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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Tyrrell's Old Winery Syrah 2009

Tem certas castas que ganham identidade fora de seu berço de origem. Embora tenham algumas peculiaridades, de acordo com os terroirs espalhados pelo mundo determinadas castas são lembradas, sobretudo no quesito qualidade e credibilidade com determinados países e terras lendárias e emblemáticas na produção do vinho.

Já degustei alguns rótulos que quando pensamos em comprar sempre vem à tona determinados países e quando falamos da grande Syrah não podemos negligenciar a importância da Austrália.

Não posso sequer negligenciar a Syrah australiana da minha enófila vida. Lembro-me dos meus primeiros Syrahs da Austrália, só não consigo lembrar-me como descobri a importância da Syrah australiana. Os primeiros Syrahs que degustei foram os chilenos, os próprios franceses, alguns poucos desse país e quando me vi estava com a taça cheia do Shiraz australiano.

Acredito que foi com a intenção de descobrir os próprios vinhos australianos e não como dissociar a Shiraz da Austrália. E de algo eu posso lembrar com grande nitidez: Quando estava à procura de alguns bons vinhos australianos me recomendaram uma casa no Rio de Janeiro, vizinha da minha querida cidade de Niterói que gozava de alguma popularidade e tradição na venda de rótulos pouco usuais, difíceis de encontrar em qualquer lugar a preços convidativos. E lá fui!

Lá cheguei e logo um senhor, muito simpático e prestativo, me perguntou se tinha algum vinho em especial que procurava e logo disse que gostaria de alguns rótulos australianos com um bom custo X benefício.

Ele olhou com um olhar meio perdido, a princípio e disse: “Meu filho não é fácil encontrar um australiano assim, mas é possível”! E de fato, lembro-me que, em tempos de outrora, era difícil encontrar um bom rótulo australiano com um bom preço, a maioria era muito cara e ainda o é, mas essa situação está, mesmo que vagarosamente, revertendo.

Ele andou para o lado, para o outro, demorou um pouco para encontrar um vinho que pudesse contemplar os meus anseios e finalmente encontrou um e o tomou em suas mãos e logo me entregou. Disse que era um bom vinho e contemplava de forma singular o Syrah australiano.

Olhei e hesitei um pouco: seria um papo de vendedor? Sabe como é, para vender falam qualquer coisa sem sequer se preocupar com os anseios daquele que vai degustar o vinho.

Mas à época achei um bom preço, “pagável” e decidi levar, literalmente paguei para ver. Não levei muito tempo para degusta-lo e logo escolhi o dia tão importante para degustar aquele Syrah australiano. E não é que o vinho era maravilhoso? Espetacular vinho! Então sem mais delongas apresento o vinho: O vinho que degustei e gostei é um Syrah australiano e oriundo de várias regiões emblemáticas da Austrália, um blend de Syrah, um blend de regiões da Austrália e se chama Tyrrell’s Old Winery Syrah da safra 2009. E já que falamos, até aqui, tanto da Syrah e da sua aventura na Austrália, falemos também da história da casta.

No século XIII, o cavaleiro Gaspard de Stérimberg, retornou das Cruzadas e estabeleceu-se ao sul da cidade de Lyon, perto do entroncamento dos rios Rhône e Isère. Lá, ergueu uma capela para São Cristóvão e viveu como ermitão, isolado do mundo. Acredita-se que ele ou talvez outros cruzados, ao retornarem para a França depois das batalhas no Oriente Médio, teriam trazido consigo mudas de vinhas da cidade de Shiraz (ou Chiraz), na Pérsia, então um importante centro comercial da antiguidade.

Outra lenda dá conta de que os imigrantes gregos da cidade de Foceia (atualmente Foça, na Turquia) teriam criado relações comerciais no Mediterrâneo e também fundado portos e cidades, entre elas Massalia (Marselha). Assim, eles teriam trazido as mudas adquiridas em Shiraz, na Pérsia, e as implantado na região ainda no século VI a.C. Há chances ainda de a variedade ter sido originada no mar Egeu, numa das ilhas gregas das Cíclades chamada Siro (ou Syra).

No entanto, alguns acreditam que a origem da uva Syrah no Rhône é ainda anterior, remontando a 310 a.C. Na época, Agathocles, tirano que reinava na ilha siciliana de Siracusa (Syracusa) teria trazido consigo mudas de vinhas quando esteve no Egito. Da ilha, as vinhas teriam se espalhado pelo sul da França.

Agathocles

Outros ainda cogitam a ideia de que, nos primeiros anos depois de Cristo, Plínio, o Velho, filósofo e naturalista romano, teria descrito a variedade Syriaca, uma versão escura da uva Aminea, que crescia na Síria, como uma ancestral da Syrah. Há quem sugira que São Patrício, patrono da Irlanda, foi quem plantou as primeiras mudas de Syrah no Rhône quando fazia seu trajeto para a abadia de Lérins, na ilha de Saint-Honorat, perto de Cannes.

Plínio, o velho

São Patrício

Já os viticultores albaneses creem que a Syrah tenha se originado em suas terras. Lá, cresce uma variedade tinta chamada Serina e Zezë e outra dita Shesh i zi, que teriam parentesco com a Syrah. Sérine, por sinal, é um dos nomes pela qual a variedade é conhecida.

As origens da variedade estão mesmo diretamente ligadas ao norte do vale do rio Rhône, mais especificamente na área ao norte do rio Isère e à leste do Rhône, até o lago de Genebra, entre a França e a Suíça, no departamento de Isère.

Essa hipótese foi levantada devido a uma análise de DNA feita em 1998 pela UC Davis e pelo INRA (instituto de pesquisas agronômicas) em Montpellier, no sul da França. O levantamento surpreendeu os cientistas e mostrou que a Syrah é um cruzamento natural entre a Mondeuse Blanche, branca, e a Dureza, tinta. A Mondeuse, natural da região de Savóia, próxima ao Rhône, costumava ser cultivada também em Ain e Isère. A Dureza, natural de Ardèche, logo a oeste do rio Rhône, costumava ser cultivada em Drôme e também em Isère. Portanto, os ampelógrafos concluíram que o nascimento da Syrah deve ter se dado em um local em que essas duas variedades eram plantadas, portanto, mais provavelmente em Isère por volta do século XII.

A data, porém, pode ser anterior, já que alguns estudiosos acham que a Syrah pode ter sido citada pelos primeiros naturalistas romanos como Columella e Plínio, o Velho, no século I da era cristã. Em seus escritos, eles apontavam uma variedade chamada de Allobrogica, cultivada na terra dos Alóbroges, que vai do lago de Genebra até Grenoble e do norte de Savóia até Vienne, cidade que faz parte de Côte Rôtie, logo ao sul de Lyon. Essa uva era usada para o picatum, um vinho resinoso feito perto de Vienne. Segundo Plínio, era uma casta de maturação tardia cultivada em terras frias. Daí também poderia ter surgido o nome Syrah, que seria uma derivação de Sérine, que viria do latim “serus” (tardio).

A Syrah, por sinal, possui diversos nomes e não apenas a sua variação mais comum Shiraz, que ficou famosa devido ao boom dos vinhos australianos. Aliás, até mesmo na Austrália ela possui ainda outro nome e pode ser chamada de Hermitage. Mas, suas variações mais comuns são: Sira, Sirac, Sirah, Syra, Syrac, além de, como já foi visto, Sérine, que também apresenta diversas possibilidades como: Sérène, Serine e Serinne. Ela também pode ser chamada de Petite Sirrah (não confundir com Petite Sirah, que é outra casta), Candive e Marsanne Noire.

A primeira citação conhecida sobre a Syrah é de 1781, pelo geólogo e naturalista Barthélemy Faujas de Saint-Fond, que a chamou de “‘la Sira de l’Hermitage”. Ele descreve: “produz um vinho agradável, generoso, apetitoso e que pode envelhecer bem: nós podemos misturar com uma pequena quantidade de uvas brancas, como é feito em Tain. Serine e Vionnier de Côte Rôtie também seriam adequadas”.

Como se pode perceber, a variedade ganhou sua fama no norte do vale do Rhône, especialmente em Hermitage e Côte Rôtie, onde serve de base para os principais tintos, sendo muitos varietais, mas também contendo pequenas parcelas de Roussanne e Marsanne (Hermitage), ou Viognier (Côte Rôtie). Nos vinhos de Crozes-Hermitage e Saint-Joseph, a Syrah também é majoritária, e, em Cornas, ela deve ser monovarietal.

Contudo, apesar de seu berço francês, a fama do nome Syrah, mais precisamente Shiraz, deu-se com o boom dos vinhos australianos entre os anos 1980 e 1990. Parte do prestígio veio com o Penfolds Grange Hermitage. Lançado em 1952 pelo enólogo Max Schubert, este Shiraz tornou-se mundialmente conhecido, ganhando o prêmio de vinho do ano da revista Wine Spectator em 1995 (já sem Hermitage no rótulo), e levou o nome da casta às alturas, tornando-a tão conhecida quanto outras tintas já fartamente decantadas como Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, por exemplo.

A Syrah chegou à Austrália em 1832, com James Busby, considerado o pai da indústria de vinhos no país. Ele teria trazido mudas em Montpellier, que na época eram conhecidas como Scyras, e mais tarde se provaram idênticas às de Tain, em Hermitage, daí o nome com que a uva ficou conhecida (Shiraz e Hermitage) por lá.

Apesar de a França ter a maior quantidade de área plantada, com quase 70 mil ha, a Austrália vem logo atrás com cerca de 42 mil ha. Os outros principais produtores são: Espanha (20 mil ha), Argentina (12,8 mil), África do Sul (10,1 mil), Estados Unidos (9,1 mil), Itália (6,7 mil), Chile (6 mil) e Portugal (3,5 mil).

Apesar de a Austrália ter ficado com a fama, um dos primeiros lugares fora da França em que a variedade foi cultivada foi na África do Sul, onde teria chegado em meados do século XVII. Todavia, ela permaneceu uma casta pouco importante no cenário sul-africano até o boom dos anos 1980 promovido pelos australianos. Em 1878, a cepa chegou aos Estados Unidos e, apesar de não ter o mesmo sucesso da Cabernet Sauvignon e Pinot Noir, levou um grupo de viticultores a criar, nos anos 1980, a associação “Rhône Ranges”, para promover as uvas do Rhône em solo norte-americano. A organização conta, hoje, com mais de 170 membros.

A Syrah é uma uva de personalidade forte. Os vinhos feitos a partir dela normalmente apresentam bom corpo, são potentes e cheios de sabor. Suas notas mais características variam entre frutas negras (como mirtilos e amoras), violetas e azeitonas pretas, além de especiarias picantes, muitas vezes pimenta preta, às vezes branca. Com o tempo, esses aspectos aromáticos evoluem e costumam surgir notas terrosas ou mesmo de carne – alguns associam ao defumado, couro e trufas.

E agora o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi escuro, profundo, mas com um intenso e lindo brilho, com lágrimas finas, lentas e em profusão, prevendo o corpo e a estrutura.

No nariz prevalecem as notas frutadas, de frutas negras maduras tais como groselha, amora, com toques discretos, em perfeita sincronia com a fruta, da baunilha, de chocolate, de notas amadeiradas, graças a uma curta passagem por madeira, não informado pelo produtor.

Na boca prevalecem as notas frutadas em abundância, com estrutura, um vinho cheio, de bom volume de boca, mas com um frescor evidente, muito típica da Syrah australiana: complexidade e frescor garantido pela fruta. É expressivo, marcante, de taninos presentes, gordos, mas equilibrados, com boa acidez que corrobora o frescor e um final longo e prolongado.

Quando falamos em terroir e tipicidade torna-se algo meio comum, meio clichê no universo dos vinhos, mas para este caso, para este rótulo merece, pois tem muita tipicidade, entrega grandemente as características genuínas de um Syrah australiano. Um vinho voluptuoso, carnudo, com aquela picante típico da casta, com o frescor, a maciez e elegância, mostrando-se um vinho versátil e fácil de degustar, apesar da sua excelente estrutura. Que a Austrália se revele sempre com os seus rótulos para o mundo, para a minha mesa. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Tyrrell’s Wines:

Em 1889, aos 18 anos, Edward George “Dan” Tyrrell, o filho mais velho entre os dez filhos de Edward Tyrrell, assume como enólogo. Carinhosamente conhecido como “Tio Dan”, ele iria oficiar mais de 69 safras surpreendentes. Seus esforços são auxiliados por seu irmão mais novo, Avery, cuja abordagem meticulosa da gestão dos vinhedos fornece os frutos excepcionais que constituem a espinha dorsal dos vinhos de Dan e dos vinhos que a Tyrrell's faz hoje.

Em 1959 Murray Tyrrell, filho de Avery, assume as funções de vinificação na Tyrrell's, após ter servido na Segunda Guerra Mundial e administrado um negócio de gado. Ele rapidamente formaliza os esforços para construir o valor dos vinhos da Tyrrell, ao mesmo tempo em que promove visitas à vinícola para degustação e venda, abrindo caminho para a Cellar Door como a conhecemos hoje. Em 1961, cria o sistema Private Bin, onde os frutos dos melhores blocos de vinha são amadurecidos em barricas ou cubas individuais de carvalho, sendo os vinhos resultantes os nomes das cubas de onde provêm. Quatro anos depois, com a ajuda da lenda do vinho australiano Len Evans, ele cria a linha Winemaker's Selection, que representa os melhores vinhos de cada safra, começando com o Vat 5 e o Vat 9 Shirazes, o Vat 8 Shiraz Cabernet e o Vat 11 Dry Red .

Em 1961 o Private Bin Club da Tyrrell, o primeiro clube de vinho da Austrália por correspondência, abre para negócios. Após tempestades de granizo devastadoras em 1958 e 1960, que destruíram a maior parte da safra, Murray começa a providenciar para que as pessoas visitem a vinícola, provem os novos vinhos em barris e os pré-encomendem. Esse processo acabou dando origem ao Private Bin Club, por meio do qual os membros passaram a ter acesso a vinhos de pequena produção disponíveis apenas na vinícola.

Em 1968 Murray planta as primeiras vinhas Chardonnay na propriedade da Tyrrell usando estacas da vinha HVD de propriedade da Penfolds. O vinho resultante, Vat 47 Chardonnay, se torna o primeiro Chardonnay comercial da Austrália quando é lançado três anos depois. A Tyrrell's envia sua primeira remessa de exportação para os EUA - um contêiner de 1.000 dúzias. Hoje, a Tyrrell's exporta 17.000 caixas de dúzia de garrafas para mais de 30 países a cada ano.

Em 1974, Bruce Tyrrell, filho de Murray, ingressou na empresa aos 23 anos, graduado em Economia Agrícola pela University of New England no ano anterior. Em 2000, ele substitui seu pai como diretor administrativo da Tyrrell's.

Em 1979 A Tyrrell's vence a primeira Olimpíada do Vinho em Paris, organizada pela revista francesa de gastronomia e vinhos Gault-Millau. O 1976 Vat 6 Pinot Noir é aclamado o melhor vinho do mundo, superando cerca de 330 vinhos de 33 países. O prêmio é uma justificativa particular, pois a Tyrrell's foi pioneira na variedade na Austrália, plantando dois acres de Pinot Noir em 1972 - entre as primeiras plantações comerciais da variedade na região de Hunter.

Mais informações acesse:

https://tyrrells.com.au/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/sinonimos_10240.html

Degustado em: 2016

 

 





 

domingo, 29 de agosto de 2021

Promised Land Cabernet Sauvignon 2017

 

Não sou muito afeito a essas comemorações de aniversário, de desejar parabéns no dia em que nasceu ou coisa que o valha. Depois que angariei alguns anos mais de vida, isso passou a ser desinteressante. Há quem diga que esse discurso é sustentado por quem já está ficando velho e, com receios das marcas do tempo, não faz questão de falar e tão pouco comemorar o aniversário.

Eu confesso com segurança de que as marcas do tempo e a idade avançada não é um empecilho para a minha vida, o que mais importa é viver com dignidade e a mínima qualidade de vida, embora relativa, compartilhando o que há de melhor em você para com os seus à sua volta.

Mas hoje, o rótulo de hoje, tenho de confessar, foi escolhido motivado pela data de comemoração da rainha das castas tintas: A Cabernet Sauvignon. Confesso também que sequer sabia dessa data, como disse, não me prendo a isso, mas hoje, aproveitei o ensejo para degustar um rótulo da Cabernet Sauvignon.

Não vou ousar dizer que a Cabernet Sauvignon é uma unanimidade, até porque, como dizia o saudoso e grande dramaturgo Nelson Rodrigues: “A unanimidade é burra”, mas sem dúvida é uma das mais consumidas e apreciadas do planeta, sem contar também que é um mar sem fim de hectares espalhados pelos mais diversos e ricos terroirs, tudo para nosso deleite e escolha, para qualquer paladar: de entrada, complexo, amadeirado etc.

Então já que é dia da Cabernet Sauvignon, vamos celebrar! Vamos celebrar, todo dia, a existência de rótulos, de castas como essa, que são a personificação da celebração! Então fui até a adega com a “árdua” missão de escolher um rótulo dessa nobre casta. Não foi uma árdua escolha, afinal é a casta que mais tenho à disposição, não é à toa que ela é a rainha das castas tintas, ela reina em qualquer adega, de qualquer enófilo, independentemente de cor, raça, credo ou questões sociais.

O olhar girou, correu e fixou em um vinho em especial que está na adega há algum tempo. Um australiano, sim, tenho um vinho da terra do simpático canguru em minha adega. Uau! A quanto tempo não degustava um rótulo australiano. Tudo veio a calhar, no momento certo! Era hora de degusta-lo! A rosca foi rompida, os aromas começaram a saltar para fora da garrafa, ganhando o mundo e invadindo as minhas narinas. Isso já me seduziu de imediato.

O rótulo também, muito bonito e original, trouxe o belo apelo estético, tudo parecia conspirar a favor. A taça foi inundada da poesia líquida pela primeira vez, o ritual sendo respeitado, o giro dela, a volatização, os aromas vieram a que disse: frutas negras, baunilha, trazia a impressão de ser sedoso, mas marcante. O degustei e que vinho! Mais uma vez os australianos da casta Cabernet Sauvignon se revelando potentes, delicados e frutados e isso me agrada!

O vinho que degustei e gostei veio da emblemática South Australia (Sul da Austrália), e se chama Wakefield Promised Land da casta, claro, Cabernet Sauvignon, da safra 2017. E sem mais delongas falemos um pouco da casta, aniversariante do dia, a sua história e um pouquinho da região do Sul da Austrália, tão importante para aquele país.

A rainha das uvas tintas: Cabernet Sauvignon

Chamada de rainha das uvas, a Cabernet Sauvignon (CS) está em toda parte. Uva internacional, corruptora, amada e odiada, tornou- se um padrão mundial presente em praticamente todos os países produtores do planeta: da Inglaterra à Alemanha e Áustria; do Canadá à China e Japão; do Peru e Venezuela ao Zimbábue; do Brasil à Turquia, Marrocos, Grécia, Israel e Líbano; da Moldávia e Hungria à Romênia e Bulgária. Sem falar de França, EUA, Chile, Austrália, Itália, Portugal, Argentina, Espanha, Uruguai, África do Sul, Nova Zelândia.

Todos estes países produzem seus CS. Por onde passa, esta tinta deixa seu indelével toque. Mas como e por que a CS se tornou a mais importante casta do nosso tempo? Qual sua origem? Qual seu gosto? O que a torna tão marcante? Quais as melhores regiões produtoras?

Só começou a aparecer com este nome no final do século XVIII. Alguns historiadores sugerem que ela seria a Biturica, cepa mencionada pelo romano Plínio o Velho (23-79), em seus trabalhos científicos. O nome foi inspirado na tribo Bituriges, fundadora de Bordeaux. Existem produtores italianos que engarrafam hoje seus CS chamando-os de Biturica e reivindicando a origem desta casta afrancesada. Há especulações também de que esta tinta seria a Petit Vidure ou Bidure, uma antiga uva de Bordeaux, originada do nome Vin Dure pela dureza de seu caule.

Independente do nome que possa ter tido no passado, uma coisa está provada: a origem genética da CS. Em 1997, na Universidade da Califórnia, em Davis, testes de DNA foram conclusivos ao afirmar que a CS é um cruzamento da Cabernet Franc com a Sauvignon Blanc. O microscópio demonstrou o que parece bem lógico, além do nome sugerir sua origem, os aromas de frutas vermelhas da CS lembram a Cabernet Franc e os de ervas frescas nos remetem facilmente à Sauvignon Blanc.

A CS é simplesmente a principal casta da principal região produtora de vinhos do mundo: Bordeaux. Apesar de não ser a casta mais plantada da região (a Merlot ocupa área maior) e também não ser a maior produtora do mundo em termos de volume (perde para o Languedoc-Roussillon), os tintos de Bordeaux são o modelo mais imitado em todo globo. Assim, a CS expandiu-se a partir dos anos 70 junto com o "padrão Bordeaux".

Em uma lista dos maiores tintos do mundo, possivelmente a Cabernet será a uva mais presente, seja em misturas ou em monovarietais. Ao contrário de cepas como Pinot Noir e Nebbiolo - que raramente vingam fora de suas regiões principais, respectivamente Borgonha e Piemonte -, a CS é de grande adaptabilidade a diversos climas e terrenos. Todo lugar não frio demais a recebe bem, gerando ótimos vinhos nos mais diversos terroirs.

No que diz respeito ao solo, a CS cresce em uma grande diversidade de terrenos ao redor do mundo, com um ponto em comum: precisa de calor e da drenagem adequada para amadurecer - quanto mais drenagem, mais úmido e frio o clima. Em Bordeaux, por exemplo, a CS prefere os solos de cascalho, pois as pedras retêm o calor e proporcionam boa drenagem para escoar a umidade típica da região. Em sub-regiões de Bordeaux com solos mais argilosos como, por exemplo, Pomerol, a CS raramente aparece, quem domina ali é a Merlot.

Outras qualidades da Cabernet Sauvignon:

1- Boa capacidade de envelhecer e ganhar complexidade;

2- É amiga do viticultor, já que, além de resistir a muitas pragas, tem bom rendimento. Em geral, pode render uma boa quantidade de uvas por hectare sem grande perda de qualidade;

3- É uma casta que se adapta bem com outras em cortes;

4- Proporciona vinhos de força e longevidade;

5- Adapta-se bem ao amadurecimento em barricas de carvalho;

6- Serve para modernizar o estilo de muitos vinhos de castas autoctonas, as vezes rústicos, e de sabor exótico, que se beneficiam quando misturados a CS, ganhando um toque internacional à mistura, além de proporcionar potência ao produto final.

7- Caráter marcante. É fácil de ser reconhecida em cortes, seus aromas e sabores se destacam, mesmo quando está em proporção pequena;

8- Muitas afinidades, onde quer que vá, em vários países e regiões;

9- Ao mesmo tempo em que é marcante, é também versátil - gera desde tintos de grande cor e corpo, passando tintos leves, rosados, espumantes a até brancos. Sim, é possível. Existe, inclusive, blanc de noirs feito com Cabernet Sauvignon de origem israelense.

Em geral, pode-se dizer que a CS reflete menos o seu solo de origem do que castas mais sensíveis, como a Pinot Noir. Contudo, os grandes exemplares CS são inegavelmente verdadeiros vinhos de terroir, refletindo perfeitamente sua origem.

“Cabernet Day”

No dia 29 de agosto é comemorado o dia da Cabernet Sauvignon, um dia dedicado especialmente às uvas dessa casta. A data foi estabelecida em 2010 pelo profissional de marketing Rick Bakas, após reunir um grupo de vinícolas da região de Napa Valley. O objetivo era promover a comemoração nas mídias sociais.

Desde então, o “feriado oficial” da Cabernet Sauvignon é comemorado ao redor do mundo, com pessoas bebendo vinho e conversando sobre o assunto on-line. A hashtag #CabernetDay é muito usada, especialmente no Twitter, para a divulgar a data e atrair cada vez mais adoradores de um vinho de qualidade.

Por ter características tão únicas e se adaptar tão bem a diversos climas e solos, a Cabernet Sauvignon ganhou o título de “rainha das uvas tintas”. Sua notoriedade e popularidade inspiraram a criação de um dia especial e dedicado a reconhecer a sua importância no mundo dos vinhos.

South Australia

É dessa região que provêm as uvas para a produção do mítico Grange. A cidade mais destacada é Adelaide. As macrorregiões vitivinícolas estão localizadas ao redor dela. As mais importantes são: ao sul, a Ilha Kangaroo, e, ao sudeste, Limestone Coast. Nos arredores de Adelaide estão Southern Fleurieu, Currancy Creek, Langhorne Creek, Adelaide Hills, McLaren Vale, Adelaide Plains, Eden Valley, Barossa Valley, Clare Valley, Coonawarra e Riverland etc. Todas elas produzem muito bons vinhos, mas deve-se destacar Barrossa Valley, Eden Valley, Clare Valley e McLaren Vale, como berço de verdadeiras obras-primas da Austrália.

Sul da Austrália

São dessas quatro regiões os mais disputados vinhos do país. Além do Grange, ali se encontram Shiraz maravilhosos de Barossa, Clare e Eden Valleys e McLaren Vale. Neste último, temos - além dos mais prestigiados Shiraz do país - excepcionais tintos à base da casta Grenache.

E, por último, vale mencionar que a região de Coonawarra produz muitos Cabernet Sauvignon de respeito. A diversidade de castas é vasta. Pelas dimensões, os climas variam muito, desde um mais quente e continental em Riverland, para um pouco menos quente, em Barossa Valley, para o mais frio em Coonawarra. As regiões costeiras ao redor de Adelaide recebem brisas marítimas, reduzindo a umidade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça nos revela um lindo vermelho rubi intenso, com entornos violáceos, realçando um brilho envolvente, com uma razoável proliferação de lágrimas finas e lentas.

No nariz se faz o destaque com uma profusão de aromas de frutas pretas tais como groselha negra, ameixa e amora, com discretas notas de madeira, graças aos 8 meses de passagem por barricas de carvalho, baunilha e tabaco.

Na boca é suculento, intenso, média estrutura, mas macio, sedoso e equilibrado. As notas de frutas pretas se revelam intensamente como no aspecto olfativo, juntamente com sutis e agradáveis notas amadeiradas, de torrefação, chocolate e baunilha. Os taninos estão presentes, mas domados, com baixa acidez e um final persistente e longo com retrogosto frutado.

Um misto de emoções e celebrações que fragmentadas revelam um todo singular. O primeiro vinho australiano depois de algum tempo, uma região especial no Sul da Austrália, o “Cabernet Day”...Um dia especial e não tão somente por fatos como esses elencados, mas pelo fato de ser mais um dia, especial, como todos os outros, de degustação. O ato em si de degustar um vinho é especial, então todo o dia que desarrolhar um sempre será especial e único. E o Promised Land Cabernet Sauvignon traz a versatilidade tão evidente nos CS australianos: um vinho delicado, equilibrado, mas de marcante personalidade como um Cabernet Sauvignon tem de ser no seu âmago, apesar das particularidades dos terroirs as quais estão inseridos. Um vinho sedoso, persistente no final, a fruta protagonizando. Enfim um belo vinho em uma jovem tarde de domingo. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Por que “Promised Land”? Com a palavra, o produtor:

“Nomeado após um lote especial de terreno prometido para venda em um aperto de mão com um vizinho. Com frutas provenientes das principais regiões vinícolas do sul da Austrália, os estilos que nossos produtores de vinho as embarcações são vivas e acessíveis com brancos refrescantes e tintos suaves”.

Sobre a Taylors Wines:

Vinhos Taylors é propriedade de uma família vinícola fundada em 1969 e que está localizada no Clare Valley do Sul da Austrália. Taylors é um dos membros fundadores da As primeiras famílias de vinho da Austrália.

O primeiro vinho da Taylors foi o Taylors Cabernet Sauvignon 1973, que foi premiado com uma medalha de ouro em todos os australianos vinho mostre que foi inserido, desde então, a Taylors Wines cresceu e se tornou a maior holding de Clare Valley. Devido a restrições de marca registrada, a Taylors Wines é comercializada como Wakefield Wines na maioria dos Hemisfério Norte.

Os 178 hectares originais do vinhedo foram fundados em 1969 por Bill Taylor e seus filhos Bill e John e ainda hoje é administrada pela família. O vinhedo original está localizado às margens do rio Wakefield em Clare Valley, no sul da Austrália.

Os três logotipos dos cavalos marinhos dos vinhos Taylors e Wakefield foram descobertos no vinhedo. Ao escavar a barragem da vinha, a família encontrou restos fossilizados de pouco cavalos marinhos, significando que a área já fez parte de um mar interior. Hoje, os três cavalos-marinhos representam as três gerações de produtores de vinho Taylors.

Mais informações acesse:

https://www.taylorswines.com.au/

Referências:

“Wikiqube”: https://ao.wikiqube.net/wiki/Taylors_Wines

“Blog Famiglia Valduga”: https://blog.famigliavalduga.com.br/cabernet-sauvignon-day-conheca-a-celebracao-da-famosa-uva/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/forca-do-vinho-australiano_4581.html

domingo, 6 de setembro de 2020

McGuigan Black Label Syrah 2016


O vinho verdadeiramente celebra e tem um poder de agregar. Há tempos não via um amigo de longa data e, depois de muitas tentativas, algumas frustradas, de promover um reencontro, finalmente esse tão esperado momento aconteceu. E vos digo, desde já que, o que motivou esse momento, além da amizade que nos une, foi o interesse comum pelo vinho. Ah o vinho, mais uma vez este sendo preponderante na vida das pessoas, na minha vida e das pessoas a quem tenho apreço. Ele decidiu adentrar o universo agradável do vinho. Ele sempre teve uma relação com a nobre bebida, mas a relação passou a ser mais amorosa a partir de agora e eu, como um zeloso amigo, tento, com todas as minhas energias, ajudar, de alguma forma a fazer com que ele siga, de forma intensa e passional, nessa adorável caminhada e descubra mais e mais, tendo muitas experiências. Então, após um convite para a sua casa, decidi caprichar na escolha do rótulo para levar e degustarmos, recheando o nosso tão esperado reencontro. Confesso que tenho esse momento, da escolha de um rótulo, como uma grande responsabilidade, afinal, proporcionar a uma pessoa que se entrega de corpo e alma ao vinho, um belo e inusitado rótulo, é no mínimo especial. Então fui às compras! Demorei em escolher, precisava caprichar escolher propostas que vai de encontro aos anseios e predileções do meu bom amigo. Procurei, rótulos dançaram em minhas mãos, até que um me chamou a atenção e percebi que poderia deixá-lo no mínimo curioso em degustar.

Afinal de contas não é sempre que degustamos um vinho australiano, até mesmo para o maior e mais experimentado dos enófilos. Então pensei: É este! Um típico Shiraz australiano! E não é por ser um típico Shiraz australiano que será algo banal, porém uma experiência arrebatadora, que sacudirá todos os sentidos que elevarão a nossa alma e coração a cada taça cheia. Não há como não se curvar para os Shirazs australianos, sobretudo os do Sul da Austrália. Tive algumas experiências com eles e sempre foram satisfatórias e com esse rótulo não foi diferente. O vinho que degustei e gostei, com o meu bom amigo, foi o McGuigan Black Label, da casta Shiraz, da safraa 2016. Então, para não perder tempo falemos um pouco do Sul da Austrália.

South Australia

É dessa região que provêm as uvas para a produção do mítico Grange. A cidade mais destacada é Adelaide. As macrorregiões vitivinícolas estão localizadas ao redor dela. As mais importantes são: ao sul, a Ilha Kangaroo, e, ao sudeste, Limestone Coast. Nos arredores de Adelaide estão Southern Fleurieu, Currancy Creek, Langhorne Creek, Adelaide Hills, McLaren Vale, Adelaide Plains, Eden Valley, Barossa Valley, Clare Valley, Coonawarra e Riverland etc. Todas elas produzem muito bons vinhos, mas deve-se destacar Barrossa Valley, Eden Valley, Clare Valley e McLaren Vale, como berço de verdadeiras obras-primas da Austrália. 

Sul da Austrália

São dessas quatro regiões os mais disputados vinhos do país. Além do Grange, ali se encontram Shiraz maravilhosos de Barossa, Clare e Eden Valleys e McLaren Vale. Neste último, temos - além dos mais prestigiados Shiraz do país - excepcionais tintos à base da casta Grenache. E, por último, vale mencionar que a região de Coonawarra produz muitos Cabernet Sauvignon de respeito. A diversidade de castas é vasta. Pelas dimensões, os climas variam muito, desde um mais quente e continental em Riverland, para um pouco menos quente, em Barossa Valley, para o mais frio em Coonawarra. As regiões costeiras ao redor de Adelaide recebem brisas marítimas, reduzindo a umidade.

 E agora vamos ao vinho!


Na taça tem um vermelho rubi escuro, mas não profundo, apresentando bonitos reflexos violáceos e muito brilhantes com finas e abundantes lágrimas mostrando, desde já, corpo e voluptuosidade.

No nariz é extremamente aromático, expressando toda a sua fruta, frutas vermelhas maduras como cereja, ameixa e frutas do bosque, algo terroso também.

Na boca reproduz as impressões olfativas, além de ter um bom volume de boca, sendo encorpado, mas macio, equilibrado, harmonioso, com taninos gordos, mas sedosos, boa acidez que o torna fresco, com o famoso picante tão típico da casta Syrah. Com final marcante e persistente.

Um clássico Shiraz australiano desfilando em nossos copos que, tilintando, celebrou e promoveu o reencontro entre nós depois de muito tempo. A amizade foi corroborada e teve neste belíssimo vinho a testemunha para este momento. Saboroso e encorpado, mas macio, com bastante fruta. Um vinho versátil e eclético, com personalidade marcante, mas muito fácil de degustar. Harmonioso e equilibrado harmoniza com pratos mais simples, de refeição e outros mais elaborados. Tem 13,5% de teor alcoólicos muito bem integrados ao conjunto do vinho.

Sobre a McGuigan Wines:

Em 1880 Owen McGuigan, pai de Perc, mora em Hunter Valley. Trabalhando nas vinhas para complementar a renda de sua fazenda de gado leiteiro, Owen sempre encontrava tempo para convidar amigos e compartilhar um ou dois copos. Seu espírito pioneiro e trabalho árduo estabeleceram as bases para o legado da família McGuigan.

1930 – 1950

Perc McGuigan, uma figura maior do que a vida em Hunter Valley, trabalhou seu caminho desde o cultivo de vinhas até o gerenciamento de uma importante vinícola de Hunter Valley, onde a porta do porão estava sempre aberta para novas idéias e novos amigos. Em um momento de grandes mudanças na indústria vinícola australiana, Perc esteve sempre na vanguarda - transmitindo suas ideias pela linhagem familiar para os filhos Neil e Brian. Em reconhecimento ao seu papel na formação do sucesso do vinho de Hunter, Perc foi nomeado uma Lenda Viva de Hunter Valley.

1960 – 1980

O nome McGuigan se torna sinônimo da nova onda do vinho australiano. Brian McGuigan traz uma nova abordagem para a produção de vinho e administração de uma vinícola. Primeiro gerenciando uma vinícola de grande sucesso em Hunter Valley e, em seguida, construindo seu próprio grande negócio de vinhos com a ajuda da esposa Fay e do irmão mais novo Neil. Trabalhando na adega de sua vinícola no início dos anos 70, Brian McGuigan não era o enólogo isolado usual. Ansioso para descobrir quais vinhos e estilos seus clientes gostavam, Brian rapidamente se torna um campeão do consumidor de vinho. Mais tarde na vida, Brian se junta ao pai Perc ao ser nomeado uma Lenda Viva de Hunter Valley.

1992 – 1999

McGuigan Wines como o conhecemos agora é iniciado por Brian McGuigan e sua esposa Fay. O irmão mais novo Neil McGuigan traz seus talentos de vinificação para a vinícola. Compartilhando o amor pelo bom vinho, paixão, dedicação e um compromisso inabalável com vinhos de qualidade, o trio é a força motriz por trás da McGuigan Wines. Graças ao trabalho tenaz de Brian McGuigan e da esposa Fay, a McGuigan Wines conquistou o mundo, entrando em mais de 20 mercados de exportação diferentes. Vinho de qualidade ajudam McGuigan a se tornar um pioneiro na exportação de vinhos australianos.

Mais informações acesse:






quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Jacob's Creek Classic Syrah 2015


Decidi surpreender um amigo que estava enveredando para o mundo do vinho. O convidei para vir à minha casa e queria ajuda-lo a adentrar, com algum estilo, ao universo do vinho. A ideia era fazer com um rótulo pouco usual, fugir um pouco do óbvio de determinados países ou regiões produtoras. Lembro-me que na época, há cerca de 3 anos atrás, aproximadamente, quando fiz esse convite ao meu estimado amigo, a Austrália ainda era uma novidade para mim, embora, nessa época, eu já tinha alguma “rodagem” como enófilo. A Austrália sempre foi difícil encontrar em terras brasileiras. Não havia tantas opções de rótulos e propostas e as poucas que tinham os valores eram demasiadamente altos. Bem, ainda o é nos dias atuais, mas a gente consegue, garimpando com um pouco mais de dedicação, encontrar alguns rótulos legais a preços mais acessíveis para bolsos desprovidos de capital. E, quando estava escolhendo o vinho, lembrei-me de um vinho que tinha visto em um supermercado grande e conhecido na minha cidade, de um australiano que me recomendaram, principalmente pela ótima relação custo X benefício  e corri para o local para compra-lo e o encontrei!

O vinho que degustei e gostei, como disse, vem da Austrália, cuja região é Barossa Valley, no sul da Austrália e é o Jacob’s Creek, um 100% Syrah, da safra 2015. Antes de falar do vinho, convém lembrar que, logo após a degustação deste vinho, eu repeti a dose, degustando a mesma linha de rótulos, mas foi o corte das castas Cabernet Sauvignon e Syrah, típico blend australiano, da safra 2014 e pode ser lido aqui: Jacob's Creek Classic Cabernet/Syrah 2014. Falemos também da região de Barossa Valley.

Barossa Valley.

O Barossa Valley é a região produtora de vinhos mais antiga do sul da Austrália. Ao contrário de outras regiões vinícolas, influenciadas pelos ingleses, a produção de vinhos no Barossa Valley foi iniciada por imigrantes alemães, fugidos da região prussiana da Silésia (hoje, Polônia). Embora a Austrália seja famosa por seu Cabernet Sauvignon, em Barossa Valley o destaque fica para a produção de intensos e longevos exemplares de Shiraz.

Barossa Valley

Em sua história, o Barossa Valley começou sua produção de vinhos com o Riesling, devido à influência alemã, chegando a produzir o estilo porto por um certo tempo, até que começou a ganhar fama com a elaboração de um Shiraz encorpado, com notas intensas de chocolate e especiarias. A acidez das uvas produzidas no Barossa Valley precisa ser equilibrada através de diversos processos, como a inversão osmótica ou a adição de água ao mosto. Por outro lado, a separação da casca em fases iniciais da fermentação ajuda a dar ao vinho de Barossa Valley um paladar suave.

E agora o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi intenso, escuro, mas, por outro lado com um reluzente brilhante, com lágrimas em boa quantidade tingindo as paredes do copo, da taça.

No nariz traz aromas agradáveis de frutas vermelhas maduras, como amora, com notas de chocolate amargo e um discreto tostado. No site do produtor não tem informação sobre passagem por barricas de carvalho e tão pouco nos rótulos, mas tais características apresentadas no aroma, tudo indica que tenha tido uma breve passagem por madeira.

Na boca é seco, típico da Syrah, bem como aquele atraente picante, com corpo médio, mas muito elegante e macio, com taninos presentes, porém sedosos, com uma boa acidez que entrega um vinho fresco, jovem e saboroso. Tem um final longo, agradável e com muita fruta.

Pois é, meu amigo gostou muito do vinho, eu me apaixonei, ainda mais, pelos vinhos australianos e pelo Syrah que lá é produzido. E esse Jacob’s Creek Classic é redondo, equilibrado, de personalidade marcante, mas fresco, fácil de degustar. Harmoniza muito bem com carnes, massas, pizza e arriscaria em dizer que, caso queira ser um pouco mais ousado, um bom hambúrguer de carne bem passada. Um vinho super versátil. Tem 13,9% de teor alcóolico muito bem integrados.

Sobre a Orlando Wines:

A história remonta à chegada de um imigrante visionário da Baviera, o alemão Johann Gramp. Gramp, impulsionado pela saudade dos vinhos de sua terra natal, a Baviera (hoje parte da Alemanha), que o levou a plantar, em 1847, algumas vinhas em seu novo lar, às margens de um riacho em Rowland Flat, na região de Barossa Valley, sul da Austrália.  Sua intenção inicial era a de produzir vinhos que revelassem a identidade da área, agregando em seus sabores e aromas, o melhor do clima e das condições físicas da região. Da pequena vinícola saíram as primeiras garrafas, que ganharam fama e logo alavancaram um negócio, levado adiante por seus filhos e expandido pelas gerações seguintes.

O rótulo Jacob’s Creek:

O famoso riacho que encabeçou a marca fica a uma distância de 80 quilômetros ao Norte da cidade de Adelaide. Após a fundação da vinícola, com o nome de Orlando Wines, Gramp resolveu adotar o nome do riacho para seus rótulos, ficando por isso conhecida como Vinícola Jacob’s Creek, isso em 1976. “Creek” em inglês significa “riacho”. Reconhecida como um verdadeiro ícone da indústria australiana, os vinhos de Jacob’s Creek são intensos e de uma elegância implacável.

Atualmente parte do grupo Pernod Ricard, é uma das principais vinícolas não apenas em seu país, mas também no mundo. Com tintos e brancos com expressões distintas, a vinícola vem produzindo, de maneira muito consistente, ótimos exemplares ao longo dos anos. Seus vinhos são fruto de verdadeira excelência na produção, o que já lhes rendeu premiações importantes como em 2008, quando ganhou o título de vinícola mais premiada do mundo. Ao todo, já são mais de 7 mil prêmios conquistados (vale repetir: são sete mil prêmios), pela alta qualidade dos vinhos produzidos pela vinícola. Esse panorama de sucesso foi o responsável por elevar a Austrália a um ótimo nível de reputação internacional, no tocante a excelência de seus vinhos.

Mais informações acesse:


Fonte para a pesquisa sobre Barossa Valley:


Degustado em: 2017








quinta-feira, 7 de maio de 2020

Matilda Plains Tinto 2011


Definitivamente os vinhos australianos ganharam seu espaço no mundo. Também não é à toa, são vinhos exuberantes, frescos, de personalidade, complexos e elegantes. São vinhos versáteis, que proporciona harmonizar com pratos leves, simples, condimentados ou pode se degustar sozinho. São informais, frescos, mais complexos e austeros. Porém, no Brasil, apesar de ter uma boa diversidade de rótulos, ainda está um pouco distante da realidade de um simples enófilo, como eu, por exemplo. Explico: os valores são muitos altos para a maioria da população brasileira, assalariada, com pouco poder de compra. Não é uma novidade esse cenário, afinal o custo Brasil é alto, os tributos são altos, a burocracia encarece o produto e continuamos a mercê dessa situação. Enófilo brasileiro e pobre sofre! Mas os rótulos australianos são mais caros ainda! Não quero entrar nos pormenores, mas mencionei isso para falar em um excepcional vinho da terra do canguru com um surpreendente custo X benefício, tendo como comparação outros rótulos que atingem 3 ou até 4 dígitos no seu valor! Lembro-me bem que fui a busca de um vinho australiano, mas não queria gastar tanto. Entrei em uma loja especializada e me foi apresentado um vinho que o vendedor falou maravilhas. Com certo receio, comprei, afinal, pelo menos o valor estava convidativo.

O vinho que degustei e gostei é o Matilda Plains tinto da emblemática região de  Langhorne Creek, que conta com um blend das castas Cabernet Sauvignon (64%), Syrah (24%) e Merlot (12%) da safra 2011. Mencionei a região de Langhorne Creek e gostaria de falar um pouco sobre ela, antes de comentar o vinho.

Langhorne Creek

Esta região, que fica no sul da Austrália, que é simplesmente uma das mais tradicionais regiões produtoras de vinhos australianos da atualidade, também é conhecida pela cultura em torno do vinho, que reina por lá e que dá o tom da atmosfera do local.


Langhorne Creek produz alguns dos melhores rótulos vindos de um país emergente da atualidade e rivaliza com regiões tradicionais de centros importantes, como a França, por exemplo. A maior parte da produção de vinhos australiana se dá no sudeste do país. Cerca de 98% do que é produzido pelo país vem de lá. A região de Langhorne Creek é extremamente propícia ao cultivo de vinhas e à produção de bons vinhos muito por conta de seu solo diferenciado, que é considerado por muitos um solo altamente privilegiado. Isto se dá pelo fato de ser um tipo de solo muito bem drenado, que é rico em compostos minerais, que favorecem o desenvolvimento dos mais variados tipos de vinhas da atualidade. Seu clima é considerado perfeito pelos especialistas, já que privilegia o amadurecimento de uvas, especialmente durante o alto verão, a estação em que incidência de chuvas é muito baixa. Durante o inverno, o famoso rio Bremer, o maior rio que serpenteia pela região, inunda os campos cultivados, dando o suplemento de água altamente valioso para o desenvolvimento das videiras, fazendo com que os produtores tenham condições de fazer uma reversa hídrica. As principais vinhas cultivadas na Austrália são a Cabernet Sauvignon, a Shiraz, a Chardonnay e a Merlot. Estas vinhas correspondem a mais da metade do que é cultivado no país.

Agora o vinho

Na taça mostra um vermelho rubi intenso com tons violáceos brilhantes, lindamente reluzentes, com lágrimas finas e abundantes, desenhando as paredes do copo.

No nariz é uma explosão aromática que remetem a frutas vermelhas maduras, com notas de baunilha, chocolate, diria um toque de especiarias.

Na boca se reproduz as impressões olfativas, tendo certa estrutura, complexidade, personalidade marcante, mas se revelando também, ao mesmo tempo, macio, fácil de degustar. Acredito que essa versatilidade se dá graças ao blend, típico da Austrália que, graças ao Cabernet Sauvignon que dá o corpo e ao Syrah e, sobretudo ao Merlot, que traz a leveza ao vinho. Tem taninos pronunciados, presentes, mas domados, o que se deve a passagem por barricas de carvalho por 10 meses, com uma acidez equilibrada e instigante e final frutado.

O Matilda tinto sintetiza muito bem a proposta dos vinhos australianos para exportação que são flexíveis, versáteis, mostrando equilíbrio, harmonia, frescor e personalidade graças ao corpo estruturado. Um vinho excelente, arrebatador. Tem robustos 14,5% de teor alcoólico, mas muito bem integrados, tornando-o quase que imperceptível.

Sobre a Bremerton Wines:

Bremerton Wines & Bremerton Vineyards fazem parte da empresa familiar Willson, Bremerton Vintners Pty Ltd, na região geográfica de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Langhorne Creek é único, pois fica no solo rico da planície de inundação do rio Bremer e é conhecida como uma região de clima frio, relativamente livre de doenças e produtora de frutas de qualidade excepcionalmente alta e consistente. A brisa fresca e fresca do lago Alexandrina proporciona um microclima de dias de verão ameno a quente e noites frias, perfeitas para o longo amadurecimento das uvas, produzindo sabores de clima intenso e procurado. A área foi estabelecida pela primeira vez na década de 1850, quando Frank Potts, um construtor de navios inglês, pegou uma trilha de terra e plantou uvas. O distrito cresceu para 450 hectares de vinha até 1990, quando a expansão começou, levando-o a aprox. 6000 ha - a segunda maior região de cultivo de uvas do sul da Austrália. Quando compramos a propriedade "Bremerton Lodge", de 40 ha, em 1985, era uma fazenda irrigada de Lucerna (Alf-alfa). Os vinhos Bremerton evoluíram em 1988, quando nosso primeiro vinho, 57 dúzia de um Cabernet Sauvignon foi feito com uvas compradas de um vizinho. Continuamos experimentando pequenos lotes de frutas nos próximos cinco anos, lançando um Shiraz em 1991. Após três anos de vinificação experimental, uma análise da produção agrícola foi realizada e dois blocos foram identificados como adequados para o cultivo de uvas e oferecendo um melhor retorno por hectare. As primeiras uvas foram plantadas em 1991 - 2 hectares de Cabernet Sauvignon e 1,5 ha de Shiraz, seguidos por 2 hectares de Cabernet e 2 ha de Shiraz em 1992. Uma grande inundação ocorreu em 18 de dezembro de 1992, afogando a lucerna e causando grandes danos à fazenda e aos edifícios. Isso exigiu uma revisão do futuro e, portanto, foi aqui que foi tomada a decisão de prosseguir com a indústria da uva para vinho, pois a propriedade estava em uma área vinícola tão renomada. Um plano estruturado foi realizado para transformar a fazenda de lucerna em vinhedos e expandir lentamente a produção de vinho. Em 1992, 1993 e 1994, foram plantados mais 40 hectares de videiras, constituídos por Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec, Merlot, Verdelho, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Em 1993, foi tomada a decisão de se tornar vinicultores comerciais, com a abertura da porta da adega em 1994 e o lançamento de dois vinhos brancos e um terceiro tinto - uma mistura de Cabernet / Shiraz / Merlot. Hoje, a variedade pode variar até 18 vinhos, um terço dos quais são exclusivos da Cellar Door e da Bremerton Wine Society. Agora, com 120 hectares de vinhedos de alta qualidade e uma vinícola moderna, nossa produção de vinho aumentou de 680 dúzias em 1993 para 23.000 dúzias em 2005 e agora varia entre 34-40.000 dúzias. As vendas abrangem todos os principais estados da Austrália, com exportações para o Reino Unido, Hong Kong, Canadá, Suíça, Alemanha, Cingapura, Brasil, Holanda, China, Filipinas e Dubai. A enóloga Rebecca Willson e a gerente de marketing, Lucy Willson, focaram a gama de vinhos da família em vinhos individualizados e de alta qualidade. Eles deram a Bremerton uma posição forte no mercado de vinhos altamente competitivo, com o primeiro rótulo de Rebecca aos anos - o Cabernet Sauvignon de 1997 conquistando um troféu e classificado como o terceiro melhor Cabernet na Austrália pela revista Winestate. Desde então, as Willson Sisters levaram a Bremerton a se tornar uma das marcas mais conhecidas da região vinícola de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Nos últimos 11 anos, a Bremerton Wines foi premiada com a vinícola James Halliday 5 estrelas, que nos classifica entre os 5% melhores de todas as vinícolas australianas.

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Degustado em: 2016

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Angove Long Row Chardonnay 2008


Lembro-me que, quando cheguei a este rótulo, estava em busca de um vinho branco, mais especificamente da casta Chardonnay que, nos idos de 2014 era a minha cepa branca preferida. Que fique claro que ela não deixou de ser, mas que, naquela época, eram poucas as castas brancas que eu conhecia. Mas, voltando a minha saga em 2014 pela busca da Chardonnay, eu não queria um Chardonnay chileno, brasileiro, argentino, mas de um país pouco usual, a minha intenção era buscar novos terriors, rótulos diferentes, enfim, novas experiências. Entrei em uma loja especializada em vinhos e comecei a garimpar, a saciar a minha latente necessidade. Um vendedor, muito simpático e prestativo, que se dizia também um sommelier me auxiliava nas buscas, quando, encontrei um, escondido e até meio empoeirado, havia apenas uma garrafa que logo me deixou entusiasmado. Era um Chardonnay australiano que logo estava em minhas mãos e mostrei ao vendedor, perguntando por recomendações. Ele apenas disse que seria interessante degustar brancos com safras recentes e o referido australiano era da safra 2008, ou seja, 6 anos de safra até então. Mas resolvi arriscar! O preço estava atrativo, era um vinho branco cujo país era novo para mim... Segui em frente. Por que estou contando essa história? Logo irão saber...

O vinho que eu me refiro e que degustei e gostei demais, uma surpresa arrebatadora foi o Angove Long Row Chardonnay, como disse australiano, de uma região chamada McLaren Valley, no sul da Austrália, da safra 2008.

Na taça tem um amarelo palha com tons dourados muito brilhantes.

No nariz apresenta frutas brancas, como melão, frutas tropicais e toques herbáceos e um agradável floral que já indica seu frescor e elegância.

Na boca abundância frutada que enche a boca, diria um pouco de untuosidade, cremosidade que faz do vinho um tanto quanto estruturado e complexo, mas que graças a sua boa acidez o torna fresco, ainda com uma boa jovialidade, apesar dos seus 6 anos de safra à época. Com um final saboroso, longo e macio.

Um incrível Chardonnay elegante, harmonioso, suculento que surpreendeu pelos seus 6 anos de safra quando degustei mostrando impressionante frescor e vivacidade, com seus potentes 13,5% de teor alcoólico muito bem integrados. Claro que é sempre recomendável degustar brancos com safras recentes, mas, neste meu caso, fui surpreendido positivamente por um vinho vivo, pleno, jovem! Portanto, se o seu coração pedir, arrisque, invista que as vezes se torna interessante fugir às regras. Ah e para fechar, a safra de 2008 ganhou 4 prêmios, que segue: Internacional Wine Challenge, Decanter World Wine Awards, duas vezes a medalha de bronze e o Mundus Vini com a medalha de prata.

Sobre a Angove Family Winemakers:

A Angove Family Winemakers é uma empresa familiar de quinta geração dedicada à elaboração de vinhos super premium e de vinha única da McLaren Vale, juntamente com diversos vinhos de algumas das grandes regiões produtoras de vinho do Sul da Austrália. Em 1886 William Thomas Angove e sua família chegam à Austrália de Cornwall, Inglaterra, para estabelecer uma prática médica no Tea Tree Gully, no sopé do nordeste de Adelaide. A história da produção de vinho em Angove começa, no mesmo ano, com o Dr. Angove fazendo seus primeiros vinhos no agora histórico Brightlands Cellars como um tônico para seus pacientes. Em 1892 o negócio do vinho começa a crescer com 10 acres de vinhedos em produção e mais 20 acres plantados em 1893. Em 1903 as propriedades da vinha em Angove crescem para 100 acres, uma das maiores do estado e compõem um quinto da terra total plantada em videiras. Os primeiros vinhos são feitos a partir de uvas cultivadas nessas vinhas, bem como as da 'Warboys Vineyard', de propriedade de Henry Hall. Em 1907, a Destilaria e Vinícola St Agnes é estabelecida e as atividades de produção de vinho são transferidas das Caves Brightlands.Em 1910 o filho do Dr. Angove, Carl 'Skipper' Angove, se aventura em Renmark para estabelecer a primeira vinícola e destilaria de Riverland. Em 1927 Carl Angove e Ron Martin estabelecem a Dominion Wines Ltd na Inglaterra. Nos próximos 20 anos, a Angove & Son é uma das quatro principais vinícolas australianas a exportar para a Inglaterra sob a joint venture. Em 1946 Tom Angove é nomeado Diretor-Geral e inicia uma nova era de desenvolvimento, instalando instalações de britagem e britagem de última geração e construindo o 'Vintage House', que abriga 32 fermentadores abertos de concreto de 32 toneladas de cinco toneladas, considerados a principal tecnologia da época. Em 1962 Tom compra terras, agora chamadas Nanya Vineyard, em Paringa, do outro lado do rio, da Renmark. A vinha 480 Hectare é constantemente plantada em mais de 18 variedades diferentes de uvas que fornecem as marcas comerciais de vinhos da empresa. A quarta geração da família, John Carlyon Angove sucede a seu pai, em 1983, como diretor administrativo e promove desenvolvimento e investimento significativos em todos os aspectos do negócio. Em 2007 Nanya Vineyard inicia a conversão para produção orgânica de uva certificada para a produção no primeiro vinho orgânico certificado da família Angove. Atualmente a família Angove expande suas propriedades, adquirindo a premium Angels Rise, localizada a 280 m acima do nível do mar, em terras vitivinícolas privilegiadas nos arredores de Clarendon, em 2019, nos limites da região do McLaren Vale.

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Degustado em: 2014


sexta-feira, 20 de março de 2020

Matilda Rosé Syrah 2012


Os vinhos rosés são tradicionalmente conhecidos por serem jovens, frescos e frutados. Vinhos descomplicados, informais e que harmoniza com o nosso clima, majoritariamente ensolarado e quente. Infelizmente, talvez por conta dessa proposta, o rosé ainda tem um nível alto de rejeição pelos brasileiros. Acham que é um vinho inexpressivo, simplório ou ainda um vinho destinado ao público feminino apenas. Uma bobagem desmedida! O vinho rosé deve ser entendido como uma proposta e, convenhamos bem consistente para, como disse, o nosso clima e não como um vinho ruim, por favor. Mas eu observo também problemas estruturais! Os poucos vinhos rosés ofertados no Brasil, sendo eles rótulos nativos ou de outros países, são muito caros, em total dissonância com a proposta da maioria desses vinhos. Sabemos que o vinho no Brasil tem é caro, o Custo Brasil é absurdo, mas um rosé leve e frutado custar acima de 50 reais, por exemplo, é vergonhoso. Acredito que esse também seja um fator que impacta no baixo consumo desse tipo de vinho no Brasil. Mas não é só de vinho rosé leve e frutado que vivemos. Tive o prazer e a oportunidade de degustar um que, além de ser frutado, leve e fresco, apresentava estrutura de um vinho tinto, sim!

O vinho rosé que degustei e gostei veio da solar Austrália, da região de Langhorne Creek, da conhecida vinícola Bremerton Wines, o Matilda Rosé da casta Syrah, safra 2012.

No visual já começa a surpreender pela cor muito bonita, um rosado com um tom mais avermelhado que o habitual, límpido e escuro, com lágrimas finas e breves.

No nariz muita fruta madura em compota, como morango, groselha, cereja.

Na boca replica-se as impressões olfativas, seco, com algum amargor instigante, aquele picante típico da casta, com certa estrutura, mas macio, fácil de degustar, sendo fresco e muito saboroso, com pouca acidez e final frutado e de média persistência.

Um vinho especial, versátil e que harmoniza muito bem com pratos leves a comidas um pouco mais condimentadas, incluindo massas e carnes grelhadas. Tem 13% de teor alcoólico. Uma curiosidade sobre o rótulo do Matilda: a cachorrinha estampada no rótulo comendo as uvas do cacho é uma homenagem a cadela Matilda, que era dos donos da vinícola e que andava pelas vinhas comendo as uvas e fazendo as suas traquinagens. Rótulo bonito e descontraído como a Austrália.

Sobre a Bremerton Wines:

Bremerton Wines & Bremerton Vineyards fazem parte da empresa familiar Willson, Bremerton Vintners Pty Ltd, na região geográfica de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Langhorne Creek é único, pois fica no solo rico da planície de inundação do rio Bremer e é conhecida como uma região de clima frio, relativamente livre de doenças e produtora de frutas de qualidade excepcionalmente alta e consistente. A brisa fresca e fresca do lago Alexandrina proporciona um microclima de dias de verão ameno a quente e noites frias, perfeitas para o longo amadurecimento das uvas, produzindo sabores de clima intenso e procurado. A área foi estabelecida pela primeira vez na década de 1850, quando Frank Potts, um construtor de navios inglês, pegou uma trilha de terra e plantou uvas. O distrito cresceu para 450 hectares de vinha até 1990, quando a expansão começou, levando-o a aprox. 6000 ha - a segunda maior região de cultivo de uvas do sul da Austrália. Quando compramos a propriedade "Bremerton Lodge", de 40 ha, em 1985, era uma fazenda irrigada de Lucerna (Alf-alfa). Os vinhos Bremerton evoluíram em 1988, quando nosso primeiro vinho, 57 dúzia de um Cabernet Sauvignon foi feito com uvas compradas de um vizinho. Continuamos experimentando pequenos lotes de frutas nos próximos cinco anos, lançando um Shiraz em 1991. Após três anos de vinificação experimental, uma análise da produção agrícola foi realizada e dois blocos foram identificados como adequados para o cultivo de uvas e oferecendo um melhor retorno por hectare. As primeiras uvas foram plantadas em 1991 - 2 hectares de Cabernet Sauvignon e 1,5 ha de Shiraz, seguidos por 2 hectares de Cabernet e 2 ha de Shiraz em 1992. Uma grande inundação ocorreu em 18 de dezembro de 1992, afogando a lucerna e causando grandes danos à fazenda e aos edifícios. Isso exigiu uma revisão do futuro e, portanto, foi aqui que foi tomada a decisão de prosseguir com a indústria da uva para vinho, pois a propriedade estava em uma área vinícola tão renomada. Um plano estruturado foi realizado para transformar a fazenda de lucerna em vinhedos e expandir lentamente a produção de vinho. Em 1992, 1993 e 1994, foram plantados mais 40 hectares de videiras, constituídos por Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec, Merlot, Verdelho, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Em 1993, foi tomada a decisão de se tornar vinicultores comerciais, com a abertura da porta da adega em 1994 e o lançamento de dois vinhos brancos e um terceiro tinto - uma mistura de Cabernet / Shiraz / Merlot. Hoje, a variedade pode variar até 18 vinhos, um terço dos quais são exclusivos da Cellar Door e da Bremerton Wine Society. Agora, com 120 hectares de vinhedos de alta qualidade e uma vinícola moderna, nossa produção de vinho aumentou de 680 dúzias em 1993 para 23.000 dúzias em 2005 e agora varia entre 34-40.000 dúzias. As vendas abrangem todos os principais estados da Austrália, com exportações para o Reino Unido, Hong Kong, Canadá, Suíça, Alemanha, Cingapura, Brasil, Holanda, China, Filipinas e Dubai. A enóloga Rebecca Willson e a gerente de marketing, Lucy Willson, focaram a gama de vinhos da família em vinhos individualizados e de alta qualidade. Eles deram a Bremerton uma posição forte no mercado de vinhos altamente competitivo, com o primeiro rótulo de Rebecca aos anos - o Cabernet Sauvignon de 1997 conquistando um troféu e classificado como o terceiro melhor Cabernet na Austrália pela revista Winestate. Desde então, as Willson Sisters levaram a Bremerton a se tornar uma das marcas mais conhecidas da região vinícola de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Nos últimos 11 anos, a Bremerton Wines foi premiada com a vinícola James Halliday 5 estrelas, que nos classifica entre os 5% melhores de todas as vinícolas australianas.

Mais informações acesse:

http://www.bremerton.com.au/

Degustado em: 2016