganega é considerada uma fruta de rendimentos vigorosos e produtivos, que apresenta bagos médios e em formato esférico com polpa extremamente suculenta, de coloração dourada e pele espessa. Os cachos desta variedade de uva são longos e têm formato cilíndrico, sendo raro encontrar cachos compactos da Garganega nos vinhedos. A elevada frouxidão dos cachos da uva Garganega auxiliam no amadurecimento e secura da fruta, bem como em sua colheita tardia, uma vez que o espaço entre os bagos propicia maior ventilação entre um cacho e outro, reduzindo o risco de doenças fúngicas se desenvolverem na planta e permitindo assim seu cultivo prolongado.

O termo “Soave” não se trata de um vinho suave (adocicado), apesar do nome sugerir isso, mas branco e seco, com discretas notas frutadas, produzido a partir da uva Garganega. A qualidade varia muito, dependendo da zona e do produtor. São três os vinhos classificados: Soave Classico, Soave Classico Superiore (os de melhor qualidade) e o Soave Recioto.

E agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha brilhante, reluzente, com reflexos violáceos com perlages finas e abundantes.

No nariz as notas frutadas se revelam em profusão. Aromas ricos em frutas cítricas e brancas, frutas tropicais, como abacaxi, maça verde, limão são os destaques. O destaque também fica para o agradável aroma de pão, de fermento, bem delicado e discreto.

Na boca é seco, caracterizado por um sabor frutado, como nas impressões olfativas, equilibrado, macio e fresco, garantido por uma ótima acidez, além da presença do toque indefectível do pão, que é um atrativo à parte ao espumante. Tem um final frutado e persistente.

Um espumante que, embora não tenha sido concebido em terras brasilis, revelou-se surpreendentemente maravilhoso. Cítrico, aromático, delicado, elegante, ainda muito fresco, apesar de sua safra e o seu blend favoreceu e muito para o vinho entregar essas agradáveis características. Um espumante, produzido pelo método charmat, básico, simples, mas nobre na sua versatilidade, mostrando-se com alguma personalidade, com características inusitadas e marcantes. Que vinho! Que espumante! Um espumante digno de Brasil, mas concebido em terras do Velho Mundo. Versátil também nas harmonizações, podendo ser degustado sozinho, sem acompanhamentos, mas também com uma refeição mais leve e simples. Apesar de eu já ter degustado um Contessa Carola Negroamaro 2018, é sempre gratificante degustar vinhos de produtores pouco renomados e desconhecidos, porque, são nessas situações é que podemos ser positivamente surpreendidos. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Contri Spumanti S.p.A:

A história da empresa Contri Spumanti SpA está intimamente ligada à do seu fundador: Luciano Contri , nascido em 1938, natural de Cazzano di Tramigna. Aos quinze anos, enquanto Luciano se preparava para iniciar seus estudos de especialização enológica, a família sofreu grandes dificuldades devido a uma grave doença que atingiu seu pai Luigi e o obrigou a ficar dois anos longe de casa. Foi o fundador da empresa da família, com mais de 90 anos, o avô Domenico (apelidado de PACENA na aldeia, hoje uma das marcas da empresa) quem apoiou Luciano nesse período. A sua própria experiência e sabedoria, combinadas com a vontade e o espírito de sacrifício do sobrinho, foram capazes de compensar a ausência de Luigi. Temperado pelo sacrifício diário e seguro dos ensinamentos recebidos, atingiu a maioridade em 1959 e deu à luz a empresa individual Luciano Contri , que em 1980 será transformada em Contri Spumanti SpA , dando início à produção de espumantes e espumantes. Hoje as rédeas da empresa estão nas mãos de Paolo Contri , que dá continuidade à política de seu pai de manter a Contri Spumanti SpA uma empresa de ponta e líder no setor. Tecnologia de ponta e automação de processos garantem a eficiência do ciclo produtivo e a minimização dos custos de produção. Adaptação aos requisitos dos sistemas de qualidade mais conhecidos, desde o planejamento, passando pela produção, até a logística. Renovação constante dos sites de produção, expansão e automação das áreas de logística. Capacidade de responder e se adaptar às necessidades em constante mudança do mercado com novos tipos de produtos, novos formatos e embalagens personalizadas. Tudo isso tem permitido a consolidação da empresa ao longo dos anos e sua constante ascensão no mercado local e nos principais mercados externos. Resultados confirmados pelos inúmeros prémios e galardões obtidos nos mais conceituados concursos internacionais de vinhos. A sede da Contri Spumanti SpA está localizada em Cazzano di Tramigna, onde se encontram os escritórios, a histórica fábrica e o centro de logística. As atividades comerciais e administrativas, o controle de qualidade e a organização da produção são realizados e coordenados pela matriz. A atividade de produção em sentido estrito é abrangida por tipo de produto entre duas fábricas.

Mais informações acesse:

https://www.contrispumanti.com/it

Referências de pesquisa:

“Vinho Perfeito”: http://vinhoperfeito.com/2017/02/19/garganega/

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/extra-dry-nos-espumantes/#:~:text=Provavelmente%20voc%C3%AA%20j%C3%A1%20deve%20ter,brut%2C%20que%20possui%20pouca%20do%C3%A7ura.

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/garganega


sábado, 1 de agosto de 2020

Trebbiano d'Abruzzo Rocca 2018


E continuo pela minha agradável saga pela busca de novas experiências de degustações, de rótulos pouco badalados, de castas pouco populares em terras brasileiras, afinal novas percepções de aromas e sabores só enriquece o ato da degustação, fazendo desta algo prazeroso e agradável e não algo mecânico e banal. Há algum tempo venho investindo em regiões e castas novas para mim, sobretudo aquelas castas que, embora muito popular em suas regiões autóctones, no Brasil ainda é pouco conhecida. E assim você varia a sua adega, amplia seu conhecimento, exercita suas análises organolépticas. Enfim, muitos fatores no processo de degustação são positivamente impactados e, aliando isso tudo, a preços extremamente convidativos a seu bolso, em tempos bicudos e de incertezas, torna-se também essencial.

E o vinho que degustei traz todos os quesitos mencionados acima, embora a sua casta seja bem conhecida pelo mundo, sobretudo na Itália e até aqui no Brasil, aonde a mesma sempre vem em blends nos nossos espumantes. Falo da Trebbiano. E com essa novidade, pelo menos para a minha história como enófilo, vem também outro fator inusitado: a região, a famosa e emblemática Abruzzo. Abruzzo é conhecida como a região que entrega a famosa Montepulciano, mas que também nos brinda com a Trebbiano. E outro ponto interessante também é que esse é um vinho branco tranquilo e não um espumante, mais comum com essa casta. Então, diante de tantas novidades, não me resta mais nada além de apresentar o Trebbiano d’Abruzzo Rocca da safra 2018 e que ostenta um DOC (Denominação de Origem Controlada). Um vinho supreendente! Mas antes de falar sobre o rótulo, para não perder o costume, falemos um pouco da Trebbiano que, apesar de ser altamente cultivada, não goza de grande reputação.

Trebbiano

A uva Trebbiano é cultivada amplamente em diversos países tanto da Europa quanto do Novo Mundo. Na Itália, por exemplo, mais de 80 rótulos são produzidos a partir dessa variedade de uva, a grande maioria deles é de vinhos brancos bastante refrescantes. Devido ao amplo cultivo observado ao redor do mundo, a uva Trebbiano ganhou diversos nomes, alguns muito característicos das regiões vinícolas onde é cultivada. Na França, a uva Trebbiano é conhecida também como Ugni Blanc, e representa um dos principais ingredientes dos destilados Cognac e Armagnac. Já na região da Califórnia, nos Estados Unidos, os vinhos produzidos a partir de uvas Trebbiano caracterizam-se por serem deliciosos em especial, os que levam uvas com maior tempo de amadurecimento na elaboração. Acredita-se que esse tipo de uva foi incorporado à fabricação de vinhos franceses no século XIV quando a corte papal foi transferida de Roma. Nos dois séculos seguintes, a casta Trebbiano foi largamente disseminada e plantada, ganhando fama com seu nome local, Ugni Blanc. Com a descoberta de novas variedades de uva, a casta teve uma queda de popularidade, mas continua sendo cultivada em larga escala. Além de ser utilizada com maestria na produção dos destilados Cognac e Armagnac, a casta serve de base para uma grande variedade de vinhos brancos. A uva Trebbiano dá origem a vinhos secos com aromas, geralmente, associados à amêndoas. Além disso, a cepa, que tem cachos cilíndricos e bagos fortes, propicia elevada acidez aos rótulos.

Agora vamos ao vinho!

Na taça tem um amarelo palha com reflexos esverdeados muito brilhante.

No nariz tem uma explosão aromática de frutas brancas e cítricas, como maça verde, pera, maracujá, com um evidente toque floral, flores brancas.

Na boca é delicado e reproduz as notas frutadas, com um bom volume de boca que me fez salivar de tão saboroso, graças também a acidez moderada que faz do vinho fresco e refrescante. Tem um final frutado e persistente.

Que belo vinho, que entregou muito mais do que valeu! Um excelente custo X benefício! Uma casta que, embora tenha sofrido, ao longo dos anos, um descrédito, neste rótulo da Família Ângelo Rocca trouxe um caráter elegante, refrescante, jovem, perfeito para momentos informais e descontraídos e que pode ser degustado entre amigos ou a beira de uma piscina ou em qualquer momento, a hora que você quiser. Um vinho que harmoniza muito bem com refeições cotidianas, massas leves, queijos também leves ou pode ser degustado sozinho. Um vinho simples? Sim, mas muito versátil e saboroso! Teor alcoólico de 12%.

Sobre a Vinícola Rocca:

A família Rocca trabalha no ramo de vinhos desde 1880, quando Francesco, o ancestral fundou a “Vinícola Rocca”, iniciando seus negócios históricos com vinho a granel. Em 1936, seu filho Ângelo aprimorou a produção de vinho e construiu uma adega em Nardò, Apúlia. Na década de 1960, Ernesto Rocca, filho de Ângelo, comprou a primeira linha de engarrafamento e iniciou a distribuição de produtos sob a marca Rocca. Em 2009, a Rocca Family se torna o principal acionista da vinícola histórica Dezzani, no Piemonte, realizando novas sinergias comerciais e produtivas. Em 1999, apaixonado por Apúlia, ele comprou uma fazenda em Leverano, no coração de Salento. A tradição, a paixão por vinhos merecedores, juntamente com a dedicação à viticultura e à produção de vinho, foi fortemente afirmada pela Família durante essas cinco gerações. A Companhia cresceu ao longo do tempo e desenvolveu uma abordagem internacional, prestando muita atenção às necessidades do mercado, mas sempre cuidando e respeitando o terroir e a tipicidade dos produtos. Rocca é uma realidade dinâmica e flexível, ao mesmo tempo, extremamente ligada às suas raízes e hoje inclui uma fazenda de prestígio na Apúlia, uma vinícola moderna em Agrate Brianza, perto de Milão, e tem o controle da vinícola histórica Dezzani no Piemonte. Os vinhos Rocca são apreciados nos mercados mais exigentes em mais de 40 países do mundo.

Mais informações acesse:


Fonte para pesquisa sobre a história da casta Trebbiano:












sábado, 13 de junho de 2020

Garibaldi Vero Brut


Seria um mundo perfeito aliar preços baixos, aqueles valores que cabem no bolso de todos os brasileiros, aos nossos espumantes, esses mesmos espumantes que fazem um sucesso tremendo na Europa, Estados Unidos e vários outros cantos do mundo, sendo contemplados por premiações de excelência, mas tão distante da realidade dos brasileiros que não gozam de uma renda alta e que querem adentrar o mundo do vinho, tendo como porta de entrada a menina dos olhos da nossa produção vitivinícola, os nossos vinhos borbulhantes. É claro que os valores variam de acordo com a proposta e complexidade dos vinhos, mas o custo Brasil, os tributos destroem toda e qualquer expectativa de se democratizar a bebida, o vinho, como um todo, a todos os brasileiros, sem distinção social. Mas há esperanças, há espumantes bem feitos, premiados nacional e internacionalmente e que entregam ao mercado valores compatíveis, justos a todas as camadas da população. Falo da Vinícola Garibaldi. Já degustei alguns rótulos de seus espumantes e que muito me surpreendeu positivamente e este de hoje não fugiu à regra.

O vinho que degustei e gostei é da emblemática Serra Gaúcha, da tradicional Vinícola Garibaldi: Garibaldi Vero brut, produzido pelo método charmat (Leia aqui o significado desse método: Diferenças entre os métodos Champenoise e Charmat) composto pelas castas Trebbiano, Prosecco e Colombard (casta branca típica do sul da França), não safrado. Um espumante que realça a cara, a identidade do Brasil: informal, fresco, leve e com a cara dos dias quentes de um país tropical como o nosso.

Na taça tem um amarelo palha com reflexos esverdeados, límpidos e brilhantes com perlages finos e em abundância.

No nariz apresenta um agradável aroma de frutas brancas e cítricas como abacaxi e limão e um toque floral.

Na boca é seco, frutado, fazendo jus a sua proposta (brut), é leve, jovem, fresco, saboroso, que preenche bem a boca, diria discreta cremosidade, com uma boa acidez e um final saboroso e persistente.

Um espumante excelente, com atrativo custo X benefício e que pode sim rivalizar com qualquer bebida famosa que tenha os perlages do mundo, sem exageros ufanistas. Um espumante leve, fresco, despretensioso, diria com certa untuosidade e muito refrescante. Harmoniza muito bem com frituras, carnes brancas, saladas, sopas e queijos leves. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Alguns prêmios:

Dupla Medalha de Ouro: Concurso VINUS 2019
Medalha de Prata: 4º Brinda Brasil - Júri Técnico

Sobre a Vinícola Garibaldi:

Situada em Garibaldi (120Km de Porto Alegre) no coração da Serra Gaúcha, a maior região vitivinícola do Brasil, a  empresa nasceu como Cooperativa Agrícola Garibaldi na quinta-feira, 22 de janeiro de 1931, na sede do Club Borges de Medeiros. Naquele dia, Monteiro de Barros reuniu representantes de 73 famílias para criar uma das mais importantes cooperativas da região. O sucesso da empreitada foi tanto que, em 1935, o grupo já contava com 416 associados.


A prosperidade, contudo, estancou no começo dos anos 1970. Em 1973, a empresa sofreu uma intervenção que durou cinco anos. O processo, porém, deu resultado e, no começo dos anos 1980, a Garibaldi passou a se modernizar. No entanto, o grande passo só seria dado no início dos anos 2000. No passado, a cooperativa trabalhava muito com vinho de mesa e até a granel, e isso não rentabilizava o produto. Era uma commodity. Então, teve a necessidade de agregar valor. Desde 2004, investiu-se fortemente na elaboração de espumantes para dar essa guinada, rentabilizar os produtos e remunerar a uva dos associados. Foi feito um intenso trabalho no campo de reconversão, tecnologia em produto, para chegar a esse reconhecimento de mercado que a vinícola tem hoje, como referência na produção de espumante. A cooperativa tem hoje 400 famílias associadas, que juntas formam um total de 900 hectares em 12 municípios diferentes do Rio Grande do Sul. Gerenciar tudo isso é um trabalho complexo. O departamento técnico visita todas as propriedades pelo menos três vezes ao ano. Tem um contato direto como produtor tanto na orientação técnica quanto reconversões, conforme os interesses da cooperativa. As 380 famílias são responsáveis pela produção da uva. Elas elegem um conselho para cuidar do negócio e cada área tem um responsável, um profissional contratado para gerir. É cooperativa, mas tem que ser profissional no que faz. Em 2010, a Garibaldi adquiriu os direitos de produção e comercialização da marca Granja União, que estava sob domínio da Vinícola Cordelier. Mais recentemente, lançou a linha Acordes. A vinícola hoje apresenta índices de crescimento superiores aos da média nacional. Resultado de uma história de investimentos, de profissionalização, de união e de uma trajetória que carrega em sua bagagem o trabalho e a vida de milhares de pessoas. O investimento é permanente em manutenção e melhoria dos processos produtivos e na qualidade dos produtos. Com uma área de 32 mil metros quadrados de construção e capacidade de processamento que ultrapassa os 20 milhões de quilos, utilizando tecnologia e equipamentos europeus para a elaboração de nossos vinhos e espumantes. Uma identidade marcante, personalidade e características próprias, aliadas ao terroir da Serra Gaúcha, fez com que os seus espumantes acumulassem uma série de premiações em concursos no Brasil e no exterior.

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