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domingo, 12 de setembro de 2021

Señorio de Ayud tinto 2018

 

Costumo dizer de forma entusiasmada e demasiada que o universo do vinho é vasto e inexplorado. Há muito a se caminhar e nunca chegar, nunca concluir, porque é uma diversidade de informações, de grandes e novas experiências que te proporciona seguir a estrada do conhecimento que, para o nosso deleite, nunca terá fim. É isso! É a confirmação de que ninguém detém o pleno conhecimento, a perfeição da sapiência, da onisciência no mundo do vinho.

Mesmo com algumas décadas degustando vinho, eu consigo me permitir degustar novidades, ter novas e diria, sem medo, experiências sensoriais de extrema relevância e consistência. E, desta vez, tive a alegria, o prazer de degustar um vinho, espanhol, oriundo das terras da Catalunha, cujo blend são de castas francesas, das mais famosas e importantes: Cabernet Sauvignon e Syrah.

Sempre vi alguns rótulos espanhóis sendo ofertados, não com a proporção de uma Tempranillo, com a casta Cabernet Sauvignon ou Syrah, seja no “formato” varietal ou brilhando em blends com algumas castas autóctones ou emblemáticas da Espanha, mas nunca tive, por vários motivos, a oportunidade de degustar. Mas desta vez a oportunidade chegou com o protagonismo de duas castas divididas de forma igualitária: 50% para cada uma delas. É a possibilidade única de ter em nosso paladar e olfato as percepções de cada uma, cada uma com sua peculiaridade, com as suas marcantes características.

A adaptação dessas duas castas francesas na Espanha é latente, evidente e que trafega em vinhos mais diretos, básicos e jovens aos mais complexos e estruturados. Penso que o vinho que degustei e gostei de hoje navega nas duas propostas: Entrega maciez, a fruta, tão evidente e essencial nas duas castas, mas a robustez, a estrutura e diria alguma complexidade que é de realidade da velha e única Cabernet Sauvignon e a gigante Syrah.

Bem, sem mais delongas apresentemos o vinho: Señorio de Ayud, da região da Calatayud, província de Zaragoza, na tradicional região dos castelos medievais, Aragão, composto pelo blend Cabernet Sauvignon (50%) e Syrah (50%) e a safra é 2018. E para não perder o costume, já que falamos do caminho do conhecimento e da inquietação da busca do saber, falemos da região da Calatayud.

Calatayud

Calatayud é uma denominação de origem dos vinhos produzidos no entorno da região de mesmo nome, localizada a oeste da província de Zaragoza. O nome consiste em 46 municípios, dos quais o município de Calatayud é a sede principal. A área é irrigada por vários rios como o Jalón , Jiloca , Piedra, Mesa, Ribota e Manubles.

O cultivo da vinha na região traz registros desde o século II a.C. A civilização romana desenvolveu colheitas e, após um período de abandono pelos muçulmanos, os cristãos novamente deram-lhe importância como cultura colonizadora. No final do século XII os monges cistercienses promoveram a plantação da vinha com a fundação do Mosteiro de Pedra. Com a chegada da filoxera na França, os vinhedos cresceram para mais de 44.000 ha., processo favorecido pelas comunicações ferroviárias de Calatayud, que permitia a exportação. Na década de 1960 foram criadas cooperativas e obtiveram a denominação de origem em 1990. O DO Calatayud é a denominação de vinho aragonesa mais jovem e é identificada pela qualidade de seus vinhos e as condições extremas de seus vinhedos.


DO Aragão

O clima do Calatayud DOP é caracterizado por sua continentalidade, com invernos frios e verões quentes. A temperatura média anual é de 13,1 ° C, com grandes diferenças entre a noite e o dia durante o período de amadurecimento, de 5 a 7 meses de geadas, as temperaturas e as chuvas variam desde o fundo da cava com temperaturas amenas e chuvas baixas, até temperaturas mais baixas e chuvas ligeiramente mais altas, à medida que se sobe com uma precipitação média de 300 a 550 mm.

O terreno é ondulado, com a maior parte da videira assentando em solos rochosos, soltos, pobres em nutrientes e com uma elevada proporção de calcário. Eles têm boa permeabilidade e são saudáveis, favorecendo a produção de vinhos bastante intensos, encorpados, com alta graduação alcoólica e forte coloração.

A região de Calatayud dá origem aos chamados vinhos de altura. Os vinhedos estão plantados de 500 a 1040 metros de altitude, na parte mais ocidental de Zaragoza, próximo a Madrid.

Predomina o cultivo da Garnacha em vinhas com mais de 50 anos, que hoje ocupam 54% de toda a área de plantio da região. Sem dúvida, é a mais representativa do local. Em segundo lugar, fica a Tempranillo, com 21% da área, além da Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot, Mazuela e Monastrell. Algumas variedades brancas também são cultivadas por lá, como Gewurztraminer, Viura, Malvasia, Moscatel e Chardonnay, mas representam menos de 10% do cultivo.

Uma curiosidade: Os primeiros habitantes da cidade, os celtíberos, se assentaram a 4 km da atual cidade de Calatayud, num povoado denominado Bílbilis, que foi posteriormente conquistada pelos romanos, transformando-se numa importante cidade.

Até hoje, os nascidos em Calatayud são chamados de bilbilitanos. No entanto, Calatayud “aparece no mapa” com a chegada dos árabes em 716, quando foi construído o Castelo de Qual at Ayub, que deu o nome à cidade. No século XI, Calatayud transformou-se numa das maiores cidades da Taifa de Zaragoza. Foi reconquistada em 1120 pelo rei Alfonso I “El Batallador”, quando então recebeu o foro.

Desde 2006 celebram-se as festas chamadas “Las Alfonsadas“, quando a cidade volta a ter um aspecto medieval, recriando os acontecimentos que sucederam durante o processo da reconquista. A necessidade de repovoamento do território depois de reconquistada fez com que o foro da cidade fosse respeitoso com as minorias. A partir de então, passaram a conviver junto com os cristãos, os judeus e os mouros.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, quase escuro, com reflexos violáceos que confere um lindo brilho, além de lágrimas finas, lentas e em profusão.

No nariz é muito aromático e protagoniza as frutas vermelhas bem maduras, com destaque para a groselha e a cereja, com notas de especiarias, amadeiradas, mas bem discretas e em equilíbrio com a fruta, dando espaço às características das castas, com toques de tosta, graças aos 5 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca apresenta certa estrutura, médio corpo, um bom volume de boca, um vinho quente, alcoólico, mas em perfeita harmonia com o conjunto do vinho, a madeira e as notas tostadas são perceptíveis, além da fruta que traz maciez e frescor. Os taninos estão bem domados, quase macios, graças aos 5 meses que “descansou” na garrafa antes de sair da bodega, com uma acidez correta e equilibrada, com um final longo e persistente.

Mais um capítulo especial escrito em minha jornada de enófilo, mais uma página escrita com maestria e que se personificou nos meus sentidos, nas minhas experiências sensoriais. Foi tão prazeroso degustar um corte tão marcante, tão cheio de personalidade como a Cabernet Sauvignon e Syrah na sua versão espanhola que figura de forma latente e importante naquele país. Essa adaptação de castas francesas às terras da Espanha mostra esse intercâmbio cultural, mas que, ao mesmo tempo se configura a tipicidade da terra tão abençoada da Calatayud: o global nunca foi tão regional. Uma jovem região vinícola para mundo, mas tradicional e história desde à época dos romanos, os primeiros viticultores da região. Um vinho especial, de marcante personalidade, complexo, mas macio, fácil de degustar, frutado e intenso. Que possamos sempre degustar vinhos dessa região. Tem 14,5% de teor alcoólico muito bem integrado ao conjunto do vinho.

Sobre as Bodegas Langa:

As vinícolas Langa estão localizadas nas proximidades de Calatayud. Esta adega, propriedade desde o seu início pela família Langa, é uma referência no mundo do vinho nesta área vitivinícola. Não em vão, tem mais de 150 anos de história e os Langas são os fundadores do DOP Calatayud .

Além disso, é uma vinícola histórica do Cava. Assim, poderá desfrutar não só da sua excelente Grenache, mas também de alguns cavas muito especiais. A adega está situada num espaço emblemático, aos pés da Sierra Vicor, local sagrado para os celtiberos e fonte de inspiração do poeta clássico de Bilbao, Marco Valerio Marcial.

Bodegas Langa oferece três experiências interessantes de enoturismo:

Toda Adega: consiste numa visita guiada à adega do Langa e uma prova de três vinhos de qualidade. É realizado em grupos de no máximo 50 pessoas e tem duração de 1 hora e 30 minutos.

Total Wine Tourism: acrescente à experiência “all winery” uma visita às vinhas, orientada pelo Diretor Técnico, que ensinará a distinguir entre as diferentes castas, sistemas de condução etc. É destinado a grupos de no máximo 8 pessoas e tem duração de 2 horas.

Vinho, História e Gastronomina: como o próprio nome indica, à visita à adega e degustação de três vinhos se soma uma visita guiada ao histórico Calatayud (introdução e passado romano da cidade, complexo jesuíta e interior da igreja de San Juan el Real (pinturas de Goya - desde que não interfiram nos horários de culto), Igreja de San Pedro de los Francos (exterior) e Palácio de Barón de Warsage, Igreja Colegiada de Santa María, Igreja de San Andrés (opcional, dependendo durante a visita), Praça do Mercado e Mesón de la Dolores Por fim, prova-se uma refeição típica de Bilbao. Os grupos são de no máximo 50 pessoas.

Mais informações acesse:

https://www.bodegas-langa.com/

Referências:

“Vino Aragones”: https://www.vinoaragones.com/bodegas-langa/

“Heraldo Gastronomia”: https://www.heraldo.es/noticias/gastronomia/2015/08/13/un-repaso-detallado-por-la-historia-de-la-d-o-calatayud-294707.html?autoref=true

“Wikipedia”: https://ca.wikipedia.org/wiki/Calatayud_(vi)

Portal “Um brasileiro na Espanha”: https://umbrasileironaespanha.wordpress.com/2015/11/22/calatayud-comunidade-de-aragon/ 


 




sábado, 17 de outubro de 2020

OGV (Old Garnacha Vines) 2016

 

Há quem diga que degustar o mesmo rótulo da mesma safra duas ou mais vezes não traz nenhuma novidade, pois, segundo defendem essas pessoas, trata-se do mesmo vinho. Bem, em tese é, claro, afinal, lá está estampado o mesmo rótulo e a mesma safra. Mas não se enganem, estimados leitores, que o ato da degustação limita-se a degustação propriamente dita apenas. A boa degustação está em sintonia com outros fatores ou pelo menos deveria estar que impacta decisivamente no prazer em degustar a nossa poesia líquida. 

Uma boa companhia, o seu estado de espírito, tem todo um contexto que considero preponderante para que o vinho, o ritual da degustação seja agradável, além, é claro, do vinho em questão. E é nesse ponto que eu gostaria de destacar algo que considero de extrema importância e, embora eu não apresente nada que fundamente a minha tese concretamente, eu a defendo veementemente, com a força de uma fé, baseado em sentimentos, experiências e percepções de um enófilo com alguns anos de caminhada: mesmo que o vinho seja o mesmo, seja um rótulo exatamente igual, a safra idêntica, as percepções, as descobertas, as nuances podem ser sim diferentes. 

E o exercício da análise, a experiência podem e muito colaborar para isso. Exemplo: certas características que você não percebeu na primeira degustação, pode ser percebida na segunda degustação ou ainda o que você sentiu no sabor e no aroma na primeira degustação, chegou a conclusão de que não tinha na sua segunda experiência com o mesmo rótulo, entre outros aspectos.

Mas uma coisa se repetiu quando degustei, pela segunda vez, o OGV (Old Garnacha Vines) da região espanhola da Calatayud, da safra 2016: Que eu degustei e gostei! Que belíssimo e autêntico Garnacha espanhol, de uma região emblemática que é considerada o berço da casta na Espanha, a Catalunha. 

Mas eu não quero cair na redundância e anular as minhas teses na minha análise do vinho e também nos aspectos históricos que o rótulo está atrelado. Então, caso queira ler sobre a região da Calatayud, bem como a história da tradicional cepa Garnacha e também fazer a comparação com entre as minhas análises, leia neste link a minha primeira experiência com a OGV (Old Garnacha Vines) 2016

Espero que não fique entediado e com aquela nítida sensação de que já lera isso antes em algum lugar. Tanto que irei direto ao ponto, ao que é mais importante em todo o texto que até agora, estimado leitor, pacientemente você leu: A análise do vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi com tons violáceos, diria granada, brilhante e reluzente. Lágrimas grossas e em média intensidade, que desenha lindamente as paredes do copo.

No nariz é evidente as notas frutadas, frutas vermelhas e maduras, como framboesa, amoras, cerejas, até diria morango. Um toque de frescor, de jovialidade se percebe nos aromas, talvez um toque floral.

Na boca é saboroso, um bom volume de boca, de médio corpo tem taninos generosos e macios, com uma ótima acidez que lhe confere o frescor identificado no olfativo. Tem notas de especiarias e um final persistente e frutado.

Não posso deixar de negligenciar uma informação que julgo ser essencial para as características desse belo Garnacha: oriundo de vinhas velhas, entre 70 e 100 anos! Vinhas velhas conferem ao vinho a maciez, o equilíbrio, mas a tal da expressividade que garante personalidade ao vinho, a Garnacha. Um quesito ímpar, apesar das filosofias e metodologias implantadas pelos enólogos, bem como as suas propostas, que só a Garnacha pode proporcionar. O OGV (Old Garnacha Vines) entrega, continua entregando isso com maestria: robustez, estrutura, mas delicadeza, versatilidade. Outro detalhe que faço questão de repetir a exaustão e, desde já, caro leitor, peço-lhe imensas desculpas: é que não podemos passar pela vida decentemente sem degustar um legítimo Garnacha, seja um rótulo 100% da cepa ou em cortes, em blends, a Garnacha sempre será um personagem definitivo na cultura vitivinícola universal! E o forte regionalismo espanhol, da região da Calatayud traz toda a tipicidade da Garnacha que traduz em belíssimos rótulos que conferem expressividade e complexidade. Esse belo vinho harmoniza com massas e pizzas, carnes vermelhas e queijos mais robustos. Tem 14% de teor alcoólico bem integrados e sem passagem por barricas de carvalho que faz com que predomina as características da cepa.

Harmonizando com um belo queijo parmesão

Sobre a Bodega Virgen de la Sierra:

Situada no sopé da Sierra de la Virgen, no vale do rio Ribota, esta adega é a mais antiga de DO Calatayud. É o projeto de uma cidade inteira que deixou de fazer vinho nas vinícolas de sua família para fazer um trabalho cooperativo. Com um trabalho de mais de 60 anos, Virgen de la Sierra, hoje mantém a tradição e a sabedoria que herdou de seus ancestrais. Em processo de modernização, integrou já as mais novas tecnologias, e o resultado delas são os vinhos que hoje se produzem e que já foram inúmeras vezes reconhecidas nos últimos anos.

Mais informações acesse:

https://www.bodegavirgendelasierra.com/



quarta-feira, 30 de setembro de 2020

OGV (Old Garnacha Vines) 2016

 


Um enófilo não tem como passar pela vida sem degustar um legítimo Garnacha das terras espanholas. Definitivamente é uma casta de personalidade forte, mas fácil de degustar e extremamente versátil. Porém, ainda assim, algumas pessoas, avessas aos vinhos encorpados e corpulentos, optam por não degustá-la. Apesar de ser original, de ter a tal da expressividade, da personalidade marcante, ela possui algumas individualidades, peculiaridades que variam da região em que foi concebida e claro da proposta, da assinatura do enólogo bem como da filosofia da vinícola. Está entre as mais produzidas do planeta e tem a sua origem na região de Aragão, no norte da Espanha e que faz fronteira com a França, por isso a mesma também é muito popular neste último país, chamada de “Grenache”.

Aragão

A primeira menção ao fruto apareceu em 1513, feita pelo agrônomo espanhol Gabriel Alonso de Herrera, quando a uva ainda era chamada de Aragones. Nos anos seguintes, foi chamada de Canonat, na Itália, e Roussillon, na França. O nome “Garnacha” provavelmente tenha surgido na Itália por sua similaridade com outra uva da região, a Vernaccia di Oristano. Apesar disso, ambas não possuem nenhuma correlação. Posteriormente, nas regiões à beira do Mar Mediterrâneo, encontrou sua melhor forma e ganhou popularidade. Até hoje, é abundante nos estados do norte e nordeste da Espanha, como Rioja, Navarra, Campo de Borja e Catalunha, e na França, em Rhône e Languedoc-Roussillon. Diante dessa rica história preciso, mais e mais, degustar a Garnacha. A propósito degustei o meu primeiro rótulo desta cepa chamado Real Compañia de Vinos Garnacha da safra 2016.

O vinho que degustei e gostei vem claro da Espanha, de uma região nova para mim, a Calatayud, e se chama OGV (Old Garnacha Vines) da safra 2016. Um vinho oriundo de vinhas velhas que confere ao mesmo características diferenciadas, como por exemplo o equilíbrio, a harmonia, um vinho redondo, com a já mencionada personalidade. Falemos então um pouco da DO Calatayud.

Calatayud

A região de Calatayud dá origem aos chamados vinhos de altura. Os vinhedos estão plantados de 500 a 1040 metros de altitude, na parte mais ocidental de Zaragoza, próximo a Madrid.

Calatayud

Predomina o cultivo da Garnacha em vinhas com mais de 50 anos, que hoje ocupam 54% de toda a área de plantio da região. Sem dúvida, é a mais representativa do local. Em segundo lugar, fica a Tempranillo, com 21% da área. Algumas variedades brancas também são cultivadas por lá, como Gewurztraminer, Viura, Malvasia e Chardonnay, mas representam menos de 10% do cultivo. Os solos pedregosos e argilosos favorecem a produção de vinhos bastante intensos, encorpados, com alta graduação alcoólica e forte coloração. Os primeiros habitantes da cidade, os celtíberos, se assentaram a 4 km da atual cidade de Calatayud, num povoado denominado Bílbilis, que foi posteriormente conquistada pelos romanos, transformando-se numa importante cidade. Até hoje, os nascidos em Calatayud são chamados de bilbilitanos. No entanto, Calatayud “aparece no mapa” com a chegada dos árabes em 716, quando foi construído o Castelo de Qual at Ayub, que deu o nome à cidade. No séc. XI, Calatayud transformou-se numa das maiores cidades da Taifa de Zaragoza. Foi reconquistada em 1120 pelo rei Alfonso I “El Batallador”, quando então recebeu o foro. Desde 2006 celebram-se as festas chamadas “Las Alfonsadas“, quando a cidade volta a ter um aspecto medieval, recriando os acontecimentos que sucederam durante o processo da reconquista. A necessidade de repovoamento do território depois de reconquistada fez com que o foro da cidade fosse respeitoso com as minorias. A partir de então, passaram a conviver junto com os cristãos, os judeus e os mouros.

E agora o vinho!

Na taça tem um atraente vermelho rubi muito brilhante e vivo, com reflexos violáceos com lágrimas finas e abundantes que teimavam em se dissipar da parede do copo, mostrando a potência alcoólica.

No nariz a presença da fruta madura é evidente e inebriante, sem parecer enjoativo, com um agradável toque floral, algo que lembre violeta, flores vermelhas, um perfume que estimula a sentir, por um longo período de tempo, os seus aromas.

Na boca é seco, as notas frutadas sentidas no olfativo, se reproduzem na boca, frutas maduras, médio corpo a encorpado, mas macio, fácil de degustar, com taninos presentes, mas sedosos e uma acidez moderada, mas agradável, que entrega um vinho solar, fresco.

Um vinho ainda jovem, apesar dos três anos de safra, ainda teria alguns anos de vida, pelo menos por dois ou até três anos mais de vida e que iria lhe conferir as características mais fiéis dessa especial cepa. Mas mesmo com a “juventude” o vinho, elegante e delicado, estava pronto para ser degustado, vivaz e de expressividade. Os aromas e sabores frutados, lembraram amora e cereja e o final é persistente e delicado, ao mesmo tempo. Um típico filho da região. Um Garnacha para entrar para os anais da minha simples história de enófilo. E o melhor disso tudo é que tenho outra do mesmo rótulo para degustar, mas esse deixarei por mais um tempo hibernando na adega para fazer as devidas e necessárias comparações com esse que degustei. Tem 14% de teor alcoólico, mas muito bem integrados e sem passagem por barricas de carvalho preservando as características da cepa.

Sobre a Bodega Virgen de la Sierra:

Situada no sopé da Sierra de la Virgen, no vale do rio Ribota, esta adega é a mais antiga de DO Calatayud. É o projeto de uma cidade inteira que deixou de fazer vinho nas vinícolas de sua família para fazer um trabalho cooperativo. Com um trabalho de mais de 60 anos, Virgen de la Sierra, hoje mantém a tradição e a sabedoria que herdou de seus ancestrais. Em processo de modernização, integrou já as mais novas tecnologias, e o resultado delas são os vinhos que hoje se produzem e que já foram inúmeras vezes reconhecidos nos últimos anos.

Mais informações acesse:

https://www.bodegavirgendelasierra.com/

Fontes de pesquisa para as histórias da casta Garnacha e da região da Catalunha:

Portal “Divvino Blog”: https://www.divvino.com.br/blog/uva-garnacha/

Portal “Um brasileiro na Espanha”: https://umbrasileironaespanha.wordpress.com/2015/11/22/calatayud-comunidade-de-aragon/

Portal “Grand Cru Blog”: https://blog.grandcru.com.br/regioes-diferentes-novas-espanha-jumilla-almansa-calatayud/#:~:text=Calatayud,de%20Zaragoza%2C%20pr%C3%B3ximo%20a%20Madrid

Degustado em: 2019