As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito
importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico. A proximidade da capital
e a necessidade de urbanizar terrenos quase levaram à extinção das vinhas
nestas Denominações de Origem.
A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos
brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a
partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente
pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada,
aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.
Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul
da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em
solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a
partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10
mil garrafas.
A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres
Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à
modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas.
Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de
castas tintas como, por exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a
Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira que por vezes são lotadas com a
Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre
outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto,
Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em
algumas zonas.
A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados
vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são
protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção
de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos
tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer
alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e
carácter citrino.
A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi
a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de
novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia,
Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e
internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez,
Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se:
ganharam mais cor, corpo e intensidade.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um vermelho rubi com alguma intensidade,
quase escuro, mas que revela halos violáceos que o torna razoavelmente
brilhante, com lágrimas grossas, lentas e em média intensidade.
No nariz traz aromas flagrantes de de frutas vermelhas
maduras, com destaque para cerejas e ameixas, com notas florais e de
especiarias doces, com um discreto toque herbáceo, de ervas e pimentas.
Na boca é macio, equilibrado e leve, mas com um bom volume,
graças ao seu protagonismo frutado, com um discreto e inusitado residual de
açúcar, com taninos médios, já domados, com uma acidez correta, na medida que
revela frescor com um final persistente e de retrogosto frutado.
Mais um lisboeta que se revelou solar, pleno, equilibrado e
saboroso, mas com personalidade e logo alguma complexidade, sobretudo ao
paladar, destacando-se nesse quesito. Definitivamente Lisboa ainda tem a
capacidade, mesmo diante de um universo de rótulos que temos à disposição no
mercado brasileiro de vinhos, de nos surpreender. Um vinho para o cotidiano,
mas que, ao mesmo tempo, pode revelar grandes prazeres em uma gastronomia mais
complexa. Um belo vinho! Tem 12,5% de teor alcoólico.
Sobre a DFJ Vinhos:
Fundado pela lenda do vinho José Neiva Correia em 1998, o DJF
Vinhos está localizado na região de Lisboa, que se estende então para o norte
ao longo da costa da capital Lisboa.
José Neiva Correia
Uma filosofia simples, mas com um objetivo ambicioso:
transformar as ricas e diversas variedades portuguesas em vinhos de alta
qualidade, acessíveis a todos.