sábado, 12 de setembro de 2020

Roche Mazet Cabernet Sauvignon 2017


A França sempre foi conhecida pela sua vinicultura, sobretudo em regiões como Bordeaux, por exemplo. Sempre foi considerada pelos seus vinhos austeros, sisudos e caros, muito caros! O valor alto era a certeza, embora essa questão seja subjetiva, de que o vinho tinha qualidade. Pelo menos aqueles com “três dígitos”. Ao longo do tempo, talvez por conta desses absurdos quesitos, tive dificuldade de escolher e degustar os vinhos franceses, afinal não tinha condições de me adequar a preços com três dígitos, a valores altos. E por muito tempo minha expectativa de degustar os franceses ficava cada vez mais distante e isso perdurou por um longo tempo. Mas quando passei a ler um pouco mais sobre vinhos, pesquisando novas ou desconhecidas regiões, aquelas ditas “alternativas” e principalmente diversifiquei meus pontos de compra de vinhos comecei a perceber que há sim vinhos franceses mais acessíveis, monetariamente falando, bem como regiões, embora pouco mencionadas, que pudessem entregar surpreendentes vinhos. Foi mais ou menos assim que descobri a região de Languedoc-Roussillon. E quando degustei o meu primeiro rótulo dessa região, o Le Petit Cochonet da casta Sauvignon Blanc eu não o escolhi por ser necessariamente desta região, embora eu soubesse de onde este vinho tenha vindo. Lembro-me o que me chamou a atenção neste vinho foram alguns comentários elogiosos acerca do mesmo e o consequente valor bem atrativo. Quando o degustei foi como um mundo novo surgindo diante dos meus olhos. É possível degustar vinhos franceses a um preço baixo! E assim o foi também com este rótulo, agora um tinto. Eu precisava degustar outro novo vinho do Languedoc-Roussillon.

O vinho que degustei e gostei, como já não é novidade, vem do Languedoc-Rousillon e se chama Roche Mazet da casta Cabernet Sauvignon (100%), da safra 2017. Trata-se de um IGP (Indication Géographique Protégée que em tradução literal significa: Indicação Geográfica Protegida) e também um “Pays D’Oc”. Mas, antes de falar sobre o vinho, seria interessante falar sobre esses termos: “IGP” e “Pays D’Oc”. O que significam e o que isso influencia no vinho que nós degustamos?

IGP (Indication Géographique Protégée), o antigo “Vin de Pays”

O Vin de Pays significa “Vinho Regional”. Para nós brasileiros seria algo como “vinho do interior” ou “country wine” para os americanos. O Vin de Pays tem uma liberdade maior na hora da produção, ainda que submetidos a rigorosas regras. Esses vinhos não foram produzidas conforme a classificação AOC, que veremos adiante. Nessa categoria, podemos ter vinhos com nome do tipo de uva, como acontece no Brasil, Argentina e Chile. O Vin de Pays pode ter no rótulo “Cabernet Sauvignon”, já um AOC, não. É uma chance de o mercado francês competir melhor com os vinhos do “Novo Mundo”. É importante frisar que nem sempre o Vin de Pays indica qualidade inferior ao AOC. Muitas vezes o Vin de Pays é caro e de qualidade extrema, inclusive, pode ser produzido com o resto da produção de uvas que irão para o AOC. O Vin de Pays, a partir de 2009, foi substituído pelo IGP – Indication Géographique Protégée. O mesmo acontece aqui. Por motivos estratégicos, as vinícolas não usarão o IGP por um bom tempo. Essa mudança será introduzida aos poucos. Mas se você encontrar um IGP saiba que significa o mesmo que Vin de Pays.

“Pays D’Oc” ou simplesmente os vinhos do Languedoc-Roussillon

Com vinhedos cultivados desde o ano 125 a.C., Languedoc-Roussillon é uma das regiões vinícolas mais importantes da França, responsável por ¼ de todo o vinho produzido no país. Na opinião de vários autores, como a inglesa Jancis Robinson, a região origina algumas das melhores relações qualidade e preço de toda a França. Boa parte da produção é dedicada aos famosos e saborosos “Vin de Pays d’Oc”, contando ainda com importantes AOC (Apelação de Origem Controlada) como Minervois, Fitou, Corbières e Coteaux du Langedoc. Quando elaborados pelos melhores produtores, são vinhos cheios de fruta e sabor, com boa complexidade, corpo e um delicioso acento regional, perfeitos para acompanhar as refeições. Languedoc-Roussillon é uma vasta área vitivinícola, que traz um acentuado toque mediterrâneo e um rico histórico de cultivo de vinhas e produção de vinhos, um ciclo que teve início há mais de 2.000 anos com as colônias gregas e romanas.

Languedoc-Roussillon

Um cauteloso processo de subdivisão de Languedoc-Roussillon em terroirs reconhecidamente distintos está em andamento há alguns anos, originando as apelações Clairette du Languedoc, La Clape, Picpoul de Pinet, entre outras. Algumas encontram-se bem estabelecidas, com anos de certificação, outras estão conquistando aos poucos seu espaço perante o mundo do vinho. Com um solo bastante fértil, as uvas tintas encontradas com maior facilidade na região francesa são a Syrah, Grenache, Cinsault, Carignan, Merlot e Cabernet Sauvignon. Entre as variedades brancas, encontram-se Rolle, Clairette, Terret, Boubolenc, Muscat, Maccabéo, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Picpoul, Marsanne e Viognier. A diversidade de vinhos encontrada na região francesa é imensa. Os exemplares tintos vãos desde os frutados até os encorpados, e estão sendo cada vez mais produzidos com sucesso. Os vinhos brancos podem ser mais complexos ou nítidos, variando entre os doces e oxidados até leves e secos. Languedoc-Roussillon produz também magníficos vinhos de sobremesa e espumantes de muito prestígio; seus rosés são intensos, pálidos e muito perfumados. A tradição de Languedoc-Roussillon estende-se por anos, e a região é dona de constante evolução e muita variedade. A região tornou-se uma respeitada produtora, dando origem a vinhos de qualidade e prestígio perante todo o mundo. Atualmente o Languedoc vem se tornando tão excitantes para vinhos tintos robustos e frutados a preços convidativos. De trinta anos para cá vinicultores pioneiros ajudaram a elevar a qualidade para novos níveis. As uvas Syrah, Grenache e Mourvèdre ocuparam o lugar da Carignan e a procura pela qualidade reduziu a primazia dos vinhos populares. No período de 1982 a 1993, sub-regiões como Faugères, Minervois e Limoux enquadram-se como Denominação de Origem Controlada. Corbières, o vinhedo mais amplo da França Meridional, corre atrás com tintos apimentados da Grenache.

E agora o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi intenso, com bordas violáceas e lágrimas finas e em profusão, que teimam em desenhar as paredes do copo.

No nariz traz notas de frutas vermelhas que explodem nas narinas de forma exuberante, como amora, cereja, além de um discreto e agradável toque de baunilha e especiarias, algo como pimentão.

Na boca é sedoso, elegante, de corpo leve para médio, fácil de degustar, mas complexo, ao mesmo tempo, com a presença marcante das frutas vermelhas e especiarias, com o toque da madeira na medida ideal privilegiando as características da cepa. O produtor não informa o tempo de passagem por barrica de carvalho, mas acredito que tenha em torno de 4 a 6 meses de passagem por madeira. Tem taninos domados e acidez correta, na medida e um final frutado e levemente amadeirado.

Um vinho moderno, com uma nova cara, sem virar as costas para a essência dos vinhos franceses. É assim que defino o Roche Mazet Cabernet Sauvignon. Termos como elegância, equilíbrio e harmonia sintetizam esse vinho, aliada a personalidade marcante típica da Cabernet Sauvignon. Maciez, elegância e personalidade, se entrelaçam em uma sinergia maravilhosa que se traduz nesse belíssimo Cabernet Sauvignon. Notas de frutas trazem o frescor e a descontração e a passagem por madeira te convida para viajar em uma grata complexidade deste vinho que expressa o que há de melhor no Languedoc-Roussillon. A propósito o nome “Roche Mazet” é uma homenagem às características e a tipicidade da região: “Roche” é a palavra francesa para “rocha” em referência aos solos calcários argilosos da região de Pays d'Oc. “Mazet” é um abrigo de pedra para agricultores, viticultores e criadores, simbolizando uma pessoa no meio das vinhas. O vinho tem 12,5% de teor alcoólico.


Sobre a Roche Mazet:

Fundada em 1998 dentro da Société des Vins de France, a única ambição da Roche Mazet é comercializar um vinho Pays d'Oc bem feito e acessível. A marca foi lançada em 1998 com uma pequena gama de duas variedades: Cabernet Sauvignon e Sauvignon. A gama cresceu, acrescentando novas castas e diferentes formatos. Hoje, a Roche Mazet oferece 7 variedades de vinhos tranquilos e 3 espumantes.

Sobre a Maison Castel:

O Grupo Castel, que é proprietário da vinícola Roche Mazet, foi fundado no ano de 1949 pela família que sempre teve o objetivo de satisfazer os seus clientes e consumidores, oferecendo qualidade a preços bons. Com entusiasmo, paixão, vontade e pragmatismo, a propriedade desde o início aprecia os valores histórico, geográfico e cultural que estão relacionados ao vinho. Com algumas dezenas de hectares repletos de vinhedos de castas autóctones, como Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, a vinícola sempre escolheu o caminho da aliança entre a tradição e a modernidade. Atualmente o Grupo Castel é um dos mais importantes produtores de vinhos franceses e exporta seus exemplares para diversos países de todo o mundo.

Mais informações acesse:



Fontes de pesquisa sobre a região do Languedoc-Roussillon e IGP (Indication Géographique Protégée):






sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Baía dos Golfinhos branco 2019


Que os vinhos da região de Setúbal já fazem parte da minha simples vida de enófilo e, claro, do meu paladar, eu não tenho mais dúvidas. Eu não degustei muitos vinhos dessa estimada região lusitana, mas os poucos que degustei até o momento, fez com que eu me apaixonasse plenamente por essa região a ponto de ter pelo menos um rótulo da Península de Setúbal em minha humilde adega. E por não ter degustado tantos vinhos dessa região ainda, tenho tido algumas novas experiências muito agradáveis e dessa vez não foi diferente. Hoje será a minha primeira degustação de um vinho branco de Setúbal. Mas não se enganem pois apesar do vinho ser da Península de Setúbal este se mostra com a cara do Brasil, oriundo de regiões tropicais que traz as similaridades dos recursos naturais do Brasil e, claro que essas características refletem decisivamente na proposta do vinho: leve, fresco, despretensioso e muito saboroso e melhor: um custo baixo, um valor muito atrativo.

O vinho que degustei e gostei veio como disse, da Península de Setúbal e se chama Baía dos Golfinhos, da tradicional Casa Ermelinda Freitas, com o tradicional corte das castas Fernão Pires (85%) e Arinto (15%), da jovem safra de 2019. Antes eu havia dito das similaridades da região a qual o vinho foi produzido com a natureza tropical do Brasil. Falarei da Baía dos Golfinhos.

Baía de Golfinhos, Setúbal

A área envolvente à Baía de Setúbal é conhecida pela variedade e qualidade das suas áreas vínicas. A Península de Setúbal é rodeada pelo oceano Atlântico e pelos rios Tejo e Sado. A região, situada a sul de Lisboa, é essencialmente marcada pelo turismo e pelas grandes explorações vitícolas. Desde as grandes explorações dominadas pela casta Castelão até ao Moscatel, um dos vinhos generosos nacionais, esta região sempre teve um lugar cimeiro na história dos vinhos portugueses. A Baía de Setúbal é o centro geográfico de um ecossistema rico e variado. Este é o local onde reside permanentemente uma comunidade de cerca de 30 golfinhos (uma das 3 comunidades permanentes de golfinhos na Europa), mas a baía abraça também, a cidade de Setúbal, a península de Tróia, o Parque Natural da Arrábida e ainda a Reserva Natural do Estuário do Sado. O Parque Natural da Arrábida ocupa uma superfície de 17 mil hectares, dos quais 5 mil hectares pertencem ao Parque Marinho Prof. Luiz Saldanha, oferecendo assim uma miríade de cenários ideais para os seus momentos de lazer. A Reserva Natural do Estuário do Sado é uma fonte riquíssima de património natural, cultural e o local ideal para atividades de lazer. Entre a observação de aves e golfinhos, não pode perder uma visita aos marcos arqueológicos do neolítico, dos fenícios e dos romanos. As águas calmas da Baía dos Golfinhos e áreas envolventes proporcionam o cenário ideal para todo o tipo de atividades náuticas, que vão desde o mergulho, canoagem, vela, até ao kite surfing. É como essa exuberância natural que o vinho Baía dos Golfinhos foi concebido.

Baía dos Golfinhos, Setúbal

E agora finalmente falemos do vinho!

Na taça tem um lindo amarelo palha com reflexos esverdeados já tendendo para ao dourado, muito brilhante e se observa também que o vinho é gaseificado, com pequenos gases, “bolinhas” que já denuncia o caráter fresco do vinho.

No nariz explode uma explosão de frutas brancas, cítricas, como pêssegos, maracujá, pera, maça verde e que, ao girar a taça, irrompe sem perdão nas narinas. Sem falar das notas florais, flores brancas.

Na boca é fresco, jovem, elegante, com um bom volume de boca, preenche a boca, mostrando personalidade, com uma acidez vivaz e equilibrada e um toque mentolado e adocicado, diria, mas sem ser enjoativo. Sem falar da explosão frutada que é o destaque deste vinho. Com um final de média persistência.

Mais uma vez o terroir fala mais alto em Portugal. Um branco estupendo! Essa é a palavra que define bem o Baía dos Golfinhos. Frutas, notas florais, frescor, jovialidade, características essas que permeiam a estrutura natural de onde veio. Como costumamos dizer, diria de forma eloquente: cultura e tipicidade dentro de uma garrafa. Assim é o Baía de Golfinhos branco. Um vinho que harmoniza muito bem com carnes brancas, comidas de entrada, frios, queijos leves ou, diante de sua nobre simplicidade pode ser degustado sozinho. Um senhor vinho que me surpreendeu positivamente, me arrebatou pelo seu custo X beneficio insuperável. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Ermelinda Freitas:

A empresa, iniciada em 1920 por Deonilde Freitas, continuada por Germana Freitas e mais tarde por Ermelinda Freitas, sempre dedicou especial atenção ao vinho. Pelo desaparecimento precoce do seu marido, Manuel João de Freitas, Ermelinda deu continuidade à empresa com colaboração da sua filha única, Leonor, que embora com formação fora da área vitivinícola, tomou a liderança da empresa reforçando assim a presença feminina na sua gestão. Desde a primeira geração que esta casa aposta na qualidade das vinhas e dos vinhos, que inicialmente eram produzidos e vendidos a granel sem marca própria. Foi com a atual gestão que se deu a grande mudança de se  criar marcas próprias. Assim, em 1997, iniciou-se um novo ciclo com o “Terras do Pó” tinto, primeiro vinho produzido e engarrafado da Casa Ermelinda Freitas. elo trabalho desenvolvido, Leonor Freitas foi agraciada a 10 de Junho de 2009 com a comenda de Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial Classe do Mérito Agrícola Comendador por Sua Excelência o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

As vinhas

Herdando 60 ha de vinhas de apenas duas castas: Castelão e Fernão Pires, situadas em Fernando Pó na região de Palmela, Leonor Freitas com o seu espírito inovador e diferenciador introduziu uma diversidade de castas como a Trincadeira, Touriga Nacional, Aragonês, Syrah, Alicante Bouschet, entre outras. Sendo a Casa Ermelinda Freitas proprietária neste momento de 440 hectares de vinha, onde 60% são de Castelão, 30% de variedades tintas como Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Franca, Merlot and Petit Verdot, e 10% de uvas brancas como Fernão Pires, Chardonnay, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc e Moscatel de Setúbal. Dada a localização privilegiada da exploração, nela são produzidos alguns dos melhores vinhos da região.

Mais informações acesse:


Fonte de pesquisa sobre a Baía dos Golfinhos

Site “Baía dos Golfinhos”: http://abaiadosgolfinhos.pt/

domingo, 6 de setembro de 2020

Rebgarten Riesling 2018


Sempre tive a impressão de que os vinhos alemães estavam distantes de mim, ou seja, nunca tive a expectativa de degustar os vinhos germânicos. Confesso não saber exatamente o motivo: talvez pela baixa oferta de rótulos disponíveis no mercado brasileiro ou ainda pelo fato dos poucos vinhos disponíveis por aqui serem de um custo demasiadamente alto. Sempre li ou ouvi dizer que os Rieslings alemães eram os melhores e de que todo bom enófilo deveria, ao menos uma vez na vida, degustar um Riesling alemão. Ao longo dos anos alimentei esse sonho para mim: degustar um Riesling alemão, eu precisava ter essa oportunidade em minha vida e, cada vez que eu lia e conhecia um pouco sobre a história da vitivinicultura alemã e as características marcantes do Riesling eu nutria essa necessidade de degustar, ao menos um rótulo dessa casta, desse país. Foi quando meu grande amigo Paulo me diz que ganhara um Riesling alemão e me convidou para degusta-lo junto com ele a referia garrafa, fiquei animado, primeiramente, é claro, com o nosso reencontro e também em degustar o tão esperado Riesling alemão.

O vinho que degustei e gostei veio da região de Mosel, Alemanha e se chama Rebgarten da casta Riesling (100%), da safra 2018. Pronto! O momento chegou, o vinho estava diante de mim! O tão desejado Riesling alemão iria povoar a minha taça! Tudo me parecia, é de fato era tão novo! País, castas, regiões vinícolas, tudo era novidade. E como tal, precisamos contar um pouco a história de tudo e todos. Comecemos então pela região de Mosel, depois falemos sobre as definições dos vinhos alemães que sempre me pareceu algo distante.

Mosel, a terra do Riesling

Os rios Mosela, Sarre e Ruwer deslizam por curvas estreitas e tortuosas através de um território no qual os celtas e os romanos já cultivavam vinho 2.000 anos atrás. A região do Mosela, que leva a denominação alemã Mosel, é a mais antiga região vinícola da Alemanha e a maior região de cultivo de vinho em encostas. As encostas e terraços voltados para o sul ou sudoeste proporcionam um microclima excelente para as uvas, como também para plantas e animais raros. Por isso, os vinhos minerais e elegantes do Riesling das encostas, produzidos na região do Mosela, Sarre e Ruwer, estão entre os melhores vinhos brancos do mundo. 

Mosel

Com 8.800 hectares de vinhedos, Mosel é a quinta maior região vinícola da Alemanha. A uva Riesling é a número 1 nas encostas de vinhedos: 5.273 hectares (60%) estão cultivados com a rainha das uvas brancas. Uma especialidade da região Mosel é a antiga casta Elbling, que só é cultivada em maiores quantidades na região do Alto Mosela (Obermosel). Outras variedades importantes de vinho branco são Müller-Thurgau, também chamada de Rivaner, além da Weißer e Grauer Burgunder. 90% de todos os vinhos são brancos, as castas de tintos, como Blauer Spätburgunder, Dornfelder, Regent e outras, ocupam apenas 10% do território cultivado. Os atuais vinhedos estão sobre terrenos que antes ficavam no fundo do mar, em praias ou áreas de maré: sedimentos de oceanos pré-históricos tornaram-se montanhas e sofreram erosão ao longo de milhões de anos. As encostas do Sarre do Ruwer e do Médio Mosela são compostas de ardósia devoniana com mais de 400 milhões de anos. No Baixo Mosela, entre Zell e Kobelnz, há arenito de quatzito e cal com ardósia. O Alto Mosela pertence à Bacia Parisiense. Ali as videiras estão sobre rochas de dolomita, com solos de coquina, Keuper e marga. Uma especialidade é a chamada "Rotliegend" em Ürzig/Médio Mosela, uma rocha vermelha de origem vulcânica. O Mosela e seus afluentes causaram uma profunda erosão nas montanhas conhecidas Rheinische Schiefergebirge, criando com isso as condições geológicas e climáticas necessárias para a vinicultura. Devido à localização protegida dos vales, a região é uma das zonas climáticas mais quentes da Alemanha, e o acúmulo de calor dos rios impede geadas. Invernos pouco rigorosos e verões amenos são comuns. A temperatura média anual fica entre 9,1 e 10,5 graus Celsius, a quantidade anual de chuvas tem uma média de 800 mm. A duração média de luz do sol por ano é de 1.370 Stunden.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho. Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais. O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade. Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.


Deutscher Wein

São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein

Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA)

É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.
Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora o vinho!

Na taça o vinho apresenta um amarelo palha com reflexos esverdeados, muito brilhantes e de aspecto límpido.

No nariz é muito delicado, com aromas de frutas brancas e tropicais como pera, maça verde, abacaxi, com notas florais.

Na boca traz um discreto e agradável toque adocicado, sem soar enjoativo, lembra mel, sendo frutado, com uma bela acidez, alguma cremosidade e um final mineral bem persistente.

Um belo Riesling alemão, um Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA), da região de Mosel que é digno de reverências. Pronto! Graças a esse belo Riesling aprendi um pouco sobre o vinho alemão e suas definições de qualidade. Mas melhor do que isso, foi degustar esse vinho fresco, leve, graças a sua bela acidez. Um vinho maiúsculo, saboroso e que vai ficar na minha história. Ah ela vai continuar a ser escrita pois em minha adega já tem outro rótulo alemão da casta Riesling, o que já é outra história que em breve será escrita. Tem 10,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland eG:

Dificuldades econômicas como uma história de sucesso

Às vezes, é a necessidade que torna as pessoas criativas e, portanto, se torna a base de uma história de sucesso específica. Foram as dificuldades econômicas que levaram os viticultores de Moselle há mais de cem anos, inicialmente em associações menores e depois em cooperativas de viticultores.

Associação de cooperativas regionais

Em 1968, as cooperativas de viticultores regionais de Ernst e Wehlen e a vinícola principal de Koblenz se fundiram para se comprometerem conjuntamente com vinhos e vinicultores regionais no futuro e para combinar suas próprias tradições com as inovações necessárias. Em 1969, o Saar Winzerverein de Wiltingen seguiu a fusão e o Moselland eG foi criado, com sede em Bernkastel-Kues - uma garantia de alta qualidade consistente por décadas. Motivo suficiente para muitos vinicultores do Nahe aderirem ao conceito de sucesso em 2000.

Colaborações voltadas para o futuro

Desde 2004, Moselland eG tem cooperado com a cooperativa vinícola de Nierstein (Rheinhessen) e a cooperativa vinícola regional de Rietburg. Este último resultou na fusão com a cooperativa Palatinate em 2011.

Mais informações acesse:


Fontes de pesquisa:










Cooperativa Agrícola de Felgueiras (Vinho Verde)


Já ouviu falar que a nobreza vem da simplicidade? Quando li essa frase pela primeira vez e, embora eu não conheça o dono dela, a mesma se aplica fielmente aos vinhos e que infelizmente muitos “aristocráticos do vinho” não entendem. Não é porque o vinho é simples que ele será ruim, nem sempre é assim! Quando o vinho simples e básico atinge a sua proposta ele, apesar de simples, é nobre, é fantástico. É como costumamos dizer que o vinho vale mais do que entrega. Não se enganem com o status dos altos valores do vinho, vinho é prazer, é degustação, é celebração! Não é, não pode ser encarado como condição e poderio econômico de ninguém. Essa cultura ostentação e subjugação usando o vinho como um produto de poder tem de acabar. O mais importante é ter o vinho como alimento, como celebração e fonte inesgotável de cultura, democratizando-o a todos sem distinção de raça, credo ou condição socioeconômica. Esse vinho veio junto com novas amizades, veio junto com reencontros, esse vinho ajudou a protagonizar bons momentos entre velhos e novos amigos.

E nada mais apropriado para este momento do que um vinho verde, aquele típico e imprescindível vinho verde: leve, fresco, despretensioso, agradável e saboroso, como uma boa amizade deve ser. E, para ficar ainda melhor, o clima também conspirou maravilhosamente para a degustação de um vinho verde: um dia quente, agradável, solar, a combinação mais do que perfeita com os fatores da natureza a qual o vinho é oriundo, faz parte de forma ímpar.

O vinho que degustei e gostei, veio da famosa região dos Vinhos Verdes, de uma sub-região chamada Felgueiras e que leva o nome do vinho: Cooperativa Agrícola de Felgueiras, um DOC composto pelas típicas castas da região: Loureiro, Pedernã e Azal e não é safrado.

Descobri que a região de Felgueiras é conhecida pelos vinhos verdes, principalmente, de baixíssimo teor alcoólico, jovens, leves, para degustação rápida, sendo uma ode ao bem estar e bom convívio com pessoas que gostamos. Então, mesmo simples, ele foi especial, pois estava com velhos e novos amigos compartilhando momentos de grande celebração. E você já começa com o brasão da região com dois cachos de uvas, mostrando a vocação de uma região de produção de vinhos de excelência, de tipicidade, de identidade com os grandes vinhos verdes. Então vamos falar um pouco mais de Felgueiras.



Felgueiras

Felgueiras é uma cidade portuguesa no Distrito do Porto, região Norte e sub-região Tâmega, com cerca de 15.525 habitantes, inserida na freguesia de Margaride. É sede de um município com 115,62 km² de área e 58.922 habitantes (2006), subdividido em 32 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Fafe, a nordeste por Celorico de Basto, a sueste por Amarante, a sudoeste por Lousada e a noroeste por Vizela e Guimarães. O município é constituído por quatro centros urbanos: a Cidade de Felgueiras, a Cidade da Lixa, a Vila de Barrosas e a Vila da Longra. Verdadeiro coração da NUT Tâmega, constitui hoje uma centralidade importante no mapa de auto-estradas e itinerários principais, uma garantia sólida de afirmação das inúmeras potencialidades reais concelhias. Os bordados são uma das mais ricas tradições do concelho, que emprega cerca de dois terços das bordadeiras nacionais. O filé ou ponto de nó, o ponto de cruz, o bordado a cheio, o richelieu e o crivo são exemplos genuínos do produto artesanal de verdadeiras mãos de fada. Os sabores autênticos da gastronomia, a frescura e intensidade dos aromas dos vinhos e o ambiente de grande animação proporcionam momentos inesquecíveis. Dando corpo a essa riqueza, foi já constituída a “Confraria do Vinho de Felgueiras”, destinada a divulgar e defender o vinho e a gastronomia felgueirenses. Felgueiras, com 58 000 habitantes é um dos concelhos com a população mais jovem do país e da europa. Uma terra de excepção que aposta na valorização dos seus recursos humanos, na consolidação do campus politécnico, no desenvolvimento econômico (pleno emprego e centro de negócios) e na consolidação das suas infra-estruturas. Marcada pela invulgar capacidade empreendedora do seu povo é responsável por 50% da exportação nacional de calçado, por um terço do melhor Vinho Verde da Região e por um valioso patrimônio cultural. Felgueiras é um dos municípios com maior desenvolvimento do Norte do País.

Felgueiras

A primeira referência histórica a Felgueiras data de 959, no testamento de Mumadona Dias, quando é citada para identificar a vila de Moure: "In Felgaria Rubeans villa de Mauri". Felgueiras deriva do termo felgaria, que significa terreno coberto de fetos que, quando secos, são avermelhados (rubeans). Havendo quem afirme que o determinativo Rubeans se deve a que o local foi calcinado pelo fogo. Existem historiadores que afirmam que Felgueiras recebeu foral do conde D. Henrique. No entanto, apenas se conhece o foral de D. Manuel a 15 de Outubro de 1514. No entanto, já em 1220, a terra de Felgueiras contava com 20 paróquias (conhecidas hoje em dia como freguesias) e vários mosteiros e igrejas. Em 1855, ao ser transformado em comarca, Felgueiras ganhou mais doze freguesias. Em 13 de Julho de 1990 Felgueiras foi elevada à categoria de cidade.

E agora o vinho!

Na taça apresenta uma incrível cor amarela dourada, bem intensa, com alguns discretos tons esverdeados.

No nariz há a já típica predominância de frutas brancas, cítricas e tropicais com um agradável toque floral.

Na boca é seco, fresco, leve, com o toque frutado também em evidência, lembrando melão, maça verde, pera, lima, com uma média acidez que em contato com a língua trazia aquela já característica cócegas. Tem um final frutado e persistente.

Um vinho com a cara do Brasil, mesmo sendo tradicional e oriundo de terras lusitanas, sendo leve, fresco, saboroso, refrescante e com um teor alcoólico que traduz essa condição, em torno dos 10%. Um vinho simples, mas excelente, como a amizade e a sua celebração.

Sobre a Vercoope:

A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar, comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas cooperativas. A união permitiu juntar a produção de 4 000 viticultores e lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade, dimensão e competitividade. A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em competições de vinhos e imprensa especializada. A Vercoope produz anualmente 8 milhões de garrafas de Vinho Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope – União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está inserida na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, considerada a maior região demarcada de Portugal e uma das maiores do mundo, essencialmente devido à sua extensão e da área dos solos dedicados à cultura da vinha, a que acresce uma significativa percentagem de população diretamente dependente do sector vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde. A Vercoope é uma entidade vocacionada para o engarrafamento, comercialização e distribuição de Vinho Verde e integra na sua estrutura as adegas cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra que representam no seu conjunto explorações vitícolas de cerca de 5000 viticultores. Situada em Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e tecnologicamente avançada, quer com meios técnicos quer com meios humanos, tem potenciado, desde a sua fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do Vinho Verde, promovendo a sua divulgação, o seu consumo e a valorização do produtor. Com mais de meio século de atividade a defender uma política de qualidade e prestígio para os seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa por direito próprio, um lugar de destaque no sector, sendo muito naturalmente considerada uma instituição de referência no panorama regional e nacional.

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Fonte pesquisada sobre a região de Felgueiras: “Terras de Portugal” em: http://www.terrasdeportugal.pt/felgueiras



Real Grei Alicante Bouschet e Trincadeira 2018


Definitivamente o Alentejo é a minha região preferida de produção vitivinícola de Portugal. E não é apenas a predileção, tem também um aspecto sentimental, histórico em minha vida enófila. Conheci os vinhos portugueses pelo Alentejo. Foi a minha porta de entrada para os vinhos lusitanos. E lembro-me bem dos meus primeiros vinhos. O que deveria ser uma espécie de “ensaio” em meu primeiro contato com as autóctones castas portuguesas, bem como os seus rótulos, com vinhos mais básicos ou simples das vinícolas eu comecei com uma “prova de fogo”: com vinhos mais robustos e amadeirados. Talvez por esse motivo tenha sido marcante em minha vida de imediato. O impacto que, para muitos aspirantes do mundo do vinho, poderia ser um tanto quanto insólito e desastroso, para mim foi arrebatador, foi único. E hoje tive o prazer de rememorar os momentos fantásticos de outrora dos meus primeiros contatos com o Alentejo e suas castas e tipicidade com um belo e surpreendente rótulo que um grande amigo adquiriu e que me convidou, gentilmente, em sua casa, para degustarmos o mesmo. Melhor que ter amigos é ter amigos que nos presenteia e gosta de vinhos.

Então o vinho que degustei e gostei, como disse, veio da abençoada terra do Alentejo, em Portugal, se chama Real Grei composto pelas castas Alicante Bouschet e Trincadeira da safra 2018. Esse misto de castas autóctones e estrangeiras vem sendo adotada em Portugal e revela um mix muito interessante, trazendo personalidade aos vinhos e um caráter mais moderno, mas respeitando seus aspectos mais tradicionais. Então, já que falamos sobre tradição e terrior, falemos um pouco, antes de descrever o vinho, um pouco dessa fantástica região: Alentejo.

Alentejo

A história do Alentejo anda de mãos dadas com a história de Portugal e da Península Ibérica, ex-hispânicos, assim como, pertencentes a época de civilizações romana, árabe e cristãs. Em muitos lugares no Alentejo encontrar provas da civilização fenícia existente à 3000 anos atrás. Fenícios, celtas, romanos, todos eles deixaram um importante legado da era antes de Cristo, na região que é hoje o Alentejo. Uma terra onde a cultura e tradição caminham lado a lado. Os romanos deixaram nesta região o legado mais importante, escritos, mosaicos, cidades em ruínas, monumentos, tudo deixado pelos romanos, mas não devemos esquecer as civilizações mais antigas que passaram pela zona deixando legados como os monumentos megalíticos, como Antas. Após os romanos e os visigodos, os árabes, chegaram a esta terra com o cheiro a jasmim, antes da reconquista, que chegou com a construção de inúmeros castelos, alguns deles construídos sobre mesquitas muçulmanas e a construção de muralhas para proteger a cidade e as cidades que foram crescendo. Desde essa altura até hoje, o Alentejo tem continuado o seu crescimento, um crescimento baseada na agricultura, pecuária, pesca, indústria, como a cortiça e desde o último século até aos nossos dias, com o turismo com uma ampla oferta de turismo rural. Situado na zona sul de Portugal, o Alentejo é uma região essencialmente plana, com alguns acidentes de relevo, não muito elevados, mas que o influenciam de forma marcante. Embora seja caracterizada por condições climáticas mediterrânicas, apresenta nessas elevações, microclimas que proporcionam condições ideais ao plantio da vinha e que conferem qualidade às massas vínicas. 

Alentejo

As temperaturas médias do ano variam de 15º a 17,5º, observando-se igualmente a existência de grandes amplitudes térmicas e a ocorrência de verões extremamente quentes e secos. Mas, graças aos raios do sol, a maturação das uvas, principalmente nos meses que antecedem a vindima, sofre um acúmulo perfeito dos açúcares e materiais corantes na película dos bagos, resultando em vinhos equilibrados e com boa estrutura. Os solos caracterizam-se pela sua diversidade, variando entre os graníticos de "Portalegre", os derivados de calcários cristalinos de "Borba", os mediterrânicos pardos e vermelhos de "Évora", "Granja/Amarelega", "Moura", "Redondo", "Reguengos" e "Vidigueira". Todas estas constituem as 8 sub-regiões da DOC "Alentejo".

E finalmente falemos do vinho!

Na taça tem um vermelho rubi escuro, profundo, até um pouco caudaloso, o que se deve a participação da Alicante Bouschet, cuja característica, entre outras, é de uma casta muito escura, predominantemente escura. Uma profusão de lágrimas, grossas e que teimava em desenhar as paredes do copo.

No nariz é extremamente complexo, aromático, trazendo notas de frutas maduras, como figo, ameixa preta e frutas secas também. Apresenta um toque amadeirado, um discreto toque de baunilha, diria também um defumado, graças aos 9 meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca vem a percepção clara da fruta madura, das frutas secas, das notas de especiarias, de ervas, com a madeira em evidência, mas que, em nenhum momento, descaracterizou as castas, mostrando estrutura, corpo, graças ao Alicante Bouschet, tendo a Trincadeira com a missão de “abrandar” o vinho. Tem taninos presentes e gordos, mas domados, devido a passagem do vinho por madeira, com uma acidez correta. Um final particularmente agradável, com um toque de chocolate e muito persistente.

Um vinho robusto, ainda jovem, poderíamos degusta-lo em 5 a 8 anos tranquilamente, tinha vocação de guarda, mas foi uma experiência única e fantástica ter degustado esse rótulo com apenas dois anos de safra. O álcool estava na primeira taça um pouco desequilibrado, afinal, é um vinho jovem e de robustez etílica, com 14,5% de teor alcoólico, mas que logo na segunda taça, após um tempo com o vinho respirando logo ficou equilibrado, com o seu teor alcoólico equilibrado. É o que o vinho é: equilibrado, gastronômico, harmonioso, poderoso e saboroso, muito saboroso. Só tenho a agradecer o meu amigo Paulo por ter me convidado em sua casa e ter proporcionado a mim esse belo rótulo. E como curiosidade o nome do vinho, “Real Grei” é uma homenagem ao rei ao seu povo. Santo Povo ou Santa Nação é a sua benção.


Sobre a Carmin Reguengos:

CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz – foi criada em 1971 por um grupo de 60 viticultores com o objetivo de produzir e comercializar vinho, a partir da uva de um grupo de viticultores da região.


Contando hoje com cerca de 850 associados, a que correspondem 3.600 hectares de vinha, a CARMIM tem construído, ao longo destes anos de história, vinhos e azeites de qualidade CARMIM, os quais passaram a ser sinónimo de excelência. A empresa lidera o mercado nacional no segmento dos vinhos de qualidade. A CARMIM possui atualmente cerca de 900 associados e produz 74 referências de vinhos: dos brancos aos tintos, dos jovens aos reservas, passando pelos licorosos, rosé e espumantes. A CARMIM também produz aguardente e azeites de reconhecida qualidade. Os vinhos da CARMIM têm sido distinguidos com mais de 600 prémios em vários concursos nacionais e internacionais. Entre as marcas de vinho da CARMIM destacam-se o Monsaraz Premium, Espumante Monsaraz, Garrafeira dos Sócios, Bom Juiz, Régia Colheita, Monsaraz Millennium, Monsaraz, Reguengos, Terras d’el Rei e Olaria. Existem ainda os vinhos Monsaraz monovarietais – Gouveio, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Syrah – bem como a Aguardente Terras d’el Rei, o Reguengos Licoroso, a Aguardente Vínica Velha e ainda o Vinho Licoroso Edição Comemorativa dos 40 Anos da CARMIM. Para além do vinho, a CARMIM também produz azeites de qualidade nas gamas Terras d’el Rei e Monsaraz. A qualidade da matéria-prima, oriunda de uma região de denominação de origem, é uma das mais-valias desta Cooperativa, a par do capital humano e de um complexo agroindustrial de 8 hectares, onde se destacam as adegas, uma para vinhos regionais, outra para vinhos DOC e o pavilhão de engarrafamento, dotados da mais alta tecnologia. Aqui podem ser vinificados 1.500.000 quilos de uva por dia, engarrafadas 21.000 garrafas por hora e armazenados até 33 milhões de litros. A CARMIM é a maior adega do Alentejo e uma das maiores do País, sendo um dos principais motores de desenvolvimento socio-económico da região de Reguengos de Monsaraz, funcionando como suporte essencial para as empresas agrícolas associadas e respetivas famílias. A Carmim possui uma das tecnologias mais avançadas da Península Ibérica, ao nível da produção e engarrafamento de vinhos, sendo uma adega de excelência em Portugal. O Grupo CARMIM aposta no mercado nacional com a empresa Monsaraz Vinhos S.A., responsável por toda a comercialização e distribuição no canal Horeca, já a empresa ENOFORUM é responsável pela exportação do Grupo CARMIM, exportando atualmente para mais de 34 países. As duas empresas, juntamente com a CARMIM, constituem o Grupo CARMIM.

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McGuigan Black Label Syrah 2016


O vinho verdadeiramente celebra e tem um poder de agregar. Há tempos não via um amigo de longa data e, depois de muitas tentativas, algumas frustradas, de promover um reencontro, finalmente esse tão esperado momento aconteceu. E vos digo, desde já que, o que motivou esse momento, além da amizade que nos une, foi o interesse comum pelo vinho. Ah o vinho, mais uma vez este sendo preponderante na vida das pessoas, na minha vida e das pessoas a quem tenho apreço. Ele decidiu adentrar o universo agradável do vinho. Ele sempre teve uma relação com a nobre bebida, mas a relação passou a ser mais amorosa a partir de agora e eu, como um zeloso amigo, tento, com todas as minhas energias, ajudar, de alguma forma a fazer com que ele siga, de forma intensa e passional, nessa adorável caminhada e descubra mais e mais, tendo muitas experiências. Então, após um convite para a sua casa, decidi caprichar na escolha do rótulo para levar e degustarmos, recheando o nosso tão esperado reencontro. Confesso que tenho esse momento, da escolha de um rótulo, como uma grande responsabilidade, afinal, proporcionar a uma pessoa que se entrega de corpo e alma ao vinho, um belo e inusitado rótulo, é no mínimo especial. Então fui às compras! Demorei em escolher, precisava caprichar escolher propostas que vai de encontro aos anseios e predileções do meu bom amigo. Procurei, rótulos dançaram em minhas mãos, até que um me chamou a atenção e percebi que poderia deixá-lo no mínimo curioso em degustar.

Afinal de contas não é sempre que degustamos um vinho australiano, até mesmo para o maior e mais experimentado dos enófilos. Então pensei: É este! Um típico Shiraz australiano! E não é por ser um típico Shiraz australiano que será algo banal, porém uma experiência arrebatadora, que sacudirá todos os sentidos que elevarão a nossa alma e coração a cada taça cheia. Não há como não se curvar para os Shirazs australianos, sobretudo os do Sul da Austrália. Tive algumas experiências com eles e sempre foram satisfatórias e com esse rótulo não foi diferente. O vinho que degustei e gostei, com o meu bom amigo, foi o McGuigan Black Label, da casta Shiraz, da safraa 2016. Então, para não perder tempo falemos um pouco do Sul da Austrália.

South Australia

É dessa região que provêm as uvas para a produção do mítico Grange. A cidade mais destacada é Adelaide. As macrorregiões vitivinícolas estão localizadas ao redor dela. As mais importantes são: ao sul, a Ilha Kangaroo, e, ao sudeste, Limestone Coast. Nos arredores de Adelaide estão Southern Fleurieu, Currancy Creek, Langhorne Creek, Adelaide Hills, McLaren Vale, Adelaide Plains, Eden Valley, Barossa Valley, Clare Valley, Coonawarra e Riverland etc. Todas elas produzem muito bons vinhos, mas deve-se destacar Barrossa Valley, Eden Valley, Clare Valley e McLaren Vale, como berço de verdadeiras obras-primas da Austrália. 

Sul da Austrália

São dessas quatro regiões os mais disputados vinhos do país. Além do Grange, ali se encontram Shiraz maravilhosos de Barossa, Clare e Eden Valleys e McLaren Vale. Neste último, temos - além dos mais prestigiados Shiraz do país - excepcionais tintos à base da casta Grenache. E, por último, vale mencionar que a região de Coonawarra produz muitos Cabernet Sauvignon de respeito. A diversidade de castas é vasta. Pelas dimensões, os climas variam muito, desde um mais quente e continental em Riverland, para um pouco menos quente, em Barossa Valley, para o mais frio em Coonawarra. As regiões costeiras ao redor de Adelaide recebem brisas marítimas, reduzindo a umidade.

 E agora vamos ao vinho!


Na taça tem um vermelho rubi escuro, mas não profundo, apresentando bonitos reflexos violáceos e muito brilhantes com finas e abundantes lágrimas mostrando, desde já, corpo e voluptuosidade.

No nariz é extremamente aromático, expressando toda a sua fruta, frutas vermelhas maduras como cereja, ameixa e frutas do bosque, algo terroso também.

Na boca reproduz as impressões olfativas, além de ter um bom volume de boca, sendo encorpado, mas macio, equilibrado, harmonioso, com taninos gordos, mas sedosos, boa acidez que o torna fresco, com o famoso picante tão típico da casta Syrah. Com final marcante e persistente.

Um clássico Shiraz australiano desfilando em nossos copos que, tilintando, celebrou e promoveu o reencontro entre nós depois de muito tempo. A amizade foi corroborada e teve neste belíssimo vinho a testemunha para este momento. Saboroso e encorpado, mas macio, com bastante fruta. Um vinho versátil e eclético, com personalidade marcante, mas muito fácil de degustar. Harmonioso e equilibrado harmoniza com pratos mais simples, de refeição e outros mais elaborados. Tem 13,5% de teor alcoólicos muito bem integrados ao conjunto do vinho.

Sobre a McGuigan Wines:

Em 1880 Owen McGuigan, pai de Perc, mora em Hunter Valley. Trabalhando nas vinhas para complementar a renda de sua fazenda de gado leiteiro, Owen sempre encontrava tempo para convidar amigos e compartilhar um ou dois copos. Seu espírito pioneiro e trabalho árduo estabeleceram as bases para o legado da família McGuigan.

1930 – 1950

Perc McGuigan, uma figura maior do que a vida em Hunter Valley, trabalhou seu caminho desde o cultivo de vinhas até o gerenciamento de uma importante vinícola de Hunter Valley, onde a porta do porão estava sempre aberta para novas idéias e novos amigos. Em um momento de grandes mudanças na indústria vinícola australiana, Perc esteve sempre na vanguarda - transmitindo suas ideias pela linhagem familiar para os filhos Neil e Brian. Em reconhecimento ao seu papel na formação do sucesso do vinho de Hunter, Perc foi nomeado uma Lenda Viva de Hunter Valley.

1960 – 1980

O nome McGuigan se torna sinônimo da nova onda do vinho australiano. Brian McGuigan traz uma nova abordagem para a produção de vinho e administração de uma vinícola. Primeiro gerenciando uma vinícola de grande sucesso em Hunter Valley e, em seguida, construindo seu próprio grande negócio de vinhos com a ajuda da esposa Fay e do irmão mais novo Neil. Trabalhando na adega de sua vinícola no início dos anos 70, Brian McGuigan não era o enólogo isolado usual. Ansioso para descobrir quais vinhos e estilos seus clientes gostavam, Brian rapidamente se torna um campeão do consumidor de vinho. Mais tarde na vida, Brian se junta ao pai Perc ao ser nomeado uma Lenda Viva de Hunter Valley.

1992 – 1999

McGuigan Wines como o conhecemos agora é iniciado por Brian McGuigan e sua esposa Fay. O irmão mais novo Neil McGuigan traz seus talentos de vinificação para a vinícola. Compartilhando o amor pelo bom vinho, paixão, dedicação e um compromisso inabalável com vinhos de qualidade, o trio é a força motriz por trás da McGuigan Wines. Graças ao trabalho tenaz de Brian McGuigan e da esposa Fay, a McGuigan Wines conquistou o mundo, entrando em mais de 20 mercados de exportação diferentes. Vinho de qualidade ajudam McGuigan a se tornar um pioneiro na exportação de vinhos australianos.

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