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quarta-feira, 6 de março de 2024

Scaia Corvina 2019

 



Vinho: Scaia

Casta: Corvina

Safra: 2019

Região: Vêneto

País: Itália

Produtor: Scaia Wines

Teor Alcoólico: 13%

Adquirido: Wine

Valor: R$ 83,55

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi pálido, com halos granada e lágrimas finas e rápidas.

Nariz: traz aromas frutados, com destaque para amoras e ameixas, diria framboesa, além de um discreto e delicado floral.

Boca: é fresco, leve, saboroso, as notas frutadas ganham destaque, há algo de ginjas, especiarias, taninos delicados e acidez baixa.

 

Produtor:

https://www.scaiawine.com/en


sábado, 25 de setembro de 2021

Rilievo Pinot Nero 2019

 

Por isso que sempre digo que o universo do vinho é vasto e inexplorado. Há muito a se falar, há muito que descobrir, há muito que conhecer e melhor: Há muito para degustar! Eu recebi do clube de vinhos que faço parte, alguns rótulos bem interessantes, mas um me chamou verdadeiramente a atenção.

Pinot Nero era a casta estampada em um dos rótulos que recebi e que eu confesso no ápice de minha ignorância vínica, não conhecia. Mas quando sou “provocado” nesse sentido eu me ponho a pesquisar e quando descobri a resposta, fui tomado por uma grata surpresa: trata-se apenas da emblemática e maravilhosa Pinot Noir como é chamada no país da Bota, a velha e necessária Itália.

A palavra italiana “Nero” significa “escuro” e também aparece em castas autóctones e tradicionais da Itália como a Nero d’Avola que significa a casta escura de Ávola, uma região italiana.

Muito prazeroso para mim, que faz questão de degustar história, pois vinho é assim, degustar história e cultura de um país, de um povo, de uma região, descobrir esses pequenos grandes detalhes de rótulos que degustamos. E o que também me surpreendeu foi encontrar um Pinot Noir produzido na Itália. Uma maravilha, principalmente levando em consideração que a casta tão difícil para se cultivar.

E logo quando o vinho chegou não hesitei em demorar e logo me coloquei à disposição, que não sou bobo nem nada, a degusta-lo. A tarde, com sol brilhando e com temperatura agradável foi o pano de fundo para degustação desse Pinot Nero e quando desarrolhei a garrafa e os primeiros sinais de fruta e de um aroma floral começaram a se manifestar, meus sentidos logo ficaram aguçados.

A taça inundada do líquido me animou ainda mais. As papilas receberam o bombardeio de sabores do vinho e que maravilha! Que belo e interessante Pinot Noir italiano. Então vamos às apresentações. O vinho que degustei e gostei veio do Vêneto (IGT Trevenezie), na Itália e se chama Rilievo da casta Pinot Nero, safra 2019. Antes de falar do belo vinho falemos um pouco da importante região do Vêneto.

Vêneto

O Veneto é a terra natal de algumas das mais conhecidas denominações italianas, como Prosecco, Valpolicella e Bardolino. Um dos maiores vinhos italianos produzidos nesta região é o encorpadíssimo Amarone. Situada no nordeste da Itália, a região do Veneto apresenta uma área total um pouco menor do que as demais áreas vinícolas de Piemonte, Lombardia, Toscana, Puglia e Sicília, no entanto, possui um volume de produção maior do que tais regiões italianas.

Vêneto

Embora as regiões da Puglia e Sicília fossem, por um longo tempo, as principais produtoras de vinho na Itália, a partir da metade do século XX esse cenário passou por notáveis mudanças. Na década de 1990, o Vêneto conquistou cada vez mais espaço e reconhecimento com a produção de alguns dos melhores vinhos italianos, como os tintos Valpolicella e Amarone, além do maravilhoso vinho branco Soave e do espumante Prosecco.

Na região do Vêneto encontra-se Valpolicella e sua sub-região Valpatena. Tal área é a responsável pela produção de meio milhão de hectolitros de vinho por ano e, em termos de volume, Valpolicella é a única DOC italiana capaz de competir com a famosa DOC Chianti, na Toscana. Ao leste do Veneto encontra-se Soave, responsável por abrigar o vinho branco seco que carrega o mesmo nome e encontra-se entre os vinhos italianos mais apreciados.

Apesar de as uvas mais cultivadas no Vêneto serem da casta Merlot e Prosseco, as videiras que deram origem aos vinhos com certificação de Denominação de Origem Controlada (DOC) são, na verdade, das castas Pinot Grigio, Riesling, Garganega, Pinot Nero, Barbera e Corvina, atualmente, as uvas de maior importância para a produção dos vinhos do Veneto apreciados e cultuados mundo afora.

Formado pelas sub-regiões de Veneza, Belluno, Verona e Rovido, o Veneto extrai a maior parte de sua produção de Verona, contabilizando anualmente cerca de dois milhões de hectolitros de vinhos italianos. O destaque dessa sub-região vai além do volume de produção local, Verona é o berço dos reverenciados, famosos e cultuados exemplares de Bardolino e Valpolicella.

Uma curiosidade a respeito do Vêneto é sua forte ligação com a vinicultura do Brasil, que recebeu muitos imigrantes italianos desta região na Serra Gaúcha, hoje a melhor área de elaboração de vinhos do nosso país. Não por acaso, a maioria das vinícolas de sucesso do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, pertence a famílias de descendentes desses imigrantes de Vêneto, no nordeste da Itália.

E agora o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi com reflexos violáceos muito brilhantes, com curtas e rápidas lágrimas finas.

No nariz o destaque são os aromas frutados, de frutas vermelhas como morango, cereja e groselha, algo de geleia em compota, sem soar enjoativo, um toque floral bem delicado, além de notas de especiarias tais como cravo, canela.

Na boca é seco, equilibrado, harmonioso, elegante e fresco. A fruta também tem destaque, mas não tanto quanto no aspecto olfativo. É levemente tânico, percebe-se alguma adstringência, porém nada que desagrade ou incomode, com uma incrível acidez que entrega o frescor tão típico da Pinot Noir (Pinot Nero). Tem um final curto.

Um belo Pinot Nero, um Pinot Nero da Itália, de uma região emblemática italiana, o Vêneto. Um vinho fresco, extremamente frutado, mas sem ser enjoativo, com toques de especiarias, diria terroso, aroma delicado, um floral elegante, típico da casta. O nome pode se revelar diferente para com o resto do mundo, mas entrega o que há de melhor das essenciais características da Pinot Noir. Um vinho versátil, aquele que podemos degustar com pratos leves, mais condimentados, uma refeição simples ou sozinho, sem acompanhamentos. Um vinho de personalidade, com alguma expressão, de bom volume de boca, acidez marcante para um tinto, também típica da casta. Uma grata surpresa, sem contar que o aspecto visual também deixa o seu recado, que linda garrafa! Que o universo continue a conspirar a nosso favor e que revele grandes e novas experiências. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Botter:

A vinícola Botter foi fundada por Carlo Botter e sua esposa Maria em 1928 em Fossalta di Piave, uma pequena cidade perto de Veneza. Começou como um pequeno negócio de venda de vinhos locais em barricas e garrafões.

Na década de 60 os dois filhos, Arnaldo e Enzo, ingressaram na Companhia e passaram a comercializar vinhos em garrafas. Aumentaram a presença da Empresa no mercado italiano e - o mais importante - deram vida a um processo gradual de expansão para outros países, que se tornaria a principal fonte de receitas da Empresa.

Na década de 70, a Botter conseguiu acompanhar o crescimento do mercado internacional e expandir sua variedade. Alguns de seus vinhos do Veneto vieram dos vinhedos da família, localizados perto de Treviso.

Nos anos 80, graças a várias colaborações estreitas com produtores locais, Botter começou a fornecer novos vinhos de Abruzzo, Campânia, Puglia e Sicília, oferecendo uma ampla gama de produtos feitos com uvas de vinhas nativas; este foi apenas o ponto de partida da abordagem multiterritorial de Botter que mais tarde se desenvolveria e se espalharia por todo o país, do norte ao sul da Itália.

No final dos anos 90, a terceira geração - Annalisa, Alessandro e Luca - entrou na Companhia e Botter passou a testemunhar uma nova evolução. Foi adotado um modelo de negócio totalmente novo, mais adequado às necessidades de um mercado dinâmico e global.

Hoje, Botter é um dos maiores produtores e exportadores de vinhos italianos:1 em cada 35 garrafas de vinho italiano exportadas para o mundo é produzida por Botter.

Mais informações acesse:

https://www.botter.it/

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/veneto

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/regioes/veneto-entre-amores-e-vinhos/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/veneto

 

 

 

 




sábado, 3 de julho de 2021

La Sogara Bardolino 2018

 

“Degustar” história e se deleitar com conhecimento é único. E nada melhor que fazê-lo da forma mais prazerosa possível, não forçosamente. O que eu quero dizer é que o vinho, o simples ato de abrir uma garrafa e servir a sua taça de vinho, simples para alguns, pode se tornar um transborde de aprendizado, de cultura, de um intenso processo cognitivo.

E seguindo para o simples, mas nobre caminho da degustação, ter acesso aos rótulos com aquele aspecto regionalista traz também todo o charme e o entusiasmo para que esse processo cultural, da busca pela história seja prazerosa e interessante também, afinal, um complementa o outro, são convergentes.

E a Itália, sem sombra de dúvida, te entrega tudo isso com maestria. Regiões e os seus mais diversos terroirs, peculiaridades de todo o tipo que faz de um país, embora pequeno, geograficamente falando, gigante e significativo na sua representatividade histórica na vitivinicultura mundial.

Um vinho, de uma pequena comuna ou município, como é chamado na Terra da Bota, na emblemática região do Vêneto, é muito importante e relativamente conhecida e reverenciada no mundo, mas que, no meu humilde “currículo” de enófilo, saiu poucas degustações, sempre me chamou a atenção e quando avistei em um famoso site especializado de compras, a um atrativo valor, me fez automaticamente comprar, principalmente pelo caráter frutado, simples, jovial e muito direto, quase informal, ao se degustar. Falo do Bardolino.

Fazemos tanta questão de degustar vinhos voluptuosos, carnudos e complexos que hoje decidi explorar na minha adega um vinho mais frutado, elegante e saboroso, descomplicado de degustar. E achei, achei um que completasse os meus anseios e, ao degusta-lo, abraçou todos os meus iniciais desejos. O vinho que degustei e gostei veio da pequena e significativa região de Bardolino, no Vêneto, Itália, e se chama La Sogara composto pelas tradicionais castas da região Corvina (70%), Rondinella (20%), e Molinara (10%) da safra 2018.

Bem já que falamos tão demasiadamente de história, conhecimento e cultura, para não perder o costume vamos seguir, antes de falar do vinho, com um pouco de, adivinhe, história! Do Vêneto, de Bardolino, das suas castas típicas e de tudo o mais que merecer.

Vêneto

O nordeste da Itália deve menos à tradição e mais ao desenvolvimento moderno que o restante do país. Mesmo assim as origens do vinho ali remontam à antiguidade, quando os etruscos dominavam a região e praticavam a agricultura e o cultivo da vinha, por volta de 600 anos a.C.

Sua história posterior é semelhante a muitas outras regiões italianas: grande desenvolvimento com a dominação romana, quase destruição da atividade vinícola com a invasão dos bárbaros e retomados na era medieval. No Vêneto, esse renascimento se deu ao redor do ano 1.000, sob a proteção da Sereníssima República di Venezia. Mais perto de nossos dias, a produção de vinhos na região sofreu grande influência austríaca.

A propósito, não se pode falar do vinho do Vêneto sem que se ressalte o importante papel desempenhado pela República de Veneza na atividade mercantil européia. Com enormes vantagens naturais, debruçada sobre o Adriático e voltada para o Oriente, desenvolveu um vibrante comércio de mercadorias – e dentre elas o vinho estava em primeiro lugar – por todo o Mediterrâneo, singrado por sua veloz frota de modernos barcos. Traziam para o Ocidente os vinhos da Grécia e também os bons vinhos que o Oriente Médio (Síria, Líbano, Palestina) produzia, sem se importar com o domínio militar muçulmano por esses mares.

Outra grande contribuição veneziana para a vinicultura aconteceu por volta do ano de 1300, quando resgataram a antiga arte romana de fabricar vidros transparentes, que os venezianos buscaram na Síria e implantaram na ilha de Murano. Assim, já no século XVI, apenas os vinhos de excelente qualidade eram guardados em garrafas, prática que toda a Europa imitou.

Verona, Veneza, Vicenza e Padova são as principais cidades do Vêneto. A região vinícola de Veneza faz fronteira ao norte com a Áustria, à nordeste com o Friuli-Venezia Giulia, à noroeste com o Trentino Alto-Ádige, à oeste com a Lombardia e ao sul com a Emilia- Romagna. As altitudes variam desde as bem elevadas, próximas aos Alpes, até as planícies que bordejam o mar Adriático, sendo o terreno normalmente ondulado. Muitos lagos, como o de Garda, são encontrados em sua área, além de rios, como o Pó e o Piave, propiciando grande desenvolvimento agrícola. O clima é continental, no interior, e de influência mediterrânea, nas regiões próximas ao mar e ao lago de Garda.

Vêneto e suas sub-regiões

Bardolino DOC

Bardolino está localizado na margem oriental do Lago de Garda, a 30 km de Verona, em uma área montanhosa espremida entre o lago a oeste e a colina moraina que separa o lago do vale de Adige a leste e o Vale do Pó. O território municipal tem uma área de 5.428 hectares dos quais cerca de 1.574 hectares de terras e 3.836 hectares de lago; administrativamente faz fronteira ao norte com Garda, a leste com Costermano, Affi Cavaion e Pastrengo; ao sul com Lazise; a oeste com a província de Brescia.

Bardolino

A origem da cidade é muito remota e certamente remonta à civilização itálica de moradias; vestígios de uma aldeia habitada por pilhas estão presentes em Cisano (bem como em outros municípios ao sul de Bardolino). O nome deriva do lombardo "bardus" ou "Lombard". Para Bardus, o sufixo olus é adicionado para Bardolus ao qual o segundo sufixo de relevância é adicionado, inus [divus + inus = divinus ou deus]. Esse é o "pequeno lugar dos lombardos".

Os vinhos de Bardolino são produzidos com as mesmas castas do Valpolicella (Corvina, Molinara e Rondinella) sendo, no entanto, mais leve. Simplicidade, frescor e boa fruta são suas principais características. A lei permite a adição de até 15% de outras uvas regionais como a Negrara, Sangiovese, Barbera, Rossignola e Garganega.

A região de plantio circunda a cidade de Bardolino, à beira do belo lago de Garda, e pode ser de dois tipos: Bardolino Classico, elaborado com uvas oriundas da zona clássica ou histórica, e o Bardolino Classico Superiore, feito também com uvas da zona histórica, mas com teor alcoólico superior a 12,5%.

Outro vinho da região é o Novello, uma versão italiana do Beaujolais Nouveau, elaborado também por maceração carbônica, é um vinho para ser bebido ainda mais jovem do que o Bardolino, assim como seu congênere francês.

As castas

Corvina

A Corvina é a principal uva usada no grandioso vinho tinto Amarone della Valpolicella e no vinho Valpolicella, combinada com parcelas de uva Rondinella e casta Mollinara. Uma uva autóctone da região de Verona é particularmente indicada à passificação – processo em que as uvas são secas para perderem água e aumentar a concentração de açúcar e proporção de matéria seca. Os bagos da uva Corvina são de tamanho médio, ovais e de cor azulado escuro, formando cachos na forma piramidal.

O seu nome, inclusive, foi conferido graças a sua cor escura. Corvina em italiano significa corvo, a uva é “escura como as penas de um corvo”. A uva Corvina confere aos vinhos produzidos com a casta aromas de cerejas e um toque amendoado, além do frescor conferido por sua ótima acidez. Quando os rendimentos são mais altos (maior produção por vinhedo), os vinhos tintos produzidos com a uva Corvina podem ser mais leves, frescos e frutados, como nos exemplos mais clássicos de Valpolicella e Bardolino.

Molinara

A uva Molinara é nativa da Itália e recebe esse nome por ter seus bagos envolvidos em uma fina camada branca, com uma aparência que sugere terem sido salpicados de farinha branca, tal como um indivíduo recém-saído de um moinho. Por isso, “molinara”, que significa “moinho” ou “moleiro”.

Acredita-se que essa variedade de uva tenha surgido em Verona, na região de Vêneto, e grande parte de seu cultivo ainda se dá na região norte da Itália. Mesmo no interior do país, mas sobretudo fora dele, a uva Molinara pode receber outros nomes, como Rossara, Mullinari, Salata, Vespone, Rossanella, Brepon Molinario, entre outros.

Com coloração roxa azulada, a uva Molinara é famosa pela qualidade e excelência com que elabora os vinhos de corte nas regiões de Valpolicella e Bardolino, levando mais acidez e frescor às variedades de rótulos locais. Com bagos médios e cachos em formato de pirâmides alongadas, esse tipo de uva tem caráter mineral, floral e frutado, que dá origem a vinhos pouco encorpados e muito aromáticos, com leves tons de cereja, tabaco, pimenta preta e amora.

Rondinella

A uva Rondinella é encontrada com maior facilidade na região italiana do Vêneto, e raramente é cultivada fora dali. Trata-se de uma variedade de uva tinta empregada na composição dos prestigiados vinhos italianos de Valpolicella e Bardolino.

As vinhas da Rondinella são responsáveis por rendimentos prolíficos, embora a uva seja raramente utilizada na produção de vinhos varietais. A casta é empregada em blends ao lado da uva Corvina, adicionando sabor marcante aos vinhos tintos produzidos na região do Vêneto.

Com cachos de dimensões médias e formatos cilíndricos, a uva Rondinella é considerada uma variedade rústica e adapta-se facilmente a solos que contenham alta quantidade de argila. Além disso, essa variedade é perfeitamente adaptada para a secagem, especialmente, quando provém de vinhas cultivadas em colinas.

Os vinhos produzidos a partir da uva Rondinella apresentam coloração rubi intensa, e são marcados por aromas delicados e sabores frutados. Os vinhos Rondinella possuem poucos taninos, no entanto, são bem estruturados.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um rubi com reflexos violáceos envoltos em um reluzente brilho com boa formação de lágrimas finas que logo se dissipam.

No nariz traz notas de frutas vermelhas frescas que entrega muita leveza e um floral que me remete a flores vermelhas, a violeta.

Na boca é elegante, macio, delicado e com muita fruta, frutas vermelhas, como morango e framboesa, com taninos finos e quase imperceptíveis com uma belíssima acidez que lhe confere frescor e jovialidade. Final de média persistência e frutado.

Simplicidade sempre foi para mim um ponto de alta nobreza, ser nobre é ser simples, e nobreza a meu ver é ter um vinho saboroso na taça e respirar um pouco de cultura e saber o motivo pelo qual o vinho que tanto apreciamos tem determinadas nuances, características ou especificidades. Essa é a melhor das harmonizações! O La Sogara Bardolino, diante da sua simplicidade, da sua concepção mais direta e descompromissada expressa, com extrema fidelidade, a região a qual foi concebida, expressa o caráter da terra que foi concebida, o conceito mais fiel e preciso de terroir, termo tão comumente mencionado entre os amantes dessa poesia líquida. Um vinho elegante, delicado, frutado, fresco, ideal para se degustar despretensiosamente, com a alegria de se celebrar o momento mais sublime que o vinho pode nos proporcionar: alegria e leveza de espírito, sem amarras, simplesmente o vinho por ele mesmo, você e o vinho e a história tão viva e latente quanto essa bebida. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a La Sogara:

A adega moderna e sustentável foi renovada em 1995 e está orientada para a redução do impacto ambiental. Ainda hoje é um dos mais ecológicos da Itália. Dos 20 hectares iniciais, hoje a família tem 140 hectares, aos quais se somam 240 hectares sob manejo direto. A gestão sempre fez com que os enólogos seguissem um protocolo qualitativo estabelecido pela família Cottini. A produção é acompanhada em todas as etapas pela família Cottini com a máxima atenção na proteção da qualidade e na fidelidade da tradição.

La Sogara redescobre e valoriza os vinhos mais clássicos da tradição veronesa. São vinhos ideais para partilhar com os amigos, pela sua frescura e simplicidade. Versáteis para cada ocasião tornam cada dia especial.

Dedicados a quem pretende qualidade, farão com que fique bem se os levar a um jantar com amigos ou família. Tão sincero quanto uma risada que vem do coração. São vinhos que respeitam o meio ambiente e a tradição.

Sobre a Vinícola Cottini:

Em 1925, Carlo Cottini fundou a primeira empresa familiar dedicada ao cultivo da vinha e da fruta, como se usava naquela época. Nos anos 50 seu filho Raffaello focou seus negócios exclusivamente na produção de vinhos.

Chega então a vez de Diego, filho de Raffaello, que demonstrou ambição e coragem para concretizar novos projetos de pesquisa e melhoria constante no cultivo de vinhas familiares juntamente com a aquisição de novas. Em seguida, ele criou vinhos inovadores, bem como definiu os históricos.

Hoje a empresa envolve toda a família: Diego, sua esposa Annalberta, seus filhos Michele e Mattia. Cada um tem seu próprio papel, personalidade e habilidades que renovam a cada dia a herança de seu bisavô Carlo e de seu avô Raffaello com um misto de compromisso, ambição e coragem.

Mais informações acesse:

http://www.lasogara.com/it/home/

https://www.cottinivini.com/en/intro-2/

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/terra-de-vinheteiros-e-mercadores_8613.html

“Município de Bardolino”: https://comune.bardolino.vr.it/turismo/storia/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/corvina

https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/molinara

https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/rondinella

 

 






sábado, 1 de maio de 2021

Pasqua Pinot Grigio 2012

 

Já falei a plenos pulmões, já revelei o meu amor a casta branca Pinot Grigio. Foi amor à primeira vista, ou melhor, a primeira degustação. Já degustei Pinot Grigio chileno, brasileiro, sul africano, argentino, que é chamado de Pinot Gris, nunca falta, nunca faltou essa casta em minha adega. Ela sempre desfilou, em suas várias personificações, em várias regiões, em vários terroirs. Sempre mostrou a sua finesse, a sua delicadeza, o seu frescor, a sua acidez instigante.

Mas não há como negligenciar os vinhos dessa casta produzidos na Itália. E quando degustei os meus primeiros rótulos de Pinot Grigio eu, ávido por informações sobre ela, descobri que os melhores rótulos nascem na “Terra da Bota”. E, decidido, pensei: Vou degustar um Pinot Grigio italiano! Preciso desse momento em meu registro enófilo.

Estava em mais uma de minhas incursões ao Supermercado e fazendo aquelas inspeções mais detalhadas, com um olhar mais dedicado e apurado, avistei um rótulo muito bonito, em evidência e, com grande destaque para o nome da casta, ela mesmo, Pinot Grigio e logo larguei outro rótulo, confesso menos atrativo e fui até o rótulo azul que parecia me chamar como um imã!

O coloquei em minhas mãos e logo percebi que, além, claro, de ser um Pinot Grigio, era da região do Vêneto, na Itália! Ah o meu Pinot Grigio italiano apareceu! O momento, enfim, chegou. Apesar do valor um pouco alto para este tipo de vinho, eu não hesitei e o levei para casa, senti que a adega o merecia. Então o vinho que degustei e gostei, veio da região emblemática da Itália chamada Vêneto e se chama Pasqua da casta Pinot Grigio da safra 2012. Então já que falamos da Pinot Grigio e da Itália como o berço dos grandes rótulos dessa casta, falemos um pouco da Pinot Grigio e também da região do Vêneto.

Vêneto

O Veneto é a terra natal de algumas das mais conhecidas denominações italianas, como Prosecco, Valpolicella e Bardolino. Um dos maiores vinhos italianos produzidos nesta região é o encorpadíssimo Amarone. Situada no nordeste da Itália, a região do Veneto apresenta uma área total um pouco menor do que as demais áreas vinícolas de Piemonte, Lombardia, Toscana, Puglia e Sicília, no entanto, possui um volume de produção maior do que tais regiões italianas.

Vêneto

Embora as regiões da Puglia e Sicília fossem, por um longo tempo, as principais produtoras de vinho na Itália, a partir da metade do século XX esse cenário passou por notáveis mudanças. Na década de 1990, o Vêneto conquistou cada vez mais espaço e reconhecimento com a produção de alguns dos melhores vinhos italianos, como os tintos Valpolicella e Amarone, além do maravilhoso vinho branco Soave e do espumante Prosecco.

Na região do Vêneto encontra-se Valpolicella e sua sub-região Valpatena. Tal área é a responsável pela produção de meio milhão de hectolitros de vinho por ano e, em termos de volume, Valpolicella é a única DOC italiana capaz de competir com a famosa DOC Chianti, na Toscana. Ao leste do Veneto encontra-se Soave, responsável por abrigar o vinho branco seco que carrega o mesmo nome e encontra-se entre os vinhos italianos mais apreciados.

Apesar de as uvas mais cultivadas no Vêneto serem da casta Merlot e Prosseco, as videiras que deram origem aos vinhos com certificação de Denominação de Origem Controlada (DOC) são, na verdade, das castas Pinot Grigio, Riesling, Garganega, Pinot Nero, Barbera e Corvina, atualmente, as uvas de maior importância para a produção dos vinhos do Veneto apreciados e cultuados mundo afora.

Formado pelas sub-regiões de Veneza, Belluno, Verona e Rovido, o Veneto extrai a maior parte de sua produção de Verona, contabilizando anualmente cerca de dois milhões de hectolitros de vinhos italianos. O destaque dessa sub-região vai além do volume de produção local, Verona é o berço dos reverenciados, famosos e cultuados exemplares de Bardolino e Valpolicella.

Uma curiosidade a respeito do Vêneto é sua forte ligação com a vinicultura do Brasil, que recebeu muitos imigrantes italianos desta região na Serra Gaúcha, hoje a melhor área de elaboração de vinhos do nosso país. Não por acaso, a maioria das vinícolas de sucesso do Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, pertence a famílias de descendentes desses imigrantes de Vêneto, no nordeste da Itália.

Pinot Grigio

Se você nunca ouviu falar na uva Pinot Grigio, talvez já tenha degustado um vinho produzido com a Pinot Gris. É possível encontrar a casta sendo chamada pelos dois nomes diferentes, a depender da origem do vinho, podendo ser italiano ou francês, respectivamente. A diferença na forma como chamamos a uva passa pelo próprio significado das duas palavras: o nome Grigio significa cinza em italiano e Gris, cinza em francês – sendo referência à cor da casca da fruta. A coloração da uva é um resultado natural do cruzamento entre a Pinot Noir e a Pinot Blanc.

A Pinot Grigio surgiu na região da Borgonha, contudo foi em outra região francesa que ela ganhou um lar e ganhou notoriedade também, a Alsácia. Onde era conhecida por outro nome famoso, Tokay, mas que causava muita confusão. Tokay é um termo utilizado para os vinhos mais famosos (e caros) da Hungria, os longevos Tokaji, que nada tem a ver com a Pinot Grigio.

A origem da Pinot Grigio foi descoberta a poucas décadas, onde constatou-se ser uma cruzamento genético natural entre a Pinot Noir e a Pinot Blanc. Embora seja de origem francesa, foram os italianos que tornaram esse varietal mundialmente conhecido e passaram a dominar a sua produção global. Isso faz com que muitos acreditem que a uva seja originária do fantástico "país da bota".

Os vinhos produzidos com a Pinot Grigio são muito influenciados pelos fatores ambientais e humanos envolvidos no processo, o que chamamos de terroir. Nas regiões frias são encontrados vinhos com maior intensidade aromática e acidez vibrante, além de serem tipicamente mais leves e delicados, normalmente denotando aromas frutados, florais e com a sutil presença de especiarias. Bons exemplos disso são os aromas de pêssego, limão, tangerina, pera, maçã verde, complementados por flores silvestres, mel, tomilho, orégano e erva-cidreira. Já as regiões mais quentes produzem exemplares mais viscosos, aumentando a percepção de corpo da bebida, que, dependendo do solo, pode apresentar um caráter mineral, lembrando pedras e a areia molhada.

Agora, se compararmos o perfil dos vinhos franceses e italianos, as características sensoriais serão gritantes. Na França, esses vinhos costumam ser mais encorpados, amarelados e com uma presença picante. Já na Itália, os exemplares são mais refrescantes, versáteis e fáceis de beber. Dependendo do estilo do produto, vinícola e vindima, são vinhos brancos com aptidão ao envelhecimento.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha bem claro, transparente, com reflexos violáceos bem brilhantes.

No nariz explode em aromas frutados, de frutas brancas e cítricas, tais como pera, maça verde, melão, laranja e limão, com o característico toque floral, lembrando flores brancas que traz a sensação de frescor leveza ao vinho.

Na boca é seco, leve, fresco, com um bom volume de boca, mostrando alguma personalidade e também graças a sua acidez em evidência, mas muito bem integrada ao conjunto do vinho. Muito frutado traz à tona a sua jovialidade aflorada e um final persistente e prolongado.

Minha primeira e satisfatória experiência com um Pinot Grigio italiano corrobora a sua reputação de um dos grandes produtores, em escala global, da casta Pinot Grigio. Um vinho simples, mas com uma inigualável personalidade, bem marcante, fazendo deste rótulo muito versátil, gastronomicamente falando. Se ainda há alguns questionamentos com relação a Pinot Grigio esse vinho pode, sem sombra de dúvida desmistificar, mostrando que a casta é sim especial. Um vinho com o DNA brasileiro, ótimo e ideal para harmonizar com o nosso clima, um vinho que dizem que é para “beira da piscina”, despretensioso, informal e especial. Um viva a Pinot Grigio! Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Pasqua Vigneti e Cantine:

A Easter Vigneti e Cantine é uma empresa histórica produtora de vinhos venezianos e italianos de qualidade, uma das líderes no mercado italiano e estrangeiro. Uma paixão familiar. Quase um século de história. A história de Pasqua Vigneti e Cantine começou em 1925, quando a primeira geração dos irmãos Pasqua chegou a Verona com o objetivo de fundar uma empresa dedicada à venda de vinhos de sua terra natal, a Puglia. Da venda dos vinhos chegaram à base de uma verdadeira adega. Em poucos anos a empresa se estabeleceu no cenário do vinho italiano com a aquisição de novos vinhedos na região de Verona.

Na década de 1960, a segunda geração ingressou na empresa, trazendo uma abertura para a exportação e uma orientação para a qualidade. O nascimento na década de 1980 de Cecilia Beretta, uma fazenda e centro de estudos de última geração para a pesquisa de vinhas, enxertos e vinhedos, é um símbolo da busca contínua pela excelência.

Em meados dos anos 2000 a empresa fez um investimento substancial, que demonstra as suas raízes no seu território, com uma nova adega e instalações de produção em San Felice, no coração das suas vinhas.

Com a entrada na empresa de terceira geração, composta por Riccardo e Alessandro, o impulso para o mercado externo se fortaleceu ainda mais, culminando em 2009 com a criação da Pasqua Usa LLC em Nova York.

Em 2017, a Pasqua adquiriu seu próprio importador chinês, fundando a Pasqua Asia Ltd com sede em Dalian. A empresa está atualmente presente em 65 mercados ao redor do mundo.

Mais informações acesse:

https://www.pasqua.it/it/home/

Referências:

“Vinci”: https://www.vinci.com.br/c/regiao/veneto

“Blog Sonoma”: https://blog.sonoma.com.br/regioes/veneto-entre-amores-e-vinhos/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/regiao/veneto

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/serie-uvas-pinot-grigio/

“Blog Famiglia Valduga”: https://blog.famigliavalduga.com.br/pinot-grigio-conheca-suas-principais-caracteristicas/

Degustado em 2016

 

 

 

 

 

  




sábado, 30 de janeiro de 2021

Contessa Carola Millesimato Extra Dry Garganega e Trebbiano 2017

 

O melhor espumante do mundo é do Brasil! Ufanismos à parte, essa afirmação tão veemente tem muita força. Não quero entrar no âmago da discussão, mas o Brasil, atualmente, está entre os melhores produtos dos borbulhantes no planeta. Rivaliza em condições de igualdade com os cavas espanhóis, os champanhes franceses, os proseccos italianos entre outros. Infelizmente há entraves entre os nossos espumantes: o preço! O custo Brasil é deveras alto, as cargas tributárias que incidem sobre os nossos rótulos são absurdos e os nossos grandes vinhos ainda não foram devidamente apresentados aos brasileiros como deveria ser. O consumo é baixo, apesar de tímidos crescimentos. Mas não quero entrar no mérito dessa questão, embora urgente e necessária, ainda. Quando comecei o texto com afirmando que o espumante brasileiro é o melhor do mundo, eu quis dizer que, apesar de ser uma afirmação mais do que pertinente, há sim grandes espumantes espalhados pelo mundo que são dignos de nossa audiência, inclusive mencionei algumas emblemáticas regiões produtores de grandes vinhos borbulhantes.

Estava eu em minhas incursões pelos supermercados e garimpando pelas gôndolas, cada canto, com um olhar atento e perspicaz, meus olhos pararam em uma garrafa linda, em um formato de flauta, com um discreto rótulo que me chamou a atenção. Aproximei-me, a tomei em minhas mãos e analisando com mais interesse e perícia, observei se tratar de um italiano, um espumante da Velha Bota. Confesso que nunca havia degustado um vinho espumante da Itália e, nos atuais dias de intenso calor, é muito propícia a compra de um espumante leve, fresco e frutado. Bem, alguns quesitos fizeram com que essa compra fosse tomasse corpo. Quando verifiquei o contra rótulo, as castas também chamaram a atenção. Ah já estava me enamorando pelo vinho. Será que, na degustação, caso a aquisição fosse decretada, seria um amor a primeira vista? Para fechar com chave de ouro o preço estava atraente: R$ 29,90! Como não conhecia o espumante, apesar de conhecer o produtor, decidi fazer uma pesquisa de preço na grande rede: a média, alta, estava entre R$ 60,00 e R$ 80,00! Inacreditável então encontrar o vinho por R$ 30,00! Verdades e mentiras acerca do espumante italiano resolvi arriscar e o tomei em meus braços e o comprei.

O vinho que degustei e gostei veio da tradicional região do Vêneto e é o Contessa Carola Extra Dry Millesimato, composto pelo blend das castas Garganega e Trebbiano da safra 2017. Apesar de ser uma safra um tanto quanto “antiga” para um espumante, tudo nele, tudo que o define me chamou a atenção: o termo “Extra Dry” e a casta Garganega. Tudo novidade para mim. A Trebbiano eu já conhecia em degustações de vinhos tranquilos, mas a Garganega eu nunca tinha ouvido falar. Então, antes de falar no espumante, definiremos os conceitos de “Extra Dry” e vamos conhecer um pouco sobre a casta Garganega.

“Extra Dry”

O termo extra-dry pode ser encontrado no rótulo de alguns espumantes. Diferente do que se acredita, não se trata de uma classificação extra seca. Esse termo está interligado à classificação de nível de doçura dos espumantes, que é definida durante a vinificação. Geralmente, os espumantes começam a ser vinificados secos. O grau de doçura é determinado na adição do licor de expedição, uma quantidade de vinho e açúcar (ou similar). Cada país ou continente possui a própria legislação quanto a nomenclatura de vinhos. Portanto, é comum que vinhos importados sejam reetiquetados. Termos oficiais em alguns países podem não ter a mesma validade no Brasil, como é o caso do extra-dry. O nome continua no rótulo, porém, leva uma nova etiqueta na parte de trás. O rótulo precisa estar de acordo com a legislação brasileira quando passa pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Quando as mudanças são necessárias, elas são feitas com base nos laboratórios nacionais e na legislação. Dessa forma, um espumante prosecco, por exemplo, se vier de Itália como extra-dry, entra em nosso país como Brut ou Seco. Seguem as diferenças entre as classificações de açúcar nos espumantes nas legislações do Brasil e da União Europeia:

Legislação Brasileira

Nature: Até 3 g de açúcar por litro;

Extra-brut: De 3 a 8 g de açúcar por litro;

Brut: De 8 a 15 g de açúcar por litro;

Seco: De 15 a 20 g de açúcar por litro;

Demi-sec: De 20 a 60 g de açúcar e por litro;

Doce: Acima de 60 g de açúcar por litro.

Legislação Europeia (dados da OIV)

Brut: Até 12 g/l de açúcar com tolerância de + 3 g/l;

Extra-dry: Acima de 12 g/l de açúcar até 17 g/l com tolerância de + 3 g/l;

Dry: Acima de 17 g/l de açúcar até 32 g/l com tolerância de 3 g/l;

Demi-sec: Acima de 32 g/l de açúcar até 50 g/l;

Doce: Acima de 50 g/l de açúcar.

Garganega

A uva Garganega é nativa das províncias de Vicenza e Verona, no nordeste da Itália. Utilizada para a produção de vinhos delicados e frescos de Denominação de Origem Soave, presentes na região de Vêneto, esta variedade está entre as uvas brancas mais cultivadas na Itália. A Garganega é recorrente tanto em vinhos varietais como vinhos de corte, onde aparece com maior frequência junto às uvas Trebbiano e Chardonnay. Os vinhos produzidos com a uva Garganega em versões mais complexas denotam aromas de ervas e minerais, já os exemplares originados em versão tradicional, apresentam grande riqueza de compostos aromáticos, entre eles, perfumes florais, amêndoas e frutas, como damasco e maçã. A uva Garganega é considerada uma fruta de rendimentos vigorosos e produtivos, que apresenta bagos médios e em formato esférico com polpa extremamente suculenta, de coloração dourada e pele espessa. Os cachos desta variedade de uva são longos e têm formato cilíndrico, sendo raro encontrar cachos compactos da Garganega nos vinhedos. A elevada frouxidão dos cachos da uva Garganega auxiliam no amadurecimento e secura da fruta, bem como em sua colheita tardia, uma vez que o espaço entre os bagos propicia maior ventilação entre um cacho e outro, reduzindo o risco de doenças fúngicas se desenvolverem na planta e permitindo assim seu cultivo prolongado.

O termo “Soave” não se trata de um vinho suave (adocicado), apesar do nome sugerir isso, mas branco e seco, com discretas notas frutadas, produzido a partir da uva Garganega. A qualidade varia muito, dependendo da zona e do produtor. São três os vinhos classificados: Soave Classico, Soave Classico Superiore (os de melhor qualidade) e o Soave Recioto.

E agora o vinho!

Na taça tem um amarelo palha brilhante, reluzente, com reflexos violáceos com perlages finas e abundantes.

No nariz as notas frutadas se revelam em profusão. Aromas ricos em frutas cítricas e brancas, frutas tropicais, como abacaxi, maça verde, limão são os destaques. O destaque também fica para o agradável aroma de pão, de fermento, bem delicado e discreto.

Na boca é seco, caracterizado por um sabor frutado, como nas impressões olfativas, equilibrado, macio e fresco, garantido por uma ótima acidez, além da presença do toque indefectível do pão, que é um atrativo à parte ao espumante. Tem um final frutado e persistente.

Um espumante que, embora não tenha sido concebido em terras brasilis, revelou-se surpreendentemente maravilhoso. Cítrico, aromático, delicado, elegante, ainda muito fresco, apesar de sua safra e o seu blend favoreceu e muito para o vinho entregar essas agradáveis características. Um espumante, produzido pelo método charmat, básico, simples, mas nobre na sua versatilidade, mostrando-se com alguma personalidade, com características inusitadas e marcantes. Que vinho! Que espumante! Um espumante digno de Brasil, mas concebido em terras do Velho Mundo. Versátil também nas harmonizações, podendo ser degustado sozinho, sem acompanhamentos, mas também com uma refeição mais leve e simples. Apesar de eu já ter degustado um Contessa Carola Negroamaro 2018, é sempre gratificante degustar vinhos de produtores pouco renomados e desconhecidos, porque, são nessas situações é que podemos ser positivamente surpreendidos. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Contri Spumanti S.p.A:

A história da empresa Contri Spumanti SpA está intimamente ligada à do seu fundador: Luciano Contri , nascido em 1938, natural de Cazzano di Tramigna. Aos quinze anos, enquanto Luciano se preparava para iniciar seus estudos de especialização enológica, a família sofreu grandes dificuldades devido a uma grave doença que atingiu seu pai Luigi e o obrigou a ficar dois anos longe de casa. Foi o fundador da empresa da família, com mais de 90 anos, o avô Domenico (apelidado de PACENA na aldeia, hoje uma das marcas da empresa) quem apoiou Luciano nesse período. A sua própria experiência e sabedoria, combinadas com a vontade e o espírito de sacrifício do sobrinho, foram capazes de compensar a ausência de Luigi. Temperado pelo sacrifício diário e seguro dos ensinamentos recebidos, atingiu a maioridade em 1959 e deu à luz a empresa individual Luciano Contri , que em 1980 será transformada em Contri Spumanti SpA , dando início à produção de espumantes e espumantes. Hoje as rédeas da empresa estão nas mãos de Paolo Contri , que dá continuidade à política de seu pai de manter a Contri Spumanti SpA uma empresa de ponta e líder no setor. Tecnologia de ponta e automação de processos garantem a eficiência do ciclo produtivo e a minimização dos custos de produção. Adaptação aos requisitos dos sistemas de qualidade mais conhecidos, desde o planejamento, passando pela produção, até a logística. Renovação constante dos sites de produção, expansão e automação das áreas de logística. Capacidade de responder e se adaptar às necessidades em constante mudança do mercado com novos tipos de produtos, novos formatos e embalagens personalizadas. Tudo isso tem permitido a consolidação da empresa ao longo dos anos e sua constante ascensão no mercado local e nos principais mercados externos. Resultados confirmados pelos inúmeros prémios e galardões obtidos nos mais conceituados concursos internacionais de vinhos. A sede da Contri Spumanti SpA está localizada em Cazzano di Tramigna, onde se encontram os escritórios, a histórica fábrica e o centro de logística. As atividades comerciais e administrativas, o controle de qualidade e a organização da produção são realizados e coordenados pela matriz. A atividade de produção em sentido estrito é abrangida por tipo de produto entre duas fábricas.

Mais informações acesse:

https://www.contrispumanti.com/it

Referências de pesquisa:

“Vinho Perfeito”: http://vinhoperfeito.com/2017/02/19/garganega/

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/sommelier-wine/extra-dry-nos-espumantes/#:~:text=Provavelmente%20voc%C3%AA%20j%C3%A1%20deve%20ter,brut%2C%20que%20possui%20pouca%20do%C3%A7ura.

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/garganega


terça-feira, 24 de março de 2020

Bolla Valpolicella Classico 2015


Sabe aquele vinho de tradição, antigo e que está na sua vida, direta ou indiretamente, desde os tempos de meninice? Fiquem calmos, não se preocupe, eu não bebo vinhos desde pequeno, mas o rótulo de que vou falar faz parte da minha infância, da minha história desde sempre. Vou explicar: lembro-me de quando era menino que meus pais sempre diziam: “Quer beber vinho bom? Compra aquele Vinho Bolla!” E sempre ouvia isso! Lembro-me de ir aos supermercados e ver esses rótulos da vinícola Bolla, italiana, nas gôndolas, e ouvir as pessoas dizerem: “Esse é dos bons!”. Mas lembro de também as pessoas falarem do alto custo do vinho na época. Pois é, amigos enófilos, naqueles tempos de outrora já se falavam em valores altos dos vinhos, mas isso é outra história.

Então, o vinho, que, no passado, me parecia tão improvável no tocante a degustação, tão distante, chegou as minhas mãos e encheu a minha taça. O vinho que degustei e gostei é o Bolla Valpolicella Classico das castas Corvina e Rondinella, típicas da também tradicional região italiana do Vêneto, da safra 2015. Com denominação DOC (Denominação de Origem Controlada).

No aspecto visual tem um vermelho rubi brilhante, com lágrimas curtas e de rápida dissipação.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas frescas, com notas florais e um discreto tostado, graças a breve passagem por madeira, cujo período não fora informado pelo produtor em seu site.

Na boca repetem-se as impressões olfativas, com taninos sedosos, boa acidez, de corpo leve para médio, seco e um final de média persistência e agradável.

Um vinho que sintetiza a região de Valpolicella, em Verona, ótimos para o dia a dia, com um forte apelo regional, frescos, informais, descontraídos, mas com personalidade, com seus 12,5% de teor alcoólico. Harmoniza muito bem com massas e pizzas. Para quem quiser conhecer um pouco da história dessa região e de seus vinhos, segue link abaixo:


Ah, até o especialista e crítico de vinhos Didu Russo comentou sobre o Bolla Valpolicella Classico. Veja:


Sobre a Cantina Bolla:

A história da Azienda Bolla tem seu início em 1883, quando a primeira adega foi construída por Abele Bolla no Vêneto para produzir vinhos Soave. Os filhos de Abele logo se juntaram a ele na empresa. Alberto Bolla, por exemplo, foi o responsável por construir uma nova adega em Pedemonte para a produção de rótulos Valpolicella. Mais tarde, vinhos Bardolino se juntaram aos Valpolicella e Soave, levando a vinícola a um novo nível de grandeza e qualidade. Ao final de 2006, o Gruppo Italiano Vini comprou a adega de Pedemonte e concluiu a aquisição de toda a marca em 2009, mas conserva os valores e filosofia originais da empresa dando origem a vinhos de grande valor.

Mais informações acesse: