Mostrando postagens com marcador Pinotage. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pinotage. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Bonnievale - The River Collection Pinotage 2019

 



Vinho: Bonnievale – The River Collection

Safra: 2019

Casta: Pinotage

Região: Bonnievale Valley

País: África do Sul

Produtor: Bonnievale Wines

Adquirido: Wine

Valor: R$ 54,90

Teor Alcoólico: 13,5%

Estágio: 8 meses em tanques de aço inox e mais 9 meses em barricas de carvalho francês.

 

Análise:

Visual: revela um rubi profundo, com cores fechadas e halos granada, além de lágrimas finas, lentas e em profusão, com alguma viscosidade.

Nariz: traz aromas expressivos de frutas negras e vermelhas maduras, compotado, com destaque para amora, framboesa, cereja, com toques sedutores de café, torrefação, de couro animal e chocolate que torna o conjunto complexo.

Boca: é seco, vibrante, estruturado, frutado, com destaque para a ameixa e framboesa, notas de carvalho, de tabaco, de baunilha, com taninos gordos, cheios, mas que não agridem, com acidez na medida e final volumoso e persistente.

 

 

Produtor:


terça-feira, 16 de abril de 2024

Hill & Dale Pinotage 2018

 



Vinho: Hill & Dale

Casta: Pinotage

Safra: 2018

Região: Stellenbosch

País: África do Sul

Produtor: Hill & Dale Wines

Teor Alcoólico: 14,3%

Adquirido: Site Divvino

Valor: R$ 75,90

Estágio: 12 meses em barricas de carvalho americano e francês

 

Análise:

Visual: apresenta um rubi intenso, escuro, viscoso, com reflexos arroxeados, além de profusão de lágrimas, lentas e coloridas.

Nariz: as notas de frutas pretas maduras são evidentes ao olfato, com o carvalho perceptível, porém muito integrado, que aporta café torrado, caramelo, chocolate, com toques de especiarias e algo de couro.

Boca: é estruturado, com as frutas negras maduras em evidência, quase em compota, em geleia, com leve destaque para o álcool, porém não agride e traz personalidade e complexidade ao vinho, reproduz as notas amadeiradas, bem como o café, tosta e chocolate meio amargo, com taninos marcados, porém dóceis, boa acidez e final cheio.

Produtor:

https://www.hillanddale.co.za/#!/up


segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Gallant Red Blend 2018

 



Vinho: Gallant Red Blend

Safra: 2018

Casta: Syrah (49%), Pinotage (45%) e Durif (6%)

Região: Paarl, Região Costeira

País: África do Sul

Produtor: Rhebokskloof

Teor Alcoólico: 14%

Estágio: 16 meses em barricas de carvalho

 

Análise:

Visual: rubi intenso, fechado, com entornos granada e lágrimas finas, lentas e em abundância.

Nariz: aromas florais, fruta negra madura, como amora e ameixa, além de aromas terrosos, pimenta, eucalipto, ervas e carvalho.

Boca: as notas frutadas são replicadas, como no aspecto olfativo, com as notas amadeiradas mais presentes, com toques de baunilha, torrefação, com média estrutura, taninos firmes e macios e acidez salivante. Final de média persistência.

 

Produtor:


domingo, 1 de agosto de 2021

Amandla! Pinotage 2019

 

Sou réu confesso! Nunca me interessei em degustar um vinho tendo como princípio um prato, uma comida. Essa sempre foi um coadjuvante diante do protagonismo do vinho e digo mais: nunca fui muito bom em harmonizar vinho com comida, embora eu acredite humildemente que a harmonização de comida com vinho é um experimento, parte de alquimia, sempre experimentando, buscando o paladar, o casamento perfeito, é basicamente aquele que te faz bem, que os teus sentidos dão um feedback positivo.

Hoje a escolha do vinho se deu por conta de uma comida que vi minha mãe preparando, um prato que adoro: carnes inundados em um feijão manteiga. Então pensei: Por que não harmonizar isso tudo com um bom vinho? Com aquele vinho mais encorpado, haja vista também que estamos passando por um inverno que, para os parâmetros cariocas, rigoroso. Parecia que tudo conspirava a favor.

Então me coloquei a observar com carinho na adega, será que eu encontraria um vinho à altura do meu súbito interesse por uma degustação hoje? Por que súbito? Não estava no roteiro uma degustação hoje. Ah e precisa de roteiro? Precisa sim do amor ao vinho e da taça cheia, na hora em que você quiser e puder.

Depois de uma criteriosa, mas rápida verificação (para os meus padrões) na adega eis que surgiu a escolha do rótulo e estava muito eufórico com essa escolha e com o seu propósito: a harmonização com o prato tão carinhosamente feito pela minha mãe: aquele típico prato dominical em família.

Trata-se um sul africano, uma proeminente região no Novo Mundo que já se tornou uma referência na produção de grandes vinhos nas suas mais diversas propostas, a tradição no Novo Mundo, por que não? E melhor, de uma região especial e que sem sombra de dúvida que foi e será a porta de entrada de muitos enófilos nos rótulos da terra de Mandela: Western Cape, a toda poderosa região vitivinícola da África do Sul.

E adivinhem a casta: Pinotage, a cepa autóctone das terras sul africanas e apesar do óbvio sempre se torna especial quando degusto um vinho da casta Pinotage. Então sem mais delongas apresento o Vinho que degustei e gostei que veio, claro, da emblemática região de Western Cape e que se chama Amandla! Pinotage da safra 2019.

Não é a primeira vez que degustei um vinho dessa linha de rótulos, tive uma ótima impressão do Amandla! Red Fusion 2019, um blend explosivo das principais cepas produzidas na África do Sul. Mas neste novo rótulo eu percebi um detalhe que me chamou a atenção: “Bush Wines”. O que é isso? Confesso que não conhecia o significado e, como sempre aprendi que temos de ler cada canto do rótulo para saber o que estamos degustando, me debrucei nas pesquisas. Falemos de “Bush Wines”, da região de Western Cape e um pouquinho da ótima casta Pinotage.

“Bush Wines”

O termo em inglês, “Bush Vines” ou “Bush Wines”, pode parecer distante para muita gente, até mesmo entre especialistas e enófilos, mas, traduzindo-o, “Vinhas Arbustivas” ou “Vinhos de Arbusto”, o termo pode parecer mais familiar, contudo, ainda assim, é um conceito distante, sobretudo para os brasileiros, apesar de termos e palavras populares no dicionário dos apreciadores da nobre bebida. Mas afinal de contas o que de fato significa “Vinhas Arbustivas”?

Dependendo do clima, do estilo do vinho, do solo e de outros fatores, a videira é podada de forma específica e adquire uma formação especial. A videira arbustiva é, portanto, um estilo de poda que, como o próprio nome indica, é em forma de arbusto e é um dos estilos de poda mais antigos do mundo. Geralmente tem um tronco curto e o topo é um tanto irregular e não como as vinhas de Bordeaux, por exemplo, que têm esse formato em "T" (cientificamente chamado Double Fuyot).

Vinhas de Bordeaux (Double Fuyot)

Mas por que alguém escolheria? Pois bem, com este formato a videira passa a ter quantas folhas forem necessárias para a sombra, para que o fruto não queime enquanto ajuda no amadurecimento gradual e adequado das uvas. Também ajuda a ventilar a videira evitando doenças como o bolor. Diante disso entende-se que as vinhas de arbusto são ideais para áreas com clima quente e muito sol, como o Ródano, África do Sul, Austrália e Grécia. Ao mesmo tempo, as raízes das vinhas arbustivas têm a capacidade de atingir até 20 metros de profundidade em busca de água. Isso os torna ideais para climas secos, bem como para áreas onde a irrigação é difícil ou proibida.

Vinhas arbustivas

Por outro lado, as vinhas arbustivas também apresentam algumas desvantagens. O mais importante deles é a incapacidade de realizar a colheita mecânica. Como resultado, é preciso muito mais trabalho (e dinheiro) e tempo para colher as uvas. Além disso, apresentam rendimentos mais baixos, o que em combinação com o anterior conduz a uma perda de dinheiro para o produtor (a menos que consiga vender os seus vinhos a um preço superior).

E de acordo com essa desvantagem o cenário das videiras arbustivas tem declinado nas regiões de Stellenbosch, Malmesbury e Paarl, regiões emblemáticas de produção de vinhos na África do Sul, segundo dados apresentados em 1991, por Archer, do Departamento de Viticultura e Enologia da Universidade de Stellenbosch. Na área de Stellenbosch, a porcentagem de videiras sendo cultivadas como videiras arbustivas diminuíram de 59% em 1971 para 38% em 1979 e 30% em 1987. De acordo com os dados de bloco SAWIS de 2012, 23% (excluindo blocos de um ano de idade) da superfície plantada com videiras em Stellenbosch foi cultivada como vinhas. Estima-se que 80 a 90% das uvas para vinho no distrito de Malmesbury (Swartland) eram cultivadas como vinhas no final da década de 1980 (Archer, 1991). Os dados de bloco SAWIS mais recentes mostram que 47% das videiras nesta área não são gradeadas.

Um dos motivos para o afastamento das vinhas de arbusto é provavelmente o objetivo de maiores produções viabilizado por sistemas de treliça, em conjunto com a maior disponibilidade de água para irrigação. Além disso, o foco na mecanização é cada vez maior e o fato de os processos de poda e colheita em cipós não poder ser mecanizado, impacta nas considerações dos produtores no momento do estabelecimento.

O cultivo de uvas para vinho como vinhas de arbustos diminuiu e espera-se que diminua ainda mais como resultado da crescente pressão para mecanizar. Os produtores também devem buscar uma alta produção unitária, o que só é possível por meio de sistemas de treliça maiores (superfície foliar).

No entanto, as trepadeiras arbustivas continuam a ser uma opção em terrenos de menor rendimento (por exemplo, terras secas com teor de umidade do solo suficiente), onde um sistema caro de treliça não garante necessariamente produções mais altas. Muitas vezes, esse terreno permite videiras equilibradas com crescimento e produção moderados, a partir dos quais vinhos concentrados e de alta qualidade podem ser feitos. O desafio é, portanto, encontrar valor para esses vinhos nos mercados. Só então a icônica videira do mato será capaz de permanecer uma parte sustentável de nossa paisagem de vinhedos.

Alguns ligam as vinhas de arbusto ao cultivo biodinâmico e a vinhos de qualidade. Esta ligação não foi cientificamente comprovada, mas foi demonstrado que as vinhas são menos suscetíveis no Botrytis cinereal ou, em outras palavras, podridão cinza. Isso significa uma planta mais saudável sem a necessidade de usar muitos produtos químicos e é provavelmente por isso que ela é escolhida pelos defensores do cultivo biodinâmico. Leia Mais em: "Bush Wines".

Western Cape: a toda poderosa região vinícola sul africana

Localizada a sudoeste da África do Sul, tendo a Cidade do Cabo como ponto central, Western Cape é a principal região vitivinícola do país, responsável por cerca de 90% da produção vinícola do país. Boa parte da indústria do vinho sul-africana se concentra nessa área e microrregiões como Stellenbosch e Paarl são alguns de seus principais destaques. Com terroir bastante diversificado, a combinação do clima mediterrâneo, da geografia montanhosa, das correntes de ar fresco vindas do Oceano Atlântico e da variedade de uvas permite que Western Cape seja considerada uma verdadeira potência da produção de vinhos no país. Suas regiões vinícolas estendem-se por impressionantes 300 quilômetros a partir da Cidade do Cabo até a foz do rio Olifants ao norte, e cerca de 360 quilômetros até a Baía Mossel, a leste – para entender essa grandiosidade, vale saber que regiões vinícolas raramente se estendem por mais de 150 quilômetros.

Western Cape

O clima fresco e chuvoso também favorece o plantio e a colheita por toda a região. Entre os grandes destaques de Western Cape estão as uvas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Shiraz, que dão origem a excelentes varietais e blends. Entre os brancos – que, por si só, têm grande reconhecimento mundial –, brilham a Chenin Blanc, uva mais cultivada do país, a Chardonnay e a Sauvignon Blanc. As primeiras vinhas plantadas na região remetem ao século XVII, trazidas por exploradores europeus que se fixaram por lá. Durante vários séculos, fatores como o estilo rudimentar de produção, o Apartheid e a falta de investimentos mantiveram a cultura vitivinícola sul-africana limitada ao próprio país. Somente no início do século XX, com a formação da cooperativa KWV, que a África do Sul começou a responder por todo o controle de qualidade do vinho que se produzia por lá, e seus rótulos passaram a chamar a atenção do mercado internacional, dando início a um processo de exportação que conta, inclusive, com selos de qualidade específicos para a atividade. A proximidade da Cidade do Cabo facilita o acesso dos visitantes às inúmeras rotas vinícolas e turísticas de Western Cape, que incluem experiências como caminhadas, degustações por suas muitas bodegas, além de ótimos restaurantes e hospedagens em suas pequenas e aconchegantes cidades, a maioria em estilo europeu.

Pinotage

A Pinotage foi criada pelo Prof. Abraham Izak Perold, em 1925, cruzando um clone de Pinot Noir com a uva tinta chamada Cinsault (também conhecida como Hermitage). Seu nome vem da união dos dois nomes de origem: Pinot + Hermitage = Pinotage.

Abraham Izak Perold

A uva entrou em evidência a primeira vez, quando em 1959 um vinho produzido com esta cepa foi campeão no Concurso Cape Young Wine Show na Cidade do Cabo. Em 1991, outro vinho produzido somente com Pinotage foi eleito o melhor tinto no Concurso Internacional “Wine & Spirits” em Londres, reforçando a sua imagem de qualidade.

A uva Pinotage produz vinhos tintos com aromas ricos e exóticos, bem diferentes e quase “selvagens”, algumas vezes lembrando borracha. Há exemplares macios e frutados, destacando-se a framboesa e o mirtillo com presença de alcaçuz e leve nuance de fumaça, enquanto outros são densos, estruturados e concentrados, feitos para um longo envelhecimento. Os vinhos da casta Pinotage que possuem corpo mediano são ideais para serem harmonizados com risoto ao funghi e carnes vermelhas, já os encorpados, podem ser acompanhados de queijos maduros e carnes assadas.

A Pinotage é sem dúvida a uva tinta mais emblemática da África do Sul. No entanto, o que muitos não sabem é que atualmente não é ela a uva tinta mais plantada no país, e sim a, tão conhecida, Cabernet Sauvignon. Os vinhedos de Cabernet quase dobraram de tamanho ao longo da última década, chegando a aproximadamente 10% de todas as uvas tintas plantadas no país. Já a Pinotage manteve-se estável, com uma área de aproximadamente 6%. Isto ocorre, principalmente, pelo fato desta cepa não se adaptar em qualquer “terroir” e também por não ser uma uva fácil de domar.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta uma lindíssima cor vermelha com predominâncias violetas que traz contornos brilhantes, reluzentes com uma profusão de lágrimas finas e lentas desenhando as paredes do copo.

No nariz traz uma explosão de frutas vermelhas, tais como cereja, morango, framboesa, amoras, com uma nota de flores vermelhas, com um inusitado toque discreto de baunilha.

Na boca é macio, redondo, extremamente frutado, as frutas vermelhas realçam como nas impressões olfativas, mas tem uma persistência em boca, um bom volume que faz com que o vinho tenha certa personalidade típica da casta. Tem um curioso toque de madeira, defumado e tabaco, mas não passa por barricas de carvalho, passa sim 10 meses em tanques de aço inoxidável, para privilegiar as características da cepa, mas fugindo do conceito mais robusto da Pinotage. Taninos macios e acidez na medida, com um final elegante e frutado.

“Amandla!” significa poder nas línguas locais da África Sulista. É normalmente usado para criar um sentimento de unidade e união. O produtor afirma que o vinho traz a lembrança de que a força e a unidade são criadas quando se trabalha junto, simbolizando todas as mãos envolvidas na produção desta garrafa de vinho. Quando falamos, até de forma demasiada, em tipicidade, em terroir, traz a luz quando as mãos que criaram, que conceberam esse vinho, que vem com a cultura de um povo, o amor e o respeito a terra de onde se faz a vindima, todo o detalhe constrói o conceito e a proposta do vinho.

Agora vem a pergunta que não quer calar: Como foi a harmonização das carnes banhadas no feijão manteiga com o Amandla! Pinotage 2019? Digo que, apesar do meu amadorismo nas harmonizações, foi maravilhoso! Uma comida gordurosa, com algum peso para um vinho de médio corpo, com alguma personalidade, típico de toda Pinotage. Mas apesar disso degustei um belo vinho, macio, redondo, como sugere um vinho produzido em vinhas arbustivas que trouxe um Pinotage que fugiu um pouco do peso atribuído a essas castas, com taninos presentes, mas domados, frutados e com uma acidez equilibrada que limpou a boca, clamando por mais e mais garfadas do prato que carinhosamente minha mãe preparou para aglutinar a família e reforçar a necessidade do clamor do vinho pela comida e vice versa. Que possamos nos permitir experimentar, sem visões pré-concebidas e sem ruídos externos desses formadores de opinião que na realidade apenas quer impor o que pensa. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Marianne Wine Estate & Guesthouse:

Originário de Bordeaux, a família possui 3 propriedades vinícolas, se aproximando da África do Sul graças as suas várias viagens pelo mundo, aportando no sul da África.

O sonho era combinar o Velho e o Novo Mundo para fazer vinhos próximos da da visão de perfeição dos produtores. Portanto, decidiram comprar a Marianne Wine Estate & Guesthouse, uma vinícola boutique de 32 hectares (incluindo 24 em vinhas) localizada no vale Simonsberg em 2004.

A colheita manual, a seleção das melhores uvas, o envelhecimento em carvalho francês e acácia, combinados com um "savoir-faire" francês do enólogo sul-africano Jos Van Wyk, irão levá-lo a explorar alguns dos melhores vinhos produzidos na região.

Mais informações acesse:

http://www.mariannewines.com/

Referências:

“Vinho Capital”: https://vinhocapital.com/tag/wine/page/3/

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/western-cape-a-gigante-sul-africana/?doing_wp_cron=1611015613.7245669364929199218750#:~:text=Localizada%20a%20sudoeste%20da%20%C3%81frica,alguns%20de%20seus%20principais%20destaques.

“WineLand”: https://www.wineland.co.za/cultivation-of-bush-vines-in-south-africa-the-current-situation/

“Blog Botilia”: https://blog.botilia.gr/en/bush-vines-en/

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/pinotage

“Clube dos Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/quase-indomavel-pinotage/

 

 

 

 


 










segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Kumala Merlot e Pinotage 2014

Lembro-me como se fora ontem, mas há 5 anos atrás, quando decidi, ao sair de casa, que não queria comprar um vinho óbvio ou de um país já “manjado” como do Brasil, Chile, Argentina e Portugal. Claro, deixo aqui a minha devida explicação, que não desgostei dos rótulos desses países, mas queria mudar um pouco de ares, sair um pouco da zona de conforto e degustar um vinho de uma região, de um país pouco comum, menos rotineiro. Então, saí de casa para garimpar e materializar as minhas pretensões. Estive em uma tradicional loja especializada em vinhos no Rio de Janeiro chamada “Lidador” e pensei: Aqui eu acredito que consiga encontrar um vinho que possa saciar as minhas necessidades de momento. E como uma importante boutique de vinhos, traz uma diversidade de rótulos, um leque de muitos terroirs, de muitos países! Comecei a procurar, foram vários vinhos examinados, procurei cada canto da sua imponente adega e, meio que em uma posição discreta, avistei um da África do Sul, tinha um rótulo bonito, chamativo, mas sem ser espalhafatoso, e logo tomei o mesmo em minhas mãos. Antes desse vinho sul africano eu havia degustado alguns, mas apenas da casta emblemática daquela região: Pinotage. E esse era um corte, um assemblage, com a própria Pinotage e a francesa Merlot. Nunca havia, até então, degustado um vinho da terra de Mandela com esse corte. Já me animou! Procurei o vendedor, um simpático senhor que demonstrava conhecer um pouco sobre vinhos e logo perguntei: O que o senhor me diz desse vinho? Talvez tenha sido um argumento de vendedor, mas ele demonstrou conhecer plenamente as características do vinho e pôs a falar: “O vinho é muito bom, frutado, de personalidade...etc”. Aquilo criou dentro de mim um estímulo para leva-lo. Não hesitei muito e o rótulo já estava sob meus domínios.

Não degustei o vinho de imediato, levou alguns meses para desarrolhá-lo, mas não muito. Parecia que precisava de um mínimo tempo para maturar o meu desejo por esse rótulo, por esse sul africano e eis que o dia chegou. Lembro-me com clareza que estava eufórico para degusta-lo, o momento havia chegado. E a espera, a expectativa convergiu com a realidade ou derramar as primeiras doses em minha humilde taça! Que vinho! Então vos apresento o vinho que degustei e gostei que veio da região sul africana de Western Cape, chamado Kumala, com um corte das seguintes castas: Merlot (50%) e Pinotage (50%), da safra 2014. E podemos atribuir ao Mr. Jack Bruce esse momento especial e que cuja filosofia está na democratização do vinho, o vinho para todos os bolsos e camadas sociais, privilegiando, preconizando a qualidade. Mas antes falemos um pouco da região vinícola mais importante da África do Sul: Western Cape.

Western Cape, a toda poderosa região vinícola sul africana

Localizada a sudoeste da África do Sul, tendo a Cidade do Cabo como ponto central, Western Cape é a principal região vitivinícola do país, responsável por cerca de 90% da produção vinícola do país. Boa parte da indústria do vinho sul-africana se concentra nessa área e microrregiões como Stellenbosch e Paarl são alguns de seus principais destaques. Com terroir bastante diversificado, a combinação do clima mediterrâneo, da geografia montanhosa, das correntes de ar fresco vindas do Oceano Atlântico e da variedade de uvas permite que Western Cape seja considerada uma verdadeira potência da produção de vinhos no país. Suas regiões vinícolas estendem-se por impressionantes 300 quilômetros a partir da Cidade do Cabo até a foz do rio Olifants ao norte, e cerca de 360 quilômetros até a Baía Mossel, a leste – para entender essa grandiosidade, vale saber que regiões vinícolas raramente se estendem por mais de 150 quilômetros.

Western Cape

O clima fresco e chuvoso também favorece o plantio e a colheita por toda a região. Entre os grandes destaques de Western Cape estão as uvas Pinotage, Cabernet Sauvignon e Shiraz, que dão origem a excelentes varietais e blends. Entre os brancos – que, por si só, têm grande reconhecimento mundial –, brilham a Chenin Blanc, uva mais cultivada do país, a Chardonnay e a Sauvignon Blanc. As primeiras vinhas plantadas na região remetem ao século XVII, trazidas por exploradores europeus que se fixaram por lá. Durante vários séculos, fatores como o estilo rudimentar de produção, o Apartheid e a falta de investimentos mantiveram a cultura vitivinícola sul-africana limitada ao próprio país. Somente no início do século XX, com a formação da cooperativa KWV, que a África do Sul começou a responder por todo o controle de qualidade do vinho que se produzia por lá, e seus rótulos passaram a chamar a atenção do mercado internacional, dando início a um processo de exportação que conta, inclusive, com selos de qualidade específicos para a atividade.

A proximidade da Cidade do Cabo facilita o acesso dos visitantes às inúmeras rotas vinícolas e turísticas de Western Cape, que incluem experiências como caminhadas, degustações por suas muitas bodegas, além de ótimos restaurantes e hospedagens em suas pequenas e aconchegantes cidades, a maioria em estilo europeu.

Kumala e seu criador: Jack Bruce

Localizada no entorno da “Table Montain”, na Cidade do Cabo, a Kumala é uma das mais importantes e maiores vinícolas do país. Comandada pelo experiente produtor Bruce Jack, a vinícola transmite em seus vinhos toda a delicadeza e caráter que conquistaram paladares mundo afora, sendo uma das marcas mais exportadas da África do Sul.

A linha de rótulos “Kumala”, apelidada de “Core” (núcleo), é uma linha de vinhos bi-varietais que busca expressar as virtudes de duas variedades de uva e o talento enológico da equipe do Bruce Jack para produzir vinhos de excelente relação preço-qualidade. Bruce entende que o vinho deve ser algo simples, que proporcione prazer e encantamento aos momentos e às refeições da vida cotidiana. E, é com esse propósito que os vinhos Kumala são produzidos. Vinhos esses que conquistaram paladares mundo afora e hoje estão entre os mais exportados da África do Sul. Não por acaso, os vinhos da Kumala são os sul-africanos mais consumidos no Reino Unido. Bruce nasceu na Cidade do cabo e é filho de um arquiteto visionário e um músico e escritor brilhante.

A história de Jack Bruce, em detalhes!

E agora o vinho!

Na taça o vinho revela um vermelho rubi intenso e muito brilhante com reflexos violáceos e uma razoável proliferação de lágrimas, finas e que persistia em sumir das bordas do copo.

No nariz o destaque fica para o aroma frutado, frutas negras maduras, como amora e ameixa, com notas de chocolate meio amargo bem discreto e toques de especiarias o que se deduz que o vinho passara por madeira, mas não consegui confirmar tal informação junto ao produtor, apenas que o mesmo passou por tanques de aço inox, que privilegia as características essenciais das cepas o que de fato foi percebido, sobretudo no palato.

Na boca reproduz as percepções olfativas, sendo muito frutado, com alguma estrutura conferida pela Pinotage envolta em uma textura macia, um vinho de personalidade, mas fácil de degustar, sendo equilibrado. O toque de chocolate e de especiarias também é percebido em boca. Tem taninos polidos e acidez correta com um final persistente.

Um senhor vinho! Uma proposta simples sim, que valoriza a filosofia de um enólogo visionário e que valoriza a democratização da bebida, na sua mais alta nobreza, a todos, indistintamente. Um vinho frutado, jovem, fresco, mas com marcante personalidade, que mostra a robustez da Pinotage e a maciez frutada da Merlot, trazendo toda a versatilidade e a vocação gastronômica que esse vinho ostenta. Valeu e muito a pena fugir do convencional e Kumala, mesmo sendo um vinho exportado em todo o mundo, um vinho global, mostra a força do regionalismo, do terroir sul africano, com muita tipicidade. Tem 14% de teor alcoólico muito bem integrados.

Sobre a Jack Bruce Wines:

Bruce Jack Wines é uma empresa global de vinhos que valoriza todos os níveis de preço. São obcecados em fazer a coisa certa para os seus vinhos, vinhedos e clientes. São um amálgama independente, familiar e controlado de marcas interessantes que celebram a autenticidade e a proveniência. São diferentes na forma como compram as uvas, comunicam sobre os seus vinhos, se relacionam com os seus clientes e os distribuem por todo o mundo. É uma equipe pequena e dinâmica com escritórios em todo o mundo. Em última análise, acreditam que o vinho é um produto básico histórico, sofisticado, intrigante e alegre em um mundo confuso e caótico.

Sobre a Accolade Wines (Dona da marca Kumala):

Embora a Accolade Wines seja uma empresa jovem, nossa história é profunda, com uma herança orgulhosa que inclui algumas das primeiras vinícolas estabelecidas na Austrália. Hardys, uma marca que foi pioneira na grande tradição de mistura de vinhos, esmagou suas primeiras uvas em 1853, enquanto as raízes de sua principal marca da Austrália Ocidental, Houghton, remontam a meados da década de 1830. Essa rica herança os ajudou a construir uma das empresas líderes de vinho do mundo, que hoje entrega aproximadamente 27 milhões de caixas para 132 países em todo o mundo todos os anos.

Mais informações acesse:

https://brucejack.com/

https://www.accoladewines.com/

Referências de pesquisa:

“Vinho Capital”: https://vinhocapital.com/tag/wine/page/3/

“Wine”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/western-cape-a-gigante-sul-africana/?doing_wp_cron=1611015613.7245669364929199218750#:~:text=Localizada%20a%20sudoeste%20da%20%C3%81frica,alguns%20de%20seus%20principais%20destaques.

Vinho degustado em: 2016

 

 

 

 







 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Nederburg Foundation Pinotage 2015


Esse não foi a minha primeira experiência com a Pinotage. Já havia degustado outros rótulos desta cepa antes do rótulo que falarei agora. O que motivou mais uma compra da Pinotage foi a sua história e, sobretudo, claro, pela sua qualidade, pela sua personalidade. Um vinho que, independente da sua proposta, se mostra maiúsculo, potente e exemplarmente saboroso, com um belo volume de boca. E, como disse, um dos fatores que fez com a Pinotage ganhasse a minha atenção e logo simpatia, foi por ser conhecida como uma, como costumo dizer, uma “casta de laboratório”. Não sei se essa observação é correta, mas, pela sua história, em tese tinha tudo para ser rejeitada, mas hoje é tida como um produto de exportação, um orgulho para os sul africanos, os pais da casta.

O vinho que degustei e gostei vem, como já disse, da África do Sul, da região de Paarl, sub-região da Província da Western Cape, o famoso Nederburg Foundation Pinotage da safra 2015. Mas como degustar vinho, para mim, estimula o aprendizado, não podemos negligenciar a história, já por mim mencionada do Pinotage e como ela surgiu.

Pinotage

A Pinotage foi criada pelo professor de viticultura Abraham Izak Perold da Universidade de Stellenbosch, por volta do ano de 1925. A intenção do professor era unir as qualidades da Pinot Noir, como a sua delicadeza, seus aromas, com a notável produtividade e resistência da Hermitage (Cinsault). Isso porque, a Pinot Noir não resistia muito bem ao clima da África do Sul, ao passo que a Hermitage se desenvolvia muitíssimo bem. O objetivo, portanto, era criar um vinho leve e aromático, como o Pinot Noir, com uvas que crescessem e se desenvolvessem como a Cinsault. Mas o resultado não foi muito próximo do esperado: o vinho elaborado com a nova uva, a Pinotage, era bem escuro, encorpado e com muitos taninos. A uva entrou em evidência a primeira vez, quando em 1959 um vinho produzido com esta cepa foi campeão no Concurso Cape Young Wine Show na Cidade do Cabo. Em 1991, outro vinho produzido somente com Pinotage foi eleito o melhor tinto no Concurso Internacional “Wine & Spirits” em Londres, reforçando a sua imagem de qualidade e a história a gente já sabe. Como curiosidade, o termo “Pinotage” é a combinação dos nomes das duas uvas que lhe deram origem: “pino”, de Pinot Noir, e “tage”, de Hermitage. Fontes: Vinitude clube de vinhos (https://www.clubedosvinhos.com.br/quase-indomavel-pinotage/) e Winer (http://www.winer.com.br/uva-pinotage/).

Sobre a região de Paarl, Western Cape

Paarl está localizada na província de Western Cape, ficando a 60 km da Cidade do Cabo, na África do Sul, sendo hoje uma região produtora dos melhores vinhos daquele país, exportados para o mundo todo.


A região vitivinícola de Paarl é das mais importantes para a produção de vinho na África do Sul, podendo ser considerada como o grande portal para quem quer conhecer os vinhos da região do Cabo. O nome Paarl é derivado de pérola, sendo a designação da Montanha Pérola, uma rocha de granito que se sobrepõe à paisagem, tornando-se brilhante à luz do sol, principalmente em dias de chuva. A história da vitivinicultura na região de Paarl remonta ao século XVII, precisamente em 1680. A produção de vinhos teve início na África do Sul com os franceses, em 1652, com Jan Van Riebeek, o primeiro comandante da guarnição que fundou a Cidade do Cabo. Sua pretensão era produzir vinho para combater o escorbuto que grassava na época entre os marinheiros da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Os vinhedos foram se espalhando ao longo do tempo, ocupando a região de Stellembosch, em seguida Constantia, chegando a Paarl em 1680. Fonte: Vinitude clube de vinhos (https://www.clubedosvinhos.com.br/paarl-uma-longa-tradicao-em-vinhos-nobres/).

O vinho:

Na taça tem um vermelho rubi com reflexos violáceos, sendo muito brilhante e bonitos aos olhos. Tem lágrimas abundantes e vibrantes, finas, persistentes, teimando em desenhar as bordas do copo.
No nariz é intenso, muito aromático, sendo frutado, uma explosão de frutas vermelhas frescas, com um toque discreto, mas agradável de especiarias.

Na boca é seco, apesar de ser muito frutado, com médio corpo, apresentando certa estrutura e alguma complexidade, com bom volume de boca, com taninos presentes, mas suaves, com acidez instigante e final de média intensidade, sendo muito agradável.

Um vinho que expressa, em sua plenitude, o verdadeiro Pinotage sul africano, com muita personalidade, aliado a maciez e facilidade de degustação, revelando também equilíbrio, harmonia e versatilidade, sobretudo na harmonização que vai de carnes vermelhas, queijos fortes a massas condimentadas e uma boa pizza de quatro queijos, por exemplo. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a Nederburg:

A história de Nederburg começou em 1791, quando o imigrante alemão Philippus Wolvaart adquiriu 49 hectares de terra no vale de Paarl. Ele nomeou sua propriedade Nederburgh, em homenagem ao comissário Sebastiaan Cornelis Nederburgh. Mais tarde, o 'h' foi retirado da grafia do nome da fazenda e tornou-se Nederburg como é conhecido hoje. A bela mansão holandesa do Cabo, coberta de palha e empena, que Wolvaart completou em 1800 é hoje um monumento nacional. E sobre a linha “56 Hundred” há uma curiosidade: Essa variedade de vinhos refrescantes, frutados e suave leva o nome ao preço de mil e seiscentos florins que Philippus Wolvaart pagou em 1791 pela fazenda em que deveria nomear Nederburg. Um visionário que reconheceu o potencial vitícola da terra, ele teve a tenacidade de domesticar a propriedade e estabelecer uma fazenda que continua a florescer hoje. Em 1810, vendeu a fazenda para a família Retief, que conservou a propriedade por 70 anos. Em seguida a Nederburg passou por diversos proprietários até ser adquirida, em 1937, por Johann Graue que foi buscar na Alemanha o talentoso enólogo Günter Brözel para comandar a produção. Durante anos, Brözel elevou a reputação da Nederburg a nível mundial. Quem o sucedeu foi o enólogo romeno Razvan Macici, que recebeu inúmeros prêmios ao longo dos anos. Macici aliava a capacidade de criar vinhos exclusivos à habilidade para a elaboração de rótulos acessíveis. A Nederburg é conhecida pela visão vanguardista, sempre valorizando os cuidados no vinhedo e na vinificação para a elaboração de exemplares famosos mundialmente.

Mais informações acesse:

https://www.nederburg.com/

Vinho degustado em 2017.