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segunda-feira, 15 de julho de 2024

Cavas do Vale Reserva Merlot 2008

 



Vinho: Cavas do Vale Reserva

Safra: 2008

Casta: Merlot

Região: Vale dos Vinhedos, Serra Gaúcha

País: Brasil

Produtor: Cavas do Vale

Adquirido: Falconi Vinhos

Valor: R$ 84,90

Teor Alcoólico: 12,3%

Estágio: Em pipas de madeira

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi com evidentes nuances acastanhadas, denotando os seus 16 anos de garrafa, com discretas lágrimas que logo se dissipava do bojo da taça.

Nariz: traz aromas complexos e sedutores que entrega notas de frutas vermelhas maduras, com destaque para morango e cereja, mas já se revelando as frutas secas, com as especiarias igualmente em destaque para pimenta preta, ervas secas.

Boca: o tempo e a maturidade lhe conferiram elegância, maciez, as frutas são replicadas, são percebidas, já os taninos corroboram tal condição, sendo sedosos, com acidez baixa, álcool leve, tudo bem integrado, mostrando um equilíbrio incrível que fez do vinho evoluir maravilhosamente na garrafa ao longo da degustação. Fina longo e persistente.

 

Produtor:


quinta-feira, 30 de junho de 2022

Cavas do Vale Reserva Merlot 2008

 

Vou contar uma história recente com uma das minhas castas preferidas, a Merlot, para enfatizar um antigo apreço por esta variedade. E, contando essa história, vou enaltecer esse carinho, esse apego sentimental por ela, responsável por me introduzir no universo dos vinhos finos, vitis vinífera.

Estava eu participando de uma live, um recurso tecnológico de comunicação que ganhou certa receptividade pelas pessoas atualmente, muito em decorrência dos períodos sombrios pandêmicos em que não podíamos socializar, mantendo um distanciamento físico, com um desses emergentes críticos e especialistas de vinhos, acredito que era um sommelier, mas que escrevia também sobre vinhos e que também lecionava sobre.

Hoje estamos também testemunhando, muito graças, penso, a proliferação de alguns formadores de opinião do vinho e não falo com rejeição, mas, em alguns momentos com preocupação, pois, com o advento das redes sociais, o filtro de competência e qualidade nas informações disseminadas não são tão, digamos, apuradas, mas precisamos, mesmo em momentos como esse, respeitar essas movimentações democráticas e saber separar o que cada um de nós julga ser bom ou ruim para a gente, no que tange aos conteúdos.

O tema da “live” era as principais castas tintas, as mais famosas. Quando a pauta passou a ser o Merlot, eu decidi participar e fiz uma pergunta que julgava ser importante discutida sobre o atual cenário de cultivo desta no Brasil: Perguntei se podemos considerar a Merlot brasileiro, os rótulos dessas castas produzidos no nosso país, as melhores do mundo.

Não sei se eu não me fiz entender direito ou ele que não compreendeu, mas disse que era para ter cautela nessa observação e que poderia ser um comentário ufanista. Nunca! Cautela? Talvez! Ufanista? Nunca! É fato que, apesar dos tributos, da miopia dos nossos produtores sob o aspecto corporativo da coisa, o custo Brasil alto, os rótulos brasileiros melhoraram, ganhou em tipicidade e, ao longo do tempo e sou testemunha disso, que os Merlots nacionais é o que vem tendo destaque, não tanto quanto os nossos espumantes, mas vem sim, tendo visibilidade.

E depois dessa live decidi me debruçar nas pesquisas e buscar algumas respostas para as minhas dúvidas e perguntas, bem como eventuais equívocos de minha parte em relação a esse tema e li algumas matérias, alguns comentários de outros especialistas acerca da Merlot brasileiro e achei uma que me chamou a sua atenção do Dirceu Vianna Júnior, Master of Wine do Brasil e radicado há muitos anos em Londres.

Ele reuniu, em 2010, um grupo de 40 profissionais internacionais, entre eles 15 Masters of Wine, para uma degustação às cegas de vinhos com a variedade Merlot produzidos em 11 países diferentes. O resultado foi impressionante: entre os 10 melhores classificados pelos especialistas, oito eram brasileiros (ler matéria completa em: Sucesso da Merlot no Brasil). Acredito que esse dado corrobora a questão por mim levantada na live, que expressa o promissor cenário dos grandes rótulos produzidos em nossas terras, com o nosso terroir que vem se destacando e não podemos negligenciar isso. Claro que não podemos negar os centros tradicionais, como Bordeaux, por exemplo, a questão não é uma corrida para ser o melhor, mas colocar o Brasil no rol dos melhores pode ser uma realidade. 

E falando em terroir, a Serra Gaúcha, a mais importante e tradicional região vinícola do Brasil, vem se tornando o centro dos grandes Merlots. E por que estou dizendo tudo isso e contando toda essa história? Para enfatizar o meu carinho e a minha gratidão por essa casta e que a meu caminho para descobri-la, em todas as suas nuances e características, de acordo com o seu terroir, continua e prezo pelas novidades. Então hoje, nesta fria, mas agradável noite, decidi abrir um “debutante”, um quase debutante de quatorze anos de vida, de safra!

E um Merlot dos Vale dos Vinhedos, da Serra Gaúcha! É sempre muito gratificante degustar um Merlot da Serra Gaúcha, mas mais gratificante ainda é degustar um vinho com certa idade, com mais de uma década de garrafa. Certos caminhos eu jamais pensei em percorrer e esse, de experimentar vinhos com esse tempo de safra, sempre me pareceu impossível. Mas cá estou relatando, registrando nesse texto esse momento único, importante para mim e melhor: Um vinho nacional! Quem disse que os brasileiros não podem, não conseguem fazer rótulos com longevidade?

O vinho que degustei e gostei, com todas as honras, privilégios e reverências possíveis, veio do Vale dos Vinhedos, da Serra Gaúcha, do Brasil e se chama Cavas do Vale Merlot Reserva da safra 2008. E o mais prazeroso de ser submetido a essas experiências sensoriais é de degustar vinhos de pequenos e desconhecidos produtores que sim, merecem respeito e respaldo do poder público e de toda a cadeia do vinho neste Brasil. Então sem mais delongas falemos um pouco da Serra Gaúcha e do Vale dos Vinhedos que hoje, vem ganhando notoriedade no universo do vinho brasileiro.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura. Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

Vale dos Vinhedos e a sua Indicação de Procedência

O Vale dos Vinhedos localiza-se no centro do triângulo formado pelas cidades de Bento Gonçalves (nordeste), Monte Belo do Sul (noroeste) e Garibaldi (sul). O Vale dos Vinhedos compreende a parte da bacia hidrográfica do Rio Pedrinho, situada a montante da foz de um córrego afluente deste e situado a sudeste da comunidade de Vale Aurora, no município de Bento Gonçalves.

A parte do vale a jusante é denominada de Vale Aurora. A maior parte da área do Vale dos Vinhedos fica localizada em território do município de Bento Gonçalves, com 55% do total, e a menor parte fica localizada em território de Monte Belo do Sul, com 8% na porção noroeste. A parte sul do Vale pertence ao município de Garibaldi, com 37% da área total. Parte da zona urbana de Bento Gonçalves situa-se dentro do perímetro do Vale, haja vista que a linha divisória de águas entre as bacias do Rio Pedrinho e do Rio Buratti passa pela parte oeste da cidade. Localizam-se ao longo desta linha, ou próximo desta, a pista do Aeroclube de Bento Gonçalves, a Estação Rodoviária de Bento Gonçalves, o Estádio da Montanha e a Estação Ferroviária de Bento Gonçalves.

Vale dos Vinhedos

O Vale dos Vinhedos é a primeira região vinícola do Brasil a obter Indicação de Procedência de seus produtos, exibindo o Selo de Controle em vinhos e espumantes elaborados pelas vinícolas associadas. Criada em 1995, a partir da união de seis vinícolas, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), já surgiu com o propósito de alcançar uma Denominação de Origem. No entanto, era necessário seguir os passos da experiência, passando primeiro por uma Indicação de Procedência.

O pedido de reconhecimento geográfico encaminhado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em 1998 foi alcançado somente em 2001. Neste período, foi necessário firmar convênios operacionais para auxiliar no desenvolvimento de atividades que serviram como pré-requisitos para a conquista da Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos (I.P.V.V.). O trabalho resultou no levantamento histórico, mapa geográfico e estudo da potencialidade do setor vitivinícola da região. Já existe uma DOC (Denominação de Origem Controlada) na região.

Sua norma estabelece que toda a produção de uvas e o processamento da bebida seja realizada na região delimitada do Vale dos Vinhedos. A DO também apresenta regras de cultivo e de processamento mais restritas que as estabelecidas para a Indicação de Procedência (IP), em vigor até a obtenção do registro da DO, outorgado pelo INPI.

Vale dos Vinhedos DO

O Vale dos Vinhedos foi a primeira região entregue aos imigrantes italianos, a partir de 1875. Inicialmente desenvolveu-se ali uma agricultura de subsistência e produção de itens de consumo para o Rio Grande do Sul. Devido à tradição da região de origem das famílias imigrantes, o Veneto, logo se iniciaram plantios de uvas para produção de vinho para consumo local. Até a década de 80 do século XX, os produtores de uvas do Vale dos Vinhedos vendiam sua produção para grandes vinícolas da região. A pouca quantidade de vinho que produziam destinava-se ao consumo familiar.

Esta realidade mudou quando a comercialização de vinho entrou em queda e, consequentemente, o preço da uva desvalorizou. Os viticultores passaram então a utilizar sua produção para fazer seu vinho e comercializá-lo diretamente, tendo assim possibilidade de aumento nos lucros.

Para alcançar este objetivo e atender às exigências legais da Indicação Geográfica, seis vinícolas se associaram, criando, em 1995, a Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Atualmente, a Aprovale conta com 24 vinícolas associadas e 19 associados não produtores de vinho, entre hotéis, pousadas, restaurantes, fabricantes de produtos artesanais, queijarias, entre outros. As vinícolas do Vale dos Vinhedos produziram, em 2004 9,3 milhões de litros de vinhos finos e processaram 14,3 milhões de kg de uvas viníferas.

Detalhes da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos

1 - A produção de uvas e a elaboração dos vinhos ocorrem exclusivamente na região delimitada do Vale dos Vinhedos, uma área de 72,45 km2 localizada nos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul.

2 - Existem requisitos específicos para de cultivo dos vinhedos, produtividade e qualidade das uvas para vinificação;

3 - Os espumantes finos são elaborados exclusivamente pelo “Método Tradicional” (segunda fermentação na garrafa), nas classificações Nature, Extra-brut ou Brut; para este produto as uvas Chardonnay e/ou Pinot Noir são de uso obrigatório;

4 - Nos vinhos finos brancos, a uva Chardonnay é de uso obrigatório, podendo ter corte com a Riesling Itálico;

5 - O uso da uva Merlot é obrigatória para os vinhos finos tintos da DO, os quais podem ter cortes com vinhos elaborados com as uvas Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat;

6 - Os produtos que passam por madeira envelhecem exclusivamente em barris de carvalho;

7 - Para chegar ao mercado, os vinhos brancos passam por um período mínimo de envelhecimento de 6 meses; no caso dos vinhos tintos são 12 meses; os espumantes finos passam por um período mínimo de 9 meses em contato com as leveduras, na fase de tomada de espuma;

8 - Os vinhos apresentam características analíticas e sensoriais específicas da região e somente são autorizados para comercialização os produtos que obtenham do Conselho Regulador da DO o atestado de conformidade em relação aos requisitos estabelecidos no Regulamento de Uso.

E agora falando do vinho:

Na taça revela um vermelho granada, atijolado, com halos evolutivos, denunciando seus 14 anos de safra, límpido e muito brilhante. Com lágrimas em profusão, finas e lentas, desenham as bordas do copo.

No nariz o destaque fica para os aromas terciários e as notas frutadas, frutas vermelhas maduras, frutas secas e em compota, como: avelã, groselha e cereja. As pipas de madeira, onde o vinho ficou armazenado, pronunciou as frutas. Percebem-se também terra molhada, fumaça, um defumado, as especiarias, representadas pela pimenta e ervas secas. Sente-se também, discretamente, um floral, flores vermelhas.

Na boca traz austeridade e não é por uma eventual estrutura, pois o vinho é leve, mas por ser equilibrado, elegante, sofisticado, garantido pelos seus anos de safra. É leve, porém de marcante personalidade, principalmente pela sua complexidade e um bom volume de boca, graças também as notas frutadas. Tem uma acidez correta, o que surpreende pelo tempo de vida, taninos domados, finos e um final cheio, longo e de retrogosto frutado.

Há um longo caminho a se percorrer para o Brasil se tornar um polo de referência na produção vitivinícola? Sim! Somos muitos jovens na produção de vinhos finos no Brasil, sobretudo diante de uma longa e secular história de vinhos coloniais, por exemplo, os famosas uvas de mesa, dos garrafões, mas vejo, por intermédio de rótulos que, cada vez mais expressam a tipicidade e os terroirs das principais regiões do Brasil na produção de vinhos, um futuro promissor e brilhante pela frente, mesmo com algumas adversidades de quem deveria fomentar o apoio. Mas sigamos aprendendo com os erros.

O fato é de que, além de fatos, estudos, depoimentos e história, a maior prova, a prova mais contundente e cabal é aquela que está na nossa taça, nas nossas adegas, nas nossas mesas, de rótulos como o Cavas do Vale Merlot Reserva que, mesmo com quatorze longos anos, se mostra vivo, pleno e com algum tempo pela frente, caso optasse pela continuidade de seu repouso, de sua evolução. E como evoluiu bem esse vinho, revelando às notas terciárias, as especiarias, as notas de frutas secas, a terra molhada. Como é prazeroso ser submetido à essas experiências e como nos tornamos pequenos perante a natureza e a sua gigante capacidade de nos proporcionar o que de melhor dela vem. Que possamos ter saúde para testemunhar as redenções do Brasil vitivinícola e dos seus rótulos. Tem 12,3% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Cavas do Vale:

A Cavas do Vale é uma vinícola pequena, familiar, artesanal, que elabora vinhos a partir de uvas próprias cultivadas no coração do Vale dos Vinhedos, pelo método tradicional e pipas de madeiras, com a menor intervenção possível de maquinários e produtos enológicos.

A sua história começa em 1954 quando Lucindo Brandelli inicia uma pequena produção de vinhos no porão de casa para consumo próprio, logo a paixão pela vitivinicultura cresceu e o cultivo de uva e produção de vinho tornou-se o negócio da família.

Em 2005, dando continuidade ao projeto do patriarca, um de seus filhos, Irineu Brandelli, enólogo com mais de 30 anos de experiência, funda a Cavas do Vale, elaborando vinhos das uvas Merlot, Cabernet e Tannat e já na primeira safra é brindado pela natureza com a histórica safra de 2005, que originou o vinho Gran Reserva Lucindo Brandelli.

Hoje a vinícola Cavas do Vale se destaca pelos seus vinhos de guarda, o Cavas do Vale Reserva Safra 2008 e o Gran Reserva Lucindo Safra 2005, vinhos vivos, ricos, complexos e com muitos anos de vida pela frente e que refletem ao máximo o terroir do Vale dos Vinhedos.

Mais informações acesse:

https://loja.cavasdovale.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/o-sucesso-da-merlot-no-brasil/amp/

“Vinho IG”: https://vinho.ig.com.br/2010/08/17/merlot-brasileiro-e-melhor-do-mund.html

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_dos_Vinhedos#Denomina%C3%A7%C3%A3o_de_Origem_Vale_dos_Vinhedos

“Viajali”: https://www.viajali.com.br/vale-dos-vinhedos/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/do-vale-dos-vinhedos

 

 

 

 

 









domingo, 10 de outubro de 2021

Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008

 

Não estava em meus planos para hoje, meu aniversário. É claro que o plano, o roteiro era degustar um belo vinho, um vinho para celebrar o dia, para que o dia se tornasse melhor, porque o vinho é assim: sempre torna o dia, a vida melhor, mas não estava nos meus planos sair de casa, mas ficar nela, curtindo apenas o meu belo vinho que fora escolhido a dedo: o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas recebi a mensagem entusiasma de meu grande e já confrade amigo Paulo Roberto para ir à sua casa e degustar uma de suas deliciosas pizzas e, claro, degustar alguns bons vinhos, alguns rótulos sempre especiais.

Hesitei um pouco confesso, não por conta do meu grande amigo e de sua sempre agradável presença, mas pelo convite em cima da hora e não ter tido tempo o suficiente para me programar, me preparar, haja vista que sou uma pessoa deveras sistemática, metódica mesmo.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi fazer ao meu bom amigo e confrade uma “exigência”. Sei que ele tinha feito a aquisição de um também Anciano Gran Reserva Tempranillo, porém da safra 2008, então o sugeri fazermos com esses especiais rótulos uma pequena degustação vertical, ou seja, a degustação de rótulos iguais, porém de safras diferentes. Seria um dia especial, de vinhos evoluídos, de safras razoavelmente antigas, afinal não é todo dia que degustamos vinhos longevos desse jeito.

Ele concordou em fazer e também logo se animou tudo parecia conspirar a nosso favor: um dia ameno, agradável, de aniversário, de pizzas, de degustações de vinhos especiais. A expectativa era enorme!

Cheguei a sua casa, colocamos os “Ancianos” na sua adega climatizada iniciamos a degustação do Plaza del Torres Reserva Tannat 2018, com alguns aperitivos, como um bom queijo provolone e estava ótimo, mas não conseguíamos conter a ansiedade de degustar os “Ancianos”.

Enfim o momento chegou. Iniciamos com a degustação da safra 2006, isso mesmo, um vinho debutando, de 15 anos, e aqui segue a análise para caso quiserem, caros leitores, fazer a comparação, do Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006. E quando começamos a degustar o 2008, o vinho que degustamos e gostamos, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008, percebemos a mesma qualidade do que observamos, sentimos no da safra 2006, mas sim, com algumas nuances, algumas peculiaridades que logo irei expor. Porém antes falemos um pouco da região que nasceu este vinho: Valdepeñas.

Valdepeñas

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi, intenso, quase escuro, mas não tem aquela típica tonalidade atijolada, acastanhada típica de um vinho de safra mais antiga, uma cor viva e intensa, com lágrimas pungentes, finas e densas, onde teimavam em se dissipar das paredes do copo.

No nariz mostrava-se delicado e elegante, aquele famoso buquê aromático, os tão famosos aromas terciários, com complexidade, mas se sentia as notas frutadas em profusão, frutas negras maduras, como ameixa, amora, groselha preta, toques de especiarias, notas amadeiradas, de uma discreta baunilha e de terra, fazenda também foram sentidos.

Na boca alguma estrutura, aliado a maciez, a elegância conferida pelo tempo de safra e o descanso de longos 10 anos na garrafa, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega um discreto toque amadeirado, muito integrado ao conjunto do vinho, além de um pouco de rusticidade, com taninos mais presentes, porém redondos, com uma acidez razoável. Um vinho ainda pleno e atraente aos sentidos.

A tarde e noite agradáveis, o dia especial, com rótulos especiais e pizzas deliciosas. Assim se resumiu o dia de meu aniversário, ao lado de um grande amigo e confrade e conferindo dois grandes vinhos, de safras razoavelmente antigas. A degustação vertical nos entregou uma máxima: degustamos grandes vinhos, vinhos que independente da safra, entregariam grandes momentos sensoriais. E além dos grandes momentos e da atestada qualidade, algumas peculiaridades foram sentidas, percebidas. Estávamos preocupados em encontrar o “mais do mesmo” nos dois rótulos, tudo igual, mas não, percebemos que mesmo sendo o mesmo rótulo, do mesmo produtor, da mesma região, o clima, o tempo podem conspirar, em cada safra, em cada ano, de formas distintas, nos entregando detalhes que podem ser significativos para a nossa degustação. Que venham mais e mais rótulos do bom e especial Anciano. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 





quarta-feira, 1 de abril de 2020

Angove Long Row Chardonnay 2008


Lembro-me que, quando cheguei a este rótulo, estava em busca de um vinho branco, mais especificamente da casta Chardonnay que, nos idos de 2014 era a minha cepa branca preferida. Que fique claro que ela não deixou de ser, mas que, naquela época, eram poucas as castas brancas que eu conhecia. Mas, voltando a minha saga em 2014 pela busca da Chardonnay, eu não queria um Chardonnay chileno, brasileiro, argentino, mas de um país pouco usual, a minha intenção era buscar novos terriors, rótulos diferentes, enfim, novas experiências. Entrei em uma loja especializada em vinhos e comecei a garimpar, a saciar a minha latente necessidade. Um vendedor, muito simpático e prestativo, que se dizia também um sommelier me auxiliava nas buscas, quando, encontrei um, escondido e até meio empoeirado, havia apenas uma garrafa que logo me deixou entusiasmado. Era um Chardonnay australiano que logo estava em minhas mãos e mostrei ao vendedor, perguntando por recomendações. Ele apenas disse que seria interessante degustar brancos com safras recentes e o referido australiano era da safra 2008, ou seja, 6 anos de safra até então. Mas resolvi arriscar! O preço estava atrativo, era um vinho branco cujo país era novo para mim... Segui em frente. Por que estou contando essa história? Logo irão saber...

O vinho que eu me refiro e que degustei e gostei demais, uma surpresa arrebatadora foi o Angove Long Row Chardonnay, como disse australiano, de uma região chamada McLaren Valley, no sul da Austrália, da safra 2008.

Na taça tem um amarelo palha com tons dourados muito brilhantes.

No nariz apresenta frutas brancas, como melão, frutas tropicais e toques herbáceos e um agradável floral que já indica seu frescor e elegância.

Na boca abundância frutada que enche a boca, diria um pouco de untuosidade, cremosidade que faz do vinho um tanto quanto estruturado e complexo, mas que graças a sua boa acidez o torna fresco, ainda com uma boa jovialidade, apesar dos seus 6 anos de safra à época. Com um final saboroso, longo e macio.

Um incrível Chardonnay elegante, harmonioso, suculento que surpreendeu pelos seus 6 anos de safra quando degustei mostrando impressionante frescor e vivacidade, com seus potentes 13,5% de teor alcoólico muito bem integrados. Claro que é sempre recomendável degustar brancos com safras recentes, mas, neste meu caso, fui surpreendido positivamente por um vinho vivo, pleno, jovem! Portanto, se o seu coração pedir, arrisque, invista que as vezes se torna interessante fugir às regras. Ah e para fechar, a safra de 2008 ganhou 4 prêmios, que segue: Internacional Wine Challenge, Decanter World Wine Awards, duas vezes a medalha de bronze e o Mundus Vini com a medalha de prata.

Sobre a Angove Family Winemakers:

A Angove Family Winemakers é uma empresa familiar de quinta geração dedicada à elaboração de vinhos super premium e de vinha única da McLaren Vale, juntamente com diversos vinhos de algumas das grandes regiões produtoras de vinho do Sul da Austrália. Em 1886 William Thomas Angove e sua família chegam à Austrália de Cornwall, Inglaterra, para estabelecer uma prática médica no Tea Tree Gully, no sopé do nordeste de Adelaide. A história da produção de vinho em Angove começa, no mesmo ano, com o Dr. Angove fazendo seus primeiros vinhos no agora histórico Brightlands Cellars como um tônico para seus pacientes. Em 1892 o negócio do vinho começa a crescer com 10 acres de vinhedos em produção e mais 20 acres plantados em 1893. Em 1903 as propriedades da vinha em Angove crescem para 100 acres, uma das maiores do estado e compõem um quinto da terra total plantada em videiras. Os primeiros vinhos são feitos a partir de uvas cultivadas nessas vinhas, bem como as da 'Warboys Vineyard', de propriedade de Henry Hall. Em 1907, a Destilaria e Vinícola St Agnes é estabelecida e as atividades de produção de vinho são transferidas das Caves Brightlands.Em 1910 o filho do Dr. Angove, Carl 'Skipper' Angove, se aventura em Renmark para estabelecer a primeira vinícola e destilaria de Riverland. Em 1927 Carl Angove e Ron Martin estabelecem a Dominion Wines Ltd na Inglaterra. Nos próximos 20 anos, a Angove & Son é uma das quatro principais vinícolas australianas a exportar para a Inglaterra sob a joint venture. Em 1946 Tom Angove é nomeado Diretor-Geral e inicia uma nova era de desenvolvimento, instalando instalações de britagem e britagem de última geração e construindo o 'Vintage House', que abriga 32 fermentadores abertos de concreto de 32 toneladas de cinco toneladas, considerados a principal tecnologia da época. Em 1962 Tom compra terras, agora chamadas Nanya Vineyard, em Paringa, do outro lado do rio, da Renmark. A vinha 480 Hectare é constantemente plantada em mais de 18 variedades diferentes de uvas que fornecem as marcas comerciais de vinhos da empresa. A quarta geração da família, John Carlyon Angove sucede a seu pai, em 1983, como diretor administrativo e promove desenvolvimento e investimento significativos em todos os aspectos do negócio. Em 2007 Nanya Vineyard inicia a conversão para produção orgânica de uva certificada para a produção no primeiro vinho orgânico certificado da família Angove. Atualmente a família Angove expande suas propriedades, adquirindo a premium Angels Rise, localizada a 280 m acima do nível do mar, em terras vitivinícolas privilegiadas nos arredores de Clarendon, em 2019, nos limites da região do McLaren Vale.

Mais informações acesse:


Degustado em: 2014


quinta-feira, 19 de março de 2020

Casillero del Diablo Reserva Privada tinto 2008


A vinícola é famosa, tem uma Market share invejável. Tem um império que personifica a sua força mercadológica, um “case” de sucesso, de grandiosidade e ainda assim tem seus vinhos questionados por muitos? Por quê? Como que uma vinícola com essas credenciais ainda cria um ambiente de rejeição, questionamentos por parte, sobretudo, de alguns críticos e especialistas de vinho? Muito li e ouvi, por parte desses profissionais, a quem respeito e muitos deles eu sigo nas suas redes sociais, dizendo que, por se tratar de uma vinícola que produz, em larga escala, tem vinhos muito “comerciais”, sem a tipicidade que se espera de vinhos que vem de uma emblemática e importante região vitivinícola como o Chile. Certamente não tenho a técnica necessária para diagnosticar essas questões, sou apenas um enófilo que me informo, tento agregar conhecimento e degustar vinhos que me arrebatam de certa maneira. Essa é o meu termômetro de qualidade. E foi qualidade que percebi em um vinho da gigante Concha y Toro.

O vinho que degustei e gostei é o chileno Casillero del Diablo Reserva Privada das castas Cabernet Sauvignon (65%) e Syrah (35%) do Valle del Maipo, da safra 2008. A gigante Concha Y Toro se fez gigante neste rótulo. Esse corte é elaborado a partir de uvas selecionadas de vinhedos nas áreas de Pirque e Peumo. A Cabernet Sauvignon vem de Pirque, lugar de origem da Casillero del Diablo, no Vale do Maipo e o Syraz provém dos cerros de Peumo, no Vale de Rapel.

No aspecto visual se mostra um vinho com vermelho rubi intenso com matizes violáceas, brilhantes, vívido e límpido, com lágrimas abundantes, finas e de lenta dissipação.

No olfato traz frutos negros, com notas de chocolate amargo e café, tostado bem evidente, graças aos 14 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca repetem-se as notas olfativas, sendo um vinho fresco, fácil de degustar, mas com personalidade, estrutura e corpo, muito versátil, com taninos presentes mas redondos com uma boa acidez que confirma a sua frescura, com aportes de madeira e baunilha, tudo muito bem integrado ao conjunto do vinho.

Um vinho generoso, que entrega uma grande tipicidade e que, apesar do seu título de famoso, de produção de larga escala e de uma vinícola de renome global, não impede que o vinho seja bom e que certamente a tecnologia de que o referido produtor dispõe seja uma ferramenta imprescindível para um rótulo excelente. Com 14,5% de teor alcoólico.

Sobre a Concha y Toro:

Em 1883 Don Melchior Concha y Toro, importante político e empresário chileno, funda a Viña Concha y Toro. A empresa se torna uma empresa pública limitada e expande se nome comercial para a produção geral de vinho, isso em 1922. Em 1933 começam a ser negociadas na Bolsa de Valores e a primeira exportação é feita. No ano de 1957 se estabelece as bases produtivas para a expansão da vinícola, com a produção do vinho Casillero del Diablo, em 1966, onde começaram a investir em vinhos mais complexos, lançando em 1987, o seu principal rótulo, “Don Melchior”, homenageando o seu fundador. A década de 1990 veio com as criações de várias vinícolas nos principais países produtores de vinhos da América Latina, tais como Cono Sur, no Chile, Trivento, na Argentina entre outras.


Curiosidade sobre a linha “Casillero del Diablo” e a lenda que gerou o nome:


Uma história que aterrorizou muitas pessoas daquela região nos séculos XIX e XX e que até os dias de hoje intriga pessoas em todo o mundo. Diz à lenda que em 1883, D. Melchor Concha y Toro deu início a maior Vinícola hoje encontrada no Chile. Naquela época seus vinhos já eram considerados de alta qualidade e muito, muito cobiçados. E o que isso significava? Exatamente, muitos interesseiros e ladrões, claro. As melhores bebidas fabricadas em sua vinícola ficavam guardadas em sua adega particular. Isso para que ninguém pudesse se apropriar delas de forma indevida. Infelizmente para o Sr. Concha y Toro, nem mesmo essa adega particular era capaz de impedir que ele fosse saqueado. Ao perceber que algumas das garrafas de seus melhores vinhos estavam desaparecendo, ele teve uma grande ideia. Melchor Concha y Toro difundiu entre os trabalhadores de sua propriedade que o próprio “diabo” habitava em sua adega particular. Como naquela época era comum ouvir histórias tenebrosas sobre criaturas diabólicas que matavam e esquartejavam as pessoas, essa história ganhou um grande peso sobre os moradores daquela região. Com isso os problemas com furtos acabaram.

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Degustado em: 2014