Para os vinhos brancos as castas recomendadas são Maria-Gomes
(também conhecida como Fernão Pires), Arinto, Bical, Cercial e Rabo-de-Ovelha,
no conjunto ou separadamente com um mínimo de 80% do encepamento: e as
autorizadas são Cercialinho e Chardonnay. O vinho base para espumantes naturais
devem ser elaborados através das castas recomendadas Arinto, Baga, Bical,
Cercial, Maria-Gomes e Rabo-de-Ovelha; ou das autorizadas Água-Santa,
Alfrocheiro-Preto, Bastardo, Castelão, Cercialinho, Chardonnay, Jean, Moreto,
Preto-Mortágua, Tinta-Pinheira e Trincadeira.
Em 2012 foi publicada a Portaria n.º 380/2012, que atualiza a
lista de castas permitidas para elaboração dos vinhos DOC Bairrada. Foi incluída recentemente uma autorização
para o cultivo das castas internacionais Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot,
Petit Verdot e Pinot Noir e das portuguesas Touriga Nacional, Castelão, Rufete,
Camarate, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Vinhos elaborados com
castas que não estejam relacionadas no Decreto-Lei, não podem receber o selo de
DOC Bairrada e são rotulados com o selo Vinho Regional Beira Atlântico.
Maria-Gomes
Maria Gomes é uma variedade de pele clara conhecida
popularmente como uva Fernão Pires. Trata-se de uma variedade aromática e
cultivada, principalmente, em Portugal. A versátil uva Maria Gomes é utilizada
na elaboração de vinhos brancos secos e serve de base também para vinhos de
sobremesa e bons espumantes.
Lima, laranja e raspas de limão são os três aromas mais
comuns encontrados nos vinhos Maria Gomes. Em alguns casos, os vinhos
apresentam também sabores de mel e bem minerais, com o decorrer do tempo em que
vão envelhecendo.
As vinhas da Maria Gomes se adaptam melhor quando são
cultivadas em regiões com temperaturas elevadas, principalmente, nas áreas
centrais e no sul de Portugal – Bairrada, Lisboa e Ribatejo. Os altos
rendimentos dessa variedade necessitam ser controlados pelo produtor, a fim de
que seus frutos apresentem complexos aromas e sabores. Além disso, as videiras
da Maria Gomes são sensíveis a geadas, sendo inadequada para o cultivo em
regiões frias.
A maior parte dos vinhos produzidos a partir da Maria Gomes
apresenta excelente complexidade aromática, embora ocorram algumas complicações
por parte dos produtores, precisando que alguns cuidados sejam tomados durante
a vinificação para que seja produzido um bom vinho.
Os níveis de acidez da uva Maria Gomes podem diminuir
consideravelmente no final do crescimento, dando origem a vinhos pouco
complexos e “flácidos”, com tendência a serem simples. Apenas os melhores
exemplares podem envelhecer por alguns anos na garrafa.
Na maior parte das vezes, os vinhos de Portugal são
combinações de duas ou mais uvas, e os vinhos produzidos com a uva Maria Gomes
não são exceção. A casta aparece nos rótulos dos exemplares, normalmente, ao
lado de outras cepas nativas de Portugal, como a Arinto.
Bical
A Bical é uma uva branca de origem portuguesa utilizada na
elaboração de vinhos brancos e espumantes. Cultivada principalmente na região
de Beiras, especialmente na Bairrada e no Dão, no centro de Portugal, produz
vinhos de elevada acidez, podendo ser aproveitada em blends ou em vinhos
varietais.
É caracterizada por sabor frutado e pode apresentar, em anos
mais maduros, notas de frutas tropicais. Trata-se de uma casta precoce com
elevado teor alcoólico, que apresenta alta resistência à podridão, mas tem como
peculiaridade a alta sensibilidade ao oídio.
Também conhecida como Arinto de Alcobaça, Bical de Bairrada,
Pintado dos Pardais ou Pintado das Moscas, Barrado das Moscas e Borrado das
Moscas, devido à sua aparência nos vinhedos, a uva Bical é, junto com a uva
Maria Gomes, é uma das castas mais importantes desta região portuguesa da
Bairrada.
Os vinhos elaborados com a casta Bical são bastante macios e
muito aromáticos, frescos e de boa estrutura. Respondem muito bem ao
envelhecimento em carvalho e ao contato estendido com as borras, resultando em
ótimos vinhos. Os melhores exemplares podem maturar por mais de dez anos,
adquirindo características próximas a vinhos elaborados com a Riesling. Esta
uva também é bastante utilizada em espumantes, muitas vezes misturada com as
castas Arinto e Cercial.
Uva bastante precoce, a Bical possui amadurecimento rápido
nos vinhedos e pode desenvolver alto teor alcoólico, principalmente se for
deixada na videira por um longo período. Quando apresenta acidez acima da
média, é utilizada na elaboração de espumantes ou em vinhos de corte com a
Arinto.
Na região do Dão ela é conhecida como Borrado das Moscas,
pois as uvas maduras nos vinhedos apresentam pequenas manchas castanhas, que
lembram muito o desenho de moscas, mas que são apenas sardas na parte externa
da fruta. Esta característica faz com que se tenha a impressão de as uvas
estarem levemente irregulares.
O consumo dos vinhos elaborados com a uva Bical é indicado em
refeições que incluam pratos com peixes e frutos do mar, tais como mariscos com
arroz, mexilhões cozidos, peixe branco grelhado com risoto, ou mesmo frango
Apricot, entre muitas outras opções.
E agora finalmente o vinho!
Na taça apresenta um amarelo palha, com tendência para o
dourado muito brilhante com a manifestação de lágrimas finas e curtas.
No nariz traz uma explosão aromática de frutas brancas, como
maçã verde, pera e frutas cítricas como limão, lima e abacaxi, com um delicado
floral, flores brancas.
Na boca é fresco, leve, redondo, mas entrega um bom volume de
boca, sendo, em alguns momentos, um vinho untuoso, com uma acidez equilibrada e
um final prolongado e marcante.
Um raio cai sim e deve, no mundo dos vinhos, duas vezes ou
mais nas nossas taças e fazendo um reboliço nas nossas experiências sensoriais,
iluminando os nossos dias com ótimas degustações, transformando-os em
verdadeiras celebrações, uma verdadeira ode aos vinhos dessa região emblemática
de Portugal que não faz tanto sucesso em terras brasileiras: a Bairrada! Espero
acompanhar, seguir junto com a linha Marquês de Marialva Colheita Seleccionada,
com seus rótulos brancos, safra após safra, desvendando nuances sensoriais que
personificam na mais genuína qualidade que catapulta para o mundo a Bairrada e
suas castas de forte apelo regionalista! Que venham mais e mais rótulos! Que os
anos não passem em termos de qualidade e que retrate a tipicidade dessa região.
Tem 12,5% de teor alcoólico.
Ah aqui cabe uma curiosidade sobre o nome do rótulo:
D. António Luís de Meneses, natural de Cantanhede, foi o 1º
Marquês de Marialva, título que recebeu de D. Afonso VI, em reconhecimento da
sua valentia ao comando das tropas portuguesas nas batalhas de "Linhas de
Elvas" e "Montes Claros" - as mais importantes durante a Guerra
da Restauração (1640-1668), quando Portugal recuperou definitivamente a sua
independência, após 60 anos de domínio espanhol. Pode-se dizer que a ele se
deve o fato de Portugal existir hoje como uma nação independente.
Sobre a Adega Cooperativa de Cantanhede:
A constituição da Adega Cooperativa de Cantanhede acontece no
ano de 1954, fruto da vontade de um grupo de viticultores empenhado em criar
condições para valorizar e rentabilizar o elevado potencial que já então
reconheciam aos vinhos produzidos no terroir de Cantanhede.
Neste concelho, onde a viticultura remonta ao tempo dos
romanos, encontramos a principal mancha vitícola da Região Demarcada da
Bairrada. Atualmente com cerca de 1400 viticultores associados, representando
uma área total de vinha de 2000 Ha, esta adega é o maior produtor da região,
representado 25 a 30% da produção.
A sua dimensão e consequente responsabilidade que assume no
contexto da região demarcada onde se insere, desde cedo exigiu que o caminho a
seguir fosse o de valorizar as castas características da região, apostando na
produção de vinhos com maior qualidade.
Inicialmente comercializados exclusivamente a granel, após
apenas 9 anos depois da sua fundação e contra todas as correntes do sector
cooperativo de então, esta adega inicia, pioneiramente, a venda dos seus vinhos
engarrafados procurando uma alternativa para a diferenciação dos vinhos de
Cantanhede.
A estratégia adoptada não demorou a dar frutos. Hoje esta
adega certifica mais de metade da sua produção com a Denominação de Origem
Bairrada, assumindo uma destacada liderança neste segmento e, mais recentemente
também nos Vinhos Regional Beiras. Hoje a sua política produtiva assenta num
pressuposto basilar que passa por uma forte aposta nas castas portuguesas,
particularmente da Bairrada, sua defesa, promoção e divulgação.
Mais informações acesse:
https://www.cantanhede.com/
Referências:
Mistral: https://www.mistral.com.br/regiao/bairrada
Reserva85: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/bairrada/
“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/maria-gomes
https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bical