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domingo, 3 de maio de 2020

Conte di Monforte Primitivo de Manduria 2012


Quem é enófilo sabe. Sabe do sentimento e as sensações mais do que reais de se degustar um vinho com o DNA de um país com forte tradição vitivinícola. Pode não ter conhecimento de causa ou riqueza de detalhes sobre o tão complexo conceito de tipicidade, terroir da região daquele rótulo, afinal é um universo tão vasto, mas, com o mínimo discernimento, já te desperta o prazer e a alegria de se degustar um vinho de determinadas regiões. Algumas são como marcas registradas, dada, sobretudo a sua notoriedade e qualidade de seus vinhos, a tal da tipicidade. O rótulo da qual me refiro, além de ser um representante de uma emblemática região, fora o meu primeiro! Ainda tem o momento especial de uma estreia, debutar alguns vinhos só fomenta os grandes rituais da degustação do vinho.

O vinho que degustei e gostei veio da comuna de Manduria, da excepcional região de Puglia ou Apúlia e se chama Conte di Monforte by Leoni de Castris, um DOC da casta Primitivo da safra 2012. Mas já que falei da importância de uma região vitivinícola nada mais adequado do que pincelar sobre a sua história, então eis um pouco sobre Manduria e Puglia e também da sua principal casta: a Primitivo que também é conhecida como Zinfandel, nome este usado nos EUA.

Manduria e Puglia

Manduria é uma pequena comuna italiana, localizada na região da Puglia, ao sul do país, também descrito constantemente como o “calcanhar da bota” da Itália. As belas praias de Puglia, fruto dos mares Jônico e Adriático, atraem diversos turistas de todo o mundo. A grande produção de vinhos e a alta qualidade das garrafas rendeu à Manduria o título de principal região vinícola do sul do país, dentro do território considerado o berço dos vinhos italianos.




Puglia é uma enorme região predominantemente agrícola no calcanhar da bota banhada por dois mares no Mediterrâneo, uma parte do sul que sofre o preconceito de local pobre na Itália. Mas a Puglia é muito mais do que isso. A beleza natural é marcada pelo calor e pelo sol intensos, com pouca chuva e com solo seco embora cercado por água. As condições que restringem muitas atividades agrícolas são ideais para o cultivo de frutas, entre elas a uva e, sobretudo vastas e lindas “florestas” de oliveiras.

Primitivo

A uva do tipo Primitivo recebeu este nome pelo amadurecimento precoce das suas vinhas. E por conta deste amadurecimento precoce, esta uva tem grande quantidade de açúcar residual, o que resulta em vinhos com alto teor alcoólico. Com origem incerta, a Primitivo é a base do sucesso dos vinhos de Manduria. Curiosamente, ela foi levada por imigrantes americanos para os Estados Unidos, onde é conhecida como zinfandel.

Finalmente o vinho:

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso com bordas violáceas com intenso e marcante brilho com lágrimas em abundância e que vagarosamente escorre e se dissipa das paredes do copo.

No nariz é muito perfumado, talvez toques florais, traz aromas de frutas maduras, mas diria que, ao mesmo tempo, muito frescas, com toque discreto de especiarias, tabaco.

Na boca se reproduz as percepções olfativas sendo estruturado, encorpado, com certa complexidade, com taninos presentes que enche a boca, um bom volume de boca, mas sedosos, domados, com uma razoável acidez, um toque discreto da madeira, muito bem integrada (não tem informações no site do produtor o tempo de passagem por barricas de carvalho, mas é perceptível a sua passagem) e um final longo e gordo.

Um vinhaço que se revelou com muita personalidade, tipicidade, equilíbrio entre potência e frescor. Com 14,5% de teor alcoólico. Ideal para harmonizar com massas condimentadas, como foi no meu caso, ou carnes vermelhas e queijos curados.

Sobre a vinícola Leoni Di Castris:

A noroeste da península de Salento, uma área de tradição vinícola antiga, fica SALICE SALENTINO, uma pequena cidade rural que abriga uma adega antiga por mais de três séculos: a Leone de Castris. É o ano de 1665. Entre as vinhas férteis da época, Oronzo Arcangelo Maria Francesco dos Contos de Lemos deu à luz a adega. O fundador é apaixonado por uma terra tão fértil e rica e entende seu valor; portanto, após os primeiros anos de processamento e transformação do produto, ele volta para a Espanha, vende alguns bens, retorna e investe o produto nas terras de Salento. Em torno de Salice, Guagnano, Veglie, Villa Baldassarri, Novoli e San Pancrazio, ele se torna proprietário de vários milhares de hectares, nos quais não apenas planta novas vinhas, mas também plantas de oliveira e trigo. No início do século XIX, a vinícola começou a exportar vinho cru para os Estados Unidos, Alemanha e França. A vinícola começou a engarrafar seus produtos com Piero e Lisetta Leone de Castris, em 1925. Five Roses nasceu em 1943, o produto mais conhecido da empresa e o primeiro vinho rosé a ser engarrafado e comercializado na Itália e imediatamente exportado nos Estados Unidos. A história deste vinho ainda hoje é lembrada na empresa como um dos eventos mais significativos em sua jornada secular. De fato, há um distrito no feudo de Salice Salentino chamado "Cinque Rose", um nome devido ao fato de que por gerações o Leone de Castris teve cada um, com incrível constância, cinco filhos. No final da guerra, o general Charles Poletti, comissário de suprimentos das forças aliadas, pediu um grande suprimento de vinho rosé, cujas uvas vieram do feudo de Cinque Rose. Mas o general queria um vinho com nome americano, e não demorou muito para encontrá-lo: "Five Roses" nasceu. Com a safra de 1954, nasceu Salice Leone de Castris e, graças ao marketing na Itália e no exterior por cerca de 20 anos, Salice Salentino Doc foi obtido no início dos anos 70. Portanto, com DOC, outras empresas também entraram no mercado. A história desta família e da vinícola continua. Cav. del Lavoro Salvatore Leone de Castris, filho de Piero e Lisetta, contribuiu para um notável desenvolvimento - também internacionalmente - da empresa. Por vinte anos, seu filho, Dr. Piernicola, dirigiu. Prêmios cada vez mais prestigiados são constantemente atribuídos a toda a gama de empresas. Hoje, a rede de vendas externas vê os produtos presentes e também nos mercados europeus, nos Estados Unidos, Cingapura, Canadá, Brasil, Autralia, Japão, China, Hong Kong, etc. Novas vinhas foram plantadas nas fazendas da família: Chardonnay, Sauvignon, Montepulciano, que flanqueiam as vinhas tradicionais: Negroamaro, Malvasia nera, Verdeca, branco d'Alessano, Moscato, Aleatico, Primitivo, Susumaniello, Ottavianello. A Adega apresenta uma gama variada de produtos: vinhos DOC tintos, brancos e rosados ​​(Salice Salentino, Locorotondo, Copertino, Primitivo di Manduria), interessantes vinhos IGT Salento e Puglia, vinhos espumantes rosados ​​e brancos; um conhaque e um óleo particularmente valioso. Também possui um hotel "Villa Donna Lisa" de primeira classe, com instalações esportivas; atua como apoio às visitas diárias de delegações italianas e estrangeiras. A produção média anual é de cerca de 2,5 milhões de garrafas. A Leone de Castris é uma empresa que há séculos trabalha na Apúlia e apenas nos produtos da Apúlia.

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