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domingo, 17 de julho de 2022

Pó das Areias Grande Escolha Castelão 2017

 

Tem certas coisas ou situações vividas que ficam na nossa mente e que teimam, insiste em vir à tona, como que nos lembrando de vivenciá-la ou pelo menos nos colocar em reflexão, simplesmente.

Quando tive os meus primeiros contatos com os vinhos portugueses, uma casta teimava em me “acompanhar” nas degustações dos rótulos lusitanos: Castelão! Mas nos primeiros rótulos não me atentei imediatamente com a variedade.

Contudo a constância fez com que eu olhasse, eu percebesse com mais carinho para ela. A minha primeira e inevitável pergunta foi: A cada degustação a Castelão aparece nos blends! Será ela tão importante para Portugal? O que ela tem de especial?

Não importava a região portuguesa, não importava o produtor, não importava a proposta do vinho, lá estava, seja predominando percentualmente falando ou não, a Castelão.

Claro que, estimulado pela curiosidade que me é peculiar neste vasto e atraente universo do vinho, me coloquei a pesquisar sobre a casta, profundamente. E realmente a sua história personifica a história recente e gigantesca da Portugal vitivinícola.

Logo dissecarei, com requintes de detalhes, a magnífica história da Castelão, mas antes seguirei contando a minha história, de forma mais breve possível, com esta especial variedade, autóctone portuguesa.

E quando me vi envolto em curiosidade em degustar um rótulo 100% Castelão me coloquei em uma saga no garimpo de um vinho que entregasse o que eu queria, o que eu necessitava de momento. À época tive a impressão da dificuldade de encontrar um nos sites especializados em venda de vinhos e os pouquíssimos ofertados estavam com um valor muito alto para o meu humilde bolso.

Mas continuei a procurar e estava cada vez mais decidido a procurar até encontrar e quando estive em um site de vendas de vinhos muito popular no Brasil encontrei, quase que despretensiosamente, um que, claro, me chamou a atenção, mas lendo as nuances de sua proposta, percebi se tratar de um vinho mais básico, mas isso não importa! O comprei, degustei e gostei! Ele era o Vinhas do Silvado 2016. Que vinho saboroso! Para a sua proposta entregou até além!

A saga continuaria! Claro que não iria parar por aí e encontrei outro, da região do Tejo, de nome Adega Grande Reserva Castelão 2017, esse, com uma proposta diferenciada, em relação ao primeiro rótulo, com passagem por madeira e a experiência foi ótima também! Estava com sorte! Os vinhos 100% Castelão estavam me entregando qualidade, tipicidade.

E com esse panorama favorável não poderia parar! Afinal o universo é vasto e temos a obrigação de explorá-lo. E no mesmo site que havia comprado o meu primeiro rótulo 100% Castelão achei outro da região de Setúbal, que tem uma relação histórica forte com a Castelão, mais precisamente da sub-região de Palmela, terra dos moscatéis de Setúbal, com uma proposta no mínimo arrojada: passagem por 12 meses em depósitos de cimento! Não me lembro de ter degustado um vinho com passagem por cimento! Então foi chegada a hora de degusta-lo! Depois de dois anos na adega desde a sua compra, o desarrolhei! E voilá!

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei veio da região portuguesa de Setúbal, de Palmela, e se chama Pó das Areias Grande Escolha 100% Castelão da safra 2017. Então antes de falar do vinho, falemos um pouco da região de Setúbal e Palmela, bem como a artista do momento: Castelão!

Setúbal


A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Na região foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal.

De Setúbal saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico.

Situada no litoral oeste, a sul de Lisboa, esta região vitivinícola tem um terroir específico para a produção do famoso e tão apreciado vinho licoroso. “Esta região pode dividir-se em duas zonas orográficas completamente distintas: uma a sul e sudoeste, montanhosa, formada pelas serras da Arrábida, Rosca e S. Luís, e pelos montes de Palmela, S. Francisco e Azeitão, estes recortados por vales e colinas, com altitudes entre os 100 e os 500 m. A outra, pelo contrário, é plana, prolongando-se em extensa planície junto ao rio Sado.

Península de Setúbal

A área delimitada abrange no total uma superfície de 9.210 hectares de vinha, admitindo-se que, dessa área, cerca de 2075 hectares estão afeto à produção de vinhos com Denominação de Origem. Uma grande parte dos vinhos é exportada. Existem grandes empresas vitivinícolas na região utilizando tecnologias avançadas de transformação, da uva ao vinho. O Vinho Regional “Península de Setúbal” produz-se em todo o distrito de Setúbal. Já no que respeita aos vinhos com Denominação de Origem, temos duas regiões distintas: Setúbal, para a produção do vinho generoso, e Palmela, onde se produzem vinhos brancos, tintos e rosados, vinhos frisantes e espumantes rosados e vinhos licorosos.

O clima é misto, subtropical e mediterrânico. Influenciado pela proximidade do mar, pelas bacias hidrográficas do Tejo e do Sado e pelas serras e montes da região, tem fracas amplitudes térmicas e um índice pluviométrico entre os 400 a 500 mm. Extensa em território e com clima mediterrânico – tempo quente e seco no verão e relativamente frio e chuvoso no inverno –, a Península de Setúbal é uma região que permite a obtenção de vinhos carismáticos, com personalidade forte e traços de caráter únicos, com uma singular relação entre qualidade e preço. A presença de vinhas em terras planas compostas por solos de areia perfeitamente adaptados à produção de uvas de qualidade, bem como de um relevo mais acentuado, com vinhas plantadas em solo argilo-calcários, protegidos do Oceano Atlântico pela Serra da Arrábida, resulta numa produção de vinhos reconhecida nacional e internacionalmente.

As designações de Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG)

As designações de Denominação de Origem (D.O.) e Indicação Geográfica (I.G) indicam os vinhos de acordo com a sua origem, características e castas. É esta certificação que garante a qualidade dos vinhos que irá consumir. Desde o plantio até o engarrafamento, os vinhos da Península de Setúbal são avaliados e controlados pela CVRPS, chegando à sua mesa com 3 possíveis classificações: D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal (Vinho Regional).

DO Palmela

Abrangendo os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e, ainda, a freguesia do Castelo, no concelho de Sesimbra, a D.O. Palmela cobre a mesma área que a D.O. Setúbal, mas exclui a produção de Moscatel de Setúbal. Aqui, tanto nos tintos como nos brancos, há uma utilização predominante de certas castas que permitem produzir vinhos carismáticos, com personalidades fortes.

Setúbal e Palmela mais ao norte

Os vinhos tintos D.O. Palmela devem conter a casta Castelão, conhecida tradicionalmente por Periquita, em pelo menos 67% da sua produção. São, na sua maioria, vinhos tranquilos, ou seja, não são gaseificados. São caracteristicamente bastante aromáticos, com grande capacidade de envelhecimento e estruturados. Os jovens e os mais velhos distinguem-se pelo perfil e aromas. Enquanto que os primeiros são caraterizados por aromas como a cereja, a groselha e a framboesa, os mais velhos abarcam outros aromas mais secos, como a bolota e o pinhão.

Castelão: O DNA de Portugal

A uva Castelão é uma variedade de uva de casca escura que é usada no processo de fabricação de vinho tinto e encontrada mais exclusivamente em Portugal. Ela é utilizada para a produção não só de vinhos varietais, mas também vinhos mistos.

A Castelão é extremamente popular graças à sua robustez. Essa uva tende a crescer bem em solos arenosos e inférteis e resiste à maioria das doenças. Embora essa uva prefira os climas mais quentes, ela produz qualidade decente de vinho, mesmo a partir de uvas cultivadas em partes mais frias e úmidas de Portugal.

A Castelão é conhecida, na região de Setúbal, como “Periquita”, também chamada João de Santarém ou Castelão Francês. Embora seja cultivada por todo o país, destaca-se, sobretudo nas regiões costeiras a sul e por vezes entra na constituição do Vinho do Porto.

O Termo “Periquita” está associado ao emblemático vinho, de mesmo nome, criado por José Maria da Fonseca, da vinícola de mesmo nome lá na região de Setúbal. A vinícola, fundada em 1834, tinha a alcunha de “Periquita” por causa do local onde estava instalado, conhecido como “Cova da Periquita”, nome dado pelos moradores da região.

José Maria da Fonseca

Na costa sul de Portugal, onde os solos são arenosos, as vinhas de Castelão produzem vinhos que não são apenas tânicos, mas também encorpados e extremamente rústicos, com um toque de sabor frutado que parece o sabor de uma fruta silvestre. Estes vinhos são frequentemente envelhecidos no carvalho por um período de cinco a dez anos e uma vez feito, o vinho produzido é de qualidade extremamente premium.

No caso dos vinhos produzidos a partir de uvas cultivadas na parte central de Portugal, devido à natureza calcária do solo, produz vinhos mais leves e frutados, que não precisam ser envelhecidos devido ao sabor equilibrado e podem ser consumidos precocemente. Este vinho é frequentemente misturado com variedades como Tinta Roriz e Touriga Nacional.

Quando misturado com outros vinhos, as bordas ásperas do Castelão tendem a amolecer um pouco, tornando o vinho muito mais acessível, principalmente quando não passa pelo processo de envelhecimento.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um lindo e intenso vermelho rubi com reflexos violáceos muito brilhantes, com lágrimas finas e em média intensidade que logo se dissipam do copo.

No nariz entrega um rico aroma de frutas vermelhas frescas com destaque para groselha, cereja e morango, com notas florais, de flores vermelhas, além de especiarias, como pimenta e toques herbáceos e de couro.

Na boca é redondo, elegante, fácil de degustar, muita fruta protagonizando também no palato. Muito equilibrado, graças aos seus taninos aveludados, mas envolventes, com uma acidez muito boa, apesar dos cinco anos de safra, e álcool bem integrado, revela todas as características da variedade Castelão, se devendo também aos 12 meses que estagiou em tanques de cimento que valoriza a essência da casta. Tem final médio.

Mais uma experiência excepcional com a Castelão! Muitas novidades foram impostas a mim com a degustação deste especial rótulo. Os depósitos de cimento, onde o vinho estagiou por doze meses, trouxe um vinho mais puro, enfatizando a essência da cepa, potencializando o seu terroir, com muita tipicidade. Tem taninos redondos, macios e faz do vinho algo suculento, fresco, vivo, mas com personalidade marcante por exatamente expor todas as suas nuances e características desta cepa que, a cada dia, me ganha.

E ainda tem uma curiosidade estampada no rótulo: Grande Escolha! O que significa? “Grande Escolha” é uma denominação de qualidade, mas que não é uma denominação de origem, mas se assemelha a um reserva ou grande reserva, por exemplo. Significa que obteve uma qualificação, uns pontos acima do “normal”, dos vinhos regionais, por exemplo, pelo organismo ou instituição que certifica o vinho.

E mais uma curiosidade, agora sobre o nome que ostenta em seu rótulo: “Pó das Areias”! Pó das Areias faz alusão aos solos arenosos e ao clima mediterrâneo no qual a uva Castelão foi cultivada.

O que corrobora, definitivamente, a sua qualidade, personificando o seu terroir. Enfim, um vinho repleto de tipicidade. Tem 13.5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Fernão Pó:

A Adega Fernão Pó é uma empresa familiar de Fernando Pó, concelho de Palmela, como resultado da junção das famílias Freitas & Palhoça. Ligadas à viticultura e produção de vinho há gerações, reúnem assim dois ramos da história vinícola de Fernando Pó.

Os Freitas são antigos proprietários da região e, por outro lado, os Palhoças, descendentes da cultura “caramela”, vindos do norte de Portugal, se estabeleceram em “Foros” na região. Anteriormente, nos anos 50, Aníbal da Silva Freitas fundou a Adega. Só posteriormente, em 1990, foi lançado o primeiro vinho de marca própria. Hoje, produz cerca de 660 mil litros de vinhos de vinhas próprias.

A planície de Fernão Pó é conhecida pela qualidade das suas uvas. Dividida em pequenas quintas desde a chegada do caminho-de-ferro em 1861, distingue-se pela camada de areias macias, a cobrir o solo de barro. O microclima temperado pelos rios Tejo e Sado protege e facilita a maturação perfeita das uvas. O resultado são vinhos conhecidos pela boa estrutura, corpo, cor e principalmente aromas.

Mais informações acesse:

https://fernaopo.pt/

Referências:

“Vinhos da Península de Setúbal”, em: https://vinhosdapeninsuladesetubal.org/

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Castel%C3%A3o_(uva)

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/castelao

“House of Wine”: http://houseofwine.com.br/por-dentro-vinho/castelao/

 “Correio Braziliense”: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/2016/01/06/interna_turismo,513036/conheca-a-historia-do-rotulo-periquita-vinho-pioneiro-do-norte-de-por.shtml

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/peninsula-de-setubal/regioes-vitivinicolas-portuguesas-peninsula-de-setubal-2/

 

 

 

 

 

 





 







sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Baía dos Golfinhos branco 2019


Que os vinhos da região de Setúbal já fazem parte da minha simples vida de enófilo e, claro, do meu paladar, eu não tenho mais dúvidas. Eu não degustei muitos vinhos dessa estimada região lusitana, mas os poucos que degustei até o momento, fez com que eu me apaixonasse plenamente por essa região a ponto de ter pelo menos um rótulo da Península de Setúbal em minha humilde adega. E por não ter degustado tantos vinhos dessa região ainda, tenho tido algumas novas experiências muito agradáveis e dessa vez não foi diferente. Hoje será a minha primeira degustação de um vinho branco de Setúbal. Mas não se enganem pois apesar do vinho ser da Península de Setúbal este se mostra com a cara do Brasil, oriundo de regiões tropicais que traz as similaridades dos recursos naturais do Brasil e, claro que essas características refletem decisivamente na proposta do vinho: leve, fresco, despretensioso e muito saboroso e melhor: um custo baixo, um valor muito atrativo.

O vinho que degustei e gostei veio como disse, da Península de Setúbal e se chama Baía dos Golfinhos, da tradicional Casa Ermelinda Freitas, com o tradicional corte das castas Fernão Pires (85%) e Arinto (15%), da jovem safra de 2019. Antes eu havia dito das similaridades da região a qual o vinho foi produzido com a natureza tropical do Brasil. Falarei da Baía dos Golfinhos.

Baía de Golfinhos, Setúbal

A área envolvente à Baía de Setúbal é conhecida pela variedade e qualidade das suas áreas vínicas. A Península de Setúbal é rodeada pelo oceano Atlântico e pelos rios Tejo e Sado. A região, situada a sul de Lisboa, é essencialmente marcada pelo turismo e pelas grandes explorações vitícolas. Desde as grandes explorações dominadas pela casta Castelão até ao Moscatel, um dos vinhos generosos nacionais, esta região sempre teve um lugar cimeiro na história dos vinhos portugueses. A Baía de Setúbal é o centro geográfico de um ecossistema rico e variado. Este é o local onde reside permanentemente uma comunidade de cerca de 30 golfinhos (uma das 3 comunidades permanentes de golfinhos na Europa), mas a baía abraça também, a cidade de Setúbal, a península de Tróia, o Parque Natural da Arrábida e ainda a Reserva Natural do Estuário do Sado. O Parque Natural da Arrábida ocupa uma superfície de 17 mil hectares, dos quais 5 mil hectares pertencem ao Parque Marinho Prof. Luiz Saldanha, oferecendo assim uma miríade de cenários ideais para os seus momentos de lazer. A Reserva Natural do Estuário do Sado é uma fonte riquíssima de património natural, cultural e o local ideal para atividades de lazer. Entre a observação de aves e golfinhos, não pode perder uma visita aos marcos arqueológicos do neolítico, dos fenícios e dos romanos. As águas calmas da Baía dos Golfinhos e áreas envolventes proporcionam o cenário ideal para todo o tipo de atividades náuticas, que vão desde o mergulho, canoagem, vela, até ao kite surfing. É como essa exuberância natural que o vinho Baía dos Golfinhos foi concebido.

Baía dos Golfinhos, Setúbal

E agora finalmente falemos do vinho!

Na taça tem um lindo amarelo palha com reflexos esverdeados já tendendo para ao dourado, muito brilhante e se observa também que o vinho é gaseificado, com pequenos gases, “bolinhas” que já denuncia o caráter fresco do vinho.

No nariz explode uma explosão de frutas brancas, cítricas, como pêssegos, maracujá, pera, maça verde e que, ao girar a taça, irrompe sem perdão nas narinas. Sem falar das notas florais, flores brancas.

Na boca é fresco, jovem, elegante, com um bom volume de boca, preenche a boca, mostrando personalidade, com uma acidez vivaz e equilibrada e um toque mentolado e adocicado, diria, mas sem ser enjoativo. Sem falar da explosão frutada que é o destaque deste vinho. Com um final de média persistência.

Mais uma vez o terroir fala mais alto em Portugal. Um branco estupendo! Essa é a palavra que define bem o Baía dos Golfinhos. Frutas, notas florais, frescor, jovialidade, características essas que permeiam a estrutura natural de onde veio. Como costumamos dizer, diria de forma eloquente: cultura e tipicidade dentro de uma garrafa. Assim é o Baía de Golfinhos branco. Um vinho que harmoniza muito bem com carnes brancas, comidas de entrada, frios, queijos leves ou, diante de sua nobre simplicidade pode ser degustado sozinho. Um senhor vinho que me surpreendeu positivamente, me arrebatou pelo seu custo X beneficio insuperável. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Ermelinda Freitas:

A empresa, iniciada em 1920 por Deonilde Freitas, continuada por Germana Freitas e mais tarde por Ermelinda Freitas, sempre dedicou especial atenção ao vinho. Pelo desaparecimento precoce do seu marido, Manuel João de Freitas, Ermelinda deu continuidade à empresa com colaboração da sua filha única, Leonor, que embora com formação fora da área vitivinícola, tomou a liderança da empresa reforçando assim a presença feminina na sua gestão. Desde a primeira geração que esta casa aposta na qualidade das vinhas e dos vinhos, que inicialmente eram produzidos e vendidos a granel sem marca própria. Foi com a atual gestão que se deu a grande mudança de se  criar marcas próprias. Assim, em 1997, iniciou-se um novo ciclo com o “Terras do Pó” tinto, primeiro vinho produzido e engarrafado da Casa Ermelinda Freitas. elo trabalho desenvolvido, Leonor Freitas foi agraciada a 10 de Junho de 2009 com a comenda de Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial Classe do Mérito Agrícola Comendador por Sua Excelência o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

As vinhas

Herdando 60 ha de vinhas de apenas duas castas: Castelão e Fernão Pires, situadas em Fernando Pó na região de Palmela, Leonor Freitas com o seu espírito inovador e diferenciador introduziu uma diversidade de castas como a Trincadeira, Touriga Nacional, Aragonês, Syrah, Alicante Bouschet, entre outras. Sendo a Casa Ermelinda Freitas proprietária neste momento de 440 hectares de vinha, onde 60% são de Castelão, 30% de variedades tintas como Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Franca, Merlot and Petit Verdot, e 10% de uvas brancas como Fernão Pires, Chardonnay, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc e Moscatel de Setúbal. Dada a localização privilegiada da exploração, nela são produzidos alguns dos melhores vinhos da região.

Mais informações acesse:


Fonte de pesquisa sobre a Baía dos Golfinhos

Site “Baía dos Golfinhos”: http://abaiadosgolfinhos.pt/

domingo, 6 de setembro de 2020

JP Azeitão tinto 2017


Esse vinho já não é nenhuma novidade para mim. Contudo por não ser novidade que o vinho é ruim ou coisa que valha muito pelo contrário! É um vinho estupendo, surpreendentemente ótimo! Um vinho básico da emblemática e tradicional vinícola Bacalhôa, mas que faz frente a qualquer medalhão por aí. Em 2018 ele me veio duplamente. Uma boa amiga, sabendo que sou um enófilo, mas advertiu sobre uma imperdível promoção de um vinho da região de Setúbal em um supermercado que estava sendo inaugurado. Quando ela me disse o valor não hesitei em pedi-la para comprar: R$ 18,90! Um eu fui gentilmente presenteado e o outro eu comprei. Na realidade era para comprar três rótulos da linha: rosé, tinto e o branco, mas veio, como disse, dois tintos e um rosé. Foi por acidente ter vindo dois tintos da mesma safra, mas, como um bom e honesto degustador de vinhos, não se pode rejeitar nenhum rótulo, independente das circunstâncias.

O vinho que degustei e gostei foi o JP Azeitão com um blend das castas Syrah (45%), Castelão (31%) e Aragonez (24%) da safra 2017, da fantástica região da Península de Setúbal. Mas antes de falar da segunda garrafa que degustei vou falar da primeira e da experiência que tive.

Quando o abri, em 5 de janeiro de 2019, já fui surpreendido pelo aroma delicado e agradável de fruta, frutas vermelhas em compota, lembrando morango e cerejas, por exemplo, o mesmo se reproduzindo no paladar, com uma estrutura tânica fresca, suave e com um final frutado e de alguma persistência.

JP Azeitão tinto degustado em Janeiro de 2019

Então, extasiado, decidi abrir a segunda garrafa em um momento especial, porque apesar, como disse, de ser um vinho básico da vinícola, se revela muito bom e honesto, dotado de uma personalidade marcante para a sua proposta, o que me surpreendeu positivamente, diria arrebatadora. Então o momento chegou. Um reencontro com um velho e bom amigo propiciou o momento deste belo JP Azeitão ser degustado, então, após o seu carinhoso convite a ir para sua casa, escolhi este vinho para compartilhar com ele. Mas antes de falar, com o devido prazer, de novo, desse belo vinho, preciso falar da história do Palácio da Bacalhôa, onde está a sede da Quinta da Bacalhôa.

A Quinta da Bacalhôa

é uma antiga propriedade da Casa Real Portuguesa. A quinta com o famoso Palácio da Bacalhoa - também conhecido como Palácio dos Albuquerques - situa-se na freguesia de Azeitão, Concelho de Setúbal, mais precisamente na pequena aldeia de Vila Fresca de Azeitão. É considerada a mais formosa quinta da primeira metade do século XVI, ainda existente em Portugal. 

Palácio dos Albuquerques

No século XV pertenceu, como quinta de recreio, a João, Infante de Portugal, filho do rei D. João I. Herdou-a sua filha D. Brites, casada com o segundo Duque de Viseu e mãe do Rei D. Manuel I. Ainda existentes os edifícios, os muros com torreões de cúpulas aos gomos e também o grande tanque foram beneficiações mandadas construir por D. Brites. Esta quinta viria a ser vendida em 1528 a Brás de Albuquerque, filho primogénito de Afonso de Albuquerque. O novo proprietário, além de ter enriquecido as construções com belos azulejos, mandou construir uma harmoniosa «casa de prazer», junto ao tanque, e dois robustos pavilhões, juntos aos muros laterais. Nos finais do século XVI, esta quinta fazia parte de morgadio pertencente a D. Jerónimo Teles Barreto — descendente de Afonso de Albuquerque. Este morgadio — em que estava incluída a Quinta da Bacalhoa — viria a ser herdado por sua irmã, D. Maria Mendonça de Albuquerque, casada com D. Jerónimo Manuel — da Casa da Atalaia — conhecido pela alcunha de “Bacalhau”. É muito provável que o nome de “Bacalhoa”, pelo qual veio a ficar conhecida a antiga Quinta de Vila Fresca, em Azeitão, tenha tido origem no facto de a mulher de D. Jerónimo Manuel também ser designada da mesma forma sarcástica. Esta quinta ficou consagrada entre os tesouros artísticos de Portugal. Após uma grande disputa judicial entre os descendentes, o morgado ficou para D. José Francisco da Costa de Sousa e Albuquerque (1740-1802), armeiro mor do Reino e armador mor do Rei, casado com Maria José de Sousa de Macedo, 2.ª viscondessa de Mesquitella, 5.ª baronesa de Mullingar (Reino Unido). O Morgado ficaria na família Mesquitella (posteriormente condes de Mesquitella e duques de Albuquerque), assim como os títulos palatinos de armeiro mor e armador mor do Reino e do Rei, até princípios do século XX. Tendo, naturalmente, sofrido algumas modificações, no decurso dos seus cinco séculos de existência, conserva ainda as abóbadas ogivais dos seus tempos mais remotos, o palácio com janelas ao estilo renascentista, os cubelos representativos da Via Sacra e elementos cerâmicos decorativos, do século XVI. Nos azulejos encontra-se a data de 1565 e a assinatura do ceramista Francisco de Matos. Medalhões de faiança de origem flamenga emolduram bustos de significação histórica. Em 1936, o Palácio da Bacalhoa foi comprado e restaurado por uma norte-americana, Orlena Scoville, cujo neto se incumbiu da missão de tornar a quinta num dos maiores produtores de vinho de Portugal. Mais tarde o Palácio e a Quinta da Bacalhôa pertenceram a José Antônio Borges. Atualmente a Quinta da Bacalhôa pertence à Fundação Berardo, liderada pela família Berardo, a nona mais rica de Portugal, cujo patriarca é o madeirense José Berardo.

E agora o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi com reflexos violáceos, muito límpido e brilhante com lágrimas em profusão desenhando as paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas maduras, como ameixa, cereja, frutas em compotas, com notas de especiarias.

Na boca é seco, frutado, leve, mas, ao mesmo tempo, tem uma personalidade marcante, com taninos presentes, mas domados, uma boa acidez que o torna vivaz e fresco, com um final frutado e persistente.

Pois é, um vinho que sempre te surpreende que te traz novas percepções, que te traz celebrações e alegria a cada taça servida. Um vinho fresco, leve, mas de presença marcante para a sua proposta e que harmoniza com momentos descontraídos, com amigos em uma boa conversa, mas harmoniza também com pratos leves e simples, uma refeição, uma comida caseira e gostosa ou degusta-lo sozinho também. Tem teor alcoólico de 13% muito bem integrado ao conjunto do vinho. Ah o meu amigo também gostou e muito do vinho! Missão cumprida!

Sobre a Quinta da Bacalhôa:

Bacalhôa Vinhos de Portugal foi  fundada em 1922, sob a denominação João Pires & Filhos, daí o nome do vinho “JP Azeitão”. Em 1998 o controle da empresa foi comprado por José Berardo, que adquiriu novas propriedades e celebrou um acordo de parceria com o grupo Lafitte Rothschild. No ano de 2008 o grupo Lafitte Rothschild adquiriu uma participação na empresa, que adquiriu mais propriedades e uma participação maioritária na vinícola Aliança. Sua sede está localizada na histórica. O Comendador José Berardo, sendo o principal acionista,  prosseguiu com a missão da empresa, investindo no plantio de novas vinhas, na modernização das adegas e na aquisição de novas propriedades, junto com a imprescindível parceria com o Grupo Lafitte Rothschild na Quinta do Carmo. Em 2007 a Bacalhôa tornou-se a maior acionista na Aliança, um dos produtores mais prestigiados nas categorias de espumantes de alta qualidade, aguardentes e vinhos de mesa. No ano seguinte, a empresa comprou a Quinta do Carmo, aumentando assim para 1200ha de vinhas a sua exploração agrícola. A Bacalhôa dispõe de adegas nas regiões mais importantes de Portugal: Alentejo, Península de Setúbal (Azeitão), Lisboa, Bairrada, Dão e Douro. O projeto implementado nas diversas quintas sob o tema “Arte, Vinho, Paixão” visa surpreender as expectativas mais exigentes. Das vinhas ao vinho, todo o processo vitivinícola é envolvido em vários cenários que incluem a tradição e modernidade, com exposições artísticas diversas, da pintura à escultura, nunca esquecendo as magníficas obras naturais. Com uma capacidade total de 20 milhões de litros, 15.000 barricas de carvalho e uma área de vinhas em produção de cerca de 1.200 hectares, a Bacalhôa Vinhos de Portugal prossegue a sua aposta na inovação no sector, tendo em vista a criação de vinhos que proporcionem experiências únicas e surpreendentes, com uma elevada qualidade e consistência. A Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A., uma das maiores e mais inovadoras empresas vinícolas em Portugal, desenvolveu ao longo dos anos uma vasta gama de vinhos que lhe granjeou uma sólida reputação e a preferência de consumidores nacionais e internacionais. Presente em 7 regiões vitícolas portuguesas, com um total de 1200ha de vinhas, 40 quintas, 40 castas diferentes e 4 centros vínicos (adegas), a empresa distingue-se no mercado pela sua dimensão e pela autonomia em 70% na produção própria. A cada uma das entidades que constituem a Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A. - Aliança Vinhos de Portugal, Quinta do Carmo e Quinta dos Loridos - corresponde um centro de produção com características próprias e um património com intrínseco valor cultural. É à dinâmica gerada pelo cruzamento destas várias identidades, explorada com recurso à tecnologia mais atual e aos conhecimentos de uma equipa de renome, que a Bacalhôa Vinhos de Portugal, S.A. deve a sua capacidade única no competitivo mercado português de oferecer o vinho perfeito para qualquer ocasião.

Mais informações acesse:


Fonte para pesquisa da história do Palácio da Bacalhôa:





sábado, 16 de maio de 2020

Veritas tinto 2015


Conhecimento agrega e muito em nossa vida. Remove montanhas e nos proporciona um mundo novo a cada aprendizado. E no mundo do vinho não é diferente. E não se restringe aos profissionais, enólogos e críticos de vinhos, mas também aos simples apreciadores da nobre bebida de Baco, aos enófilos, sobretudo aqueles que de fato buscam informações e incrementam em suas degustações boas doses de conhecimento. E essa afirmação está se manifestando exatamente hoje! Foi graças a minha incessante busca pelo conhecimento, a minha avidez pela informação, mesclada a curiosidade, que estou degustando um rótulo de uma região portuguesa que até pouco tempo atrás não conhecia no que tange ao seu potencial vitivinícola. E quando conheci foi por intermédio de outra emblemática região: Lisboa. Gosto muito dos vinhos lisboetas, sobretudo aqueles mais básicos, de entrada, sem tanta intervenção humana, mas muito bem feitos. E, ao olhar um mapa vitivinícola de Portugal na internet avistei a Península de Setúbal, próxima a de Lisboa. Pensei: Nunca degustei nenhum vinho dessa região. Comprei os meus primeiros rótulos e tive ótimas e agradáveis surpresas. Mas este foi muito especial! Surpreendente pelo custo X benefício.

O vinho que degustei e gostei, veio, como disse da Península de Setúbal, da sub-região de Palmela, e se chama Veritas, da SIVIPA, um corte das castas Castelão (70%), típica da região e de toda Portugal, também conhecida como “Periquita” e Cabernet Sauvignon (30%), casta mundialmente famosa, oriunda de terras francesas, da safra 2015, um DOC (Denominação de Origem Controlada) da sub-região de Palmela. E já que falei de aprendizado e conhecimento adquirido não pode passar despercebida uma breve história sobre a Península de Setúbal e da sua igualmente famosa sub-região de Palmela, considerada uma denominação de origem (DO) juntamente com Setúbal e também os vinhos regionais (IG).

Península de Setúbal

A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Na região foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal. De Setúbal saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico. Extensa em território e com clima mediterrânico – tempo quente e seco no verão e relativamente frio e chuvoso no inverno –, a Península de Setúbal é uma região que permite a obtenção de vinhos carismáticos, com personalidade forte e traços de caráter únicos, com uma singular relação entre qualidade e preço. A presença de vinhas em terras planas compostas por solos de areia perfeitamente adaptados à produção de uvas de qualidade, bem como de um relevo mais acentuado, com vinhas plantadas em solo argilo-calcários, protegidos do Oceano Atlântico pela Serra da Arrábida, resulta numa produção de vinhos reconhecida nacional e internacionalmente.


As designações de Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG)

As designações de Denominação de Origem (D.O.) e Indicação Geográfica (I.G) indicam os vinhos de acordo com a sua origem, características e castas. É esta certificação que garante a qualidade dos vinhos que irá consumir. Desde o plantio até o engarrafamento, os vinhos da Península de Setúbal são avaliados e controlados pela CVRPS, chegando à sua mesa com 3 possíveis classificações: D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal (Vinho Regional).

DO Palmela:

Abrangendo os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e, ainda, a freguesia do Castelo, no concelho de Sesimbra, a D.O. Palmela cobre a mesma área que a D.O. Setúbal, mas exclui a produção de Moscatel de Setúbal. Aqui, tanto nos tintos como nos brancos, há uma utilização predominante de certas castas que permitem produzir vinhos carismáticos, com personalidades fortes. Os vinhos tintos D.O. Palmela devem conter a casta Castelão, conhecida tradicionalmente por Periquita, em pelo menos 67% da sua produção. São, na sua maioria, vinhos tranquilos, ou seja, não são gaseificados. São caracteristicamente bastante aromáticos, com grande capacidade de envelhecimento e estruturados. Os jovens e os mais velhos distinguem-se pelo perfil e aromas. Enquanto que os primeiros são caraterizados por aromas como a cereja, a groselha e a framboesa, os mais velhos abarcam outros aromas mais secos, como a bolota e o pinhão.


Agora o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso, razoavelmente escuro, com tons violáceos e lágrimas em abundância demorando a se dissipar, desenhando as paredes do copo.

No nariz uma profusão aromática de frutas maduras com toques discretos, mas evidentes, da baunilha e do tostado, evidenciado pela breve passagem por barricas de carvalho por 6 meses.

Na boca é seco, traz também muita fruta, com alguma estrutura, taninos presentes, mas sedosos, possivelmente pela passagem por madeira e pelo tempo de safra, com boa acidez, vivaz para um tinto, e um final prolongado, persistente.

Um vinho que, para muitos talvez, não aparenta drincabilidade, admito que não é um vinho “corriqueiro”, percebi até certa rusticidade, mas não tenho tanta certeza, afinal, apesar de ter um corpo médio, é um vinho que tem equilíbrio e até fácil de degustar. Vale também o registro quanto ao seu alto teor alcoólico, de 14%: ao desarrolhá-lo e ter me servido da primeira taça, de forma imediata, senti um tanto quanto alcoólico, mas deixei o mesmo respirando na taça por 5 minutos, aproximadamente, ficando mais redondo. Setúbal não é apenas dos Moscatéis, é também dos tintos! Harmoniza bem com comidas mais condimentadas e encorpadas como massas e carnes gordas.  Cabe aqui mais uma curiosidade: como disse a Castelão, que compõe 70% deste vinho e se encontra com facilidade nos vinhos produzidos em Setúbal e Lisboa, por exemplo, também se chama “Periquita”. Mas por quê? Foi em 1830 que José Maria da Fonseca a plantou na sua propriedade de Azeitão – Cova da Periquita – e cujos vinhos ganharam tanta fama, que difundiram o nome por toda a região.

Sobre a SIVIPA:

A SIVIPA – Sociedade Vinícola de Palmela, SA foi criada no ano de 1964 por um grupo de vitivinicultores que se uniram para formarem esta sociedade com o objetivo de engarrafar os vinhos das suas produções e de os colocarem no mercado. O objetivo seria conseguir obter uma mais valia através do mercado de vinhos engarrafados, pois nesta altura pretendia-se acabar com a comercialização de vinhos a granel e vinhos em barril. Entretanto na década de 90 entrou para o capital da sociedade uma das famílias com maiores tradições na produção de vinhos da região de Palmela, a família Cardoso, que através dos seus 400 ha de vinhas e com produções na ordem de 2 milhões de litros anuais assegurava uma maior homogeneidade na qualidade dos vinhos. Nesta altura começou-se a apostar nos vinhos certificados e de maior qualidade. Hoje em dia a Sivipa é uma sociedade com grande reputação na produção de vinhos e moscatéis.

Mais informações acesse:


Fonte para pesquisa sobre a Península de Setúbal: Vinhos da Península de Setúbal, em: https://vinhosdapeninsuladesetubal.org/



quarta-feira, 11 de março de 2020

Vinhas do Silvado Castelão 2016



Sou um degustador ávido por vinhos portugueses. Um país de dimensões territoriais pequenas, mas que apresenta diversas regiões com vinhos de tipicidades, características e propostas diferentes, uma diversidade que agrada a todos os bolsos e paladares. Por esse motivo procuro não direcionar apenas o meu radar a vinhos, cujos rótulos são conhecidos ou as vinícolas tem um alcance forte, não só no mercado interno, mas também no mercado externo, mas  também de rótulos que costumo chamar de “underground”, ou seja, pouco conhecidos, de vinícolas pouco badaladas. Eles podem nos entregar grandes e positivas surpresas. E incluo também as regiões, levando em consideração também de que determinadas localidades de potencial vitivinífera em Portugal que infelizmente no Brasil não são tão conhecidos ou as opções de rótulos não chegam por aqui.

E, apesar de degustar vinhos lusitanos há algum tempo, fui conhecer e degustar a região emblemática de Setúbal a pouco tempo e tiver o prazer de degustar um varietal mais importante dessa região e que, no passado era produzida, em profusão, em todo Portugal, a Castelão, que era chamada de Periquita. E o vinho escolhido foi o Vinhas do Silvado da safra 2016, da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões.

No aspecto visual apresenta um vermelho rubi de média intensidade, com entornos violáceos bem definido e muito brilhante.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas frescas, como framboesa, ameixa, e um toque floral muito agradável.

Na boca é frutado, fresco, direto, macio, fácil de degustar, com taninos delicados, sedosos e acidez correta, com final de média persistência, porém agradável.

O vinho me surpreendeu positivamente pela simplicidade sim, mas bem feito, com muita correção, um vinho de caráter, porque entrega muito bem a sua proposta, é honesto, saboroso e com ótima drincabilidade, um excepcional custo X benefício, com teor alcoólico de 12,5%. E digo mais, um varietal português é difícil de encontrar no Brasil, só nisso já vale a atenção.

Sobre a Cooperativa Agrícola de Santo Isidro:


Foi o grande proprietário rural e industrial de cerveja José Rovisco Pais quem doou as suas herdades de Pegões aos Hospitais Civis de Lisboa. Nelas viria a ser executado o maior projecto de Colonização Interna com a fixação de centenas de casais agrícolas e a plantação de 830 hectares de vinha. A Cooperativa Agrícola constituída por Alvará de 7 de Março de 1958 veio fornecer o apoio técnico e logístico à elaboração dos primeiros vinhos de Pegões. Numa primeira fase da sua existência a Cooperativa beneficiou de substanciais apoios financeiros e tecnológicos do sector estatal. Seguiu-se uma fase de ocupação e desequilibrio, consequente do processo revolucionário em curso (1975 – 76). Finalmente nos últimos 15 anos a Cooperativa empreendeu uma estratégia sistemática de modernização e estabilização financeira com o objectivo de melhorar e valorizar os vinhos da sua marca. Neste período a Cooperativa investiu cerca de 15.000.000€ para dotar a Adega com sistemas de vinificação e estabilização a frio, revestimento a “EPOXY” dos primitivos depósitos de cimento, complexo de cubas de INOX para fermentação com controle de temperatura, prensas de vácuo e pneumáticas, modernas linhas de enchimento e rotulagem, ETAR, caves para estágio de vinhos com mais de 3.000 barricas, obras de beneficiação e conservação geral de edifícios e pavimentação dos acessos fabris. No plano da organização interna, avançou-se na informatização da empresa que, neste momento, está certificada na norma NP EN ISO 9001: 2000 e HACCP.

Mais informações acesse:

http://cooppegoes.pt/

Degustado em: 2019