domingo, 17 de outubro de 2021

Gran Legado brut

 

Início de tarde de domingo. Um friozinho fora do roteiro, ventos ocasionais corroborava a temperatura, o sol, em raros momentos, timidamente aparecendo entre as nuvens. Então o que vem à mente? Um vinho mais encorpado, complexo e estruturado. Mas olhei para a adega e decidi subverter o convencionalismo: degustar um espumante nacional, brasileiro. Um vinho leve, menos intenso, sem aquela preocupação latente de fazer análises complexas ou coisa que o valha. Para as jovens tardes de domingo, como dizia a música, um vinho descomplicado.

Mirei os olhos para a adega, olhei cada canto, cada detalhe e todos os rótulos que, no auge do seu merecimento, descansavam e observei um espumante brasileiro! Sim! Um espumante brasileiro! Nada mais pertinente para o que eu procurava, para o que eu ansiava. Tenho alguns muito interessantes, claro, como não encarar o espumante brasileiro assim? Ufanismos à parte, afinal exaltemos os nossos rótulos, os nossos espumantes que tanto projetam, de forma positiva, o nosso vinho globalmente em festivais e concursos de renome. Mas escolhi um que ganhei de presente há cerca de um ano atrás!

Então já era hora de degusta-lo! E já que falei do espumante como um verdadeiro produto nacional, que é o DNA de nossa cultura, de nossas terras, cabe lembrar alguns números que traduzem essa máxima, bem como algumas histórias que fazem dele o que é hoje.

Em 2002, o consumo de espumante nacional era de 4,2 milhões de litros, em 2014 esse número saltou para 16,7 milhões de litros. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), em torno de 75% do espumante consumido no país é brasileiro.

Esses dados não aconteceram por acaso. Há uma série de fatores que resultam nesses valores, como aprimoramento das técnicas de manejo dos vinhedos e na elaboração da bebida nas vinícolas. Além disso, o espumante deixou de ser uma bebida apenas para final do ano e comemorações, e passou a ser pelos consumidores uma bebida do dia a dia.

A história do espumante tem seu início na França, no século XVII, na região de Champagne. Essa região sempre foi produtora de vinhos tranquilos na França, brancos e tintos. Nessa época os vinhos eram comercializados em tonéis, e como fator de desvalorização, caracterizavam-se por apresentar uma tendência efervescente, que era um grande entrave para a conservação e para o transporte a locais mais distantes.

Com a invenção das garrafas em 1680 pelos ingleses, a comercialização dos vinhos ganhou maior praticidade. A partir desse momento, começaram os problemas para os vinhos da Champagne, que sofriam uma segunda fermentação na garrafa, pressurizando e lançando as rolhas e explodindo as garrafas.

Don Pérignon, monge beneditino e tesoureiro da abadia de Hautvillers era responsável pelos vinhos e teve a missão de solucionar esse problema dessa segunda fermentação. Sendo assim, ele começou a estudar esse fenômeno e compreendeu que o que ocorria era devido ao gás carbônico (CO2), recomendando assim, que as garrafas fossem reforçadas.

Segundo a tradição, conta-se que, ao abrir uma garrafa, arrolhada, Don Pérignon foi surpreendido pela espuma da bebida, e quando provou, falou a seguinte frase: Estou bebendo estrelas! Don Pérignon foi quem mais se dedicou ao processo da segunda fermentação na garrafa, atualmente conhecida como método Champenoise.

A produção de espumantes no Brasil teve inicio em 1913, no município de Garibaldi – RS. O autor do primeiro espumante brasileiro foi o imigrante italiano Manoel Peterlongo, elaborado pelo método Champenoise. Dois anos depois a Vinícola Peterlongo era inaugurada no país, dando inicio a trajetória do espumante brasileiro.

A partir dos anos 60 a vinda de empresas multinacionais com grandes recursos, como a Martini & Rossi, Cinzano, Moët & Chandon, Maison Forestier, Almadén modificaram a cara do espumante brasileiro. Passados pouco mais de 100 anos, o Brasil já se consolidou como terroir de referência na elaboração de espumantes de qualidade e a cada safra o espumante brasileiro vem conquistando consumidores no Brasil e no exterior.

E depois desse breve desfile, mas significativa história do nosso espumante, apenas para ter uma ideia, uma dimensão de sua importância atual, vou apresentar, sem mais delongas, o meu rótulo. A minha “primeira vez” com esse produtor que, já que falamos em história, foi um dos primeiros produtores internacionais que chegaram ao Brasil e que contribuiu grandemente para o nosso espumante, a Maison Forestier, o vinho que degustei e gostei veio do Vale dos Vinhedos e se chama Gran Legado Brut, produzido pelo método Charmat, com um corte das castas Chardonnay, Riesling Itálico, Viognier e Glera, sem safra.

Mas antes de falar do vinho continuemos a passear pela história do espumante no Brasil e a importância dos imigrantes europeus para esse processo nas últimas décadas do século XIX quando a reunificação italiana e uma forte crise econômica assolaram parte do continente europeu.

É claro que os imigrantes italianos que para cá vieram, em sua enorme maioria do norte da Itália, não pensavam em vinhos espumantes e – provavelmente – mal conheciam as borbulhas. No entanto, o vinho era essencial em suas celebrações religiosas, era parte indissociável de seus costumes e as uvas tornaram-se rapidamente uma fonte de renda, principalmente para os imigrantes que ocuparam algumas das cidades da Serra Gaúcha.

A vitivinicultura se desenvolveu rapidamente por toda a região no início do século XX, mas concentrada em vinhos brancos e tintos, de produção quase artesanal. “Quase”, pois essa produção feita nas cantinas dos imigrantes passou, aos poucos, a ser comercializada. A virada do século, que viu o País sair da monarquia, abriu as portas para o crescimento da agroindústria, e muitas vinícolas surgiram. A família Peterlongo foi uma das pioneiras do espumante nacional.

Num movimento paralelo, que aproxima a região da longa história da campanha francesa (a região de Champagne), por aqui também os religiosos tiveram um papel preponderante no desenvolvimento da vitivinicultura. Os irmãos Maristas, que chegaram ao sul em 1904, começaram a plantar uvas na região da atual Garibaldi, para fazer o vinho de missa e aquele que acompanhava a mesa dos religiosos. E esses vinhos logo passaram a ser enviados para outras partes do estado, até mesmo para fora dele.

Os Maristas

Foi assim fundada a Granja Santo Antônio, que viria a ser uma das mais importantes vinícolas da região, a Pindorama S/A - Vinhos e Champanhas. Pelas mãos de um irmão de nome Pacômio, a vinícola cresceu e ficou conhecida pela salubridade de suas uvas, por sua organização e pela qualidade dos produtos. Segundo as informações do Arquivo Municipal de Garibaldi, a vinícola, que em 1915 já havia construído uma segunda cantina, armazenava 20 mil litros de vinhos nesse momento, volume que chegou a 400 mil em 1930, época da construção da terceira cantina.

No entanto, foi um imigrante que chegou ao País em condição mais favorecida do que a grande maioria, que teria o privilégio de ser o produtor do primeiro espumante documentado do país: Manoel Peterlongo Filho imigrou para o País por volta de 1875, vindo da região do Trento, e trouxe consigo os conhecimentos da profissão que exercia na Itália, a de agrimensor, e instalou-se num lote na região central da colônia de Conde d’Eu. Por sua profissão de engenheiro, ele foi convidado pela intendência estadual a participar da medição da área que se destinaria ao município de Garibaldi, realizando todo o traçado urbano e rural da cidade, por volta do ano de 1890.

Manoel Peterlongo Filho

Casado com outra imigrante italiana e com 10 filhos (apenas um homem), Manoel trabalhava para o município e produzia vinhos para consumo próprio das uvas plantadas em suas terras, das variedades Malvasia, Moscatel, Vernaccia, Rabosa e Formosa. Com uma pequena produção de espumantes, feitos pelo método tradicional, Manoel já havia conquistado pedidos de amigos e familiares, que compartilhavam taças em sua casa e, em 1913, decidiu inscrever um desses produtos no concurso da primeira exposição de uvas da cidade de Garibaldi. Foi lá que seu espumante ganhou a primeira medalha de ouro e o registro oficial que atesta o início da produção no País. E o resto a gente já sabe.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um amarelo palha, claro, mas reluzente, brilhante com uma concentração de média intensidade de perlages muito finas.

No nariz traz aromas delicados de frutas brancas, cítricas, frescas, com notas florais, de flores brancas, que corrobora seu frescor e delicadeza.

Na boca é leve, elegante, o toque frutado também ganha protagonismo dando algum volume de boca, com um discreto fundo adocicado, mesmo se tratando de um “brut”, mas sem soar enjoativo. Tem uma boa acidez, não sendo muito intensa reforçando sua elegância e um final vivaz e prolongado.

Um típico espumante brasileiro, sim, mas especial e que me arrebatou, de forma significativa, os sentidos, as experiências sensoriais foram divinamente atacadas, de forma beligerante, entregando sabor, tipicidade, mostrando que a tradição pode sim andar junto, de mãos dadas com a modernidade, o dinamismo de uma sociedade, de um mercado que, na mesma proporção do crescimento do nosso espumante, se torna cada vez mais exigente e especialista na degustação de nossos borbulhantes. Pensou em espumante? Pensou em degustar bons espumantes por valores atrativos, honestos e de preços democráticos e justos? Mire seus olhares e intenção aos nossos espumantes! Gran Legado sintetiza, com fidelidade, o nosso terroir e anseios com um espumante leve, fresco, com muita fruta branca, cítrica, com belíssima acidez que traz todo a delicadeza e leveza que um espumante, em sua gênese, deve e pode entregar. Tem 11,5% de teor alcoólico.

Sobre a Maison Forestier:

A Maison Forestier é uma das marcas mais clássicas da história do vinho no Brasil. Nascida em 1750, na França, chegou ao país em 1970 como produto importado. Devido ao sucesso de vendas e da sua qualidade, em 1977 instalou-se em Garibaldi.

A vinícola implantou vinhedos experimentais num belo e modelar “domaine”. Foi a grande marca responsável por agregar charme, excelência e valor ao vinho nacional. Agora, toda esta tradição está de volta com os espumantes e vinhos Forestier.

Palavra do produtor:

Unimos à essa tradição francesa nossa experiência de pouco mais de duas décadas com a elaboração da linha Gran Legado Vinhos e Espumantes.

Com produção controlada, os rótulos Forestier e Gran Legado também asseguram qualidade em matéria prima e uma elaboração de excelência, conquistando os paladares nos principais concursos nacionais e internacionais.

Detentora de grandes prêmios é uma linha que esbanja sofisticação com espumantes nobres e exclusivos, além de vinhos finos, leves e frutados.

Mais informações acesse:

http://www.granlegado.com.br/home

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/os-primeiros-100-anos_9482.html

“Falando em Vinhos”: https://falandoemvinhos.wordpress.com/

 

 

 

 

 

 

 

 

 




 


 


sábado, 16 de outubro de 2021

Partridge Reserva Cabernet Sauvignon 2019

 

Quando falamos em Mendoza, na Argentina, em vinhos argentinos encorpados, estruturados, com complexidade, lembramos, associamos imediatamente na grande Malbec, mas não podemos esquecer a rainha das uvas tintas: Cabernet Sauvignon. Como no Chile e em grande parte do Cone Sul, a Cabernet Sauvignon é famosa e uma das mais consumidas.

E encontrou no solo andino as condições perfeitas para crescer, um novo e já tradicional terroir argentino, de Mendoza para uma cepa francesa. E já que falamos em tradição e do solo argentino, a produção e consumo de vinhos na terra dos hermanos tornou-se tradicional há aproximadamente duzentos anos. Mas a história do cultivo da uva e da produção vinícola no país do extremo sul da América começou já com os colonizadores espanhóis no século XVI.

Devido às ótimas condições de clima e solo da região andina, não demorou para que os vinhedos se desenvolvessem, mesmo que de forma rudimentar, logo no período colonial. Foi a partir dos sacerdotes da igreja católica que a vitivinicultura se iniciou na Argentina: os jesuítas produziam em seus monastérios o vinho necessário para a celebração de suas missas.

No século XIX, com a chegada maciça dos imigrantes europeus na região, algumas novas técnicas de cultivo foram implantadas, e, no mesmo passo, a variedade de uvas também aumentou, diversificando os tipos de vinhos e elevando a produção de vinho na região a um novo patamar. Castas de uvas como Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Chenin Blanc vieram junto com esses imigrantes e deram maior qualidade aos vinhos argentinos.

A região mais tradicional de produção vinícola na Argentina é a província de Mendoza, no oeste do país, responsável por mais da metade da produção nacional. Foi nessa região que em 1534 que as primeiras videiras no país foram plantadas, e partir de lá que o cultivo da uva espalhou-se para as outras regiões da Argentina. O Padre Cidrón e o fundador da província de Mendoza, Juan Jufré, foram os responsáveis pela primeira plantação de videiras na Argentina, no séc. XVI. Fonte: Clube dos Vinhos em: Argentina e seu perfeito solo andino.

E com esse breve desfile histórico da vitivinicultura argentina, mas muito significativa falarei do meu rótulo que escolhi para a degustação de hoje e desde já sou um réu confesso da minha afeição pelo Cabernet Sauvignon que vem da Argentina. São marcantes, expressivos e entregam todas as características que a casta pode nos oferecer em todas as suas propostas. Esse vinho me chamou a atenção pelo atrativo valor, antes de qualquer coisa e depois pela sua descrição. Então o comprei e resolvi “aceitar” os riscos, afinal, comprar vinho é, em sua boa parte, aceitar correr riscos.

O momento importante chegou! Um sábado agradável, tranquilo e que conspirava para uma boa degustação, uma degustação à altura do momento, então o ritual foi posto, mais uma vez, em prática. A rolha se desprendeu da garrafa, o vinho derramou na taça, a explosão de aromas incita as papilas gustativas e voilá! O vinho que degustei e gostei veio da abençoada região de Mendoza, da Argentina e s e chama Partridge Cabernet Sauvignon Reserva da safra 2018.

Mas antes do vinho falemos um pouco mais de Mendoza que, embora seja uma região que já massifica o imaginário de inúmeros enófilos, sempre convém detalhar certas histórias que passam despercebidas e que apesar de simples, são significativos para a construção dos rótulos que chegam à nossa mesa.

Mendoza, que fica próxima a cordilheira dos Andes, a altitude varia substancialmente e, por isso, muitos microclimas podem ser encontrados. Disso resulta uma variedade grande de vinhos, alguns dos mais especiais e apreciados da cultura vinícola argentina são dessa região.

Além da província de Mendoza, cujos principais distritos, Lugan de Cuyo, Maipu, San Rafael e Vale do Uco são responsáveis por quase 70% de todo o vinho produzido na Argentina.


Todas essas regiões produtoras são conhecidas mundialmente como Rota dos Vinhos. E, além da importância para a indústria vinícola, servem como atração turística para aqueles que visitam anualmente o país andino – com centros de artesanatos, museus e adegas famosas, a rota é um ótimo lugar para comprar vinhos aprendendo um pouco de sua história e fabricação.

Possui mais de 1.200 vinícolas, com pelo menos 200 abertas à visitação. A Argentina ocupa a posição de 5a maior produtora de vinhos do mundo, e mais de 80% de toda produção está concentrada nesta região. Mendoza tem clima considerado desértico. Praticamente não chove durante todo o ano. O índice pluviométrico (de chuvas) médio anual é de míseros 213mm. (Para se ter uma ideia de comparação, em Petrolina, sertão de Pernambuco, esse índice é de 435mm ano).

Toda a água que abastece a cidade vem do degelo das montanhas em um sistema desenvolvido pelo povo Inca (primeiros habitantes da região). A água escorre por gravidade do degelo das montanhas, e aproveitando o caminho natural das águas são feitas pequenas acequias, canais escavados na terra. Essa água pura e de excelente qualidade é utilizada para irrigar a plantação.

E agora finalmente o vinho!

Na taça entrega um vermelho rubi intenso, profundo e escuro, com lágrimas finas e em grande intensidade que marca o bojo.

No nariz uma explosão aromática de frutas vermelhas maduras, tais como groselha e cereja, com as notas amadeiradas vivas, que revela baunilha, um defumado, couro, tabaco.

Na boca é estruturado, com alguma complexidade, alcoólico, mas sem ser agressivo, a fruta aparece também em perfeita sinergia com a madeira, graças aos 12 meses de passagem por barrica de carvalho, garantindo a sua versatilidade, seu equilíbrio, sua harmonia, com as notas amadeiradas aparecendo juntamente com a tosta e o chocolate, com taninos presentes, gordos, mas domados, com acidez agradável e um final prolongado.

Falamos de terroir demasiadamente, de tipicidade, um assunto, um tema tão complexo, tão interminável, com tantos “microclimas” dentro de uma região, parece que, mesmo diante de nossa incapacidade enciclopédica do assunto, parece que quando degustamos um Cabernet Sauvignon argentino, em especial, percebemos as nuances de um vinho produzido em Mendoza desta casta. O Partridge Reserva entrega com fidelidade, com, olha a palavra de novo, TIPICIDADE. Essas impressões, as experiências sensoriais se tornam tão aguçadas que quando, às vezes, falta a questão técnica sobre o entendimento do terroir, nos sobra os sentidos. Percebi que uma das filosofias da Viña Las Perdices, produtor responsável pela linha “Partridge”, é de que os vinhos têm de maturar em barricas de carvalho, tendo o aporte da madeira, sendo incorporados ao vinho, conferindo-lhe estrutura e complexidade o que esse rótulo garante, mas nunca mascarando as características essenciais da Cabernet Sauvignon, sendo um vinho frutado, saboroso, potente, robusto, mas equilibrado e harmonioso: a sinergia perfeita. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Sobre a Partridge Vineyard:

A linha Partridge foi criada em 2009 para complementar o portfólio da Viña Las Perdices nos mercados internacionais. São vinhos de perfil clássico e de qualidade, que ganhou a preferência dos consumidores.

A linha tem quatro divisões, que variam de acordo com o perfil dos rótulos:

Partridge Flying,

Partridge Reserva,

Partridge Gran Reserva,

Partridge Selección de Barricas.

A sub-linha Partridge Flying oferece vinhos fáceis de beber que são excelentes para o dia a dia. Em Reserva, os rótulos amadurecem em barricas de carvalho, agregando mais corpo e complexidade aos vinhos. Já na Gran Reserva, os vinhos são sofisticados e passam no mínimo 12 meses em carvalho, garantindo grande intensidade. E, por último, a Selección de Barricas, conta com exemplares de alta gama.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/vinhos-las-perdices-o-melhor-do-terroir-argentino/

“Clube de Vinhos”: https://www.clubedosvinhos.com.br/argentina-e-seu-perfeito-solo-andino/

“Vinho Vida Viagem”: https://vinhovidaviagem.com.br/enoturismo-em-mendoza-argentina/









segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Janela Branca Special Selection 2019

 

Ah sim sem dúvida o vinho pode trazer mensagens edificadoras, histórias maravilhosas atreladas a cultura e ao comportamento humano, de um povo, da geografia de suas terras. Costumo dizer que não degustamos o vinho simplesmente, mas degustamos história, cultura de um povo, as características de uma terra e isso sim é arrebatador, afinal é praticamente um intercâmbio cultural tendo a taça como a passagem para esse momento.

E com base nesses quesitos construímos também as nossas predileções, as nossas preferências sensoriais por uma região, por uma casta, por um país. E definitivamente a região de Lisboa está no meu rol de preferidos. Em algumas resenhas, em alguns textos de rótulos que degustei e, claro, gostei, dessa região sempre expus de forma evidente, veemente, o meu caminho, mesmo sem ter sequer ido, a minha preferência por esta terra. Os vinhos que dela são oriundos sempre me transportaram em pensamento, com o coração cheio de alegria e que me proporcionou conhecer, em requintes de detalhes, a sua história.

O rótulo de hoje, claro, de Lisboa, traz a beleza de sua região, o DNA de suas terras, a cultura do seu povo e uma mensagem de muita esperança, de dias melhores e, sobretudo de celebração, como o vinho preconiza. Esse vinho chegou a minhas mãos por intermédio dos “Clubes de Vinhos”, amado e odiado na mesma proporção, mas confesso que, ao divulgarem os rótulos lisboetas, me fez ligar o radar e a adesão ao clube. Decidi literalmente pagar para ver e degustar o quanto antes um dos rótulos ofertados.

Então sem mais delongas vamos ao rótulo que, ao ser desarrolhado, explodiu em surpresas maravilhosas! Sim! O vinho é muito, muito interessante, bem saboroso, direto e jovial, mas saboroso! O vinho que degustei e gostei, claro, veio da região portuguesa de Lisboa e se chama Janela Branca Special Selection, com um blend das castas Syrah (38%), Castelão (32%) e Tinta Roriz (30%) da safra 2019.

Antes de falar de Lisboa e do vinho, algo nele, em seu nome, em especial me chamou a atenção: o seu nome. Janela Branca? No contra rótulo diz, de uma forma quase que poética, de que a janela simboliza a abertura de boas energias e recordações trazidas pelas características desse blend que é típico da região, uma boa mescla de castas francesas, principalmente a Syrah com as castas autóctones, trazendo um vinho moderno e versátil. Falemos de Lisboa.

Lisboa

A região vinícola de Lisboa, também era conhecida como Estremadura e tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. Os vinhos feitos em Lisboa, em grande parte, pertencem a cooperativas, com uma grande variedade de estilos e qualidade. Esta região, onde o "vinho regional Lisboa" é predominante, tem nove DOC´s (Denominações de Origem). O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião. Ainda sofre influencia direta da capital do país localizada em um extremo da região.

O conflito entre a vida urbana e a rural foi intensificado a partir do século XIX com a industrialização e recentemente pelo sistema viário que liga Lisboa a Leiria. Toda a região mantém de forma relevante as unidades de espaço designadas ainda no período romano, as quintas (subunidades de uma vila). As quintas em sua quase totalidade estão voltadas para a produção do vinho.

A história revela que Fenícios trouxeram mudas da Síria e as introduziram na Foz do Tejo e as vinhas se adaptaram bem. A região ficou sob o domínio dos mouros durante quatro séculos e depois de retomada foi reorganizada para recuperar a produção vinícola.

Lisboa

A região dispõe de grande pluralidade de condições de cultivo. Desta variedade, zonas de maior vocação são encontradas e é onde as diversas castas de uvas são utilizadas na produção de vinhos com denominação, regionais, leves, de mesa e licorosos, além de aguardente bagaceira e vínica, espumantes e de uso na mesa.

A região é dividida em nove sub-regiões sendo a maioria Denominações de Origem. Próximo a Lisboa, no sul estão Colares, Bucelas e Carcavelos. Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos ocupam a parte central e Encostas D’Aire ao norte.

Lisboa e suas sub-regiões

É surpreendente que duas históricas denominações da região de Lisboa estejam diminuindo com o tempo, Na região denominada Carcavelos, muito famosa por seus vinhos doces, a maioria das vinhas deram lugar a edifícios. Na denominação Colares, que fica próxima a Cascais, e produz praticamente sobre dunas de areia protegidas por quebra-ventos, encontram-se cada vez menos vinhedos, embora produza vinhos cuja alta acidez lhe permite uma guarda muito longa. Sua uva principal é a Ramisco tânico, dificilmente encontrada hoje em outra região.

A DOC Bucelas é a terceira menor e possui uma longa história na produção de vinhos. A região tem crescido nos últimos anos e ficado mais em evidência pela melhoria de qualidade de seus produtos, especialmente os brancos, considerados dos melhores de Portugal.

Ao norte de Bucelas, ainda no interior, encontra-se a pequena região de Arruda. É como se fosse um delicioso país de conto de fadas: montanhas, um antigo castelo em ruínas, antigas estradas romanas, moinhos históricos (hoje em dia equipados com modernas turbinas eólicas), e vinhedos, principalmente de uvas tintas.

Desde 2002, os vinhos DOC Arruda podem incluir uvas internacionais, como a Cabernet Sauvignon, Syrah, Chardonnay, assim como algumas uvas de classe de outras regiões de Portugal como a Touriga Nacional e Touriga Franca. O mesmo vale para as outras regiões DOC na parte central da área do Vinho Regional Lisboa: Alenquer, Torres Vedras e Óbidos. Neste clima ameno, as uvas podem amadurecer com tranquilidade e produzir muito bons vinhos com boa concentração e acidez.

Ao norte de Arruda, a DOC Alenquer está protegida dos ventos atlânticos pelos montes calcários da Serra de Montejunto. Os produtores altamente motivados, conscientes da qualidade do micro clima único de Alenquer. Na DOC Torres Vedras, é mais frio para o lado do mar da Serra de Montejunto, especialmente no flanco ocidental da região, onde a brisa do mar é mais forte. Esta é uma fonte de vinhos brancos secos, incluindo o de baixo teor alcoólico conhecido como Vinho Leve.

Ao norte de Alenquer a área DOC Óbidos, possui uma bela cidade medieval ainda murada na sua face norte. A região produz vinhos brancos e alguns dos melhores espumantes em Portugal, além de alguns tintos leves e elegantes.

A oeste de Óbidos e tocada pela brisa atlântica, a DOC Lourinhã é uma região montanhosa, onde peras, maçãs , pêssegos e figos disputam espaço com os vinhedos. A região envolve a bela cidade de Leiria, o famoso centro de peregrinação de Fátima e os mosteiros fabulosos da Batalha e Alcobaça, ambos eleitos como Patrimônio Mundial da UNESCO. Seus vinhos brancos e tintos são leves, frescos e pouco alcoólicos.

O clima é temperado em virtude da influência atlântica e não apresenta grandes amplitudes térmicas. Os verões são frescos e os invernos suaves, apesar das zonas mais afastadas do mar serem um pouco mais frias. As vinhas localizadas junto à linha da costa sofrem uma forte e decisiva influência do Atlântico, enquanto as vinhas plantadas no interior, protegidas da influência marítima pelos diversos sistemas montanhosos, beneficiam de um clima mediterrânico. O relevo não é muito elevado, exceto o sul, onde aparecem alguns estratos de basalto e de granito, assentando a região, quase na sua totalidade, em formações argilo-calcárias e argiloarenosas.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um intenso vermelho rubi, com tons arroxeados, com uma ótima concentração de lágrimas finas e que mancham as bordas do copo.

No nariz os aromas de frutas maduras são as protagonistas, onde se percebem groselha e ameixa, com notas amadeiradas discretas e também a baunilha, graças ao aporte da barrica, com um estágio parcial de 12 meses e o outro percentual em tanques de aço inox e mais 6 meses evoluindo em garrafa

Na boca é redondo, equilibrado e elegante, muito fácil de degustar, mas, ao mesmo tempo é marcante, pois tem um bom volume de boca, muita fruta, com taninos aveludados e domados, com toques amadeirados, de especiarias doces e uma acidez agradável que torna o vinho versátil, fresco. Final de média intensidade e amadeirada.

Lembram-se quando falei da mensagem que o vinho pode trazer? Pois é, o lindo e colorido rótulo do vinho “Janela Branca”, logo percebi que o colorido, a beleza do lugar retratado, mostra a Lisboa bonita, altiva e cheia de vida, pulsante, com todos os seus atributos comportamentais e culturais, o mundo sendo observado pela janela branca da alegria, da esperança, um novo olhar cheio de perspectivas de um mundo melhor, sobretudo diante dos últimos tempos, do tenebroso caos sanitário que, apesar de tantas perdas, a humanidade é colocada na parede, sendo obrigada a mudar, a rever seus conceitos, sua visão de mundo. O vinho pode ser um companheiro, um aliado muito importante e preponderante para essa drástica e necessária mudança. O alento necessário para esses momentos tão turbulentos, a leveza necessária para encarar os momentos difíceis e continuar seguindo. Um vinho estiloso, saboroso, muito frutado, elegante, redondo, com taninos domados e uma acidez vivaz e instigante. Tem 13% de teor alcoólico.

Ah descobri que esse vinho veio de uma pequena região, localizado em Lisboa, chamada “Arruda dos Vinhos”, famosa pela sua tradição na produção de vinhos, tanto que tem no nome o “vinho”. Desde sempre Arruda dos Vinhos, cujo foral foi entregue em 1172 por D. Afonso Henriques à Ordem de Santiago, foi composta por extensos vinhedos no seu território, chegando a abastecer de vinho grande parte do país. Por isso o vinho sempre fez parte da história da terra. Para mais detalhes da região leia um pouco mais em: Freguesia de Arruda dos Vinhos.

Sobre a Quinta de São Sebastião:

O símbolo heráldico que inspira o cunho da Quinta de S. Sebastião, conta a história de um mártir e Santo Cristão, que acreditou poder demover o Império Romano da perseguição aos cristãos.

Nascido em Roma e valente guerreiro, Sebastião ingressa no exercito romano e chega ao comando da guarda pessoal do imperador – a Guarda Pretoriana. A sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos, levou o imperador a julga-lo como traidor. Depois de executado por meio de flechas foi abandonado pelos soldados, para que sangrasse até a morte amarrado a uma árvore.

À noite uma crente cristã, retirou o corpo de Sebastião para dar-lhe sepultura, ao perceber que este ainda estava vivo, deu-lhe abrigo e cuidados até estar restabelecido. Já recuperado, Sebastião quis continuar seu processo de evangelização e com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o e pedindo-lhe que parasse com as injustiças cometidas contra os cristãos.

Diocleciano ordenou que fosse espancado até a morte e lançado no esgoto público impedindo que o corpo fosse venerado. Mas o corpo Sebastião acabou por ser resgatado e sepultado secretamente por crentes cristãos.

Anos mais tarde, os seus restos mortais foram solenemente transportados para a basílica onde se encontra até hoje. Nessa altura, a terrível peste que assolava Roma simplesmente desapareceu no momento da transladação. S. Sebastião passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, fome e guerra.

Esta crença alimentava a fé das gentes desta terra, que a acreditavam abençoada e protegida. As romarias, agradecendo a fertilidade da terra e o milagre de ter sido poupada das Pestes que assolaram o País, são testemunho deste fato. A história de S. Sebastião inspirou o espírito lutador e convicto das gentes desta terra, que do vinho faziam e fazem vida. É esta a herança da Quinta de S. Sebastião, a crença e a paixão que os tempos alimentaram de saber e rigor para contar uma nova história.

Hoje, a vida na quinta ainda reserva as tradições, os ritmos e as rotinas que as vinhas ditam. E acreditar na produção de vinhos de excelência não é só uma crença é uma vontade firmada de capacidade, conhecimento e ambição de vida.

A conjugação dos factores climáticos amenos, dos declives soalheiros, da localização geográfica, da proximidade do mar, da protecção da montanha, e claro das pessoas que todos os dias vivem e cuidam das terras e vinhas da Quinta de S.Sebastião, dão corpo ao renascer de vinhos com uma frescura característica e uma identidade muito própria.

Os Vales de diferentes exposições solares e destintos declives de terras férteis, a influência do ar marítimo apaziguado pelas montanhas e a presença de cursos de água, criam um micro-clima equilibrado, perfeito para a produção do que de melhor se faz em Portugal. Formados por calcários, margas, argolas e arenitos, os solos podem considerar-se produtivos, em quase toda a área do conselho Arruda dos Vinhos.

A Quinta de S. Sebastião apresenta um terroir ideal que garante a qualidade das mais variadas castas e se, aos fatores naturais, juntando o carinho e o respeito no cuidado que é dado, obtendo os frutos perfeitos que abrem as portas à criação de vinhos exclusivos, servindo os mais exigentes e rigorosos critérios de seleção.

Por isso, para os tintos, as escolhas da fruta recaíram sobre um conjunto de castas nacionais e estrangeiras, as tintas francesas Syrah e Merlot e as portuguesas Touriga Nacional e Tinta Roriz (Aragonês). Nas brancas a opção foi para as variedades nacionais Arinto e Cercial. Embora em 2007 a primeira vindima não tenha respondido às exigências, já em 2008 o resultado foi o renascer de vinhos com uma forte identidade.

O enólogo Filipe Sevinate Pinto, com quem a Quinta conta desde 2012, abraçou este projeto trazendo todo o seu conhecimento, experiência e criatividade, para levar ainda mais longe os blends que vão fazer desses néctares um marco de prestígio e identidade da Quinta de S. Sebastião.

Mais informações acesse:

https://quintassebastiao.com/

Referências:

“Portugal by Wine”: https://www.portugalbywine.com/pt/regioes/info/lisboa_80/

“Olhar Turístico”: https://www.olharturistico.com.br/regiao-dos-vinhos-de-lisboa/

“Wines of Portugal”: https://www.winesofportugal.com/br/vinhos-e-turismo/wine-regions/lisboa/overview/

 

 

 

 

 

 

 





 


domingo, 10 de outubro de 2021

Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008

 

Não estava em meus planos para hoje, meu aniversário. É claro que o plano, o roteiro era degustar um belo vinho, um vinho para celebrar o dia, para que o dia se tornasse melhor, porque o vinho é assim: sempre torna o dia, a vida melhor, mas não estava nos meus planos sair de casa, mas ficar nela, curtindo apenas o meu belo vinho que fora escolhido a dedo: o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas recebi a mensagem entusiasma de meu grande e já confrade amigo Paulo Roberto para ir à sua casa e degustar uma de suas deliciosas pizzas e, claro, degustar alguns bons vinhos, alguns rótulos sempre especiais.

Hesitei um pouco confesso, não por conta do meu grande amigo e de sua sempre agradável presença, mas pelo convite em cima da hora e não ter tido tempo o suficiente para me programar, me preparar, haja vista que sou uma pessoa deveras sistemática, metódica mesmo.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi unir o útil ao agradável. Já que estaria sozinho nesta noite tão agradável de sábado, de meu aniversário, resolvi seguir para a casa de meu grande amigo e de posse do meu vinho escolhido para degustar no dia, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006.

Mas resolvi fazer ao meu bom amigo e confrade uma “exigência”. Sei que ele tinha feito a aquisição de um também Anciano Gran Reserva Tempranillo, porém da safra 2008, então o sugeri fazermos com esses especiais rótulos uma pequena degustação vertical, ou seja, a degustação de rótulos iguais, porém de safras diferentes. Seria um dia especial, de vinhos evoluídos, de safras razoavelmente antigas, afinal não é todo dia que degustamos vinhos longevos desse jeito.

Ele concordou em fazer e também logo se animou tudo parecia conspirar a nosso favor: um dia ameno, agradável, de aniversário, de pizzas, de degustações de vinhos especiais. A expectativa era enorme!

Cheguei a sua casa, colocamos os “Ancianos” na sua adega climatizada iniciamos a degustação do Plaza del Torres Reserva Tannat 2018, com alguns aperitivos, como um bom queijo provolone e estava ótimo, mas não conseguíamos conter a ansiedade de degustar os “Ancianos”.

Enfim o momento chegou. Iniciamos com a degustação da safra 2006, isso mesmo, um vinho debutando, de 15 anos, e aqui segue a análise para caso quiserem, caros leitores, fazer a comparação, do Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006. E quando começamos a degustar o 2008, o vinho que degustamos e gostamos, o Anciano Gran Reserva Tempranillo 2008, percebemos a mesma qualidade do que observamos, sentimos no da safra 2006, mas sim, com algumas nuances, algumas peculiaridades que logo irei expor. Porém antes falemos um pouco da região que nasceu este vinho: Valdepeñas.

Valdepeñas

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi, intenso, quase escuro, mas não tem aquela típica tonalidade atijolada, acastanhada típica de um vinho de safra mais antiga, uma cor viva e intensa, com lágrimas pungentes, finas e densas, onde teimavam em se dissipar das paredes do copo.

No nariz mostrava-se delicado e elegante, aquele famoso buquê aromático, os tão famosos aromas terciários, com complexidade, mas se sentia as notas frutadas em profusão, frutas negras maduras, como ameixa, amora, groselha preta, toques de especiarias, notas amadeiradas, de uma discreta baunilha e de terra, fazenda também foram sentidos.

Na boca alguma estrutura, aliado a maciez, a elegância conferida pelo tempo de safra e o descanso de longos 10 anos na garrafa, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega um discreto toque amadeirado, muito integrado ao conjunto do vinho, além de um pouco de rusticidade, com taninos mais presentes, porém redondos, com uma acidez razoável. Um vinho ainda pleno e atraente aos sentidos.

A tarde e noite agradáveis, o dia especial, com rótulos especiais e pizzas deliciosas. Assim se resumiu o dia de meu aniversário, ao lado de um grande amigo e confrade e conferindo dois grandes vinhos, de safras razoavelmente antigas. A degustação vertical nos entregou uma máxima: degustamos grandes vinhos, vinhos que independente da safra, entregariam grandes momentos sensoriais. E além dos grandes momentos e da atestada qualidade, algumas peculiaridades foram sentidas, percebidas. Estávamos preocupados em encontrar o “mais do mesmo” nos dois rótulos, tudo igual, mas não, percebemos que mesmo sendo o mesmo rótulo, do mesmo produtor, da mesma região, o clima, o tempo podem conspirar, em cada safra, em cada ano, de formas distintas, nos entregando detalhes que podem ser significativos para a nossa degustação. Que venham mais e mais rótulos do bom e especial Anciano. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 





Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006

 

Hoje é o dia do meu aniversário! Dia de celebração? Em tese sim, afinal mais um ano de vida, mas há tempos que não festejo aniversário da forma convencional, com convidados, festas etc. Não que eu esteja deprimido ou não queira as pessoas que tanto amo perto de mim neste momento dito tão importante, é porque simplesmente não me interessa mesmo esse “formato”. Entretanto o conceito de celebração não pode e tão pouco deve ser colocado de lado, sobretudo quando se tem, na vida, o vinho que é a personificação da celebração.

Então já que o momento pede algo especial e que o mencionado vinho pode significa, entre outras coisas, a celebração, por que não convergir tudo isso? Juntar tudo a nosso favor? Degustar um belo vinho no meu aniversário? Está aí uma boa “harmonização”, levando a coisa para o mundo do vinho.

Como alguns “entendidos” costumam dizer: Precisa acertar na escolha de um vinho mais imponente para essa data tão importante que é o aniversário. Outra coisa que sempre me colocou a pensar, a contextualizar: Existem vinhos para momentos em especial? Claro que em um dia de sol na praia ou na piscina um bom vinho branco ou rosé bem leve e frutado é o ideal ou aquele vinho robusto, barricado e complexo para um churrasco ou dia frio, mas existe um vinho específico para aniversário, comemoração, promoção profissional etc?

Todo vinho é especial, todo vinho quando derramado na sua taça, escolhido por você para degustar é especial, independente da sua proposta, do que você entrega. Se você o escolheu se tornou, desde já, especial. Mas apesar dessas discussões o dia pede, o momento é propício!

O vinho de hoje é especial! Eu o comprei há dois anos, um pouco mais de dois anos e decidi esperar esse tempo todo para que o vinho completasse exatamente 15 anos de safra! Sim! 15 anos de idade! Espero que a sua evolução tenha sido satisfatória, que o vinho tenha envelhecido bem e que proporcione complexidade, personalidade e a elegância da maturidade.

O vinho que, por algum tempo hibernou na adega, finalmente foi retirado dela com uma expectativa do tamanho da sua longevidade, de sua vida muito bem resolvida, evoluída, pronto para o meu deleite, para a celebração. A rolha saiu e de cara os aromas terciários já se revelaram a expectativa em profusão, os sentidos aguçados.

A taça inundada do vinho, os sentidos transbordam de curiosidade! O vinho que degustei e gostei veio da Espanha, da região de Valdepeñas, e se chama o já famoso Anciano Gran Reserva da casta Tempranillo da safra 2006. É um prazer degustar um vinho de 15 anos de safra e que evoluiu por 10 anos na garrafa antes de sair da vinícola, além de 18 meses de passagem por barricas de carvalho. É simplesmente demais! E ainda de “quebra” tem uma região que nunca degustei: Valdepeñas. Então, antes de falar do vinho, falemos dessa importante região produtora de vinhos na Espanha.

Valdepeñas DO

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um vermelho rubi intenso, com alguns reflexos violáceos, mas também com aquele acastanhado, uma cor atijolada se revelando devido aos 15 anos de safra, mas ainda vivo graças a um incomum brilho, com uma proeminente concentração de lágrimas finas e densas que desenhavam as bordas do copo.

No nariz o destaque para o buquê aromático, um estágio de complexidade, onde se destacam as notas de frutas secas e frutos secos também, um toque de amêndoa, talvez, o discreto toque amadeirado, com toques de baunilha, de couro, de terra, de fazenda, especiarias.

Na boca é delicado, elegante, redondo, não é estruturado, mas complexo, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega o toque, também discreto, da madeira, um pouco de rusticidade, talvez, os taninos macios e dóceis, o tempo denuncia essa condição, mas com uma incrível acidez que mostrou um vinho ainda vivo e pleno. Final persistente e longo.

Muito mais do que um aniversário, é celebrar o tamanho de um longevo, mas pleno, expressivo e elegante vinho que amadureceu que evoluiu maravilhosamente por 10 anos em garrafa, vagarosamente, pacientemente até sair da bodega para ganhar o mundo, as mesas dos mais exigentes e ávidos enófilos com seus aguçados sentidos. Um vinho de 15 anos que abrilhantou mais um ano de minha vida que celebro grandemente com esse rótulo que de fato merece ser chamado de “GRAN”, um grandioso vinho que é complexo, aromático que entrega de forma indelével as características marcantes da casta mais popular e emblemática da Espanha, a Tempranillo que com o aporte da madeira, longos 18 meses de passagem, garantem personalidade, equilíbrio, mas delicadeza, com taninos presentes, mas dóceis pelo tempo com as notas de chocolate, de especiarias, de terra, fazenda, baunilha. Um vinho que os prêmios, os diversos prêmios corroboram a sua qualidade. O tempo definitivamente foi generoso com este rótulo que ouso dizer que teria mais alguns anos pela frente. 15 aniversários para 42 aniversários. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html