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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Frank Lorena

 

Quem não começou no universo dos vinhos, aqui no Brasil, em especial, por intermédio das famosas uvas de mesa, com os vinhos de mesa que atire a primeira pedra. Os vinhos coloniais, aqueles vinhos de garrafão. Pois é o ritual de iniciação por intermédio desses vinhos não é tão somente uma questão de escolha, mas uma necessidade financeira também, afinal os vinhos são mais baratos em relação aos produzidos com uvas vitis viníferas.

Lembro-me como se fora ontem, embora já tenha mais de 20 anos que fiz que a minha “transição” para as uvas de mesa e uvas finas, quando disse que não retornaria mais com as degustações dos vinhos de uvas americanas, com o argumento de que estava em uma franca evolução na degustação dos vinhos.

Mas olhando um pouco mais de carinho para os vinhos de mesa, observando alguns rótulos, de alguns produtores percebi que, com o advento da tecnologia nas vinificações, alguns vinhos de tal proposta vêm ganhando em qualidade e o leque de opções vem se diversificando também, com vinhos que passam por barricas de carvalho, alguns sendo produzidos sob o conceito orgânico etc.

E com esse “boom” tecnológico nos “pátios” de vinificação dos produtores com um maciço investimento em tecnologia alguns rótulos, algumas castas vêm ganhando alguma repercussão, algum destaque e mesmo tendo tido uma experiência razoável com tais vinhos no passado, ainda há espaço para novidades, afinal, como sempre costumo dizer, o universo dos vinhos e vasto e inexplorado, para o nosso deleite.

Eu recebi recentemente do amigo de São Paulo, o Luciano Feliputti, dono do site “Pemarcano Vinhos”, especializado na venda de vinhos artesanais e de pequenos produtores um rótulo de uma casta chamada “Lorena”. Sempre ouvi falar dessa variedade, mas nunca degustei e confesso que nunca me interessei, pelo fato de não me interessar por rótulos cujas uvas são de mesa.

Mas aquela típica curiosidade que tem me norteado ao longo desses últimos tempos foi mais forte e se transformou em interessante e claro, jamais vou recusar um presente de um amigo que foi dado com muito carinho. Claro que me pus a degustar e, evidente, conhecer algo mais sobre a história dessa casta genuinamente brasileira.

E não é que ela, a delicada Lorena me surpreendeu?! Sim, uma casta saborosa, leve, fresca e levemente frisante! Uma variedade que definitivamente traz o DNA brasileiro em todos os sentidos. O vinho que degustei e gostei foi produzido em São Roque, São Paulo e se chama Frank da casta Lorena e não é safrado. Para não perder o costume vamos às histórias de São Roque e da variedade Lorena.

São Roque: a terra do vinho

A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1.200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva. Alguns anos após a morte de Vaz de Barros, seu irmão, Fernão Paes de Barros, se estabeleceu na mesma região, onde construiu uma casa e uma capela, que foram restauradas em 1945 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mário de Andrade, dono da propriedade.

Na região de São Roque, podem-se identificar referências à vitivinicultura desde a sua fundação, por volta do final do século XVII. Conforme informações encontradas e divulgadas pelos moradores da cidade, através da tradição oral, ou mesmo citado pelo Professor Joaquim Silveira dos Santos em seu artigo para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXVII, nessa época toda a região pertencia a apenas três grandes proprietários de terras: Pedro Vaz de Barros, seu irmão Fernão Paes de Barros e o padre Guilherme Pompeu de Almeida, sendo que Pedro Vaz (tido como o fundador da cidade) se estabeleceu próximo da atual igreja Matriz, seu irmão mais ao norte, onde até hoje ainda se encontra a casa grande e capela Santo Antônio, e por fim a fazenda do padre Guilherme Pompeu se encontrava na hoje atual cidade de Araçariguama que faz divisa com Santana do Parnaíba.

Portanto realmente não se podem esperar grandes referências desse período da história, afinal o Brasil era apenas uma colônia e que existiam restrições da fabricação de qualquer tipo de produto em nosso solo, ou seja, em tese tudo deveria vir de Portugal, inclusive o vinho.

Outro fator que pode ter influenciado e não ter feito prosperar o cultivo da videira seria a prioridade da época de então, que era a descoberta de ouro, principalmente na região das Minas Gerais. Sabemos que São Paulo até então era somente um vilarejo sem grande importância econômica para a metrópole portuguesa, e se bem analisarmos a história da agricultura brasileira a uva e o vinho nunca foram tidos como principal interesse por parte de nossos colonizadores.

Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. No dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras. Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antônio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Após esse longo período de estagnação, o primeiro registro oficial de plantação de uvas na região de São Roque se dá por volta de 1865, quando o Doutor Eusébio Stevaux inicia uma pequena plantação na sua fazenda em Pantojo. Pela mesma época, um colono italiano adquire uma pequena propriedade no bairro de Setúbal, alguns anos mais tarde um português na terra do então Sítio Samambaia forma um razoável vinhedo e inicia o processo de fabricação do vinho.

Dr. Eusébio Stevaux

Já em 1875 foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas aparecessem novamente e ganhassem força nos anos seguintes. Em 1924, a cidade já contava com 17.300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a cada ano, tendo doze produtores de vinhos, sendo cinco deles italianos.

O que possibilitou o retorno da cultura da uva e fabricação do vinho foi a importação de videiras oriundas dos Estados Unidos, pois estas eram mais resistentes ao clima brasileiro. Dentre as principais videiras trazidas estão inicialmente a “Izabel”, a “Seibel 2” (importada da França), curiosamente trazida por imigrantes italianos que se instalaram na região e posteriormente a “Niágara Branca”, oriunda da região do Alabama, EUA.

Portanto, a divisão do período da cultura vinícola de São Roque, desde a fundação da cidade até a época atual em quatro fases distintas:

1ª fase: 1657 – 1880: importação de videiras portuguesas, plantações domiciliares, sem qualquer cunho comercial, ou seja, somente para consumo próprio.

2ª fase: 1880 – 1900: Retomada da viticultura são-roquense, ainda que amadora, quase que familiar, continua voltada basicamente para o consumo e pequeno varejo. Já apresenta uma tendência a profissionalização graças às técnicas trazidas pelos imigrantes italianos e portugueses. Já se utiliza da videira americana que melhor se adaptou ao clima tropical brasileiro (talvez seja este um dos principais fatores de sucesso do cultivo da uva na região de São Roque);

3ª fase 1900 – até aproximadamente final da década de 1950: processo de industrialização e profissionalização da produção do vinho com aplicações de técnicas mais modernas permitindo assim obter resultados e desempenho melhores.

Podemos dividir esta fase primeiramente num período de início do processo de profissionalização e logo após (a partir da década de 1920), o período em que realmente a região investiu e desenvolveu as técnicas vinicultoras, durando até aproximadamente a década de 1950, onde após a massificação da produção entra num processo de decadência.

4ª fase década de 1960 – atual: esta fase engloba o processo de decadência da viticultura são-roquense. Por motivos econômicos e climáticos e até mesmo por falta de investimentos em pesquisas, que se reduziram sensivelmente tanto a qualidade como a quantidade de vinho produzido, levando ao fechamento de diversas adegas (isso principalmente a partir da década de 1980). São Roque permanecendo hoje somente com o título de “terra do vinho”, sendo que os poucos fabricantes que restaram (aproximadamente treze adegas) fabricam seu vinho não de uvas nativas de São Roque, mas sim oriundas de outras partes do Estado ou mesmo de outros estados (exemplo: Rio Grande do Sul).

Há atualmente um movimento para tentar a reversão dessa situação, porém continua bem modesto em relação a todo o histórico e números do passado no ápice do cultivo da videira em São Roque.

Lorena

A “BRS UV 127 31”, mais conhecida como “BRS Lorena”, foi obtida do cruzamento entre as cultivares Malvasia Bianca e Seyval. É indicada para a elaboração de vinhos brancos de mesa aromáticos e frisantes. Plenamente adaptada às condições ambientais do sul do Brasil, possui alta produtividade (25-30 t/ha) e vigor moderado.

O fato de o Brasil ser tradicionalmente conhecido por ter o clima ideal para a produção das castas americanas, por conta da umidade, mas apresentar dificuldades no desenvolvimento das uvas finas, motivou a Embrapa, desde os anos 1980, a atuar na adequação de variedades. Por meio de melhoramento genético, passou a cruzar uvas europeias e americanas como alternativa de qualidade dentro da realidade climática do Brasil.

Lorena

Com o Programa de Melhoramento Genético da Embrapa Uva e Vinho, a empresa detectou que havia uma carência no Rio Grande do Sul de brancas que cumprissem três requisitos: resistência às pragas e doenças (ótima para agricultura orgânica), alta produtividade e potencial enológico para vinhos de boa qualidade.

Foi daí que surgiu a BRS Lorena, de fácil vinificação, com elevada produtividade. É indicada para a elaboração de vinhos brancos de mesa aromáticos, com vigor moderado, boa relação entre doçura e acidez e boa intensidade no paladar, além de apresentar muitas frutas brancas, como pera e pêssego e baixa acidez.

Regulamentação brasileira

De acordo com a legislação brasileira, por ser uma híbrida, o vinho resultante não é considerado “fino”, mas “de mesa”, muito embora com relação ao sabor e aroma alguns especialistas garantam que tenha qualidade comparada às Vitis viniferas.

Se misturar com outras variedades finas, às cegas, não se detecta que tem Lorena, mas desenvolver um híbrido é um processo longo e criterioso, que leva cerca de 15 anos, desde o cruzamento, que ocorreu em 1986, até os testes no campo, tendo a Lorena sido lançada oficialmente em 2001.

Descobriu-se, nesse processo, uma uva versátil, que pode ser colhida um pouco antes da maturação completa para fazer moscatel espumante; no ponto ideal para branco tranquilo; e na maturação completa para a produção de licoroso.

Presta-se à elaboração de varietais e de vinhos de assemblage, entre eles cortes com Semillon e Riesling Itálico. A variedade foi pensada para a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, mas, como mostrou um resultado muito bom no campo, a ótima publicidade auxiliou na expansão de seu cultivo.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um amarelo palha, límpido, brilhante com reflexos esverdeados e uma pequena aparição de lágrimas finas e ligeiras.

No nariz tem uma baixa intensidade aromática, porém, ainda assim sentem-se as notas frutadas, de frutas brancas, cítricas e tropicais, com um delicado frescor.

Na boca é leve, um agradável frescor, com as frutas mais evidentes, em relação ao aspecto olfativo, com um discreto residual de açúcar, acidez refrescante, média e um final frutado.

Incrível os predicados da Lorena, surpreendente ter degustado, pela primeira vez, uma casta brasileira, simples, sim, mas muito especial, delicada, aromática e muito frutada. Embora apresente, para muitos, o habitual para variedades brancas, ainda assim traz prazer, alegria ao degustar e isso sim é o mais importante, o mais significativo no ato de degustar. Frank Lorena é solar, agradável e muito despretensioso, que incita a harmonização com comidas leves ou apenas uma salutar conversa com bons amigos ou sozinho em uma tarde ensolarada. Delicioso! Tem 11% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Frank:

Tudo começou há 97 anos com seu pai o Sr. Roque de Oliveira Santos que passou todas as suas experiências e habilidades para o Sr. Frank Vicente dos Santos.

No sitio da sua família deu continuidade no parreiral e no cultivo de uvas e se especializou na vitivinicultura que hoje conta com uma experiência de mais de 60 anos.

Casou-se com a Sra. Ferdinanda, uma imigrante italiana que veio para o Brasil na segunda guerra mundial e teve duas filhas onde tocam seus negócios até hoje.

Em 1965 fundou a marca que levaria seu nome, conhecida por VINHOS FRANK, que com muito trabalho, dedicação e amor tornou-se uma marca muito conhecida em todo Brasil por manter suas qualidades desde o primeiro litro de vinho até hoje.

Hoje a marca conta com 07 linhas de produtos, são elas: Tradicional, Bordô, varietais, frisante, espumante, cooler e suco de uva.

Toda sua produção continua sendo supervisionada e orientada pelo Sr. Frank que hoje tem 95 anos de vida e toma seu vinho todos os dias.

A marca "Vinhos Frank” nos meados de 1990 inaugurou seu restaurante que está sendo um dos principais atrativos, contando com um ótimo cardápio, com muitas variedades de pratos, sendo harmonizados com a linha de vinhos FRANK.

Mais informações acesse:

https://www.vinhosfrank.com/

Referências:

“Assembleia Legislativa de São Paulo”: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=301135

“Blog do Lullão”: http://www.lullao.com/p/historia-do-vinho-em-sao-roque.html?m=1

“Sites Google”: https://sites.google.com/site/historiadovinhodesaoroque/home/historia-do-vinho-de-sao-roque

“Revista Sociedade de Mesa”: https://revista.sociedadedamesa.com.br/2022/01/hibrida-nobre/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/6396/uva-brs-lorena-uv-127-31

 

 

 

 








segunda-feira, 9 de maio de 2022

Frank Tempranillo Rosé 2019

 

Têm castas que já faz parte da nossa vida de enófilo! Aquelas que, apesar de manjadas, tem tradição, se estão nas mentes e taças de muita gente são porque tem história, imponência e respeitabilidade, até aí não é, pelo menos para mim, novidade.

Mas ainda assim, mesmo que com essas castas já tão conhecidas e respeitadas no universo do vinho, são capazes de trazer gratas novidades, experiências surpreendentes.

E hoje, particularmente hoje, as grandes surpresas e experiências sensoriais tomaram de assalto as minhas percepções e sentimentos acerca dessa casta que tenho tanto apreço, tanto carinho e que me entregou momentos sublimes. Falo da Tempranillo.

Tempranillo, como todos são capazes de saber, ganhou prestígio na Espanha, mas ela dá o seu ar da graça em Portugal e recebe outros nomes como Aragonez, no Alentejo e Tinta Roriz no Douro.

Porém mesmo degustando vinhos especiais, sobretudo os espanhóis, da Tempranillo, ainda há espaço para, como disse, novidades, mesmo sendo, para muitos, algo, diria, banal. Mas é aquilo, todo grande momento novo tem de ser vivido plenamente.

E vou contar uma história para ilustrar esse momento de novidade! Sempre quis degustar um Tempranillo rosé, desde que conheci e fiquei sabendo que se faziam Tempranillos no “formato” rosé. Então, por um momento de minha vida, decidi garimpar, buscar rótulos rosés da variedade.

Acessei sites de lojas especializadas, procurei em supermercados, queria degustar um a qualquer custo. Vi alguns rótulos em alguns sites, mas a proposta não estava em consonância com os valores praticados e quando achei um em supermercado famoso em minha região, fiquei receoso em compra-lo. Queria que esse momento fosse especial!

Por um momento dessa trajetória eu desisti de procurar. Mas quando o amigo Luciano, da loja Pemarcano Vinhos, me disse que mandaria, tão gentilmente, tão carinhosamente, alguns rótulos de cortesia, um deles era um Tempranillo rosé! Quando não procurei ele veio até a mim!

E melhor: um Tempranillo rosé brasileiro e melhor ainda: um Tempranillo rosé brasileiro e da região paulista de São Roque. São Roque está figurando de forma intensa e maravilhosa em minhas taças e, mais uma vez, a experiência retomaria com essa tradicional região brasileira de produção de vinhos.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho que degustei e gostei que veio, claro, de São Roque e se chama Frank, um rosé da casta Tempranillo da safra 2019. E para a minha alegria eu já havia degustado o Frank Tempranillo 2020 tinto e a experiência foi ótima! Antes de falar do vinho vamos à história de São Roque e a sua importância para a viticultura brasileira.

São Roque: a “terra do vinho”

A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1.200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva. Alguns anos após a morte de Vaz de Barros, seu irmão, Fernão Paes de Barros, se estabeleceu na mesma região, onde construiu uma casa e uma capela, que foram restauradas em 1945 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mário de Andrade, dono da propriedade.

Na região de São Roque, podem-se identificar referências à vitivinicultura desde a sua fundação, por volta do final do século XVII. Conforme informações encontradas e divulgadas pelos moradores da cidade, através da tradição oral, ou mesmo citado pelo Professor Joaquim Silveira dos Santos em seu artigo para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXVII, nessa época toda a região pertencia a apenas três grandes proprietários de terras: Pedro Vaz de Barros, seu irmão Fernão Paes de Barros e o padre Guilherme Pompeu de Almeida, sendo que Pedro Vaz (tido como o fundador da cidade) se estabeleceu próximo da atual igreja Matriz, seu irmão mais ao norte, onde até hoje ainda se encontra a casa grande e capela Santo Antônio, e por fim a fazenda do padre Guilherme Pompeu se encontrava na hoje atual cidade de Araçariguama que faz divisa com Santana do Parnaíba.

Portanto realmente não se podem esperar grandes referências desse período da história, afinal o Brasil era apenas uma colônia e que existiam restrições da fabricação de qualquer tipo de produto em nosso solo, ou seja, em tese tudo deveria vir de Portugal, inclusive o vinho.

Outro fator que pode ter influenciado e não ter feito prosperar o cultivo da videira seria a prioridade da época de então, que era a descoberta de ouro, principalmente na região das Minas Gerais. Sabemos que São Paulo até então era somente um vilarejo sem grande importância econômica para a metrópole portuguesa, e se bem analisarmos a história da agricultura brasileira a uva e o vinho nunca foram tidos como principal interesse por parte de nossos colonizadores.

Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. No dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras. Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antônio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Após esse longo período de estagnação, o primeiro registro oficial de plantação de uvas na região de São Roque se dá por volta de 1865, quando o Doutor Eusébio Stevaux inicia uma pequena plantação na sua fazenda em Pantojo. Pela mesma época, um colono italiano adquire uma pequena propriedade no bairro de Setúbal, alguns anos mais tarde um português na terra do então Sítio Samambaia forma um razoável vinhedo e inicia o processo de fabricação do vinho.

Dr. Eusébio Stevaux

Já em 1875 foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas aparecessem novamente e ganhassem força nos anos seguintes. Em 1924, a cidade já contava com 17.300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a cada ano, tendo doze produtores de vinhos, sendo cinco deles italianos.

O que possibilitou o retorno da cultura da uva e fabricação do vinho foi a importação de videiras oriundas dos Estados Unidos, pois estas eram mais resistentes ao clima brasileiro. Dentre as principais videiras trazidas estão inicialmente a “Izabel”, a “Seibel 2” (importada da França), curiosamente trazida por imigrantes italianos que se instalaram na região e posteriormente a “Niágara Branca”, oriunda da região do Alabama, EUA.

Portanto, a divisão do período da cultura vinícola de São Roque, desde a fundação da cidade até a época atual em quatro fases distintas:

1ª fase: 1657 – 1880: importação de videiras portuguesas, plantações domiciliares, sem qualquer cunho comercial, ou seja, somente para consumo próprio.

2ª fase: 1880 – 1900: Retomada da viticultura são-roquense, ainda que amadora, quase que familiar, continua voltada basicamente para o consumo e pequeno varejo. Já apresenta uma tendência a profissionalização graças às técnicas trazidas pelos imigrantes italianos e portugueses. Já se utiliza da videira americana que melhor se adaptou ao clima tropical brasileiro (talvez seja este um dos principais fatores de sucesso do cultivo da uva na região de São Roque);

3ª fase 1900 – até aproximadamente final da década de 1950: processo de industrialização e profissionalização da produção do vinho com aplicações de técnicas mais modernas permitindo assim obter resultados e desempenho melhores.

Podemos dividir esta fase primeiramente num período de início do processo de profissionalização e logo após (a partir da década de 1920), o período em que realmente a região investiu e desenvolveu as técnicas vinicultoras, durando até aproximadamente a década de 1950, onde após a massificação da produção entra num processo de decadência.

4ª fase década de 1960 – atual: esta fase engloba o processo de decadência da viticultura são-roquense. Por motivos econômicos e climáticos e até mesmo por falta de investimentos em pesquisas, que se reduziram sensivelmente tanto a qualidade como a quantidade de vinho produzido, levando ao fechamento de diversas adegas (isso principalmente a partir da década de 1980). São Roque permanecendo hoje somente com o título de “terra do vinho”, sendo que os poucos fabricantes que restaram (aproximadamente treze adegas) fabricam seu vinho não de uvas nativas de São Roque, mas sim oriundas de outras partes do Estado ou mesmo de outros estados (exemplo: Rio Grande do Sul).

Há atualmente um movimento para tentar a reversão dessa situação, porém continua bem modesto em relação a todo o histórico e números do passado no ápice do cultivo da videira em São Roque.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um lindo rosado com alguma intensidade, tendendo para o escuro, como uma casca da cebola, mas muito brilhante.

No nariz explodem os aromas de frutas vermelhas frescas, frutas compotadas, que se destacam morango e framboesa, com um delicado floral, de flores vermelhas.

Na boca reproduzem-se as impressões olfativas, com muita fruta, sendo leve, fresco e despretensioso, com algum volume, acidez equilibrada, correta e um curioso toque de especiarias doces. Final médio com retrogosto frutado.

A experiência que, para muitos, pode ser taxada de banal, para mim foi única, incrível, especial. Degustar meu primeiro Tempranillo Rosé foi maravilhoso! Um vinho frutado, alegre, descompromissado, fresco, leve, com uma acidez ótima, mas com um toque marcante, de alguma personalidade, como deve ser a velha e eterna Tempranillo. E que os grandes momentos, por mais simples que sejam, aconteçam, porque são nobres, porque da simplicidade vem a nobreza. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Frank:

Tudo começou há 97 anos com seu pai o Sr. Roque de Oliveira Santos que passou todas as suas experiências e habilidades para o Sr. Frank Vicente dos Santos.

No sitio da sua família deu continuidade no parreiral e no cultivo de uvas e se especializou na vitivinicultura que hoje conta com uma experiência de mais de 60 anos.

Casou-se com a Sra. Ferdinanda, uma imigrante italiana que veio para o Brasil na segunda guerra mundial e teve duas filhas onde tocam seus negócios até hoje.

Em 1965 fundou a marca que levaria seu nome, conhecida por VINHOS FRANK, que com muito trabalho, dedicação e amor tornou-se uma marca muito conhecida em todo Brasil por manter suas qualidades desde o primeiro litro de vinho até hoje.

Hoje a marca conta com 07 linhas de produtos, são elas: Tradicional, Bordô, varietais, frisante, espumante, cooler e suco de uva.

Toda sua produção continua sendo supervisionada e orientada pelo Sr. Frank que hoje tem 95 anos de vida e toma seu vinho todos os dias.

A marca "Vinhos Frank” nos meados de 1990 inaugurou seu restaurante que está sendo um dos principais atrativos, contando com um ótimo cardápio, com muitas variedades de pratos, sendo harmonizados com a linha de vinhos FRANK.

Mais informações acesse:

https://www.vinhosfrank.com/

Referências:

“Assembleia Legislativa de São Paulo”: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=301135

“Blog do Lullão”: http://www.lullao.com/p/historia-do-vinho-em-sao-roque.html?m=1

“Sites Google”: https://sites.google.com/site/historiadovinhodesaoroque/home/historia-do-vinho-de-sao-roque

 

 






sábado, 22 de janeiro de 2022

Frank Tempranillo 2020

 

Nunca pensei, quando comecei a degustar vinhos, a quase 30 anos atrás, de que eu fosse desbravar, de forma tão intensa, os vinhos brasileiros. Desbravar regiões que jamais fosse chegar que nunca esperar encontrar vinhos que não nos polos de produção da bebida como o Rio Grande do Sul.

Por isso não me canso de dizer, sei que sou redundante, mas nunca omisso: o universo do vinho é vasto e inexplorado e ele nos propicia não apenas a degustação que claro é o ápice, mas descobrir, aprender e se banhar de cultura.

Como muitos, infelizmente, que adentra o mundo do vinho sempre, de forma pré concebida, acha que o mundo do vinho brasileiro é limitado e incipiente, os rótulos e a história dizem o contrário e é uma forma de resistência que grita aos quatro cantos que o vinho nacional é válido e tem sim história.

Sempre ouvi dizer que São Paulo sempre foi uma região proeminente na produção de vinhos e mais, com certo protagonismo para a história vitivinícola brasileira. Mas nunca parei para pensar na dimensão dessa informação, na relevância disso tudo e consequentemente nunca me atentei para a possibilidade de degustar quaisquer vinhos das regiões contempladas pela natureza nas terras paulistas.

E o meu primeiro contato com os vinhos de São Paulo se deu de uma forma totalmente ocasional e despretensiosa. Estava eu acessando as minhas redes sociais e me deparei com uma publicação um tanto quanto atípica para mim e estava relacionado aos vinhos artesanais ou a vinhos produzidos por pequenas e médias vinícolas com baixa produção. Aquilo fora como se amor à primeira vista, dado o tamanho do interesse que me tomou como um arrebatamento.

Diante do tamanho do interesse decidi procurar detalhes sobre o vinho mencionado e como qualquer coisa que colocamos na grande rede para pesquisar, uma coisa vai puxando a outra, porém dentro do contexto. Até que cheguei a um site que vende vinhos de uma região famosa do interior de são Paulo conhecida como “a terra do vinho”, chamada São Roque!

Além do interesse instigante de novos terroirs, a degustação de vinhos artesanais e produzidos por pequenas vinícolas me atraía de uma forma visceral e implacável. Decidi comprar três rótulos e dois já degustei: Um que veio, pasmem, de uma cidade chamada Serra Negra, o Família Silloto Merlot 2019 e o vinho de São Roque o Dom Bernardino Touriga Nacional 2018.

E faltava o terceiro rótulo! Então o momento chegou e a animação virou ansiedade, estava tomado por uma exaltação salutar, degustar o meu terceiro rótulo da “terra do vinho”, São Roque é como degustar a história do Brasil vitícola! A rolha se desprende da garrafa, o barulhinho típico anuncia o momento de a taça ser inundada pelo líquido sagrado e santificar as experiências sensoriais era questão de tempo. E ele é surpreendentemente maravilhoso! Incrível! O vinho que degustei e gostei veio de são Roque, São Paulo, e se chama Frank da casta Tempranillo, da safra das safras, 2020. As uvas vieram do Sul do Brasil, São Roque ainda não tem clima para produzir propício castas vitis vinífera, mas foi vinificado sobre os preceitos, sob a filosofia da tradicional vinícola Frank que, apesar de pequena goza de uma tradição de mais de 50 anos nas terras de São Roque, região esta que falaremos agora.

São Roque: a “terra do vinho”

A cidade de São Roque foi fundada no dia 16 de agosto de 1657, mas começou como uma grande fazenda do capitão paulista Pedro Vaz de Barros, que pertencia a uma família de bandeirantes e sertanistas. Vaz de Barros também participou de diversas Bandeiras. O fundador da cidade, também conhecido como Vaz Guaçú, contava com aproximadamente 1.200 índios que trabalhavam em suas terras, onde eram cultivados trigo e uva. Alguns anos após a morte de Vaz de Barros, seu irmão, Fernão Paes de Barros, se estabeleceu na mesma região, onde construiu uma casa e uma capela, que foram restauradas em 1945 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a pedido do escritor Mário de Andrade, dono da propriedade.

Na região de São Roque, podem-se identificar referências à vitivinicultura desde a sua fundação, por volta do final do século XVII. Conforme informações encontradas e divulgadas pelos moradores da cidade, através da tradição oral, ou mesmo citado pelo Professor Joaquim Silveira dos Santos em seu artigo para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXVII, nessa época toda a região pertencia a apenas três grandes proprietários de terras: Pedro Vaz de Barros, seu irmão Fernão Paes de Barros e o padre Guilherme Pompeu de Almeida, sendo que Pedro Vaz (tido como o fundador da cidade) se estabeleceu próximo da atual igreja Matriz, seu irmão mais ao norte, onde até hoje ainda se encontra a casa grande e capela Santo Antônio, e por fim a fazenda do padre Guilherme Pompeu se encontrava na hoje atual cidade de Araçariguama que faz divisa com Santana do Parnaíba.

Portanto realmente não se podem esperar grandes referências desse período da história, afinal o Brasil era apenas uma colônia e que existiam restrições da fabricação de qualquer tipo de produto em nosso solo, ou seja, em tese tudo deveria vir de Portugal, inclusive o vinho.

Outro fator que pode ter influenciado e não ter feito prosperar o cultivo da videira seria a prioridade da época de então, que era a descoberta de ouro, principalmente na região das Minas Gerais. Sabemos que São Paulo até então era somente um vilarejo sem grande importância econômica para a metrópole portuguesa, e se bem analisarmos a história da agricultura brasileira a uva e o vinho nunca foram tidos como principal interesse por parte de nossos colonizadores.

Após um período difícil, o povoado originado por Pedro Vaz foi elevado à categoria de Freguesia no dia 15 de agosto de 1768, recebendo o nome de São Roque do Carambeí. No dia 10 de julho de 1832, a Freguesia foi elevada à categoria de vila, mas o progresso do local só começou em 1838, quando começaram as lavouras de milho, algodão, arroz, mandioca e farinha de mandioca, cana de açúcar e derivados, legumes e verduras. Em março de 1846, seis anos após instalar-se na vila o destacamento da Guarda Nacional, Dom Pedro II e uma pequena comitiva permaneceram um dia na cidade de São Roque. Com a passagem de Dom Pedro II, Antônio Joaquim começou a se destacar no cenário político e, graças ao morador ilustre, São Roque foi elevada à categoria de cidade no dia 22 de abril de 1864.

Após esse longo período de estagnação, o primeiro registro oficial de plantação de uvas na região de São Roque se dá por volta de 1865, quando o Doutor Eusébio Stevaux inicia uma pequena plantação na sua fazenda em Pantojo. Pela mesma época, um colono italiano adquire uma pequena propriedade no bairro de Setúbal, alguns anos mais tarde um português na terra do então Sítio Samambaia forma um razoável vinhedo e inicia o processo de fabricação do vinho.

Dr. Eusébio Stevaux

Já em 1875 foi inaugurada a Estrada de Ferro Sorocabana, que ligou a cidade de São Paulo a São Roque e Sorocaba. Após alguns anos, em 1884, começou a grande chegada de imigrantes à cidade, fazendo com que as vinícolas aparecessem novamente e ganhassem força nos anos seguintes. Em 1924, a cidade já contava com 17.300 habitantes e foram produzidos 10 mil litros de vinho a cada ano, tendo doze produtores de vinhos, sendo cinco deles italianos.

O que possibilitou o retorno da cultura da uva e fabricação do vinho foi a importação de videiras oriundas dos Estados Unidos, pois estas eram mais resistentes ao clima brasileiro. Dentre as principais videiras trazidas estão inicialmente a “Izabel”, a “Seibel 2” (importada da França), curiosamente trazida por imigrantes italianos que se instalaram na região e posteriormente a “Niágara Branca”, oriunda da região do Alabama, EUA.

Portanto, a divisão do período da cultura vinícola de São Roque, desde a fundação da cidade até a época atual em quatro fases distintas:

1ª fase: 1657 – 1880: importação de videiras portuguesas, plantações domiciliares, sem qualquer cunho comercial, ou seja, somente para consumo próprio.

2ª fase: 1880 – 1900: Retomada da viticultura são-roquense, ainda que amadora, quase que familiar, continua voltada basicamente para o consumo e pequeno varejo. Já apresenta uma tendência a profissionalização graças às técnicas trazidas pelos imigrantes italianos e portugueses. Já se utiliza da videira americana que melhor se adaptou ao clima tropical brasileiro (talvez seja este um dos principais fatores de sucesso do cultivo da uva na região de São Roque);

3ª fase 1900 – até aproximadamente final da década de 1950: processo de industrialização e profissionalização da produção do vinho com aplicações de técnicas mais modernas permitindo assim obter resultados e desempenho melhores.

Podemos dividir esta fase primeiramente num período de início do processo de profissionalização e logo após (a partir da década de 1920), o período em que realmente a região investiu e desenvolveu as técnicas vinicultoras, durando até aproximadamente a década de 1950, onde após a massificação da produção entra num processo de decadência.

4ª fase década de 1960 – atual: esta fase engloba o processo de decadência da viticultura são-roquense. Por motivos econômicos e climáticos e até mesmo por falta de investimentos em pesquisas, que se reduziram sensivelmente tanto a qualidade como a quantidade de vinho produzido, levando ao fechamento de diversas adegas (isso principalmente a partir da década de 1980). São Roque permanecendo hoje somente com o título de “terra do vinho”, sendo que os poucos fabricantes que restaram (aproximadamente treze adegas) fabricam seu vinho não de uvas nativas de São Roque, mas sim oriundas de outras partes do Estado ou mesmo de outros estados (exemplo: Rio Grande do Sul).

Há atualmente um movimento para tentar a reversão dessa situação, porém continua bem modesto em relação a todo o histórico e números do passado no ápice do cultivo da videira em São Roque.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho intenso quase escuro, com reflexos violáceos que dá um tom brilhante e reluzente, com lágrimas grossas e que marcam o bojo.

No nariz explode em frutas vermelhas maduras, onde se destacam cereja, groselha e morango. Um toque floral muito delicado que lembra flores vermelhas, além de um toque terroso, de floresta.

Na boca é de leve para médio, com as notas frutadas percebida no aspecto olfativo, com um bom volume de boca, taninos macios, polidos, com boa acidez mostrando ainda jovialidade, além de frescor. É equilibrado, harmonioso, elegante e tem um final de boca de média persistência com retrogosto frutado.

Vinho não é só poesia engarrafada como dizia aquele poeta, mas história engarrafada também. Degustamos história, degustamos cultura! É muito gratificante e especial degustarmos vinhos com essa carga histórica atrelada de forma tão veemente, tão latente. A história é viva e plena, não é algo estático. Degustar o Frank da casta Tempranillo é como se estabelecêssemos contato com um novo mundo, uma nova percepção, que enaltece as nossas experiências sensoriais. A Tempranillo definitivamente está definitivamente se adaptando em nossas terras apesar de ainda não ter tantos rótulos disponíveis, mas os poucos ofertados são ótimos e não fica atrás dos espanhóis, por exemplo. E este da Vinícola Frank honra a força propulsora dos vinhos brasileiros que, a cada dia, vem crescendo, devagar sim, a duras penas, também, mas com dignidade e respeitando todos os componentes de seus terroirs. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Frank:

Tudo começou há 97 anos com seu pai o Sr. Roque de Oliveira Santos que passou todas as suas experiências e habilidades para o Sr. Frank Vicente dos Santos.

No sitio da sua família deu continuidade no parreiral e no cultivo de uvas e se especializou na vitivinicultura que hoje conta com uma experiência de mais de 60 anos.

Casou-se com a Sra. Ferdinanda, uma imigrante italiana que veio para o Brasil na segunda guerra mundial e teve duas filhas onde tocam seus negócios até hoje.

Em 1965 fundou a marca que levaria seu nome, conhecida por VINHOS FRANK, que com muito trabalho, dedicação e amor tornou-se uma marca muito conhecida em todo Brasil por manter suas qualidades desde o primeiro litro de vinho até hoje.

Hoje a marca conta com 07 linhas de produtos, são elas: Tradicional, Bordô, varietais, frisante, espumante, cooler e suco de uva.

Toda sua produção continua sendo supervisionada e orientada pelo Sr. Frank que hoje tem 95 anos de vida e toma seu vinho todos os dias.

A marca "Vinhos Frank” nos meados de 1990 inaugurou seu restaurante que está sendo um dos principais atrativos, contando com um ótimo cardápio, com muitas variedades de pratos, sendo harmonizados com a linha de vinhos FRANK.

Mais informações acesse:

https://www.vinhosfrank.com/

Referências:

“Assembleia Legislativa de São Paulo”: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=301135

“Blog do Lullão”: http://www.lullao.com/p/historia-do-vinho-em-sao-roque.html?m=1

“Sites Google”: https://sites.google.com/site/historiadovinhodesaoroque/home/historia-do-vinho-de-sao-roque