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domingo, 2 de julho de 2023

Trifula Dolcetto 2021

 

Quando nos lembramos da Itália imediatamente associamos aos clássicos! Aqueles rótulos com sisudez, austeridade, aqueles vinhos carnudos, opulentos, encorpados, de longevidade, de potência mesmo.

Rótulos aristocráticos, com brasões, mostrando tradição, história e até mesmo luxo e poder. Mas não se enganem que a Itália tem produzido alguns rótulos mais descontraídos, com uma abordagem estética descontraída, bem como também na concepção do seu vinho.

Se para alguns e diria muitos sejam vinhos simplórios e ordinários, uma versão “bonitinha” e solar para vinhos ruins, enganam-se retumbantemente. São vinhos simples, mas sem depreciar, porque essa é a proposta: de vinhos jovens, frutados, frescos e descomplicados.

É também uma proposta os vinhos austeros, encorpados, complexos. O que não se pode pensar e disseminar uma cultura intolerante contra as propostas dos vinhos, fazendo incutir na mente das pessoas a sua torta percepção.

E hoje a Itália que se descortina em minhas retinas será descontraída, solar, com frescor, vivacidade e muito leve, na sua versão estética e do vinho propriamente dito. É com alegria e satisfação que anuncio o vinho que degustei e gostei que veio do Piemonte e se chama Trifula, um 100% Dolcetto da safra 2021.

Mas o que significa “Trifula”?

Trifula é um cão sagaz que vive neste terroir inspirador. Trifula raramente experimenta algo especial, até que um belo dia descobre uma legítima trufa branca enterrada na sua árvore favorita, em Alba.

A trufa é vendida por um milhão de dólares na famosa Feira Internacional de Trufas da região, tornando Trifula mundialmente conhecido e digno de receber uma homenagem em rótulos que inspiram sua história e trazem a leveza e descontração encontrada nos vinhos.

E na sequência de histórias vamos agora com a tradição do Piemonte e a sua casta mais leve, fresca e frutada: Dolcetto.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

A região do Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos.

Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

As sub-regiões do Piemonte

As sub-regiões do Piemonte diferem bastante entre si e possuem muitas DOC. São elas:

Monferrato

É uma vasta região de colinas, que pode ser dividida em duas partes bem diferentes:

Basso Monferrato - (Raciocinar ao inverso) é a parte mais setentrional e de maiores altitudes, com a base pelos 350m e os picos em 700m, um território muito apropriado para os vinhedos. Aqui predominam a Barbera e a Grignolino, em vinhos macios e fáceis de beber se comparados aos demais tintos piemonteses. Em Chieri se produz um Freisa DOC.

DOC: Albugnano, Cisterna d´Asti, Colline Torinesi, Dolcetto d`Asti , Freisa di Chieri, Gabiano, Grignolino d`Asti, Grignolino del Monferrato, Malvasia di Casorzo d`Asti, Malvasia di Castelnuovo Don Bosco, Monferrato, Rubino di Cantavenna , Ruché di Castagnole Monferrato

DOCG: Barbera d`Asti, Barbera del Monferrato,

Alto Monferrato - Ainda raciocinando invertido, aqui estão altitudes menores, e curiosamente o terreno é mais acidentado, com encostas mais íngremes e vales mais profundos. Esta conformação estranha tem seu efeito na viticultura, inicialmente pelo plantio de Barbera e Moscato, seguido das uvas autóctones como a Cortese, que aqui tem sua melhor expressão, na DOCG Gavi. Em seguida vem a Dolcetto, com ótimos resultados no entorno de Acqui e Ovada ambas DOCs. A terceira menção é a Brachetto, muito difundida no passado, mas hoje restrita a 50 hectares em Strevi. O Alto Monferrato costuma ser dividido em Monferrato Casalese e Monferrato Astigiano, por suas diferenças de território.

DOC: Dolcetto d`Acqui, Cortese Dell`Alto Monferrato, Dolcetto d`Alba, Loazzolo,

DOCG: Asti, Bracchetto d`Acqui (Acqui), Moscato d’Asti, Gavi (Cortese di Gavi).

Langhe

Tem seu principal centro vitícola em Alba, mas a fama mundial desta província veio de dois centros menores, Barolo e Barbaresco. É neste local que a Nebbiolo, já qualificada em outras sub-regiões, se exprime ao nível mais alto, nestes ícones italianos. Aqui também se produzem os qualificados Moscato d’Asti, os ótimos Nebbiolo, o Barbera d’Alba e quatro Dolcettos, sendo o melhor o Dogliani. Para acolher os vinhos menos portentosos, mas muito bons, existe a DOC Langhe.

DOC: Barbera d`Alba, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Dolcetto di Dogliani, Dolcetto di Ovada, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Langhe, Nebbiolo d`Alba, Verduno Pelaverga (Verduno),

DOCG: Barbaresco, Barolo, Dolcetto delle Langhe Superiore, Dolcetto di Diano d`Alba (Diano d’Alba), Dolcetto di Ovada Superiore (Ovada)

Roero

É um distrito situado na margem oposta a Alba, tendo como centros Bra e Canale. Aqui também se planta Nebbiolo, mas as brancas Arneis e Favorita, que no passado eram usadas em cortes, hoje produzem ótimos varietais.

DOC: Roero e Roero Arneis

Colline Astigniame

Compreendem uma área de vinicultura de grande interesse, situadas entre Canelli e Nizza, onde se produzem Moscato d`Asti e Barbera d`Asti. Aqui se diz ter sido inventado o espumante, há mais de um século e que tem aqui seu maior centro produtivo.

Colli Tortonesi

Estão entre o Alto Monferrato e o Pavese e possuem características ambientais e culturais típicas do Piemonte. As variedades principais são a Barbera eCortese, mas têm-se trabalhado outras uvas. Recentemente foi descoberta a variedade branca Timorasso.

DOC: Colli Tortonese

Colli Saluzzesi

Engloba 9 comunidades em Cuneo nas colinas suaves vale do rio Po. Aqui se cultivam Barbera e Nebbiolo, e também as variedades Pelaverga e Quagliano, das quais se produzem varietais.

DOC: Colline Saluzzesi, Pinerolese

Cavanese

Está na região a nordeste de Torino, com duas regiões vinícolas de importância:

A primeira está centrada no município de Caluso, se estendendo até as colinas de Ivrea. Aqui predomina a variedade autóctone branca Erbaluce, que produz um vinho passito tradicional e um branco delicado.

A segunda é a zona de Carema, com vinhedos em terraços com muros de pedra e pérgolas, cultivando a Nebbiolo.

DOC: Erbaluce di Caluso, Caluso Passito, Cavanese, Carema

Colli Novaresi e Colli Vercellosi

Estão situadas a noroeste, perto do lago Maggiore, nas províncias de Biella, Novara e Vercelli, abrigando diversas DOCs, algumas de alto nível. A mais prestigiada é o Gattinara, tinto famoso desde a corte de Carlos V, que hoje foi elevada a DOCG, e também a DOC Ghemme.

DOC: Boca, Bramaterra, Colline Novaresi, Coste della Sesia, Fara, Lessona, Sizzano,

DOCG: Gattinara, Ghemme



Dolcetto

Nem só das uvas Nebbiolo e Barbera são feitos os italianos clássicos do Piemonte, região noroeste da Itália. Muitas vezes subestimados, os Dolcettos (em italiano, 'ligeiramente doces' ou 'docinhos'), produzidos com a 'eterna' terceira uva do Piemonte são belos vinhos, mais frutados e macios e dificilmente apresentam caráter doce que seus poderosos conterrâneos, os Barolos e Barbarescos, feitos a partir da Nebbiolo, e os Barberas. Os Dolcettos são bastante tânicos, frescos e secos.

No Piemonte, as três uvas fazem parte de uma equação que determina a paisagem. Nebiollos só amadurecem em locais bem ensolarados, Barberas, embora menos exigentes, também têm lá suas suscetibilidades, a Dolcetto, ao contrário, é uva fácil de cultivar e que amadurece rapidamente, por isso ocupa os locais menos ensolarados dos vinhedos, muitas vezes os mais altos. Tradicionalmente, a Dolcetto produzia vinhos que podiam ser consumidos muito jovens, e muito antes das outras duas, o que ajudava a equilibrar o cash flow das vinícolas.

Sendo uma das uvas mais alegres da região de Piemonte, a casta Dolcetto é levemente fermentada no processo de vinificação, tal processo é realizado por produtores de renome que conhecem extremamente bem as características e propriedades da uva Dolcetto. A leve fermentação da uva faz com que seja extraído da casta a quantidade ideal de taninos para a elaboração de vinhos tintos secos maravilhosos.

Dolcetto

Utilizada em deliciosos e espetaculares vinhos tintos, a casta Dolcetto da região de Alba produz um dos melhores vinhos provenientes da casta. A Dolcetto D´Alba, cultivada em uma comuna do Piemonte, é considerada DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), sendo 80% dos exemplares de vinhos elaborados com a casta consumidos no próprio país de origem. Os rótulos produzidos a partir da cepa Dolcetto D´Alba possuem caráter rústico com taninos bastante leves e coloração rubi.

Além de Alba, um pequeno lugarejo, localizado na mesmo província de Cuneo, escapa à essa lógica de produção tradicional: Dogliani, uma comuna minúscula situada perto de Turim. Lá, a Dolcetto reina absoluta e ocupa todos os melhores espaços dos vinhedos. Por conta disso, Dogliani tem sua própria DOCG desde 2005, garantia de qualità superiore.

Muitos dizem que os Dolcettos são vinhos italianos com jeito de vinhos do Novo Mundo. E, de certa forma, isso se explica. Ainda que o nome remeta a um sabor adocicado, a uva Dolcetto produz vinhos muito tânicos e de baixa acidez, com alto teor alcoólico, mas que ainda assim são perfeitos para serem consumidos no dia a dia.

Ao contrário da realeza italiana da região piemontesa, que pede obras de arte gastronômicas para uma harmonização digna, caem como luvas ao acompanhar os pratos clássicos de massa da Itália, como spaghettis com molho bolonhesa ou polpettas.

Conhecida também como Ormeasco na região da Liguria, a uva Dolcetto vem conquistando muitos admiradores no mundo do vinho, ganhando bastante espaço em países do Novo Mundo com exemplares bastante potentes, secos e com graduação alcóolica elevada.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um claro e brilhante rubi com entornos violáceos que lembra um Pinot Noir, com poucas e finas lágrimas que, afastadas, logo desaparecem do bojo do copo.

No nariz extremamente aromático, remetendo a frutas vermelhas bem frescas, com destaque para ameixas, framboesas e morangos, com notas herbáceas, algo de hortelã, além de especiarias.

Na boca é leve, fresco, saboroso, com as notas frutadas protagonizando como no aspecto olfativo, com algo mineral, terroso, de terra molhada mesmo, além de taninos macios, elegantes e delicados, com acidez média e um final persistente e frutado.

Um Dolcetto super gastronômico, com notas de frutas vermelhas frescas, nuances florais, além da acidez vivaz que dá vida a vinhos frescos e saborosos. O estágio em tanques de aço inox contribui para preservar as características primárias de aromas e sabores, que encantam no primeiro gole! E viva a leveza! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Mondo del Vino:

A Mondo del Vino possui vinícolas de última geração mostrando seu compromisso dinâmico com a inovação e a sustentabilidade. Seu objetivo é oferecer aos enófilos um ótimo produto, mas também seguro e justo. Uma forma de fazer isso é medir o impacto ambiental de seus processos e produtos, bem como a conscientização sobre o impacto de sua produção.

Desde 2016, a MDV começou a pesar e medir seu impacto ambiental com a Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040-44:2006) adotando o que a Comissão da UE promove: a Pegada Ambiental da Organização (OEF) e a Pegada Ambiental do Produto (PEF). Ao fazer isso, estão na vanguarda da análise de desempenho ambiental, com base em uma ferramenta científica, sendo a primeira vinícola da Europa a adotar a política ecológica da UE.

Combina solidez produtiva, paixão pelas pessoas e responsabilidade pelos ecossistemas, buscando ser, no mundo, um ponto de referência da cultura e excelência do vinho italiano, dando sua contribuição tangível à sua história milenar, para que a Itália se torne o primeiro produtor no mundo por volumes e, sobretudo por valores.

Mais informações acesse:

https://www.mondodelvino.com/en/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=PIEMONTE

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“RBG Vinhos”: https://www.rbgvinhos.com.br/blog/dolcetto-uma-uva-nada-doce-e-cheia-de-potencial

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/dolcetto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






segunda-feira, 29 de maio de 2023

Trifula Barbera 2021

 

Quando nos lembramos da Itália imediatamente associamos aos clássicos! Aqueles rótulos com sisudez, austeridade, aqueles vinhos carnudos, opulentos, encorpados, de longevidade, de potência mesmo.

Rótulos aristocráticos, com brasões, mostrando tradição, história e até mesmo luxo e poder. Mas não se enganem que a Itália tem produzido alguns rótulos mais descontraídos, com uma abordagem estética descontraída, bem como também na concepção do seu vinho.

Se para alguns e diria muitos sejam vinhos simplórios e ordinários, uma versão “bonitinha” e solar para vinhos ruins, enganam-se retumbantemente. São vinhos simples, mas sem depreciar, porque essa é a proposta: de vinhos jovens, frutados, frescos e descomplicados.

É também uma proposta os vinhos austeros, encorpados, complexos. O que não se pode pensar e disseminar uma cultura intolerante contra as propostas dos vinhos, fazendo incutir na mente das pessoas a sua torta percepção.

E hoje a Itália que se descortina em minhas retinas será descontraída, solar, com frescor, vivacidade e muito leve, na sua versão estética e do vinho propriamente dito. É com alegria e satisfação que anuncio o vinho que degustei e gostei que veio do Piemonte e se chama Trifula, um 100% Barbera da safra 2021.

Mas o que significa “Trifula”?

 Trifula é um cão sagaz que vive neste terroir inspirador. Trifula raramente experimenta algo especial, até que um belo dia descobre uma legítima trufa branca enterrada na sua árvore favorita, em Alba.

A trufa é vendida por um milhão de dólares na famosa Feira Internacional de Trufas da região, tornando Trifula mundialmente conhecido e digno de receber uma homenagem em rótulos que inspiram sua história e trazem a leveza e descontração encontrada nos vinhos.

E na sequência de histórias vamos agora com a tradição do Piemonte e a casta mais popular do Piemonte, a “uva do povo”, Barbera.

Piemonte: a filha pródiga dos vinhos italianos

A região do Piemonte disputa com Toscana a primazia de produzir os melhores vinhos de seu país. Situado na porção mais ocidental da Itália, fazendo fronteira com a França, também foram os gregos que deram início à produção de vinhos.

Absorvido mais tarde pelo Império Romano, a zona teve um grande desenvolvimento nas atividades vitivinícolas, que só foram prejudicadas mais tarde, já na Era Cristã, durante a invasão de povos bárbaros oriundos do norte da Europa.

A nobreza medieval se encarregou de retomar o plantio das uvas e a elaboração do vinho, já nessa época surgem menções a uva emblemática da região, a Nebbiolo. Devido a forte influência francesa (a região foi, por séculos, dominada pela Casa de Savóia), por muito tempo seu vinho se assemelhou ao clarete, que era a moda na Europa de então.

Foi somente a partir do século XVIII, quando ocorreu um grande processo de renovação vinícola, que surgiu o Barolo, vinho de grande caráter e símbolo da região, para fazer sua fama. O Piemonte produz atualmente cerca de 300 milhões de litros de vinho por ano em sua área de 58 000 ha. plantada de vinhedos.


Piemonte

Como o próprio nome indica, a região está situada ao pé da montanha - no caso, os Alpes - sendo, portanto, uma região muito acidentada. A maior parte de Piemonte está constituída por colinas e montanhas, mas sobram cerca de 26% de terras planas.

Além dos Alpes, outra cordilheira, o Apenino Ligúrio, invade também seu território. Os rios Pó e Tanaro cruzam suas terras, onde se encontram as cidades de Torino (capital), Alba, Alessandria, Asti e Novara, dentre outras. Seu solo é muito variado, com faixas de calcário e areia, outras de giz e manchas de granito e argila. Ao longo dos rios há presença de solos aluviais.

O clima é Continental, com estações bem marcadas, invernos rigorosos e verões quentes. O índice de chuvas é de cerca de 1.000 mm/ano. As uvas tintas representam dois terços da produção da zona. Além da Nebbiolo, vamos também encontrar as Barbera (a variedade mais plantada em toda a Itália), Brachetto, Dolcetto, Grignolino, Freisa e, em menor escala, algumas cepas francesas, como a Cabernet Sauvignon.

As principais castas brancas são a Arneis, Cortese, Moscato Bianco, Malvasia, Erbaluce a Chardonnay. O Piemonte produz cinco vinhos DOCG (Vinhos de Denominazione di Origine Controllata e Garantita), a elite dos vinhos italianos, são eles: Barolo, Barbaresco, Gattinara, Asti, Brachetto D' Acqui. Além desses, também saem da região 42 vinhos DOC (Denominazione di Origine Controllata) e vários Vini da Tavola de boa qualidade.

As sub-regiões do Piemonte

As sub-regiões do Piemonte diferem bastante entre si e possuem muitas DOC. São elas:

Monferrato

É uma vasta região de colinas, que pode ser dividida em duas partes bem diferentes:

Basso Monferrato - (Raciocinar ao inverso) é a parte mais setentrional e de maiores altitudes, com a base pelos 350m e os picos em 700m, um território muito apropriado para os vinhedos. Aqui predominam a Barbera e a Grignolino, em vinhos macios e fáceis de beber se comparados aos demais tintos piemonteses. Em Chieri se produz um Freisa DOC.

DOC: Albugnano, Cisterna d´Asti, Colline Torinesi, Dolcetto d`Asti , Freisa di Chieri, Gabiano, Grignolino d`Asti, Grignolino del Monferrato, Malvasia di Casorzo d`Asti, Malvasia di Castelnuovo Don Bosco, Monferrato, Rubino di Cantavenna , Ruché di Castagnole Monferrato

DOCG: Barbera d`Asti, Barbera del Monferrato,

Alto Monferrato - Ainda raciocinando invertido, aqui estão altitudes menores, e curiosamente o terreno é mais acidentado, com encostas mais íngremes e vales mais profundos. Esta conformação estranha tem seu efeito na viticultura, inicialmente pelo plantio de Barbera e Moscato, seguido das uvas autóctones como a Cortese, que aqui tem sua melhor expressão, na DOCG Gavi. Em seguida vem a Dolcetto, com ótimos resultados no entorno de Acqui e Ovada ambas DOCs. A terceira menção é a Brachetto, muito difundida no passado, mas hoje restrita a 50 hectares em Strevi. O Alto Monferrato costuma ser dividido em Monferrato Casalese e Monferrato Astigiano, por suas diferenças de território.

DOC: Dolcetto d`Acqui, Cortese Dell`Alto Monferrato, Dolcetto d`Alba, Loazzolo,

DOCG: Asti, Bracchetto d`Acqui (Acqui), Moscato d’Asti, Gavi (Cortese di Gavi).

Langhe

Tem seu principal centro vitícola em Alba, mas a fama mundial desta província veio de dois centros menores, Barolo e Barbaresco. É neste local que a Nebbiolo, já qualificada em outras sub-regiões, se exprime ao nível mais alto, nestes ícones italianos. Aqui também se produzem os qualificados Moscato d’Asti, os ótimos Nebbiolo, o Barbera d’Alba e quatro Dolcettos, sendo o melhor o Dogliani. Para acolher os vinhos menos portentosos, mas muito bons, existe a DOC Langhe.

DOC: Barbera d`Alba, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Dolcetto di Dogliani, Dolcetto di Ovada, Dolcetto delle Langhe Monregalesi, Langhe, Nebbiolo d`Alba, Verduno Pelaverga (Verduno),

DOCG: Barbaresco, Barolo, Dolcetto delle Langhe Superiore, Dolcetto di Diano d`Alba (Diano d’Alba), Dolcetto di Ovada Superiore (Ovada)

Roero

É um distrito situado na margem oposta a Alba, tendo como centros Bra e Canale. Aqui também se planta Nebbiolo, mas as brancas Arneis e Favorita, que no passado eram usadas em cortes, hoje produzem ótimos varietais.

DOC: Roero e Roero Arneis

Colline Astigniame

Compreendem uma área de vinicultura de grande interesse, situadas entre Canelli e Nizza, onde se produzem Moscato d`Asti e Barbera d`Asti. Aqui se diz ter sido inventado o espumante, há mais de um século e que tem aqui seu maior centro produtivo.

Colli Tortonesi

Estão entre o Alto Monferrato e o Pavese e possuem características ambientais e culturais típicas do Piemonte. As variedades principais são a Barbera eCortese, mas têm-se trabalhado outras uvas. Recentemente foi descoberta a variedade branca Timorasso.

DOC: Colli Tortonese

Colli Saluzzesi

Engloba 9 comunidades em Cuneo nas colinas suaves vale do rio Po. Aqui se cultivam Barbera e Nebbiolo, e também as variedades Pelaverga e Quagliano, das quais se produzem varietais.

DOC: Colline Saluzzesi, Pinerolese

Cavanese

Está na região a nordeste de Torino, com duas regiões vinícolas de importância:

A primeira está centrada no município de Caluso, se estendendo até as colinas de Ivrea. Aqui predomina a variedade autóctone branca Erbaluce, que produz um vinho passito tradicional e um branco delicado.

A segunda é a zona de Carema, com vinhedos em terraços com muros de pedra e pérgolas, cultivando a Nebbiolo.

DOC: Erbaluce di Caluso, Caluso Passito, Cavanese, Carema

Colli Novaresi e Colli Vercellosi

Estão situadas a noroeste, perto do lago Maggiore, nas províncias de Biella, Novara e Vercelli, abrigando diversas DOCs, algumas de alto nível. A mais prestigiada é o Gattinara, tinto famoso desde a corte de Carlos V, que hoje foi elevada a DOCG, e também a DOC Ghemme.

DOC: Boca, Bramaterra , Colline Novaresi, Coste della Sesia, Fara, Lessona, Sizzano,

DOCG: Gattinara, Ghemme

DOs Piemonte


Barbera, o “vinho do povo”.

Uma das maiores uvas italianas, ficando atrás apenas da Sangiovese, a uva Barbera, conhecida anteriormente por produzir vinhos de menor qualidade, hoje é responsável por vinhos nobres e notáveis. Esta casta passou, pelos últimos anos, uma verdadeira história de superação. Trata-se da uva que é responsável pelo vinho que os piemonteses consomem no dia a dia, daí o nome que foi concedido pelas pessoas da região: “o vinho do povo”.

Acredita-se que a uva Barbera tem origem nas montanhas de Monferrato, na região central de Piemonte, na Itália. Alguns documentos, datados entre 1246 e 1277, encontrados na Catedral da Casale Monferrato, detalham acordos relacionados a vinhedos plantados com “de bonis vitibus barbexinis”, a uva Barbera.

Contudo, um ampelógrafo chamado Pierre Viala especula que ela se originou em Oltrepò Pavese, na região da Lombardia. Nos séculos 19 e 20, ondas de imigrantes italianos trouxeram esta cepa para a Califórnia, Argentina e outros lugares nas Américas. Em 1985, um evento trágico relacionado à uva Barbera envolveu produtores adicionando ilegalmente metanol aos vinhos.

Esta ação causou declínio no plantio e vendas da uva. Isto levou a Montepulciano tomar o posto da uva Barbera no meio da década de 90. Anteriormente considerada uva de vinhos inferiores, até o escândalo de Relações Públicas nas décadas de 80 e 90, a uva Barbera tomou um rumo de superação muito interessante.

Frutado, ele tem gosto de cerejas, morangos e framboesas. Quando jovem, o vinho Barbera pode ter aroma de mirtilos também. Com pouco tanino e alta acidez natural, a uva Barbera é uma boa pedida para harmonizar vinhos com alimentos ricos e reconfortantes, como queijos, carnes e cogumelos.

Além de Piemonte, a uva Barbera é cultivada em outras regiões da Itália, como Campania, Emilia-Romagna, Puglia, Sardenha e Sicília, somando 52.600 acres de plantação. O vinho Pomorosso 2008, do produtor Coppo, é famoso por transformar a Barbera em uma casta nobre - elegante, também é reconhecido como um dos melhores tintos italianos.

Fora do país, a Argentina, a Austrália, os Estados Unidos e até mesmo o Brasil são outros produtores conhecidos de vinhos de qualidade com a Barbera. Em regiões quentes, como a Califórnia, nos EUA, destacam-se toques de ameixa, além do sabor frutado de cereja.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, com brilho, reluzente, com halos violáceos e lágrimas finas, em profusão, mais rápidas.

No nariz traz aromas agradáveis de frutas vermelhas frescas, com destaque para framboesa, groselha e morangos, com nuances florais e um toque especiado, algo como ervas, um toque herbáceo.

Na boca é leve, fresco, saboroso, jovem, com as notas frutadas replicadas como no aspecto olfativo, com taninos amáveis, dóceis e domados, com uma acidez média que corrobora o seu frescor e leveza. Tem um final de média persistência e de retrogosto frutado.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um rubi intenso, com brilho, reluzente, com halos violáceos e lágrimas finas, em profusão, mais rápidas.

No nariz traz aromas agradáveis de frutas vermelhas frescas, com destaque para framboesa, groselha e morangos, com nuances florais e um toque especiado, algo como ervas, um toque herbáceo.

Na boca é leve, fresco, saboroso, jovem, com as notas frutadas replicadas como no aspecto olfativo, com taninos amáveis, dóceis e domados, com uma acidez média que corrobora o seu frescor e leveza. Tem um final de média persistência e de retrogosto frutado.

Um Barbera super gastronômico, com notas de frutas vermelhas frescas, nuances florais e algum toque especiado, além da acidez vivaz que dá vida a vinhos frescos e saborosos. O estágio em tanques de aço inox contribui para preservar as características primárias de aromas e sabores, que encantam no primeiro gole! E viva a leveza! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Mondo del Vino:

A Mondo del Vino possui vinícolas de última geração mostrando seu compromisso dinâmico com a inovação e a sustentabilidade. Seu objetivo é oferecer aos enófilos um ótimo produto, mas também seguro e justo. Uma forma de fazer isso é medir o impacto ambiental de seus processos e produtos, bem como a conscientização sobre o impacto de sua produção.

Desde 2016, a MDV começou a pesar e medir seu impacto ambiental com a Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040-44:2006) adotando o que a Comissão da UE promove: a Pegada Ambiental da Organização (OEF) e a Pegada Ambiental do Produto (PEF). Ao fazer isso, estão na vanguarda da análise de desempenho ambiental, com base em uma ferramenta científica, sendo a primeira vinícola da Europa a adotar a política ecológica da UE.

Combina solidez produtiva, paixão pelas pessoas e responsabilidade pelos ecossistemas, buscando ser, no mundo, um ponto de referência da cultura e excelência do vinho italiano, dando sua contribuição tangível à sua história milenar, para que a Itália se torne o primeiro produtor no mundo por volumes e, sobretudo por valores.

Mais informações acesse:

https://www.mondodelvino.com/en/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=PIEMONTE

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/vinho-barbera-conheca-suas-caracteristicas/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/256-uva-barbera-conheca-o-vinho-do-povo

“Blog Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/uva-barbera-mais-plantadas-na-italia