domingo, 10 de outubro de 2021

Anciano Gran Reserva Tempranillo 2006

 

Hoje é o dia do meu aniversário! Dia de celebração? Em tese sim, afinal mais um ano de vida, mas há tempos que não festejo aniversário da forma convencional, com convidados, festas etc. Não que eu esteja deprimido ou não queira as pessoas que tanto amo perto de mim neste momento dito tão importante, é porque simplesmente não me interessa mesmo esse “formato”. Entretanto o conceito de celebração não pode e tão pouco deve ser colocado de lado, sobretudo quando se tem, na vida, o vinho que é a personificação da celebração.

Então já que o momento pede algo especial e que o mencionado vinho pode significa, entre outras coisas, a celebração, por que não convergir tudo isso? Juntar tudo a nosso favor? Degustar um belo vinho no meu aniversário? Está aí uma boa “harmonização”, levando a coisa para o mundo do vinho.

Como alguns “entendidos” costumam dizer: Precisa acertar na escolha de um vinho mais imponente para essa data tão importante que é o aniversário. Outra coisa que sempre me colocou a pensar, a contextualizar: Existem vinhos para momentos em especial? Claro que em um dia de sol na praia ou na piscina um bom vinho branco ou rosé bem leve e frutado é o ideal ou aquele vinho robusto, barricado e complexo para um churrasco ou dia frio, mas existe um vinho específico para aniversário, comemoração, promoção profissional etc?

Todo vinho é especial, todo vinho quando derramado na sua taça, escolhido por você para degustar é especial, independente da sua proposta, do que você entrega. Se você o escolheu se tornou, desde já, especial. Mas apesar dessas discussões o dia pede, o momento é propício!

O vinho de hoje é especial! Eu o comprei há dois anos, um pouco mais de dois anos e decidi esperar esse tempo todo para que o vinho completasse exatamente 15 anos de safra! Sim! 15 anos de idade! Espero que a sua evolução tenha sido satisfatória, que o vinho tenha envelhecido bem e que proporcione complexidade, personalidade e a elegância da maturidade.

O vinho que, por algum tempo hibernou na adega, finalmente foi retirado dela com uma expectativa do tamanho da sua longevidade, de sua vida muito bem resolvida, evoluída, pronto para o meu deleite, para a celebração. A rolha saiu e de cara os aromas terciários já se revelaram a expectativa em profusão, os sentidos aguçados.

A taça inundada do vinho, os sentidos transbordam de curiosidade! O vinho que degustei e gostei veio da Espanha, da região de Valdepeñas, e se chama o já famoso Anciano Gran Reserva da casta Tempranillo da safra 2006. É um prazer degustar um vinho de 15 anos de safra e que evoluiu por 10 anos na garrafa antes de sair da vinícola, além de 18 meses de passagem por barricas de carvalho. É simplesmente demais! E ainda de “quebra” tem uma região que nunca degustei: Valdepeñas. Então, antes de falar do vinho, falemos dessa importante região produtora de vinhos na Espanha.

Valdepeñas DO

A D.O. Valdepeñas fica imediatamente ao sul de Castilla-La Mancha, que fica no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção é destinada à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

Cidades com muitas histórias para contar, eternamente ligadas -como os seus vinhos- à história de Espanha de alguns dos seus filhos ou aos acontecimentos históricos que protagonizaram os nomes dos seus solos como: D. Álvaro de Bazán, primeiro Marquês de Santa Cruz; Francisco de Quevedo ou o regicídio entre Pedro I e Enrique II de Castela.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um vermelho rubi intenso, com alguns reflexos violáceos, mas também com aquele acastanhado, uma cor atijolada se revelando devido aos 15 anos de safra, mas ainda vivo graças a um incomum brilho, com uma proeminente concentração de lágrimas finas e densas que desenhavam as bordas do copo.

No nariz o destaque para o buquê aromático, um estágio de complexidade, onde se destacam as notas de frutas secas e frutos secos também, um toque de amêndoa, talvez, o discreto toque amadeirado, com toques de baunilha, de couro, de terra, de fazenda, especiarias.

Na boca é delicado, elegante, redondo, não é estruturado, mas complexo, o aporte de 18 meses de barricas de carvalho entrega o toque, também discreto, da madeira, um pouco de rusticidade, talvez, os taninos macios e dóceis, o tempo denuncia essa condição, mas com uma incrível acidez que mostrou um vinho ainda vivo e pleno. Final persistente e longo.

Muito mais do que um aniversário, é celebrar o tamanho de um longevo, mas pleno, expressivo e elegante vinho que amadureceu que evoluiu maravilhosamente por 10 anos em garrafa, vagarosamente, pacientemente até sair da bodega para ganhar o mundo, as mesas dos mais exigentes e ávidos enófilos com seus aguçados sentidos. Um vinho de 15 anos que abrilhantou mais um ano de minha vida que celebro grandemente com esse rótulo que de fato merece ser chamado de “GRAN”, um grandioso vinho que é complexo, aromático que entrega de forma indelével as características marcantes da casta mais popular e emblemática da Espanha, a Tempranillo que com o aporte da madeira, longos 18 meses de passagem, garantem personalidade, equilíbrio, mas delicadeza, com taninos presentes, mas dóceis pelo tempo com as notas de chocolate, de especiarias, de terra, fazenda, baunilha. Um vinho que os prêmios, os diversos prêmios corroboram a sua qualidade. O tempo definitivamente foi generoso com este rótulo que ouso dizer que teria mais alguns anos pela frente. 15 aniversários para 42 aniversários. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 

 

 






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