sábado, 12 de setembro de 2020

Roche Mazet Cabernet Sauvignon 2017


A França sempre foi conhecida pela sua vinicultura, sobretudo em regiões como Bordeaux, por exemplo. Sempre foi considerada pelos seus vinhos austeros, sisudos e caros, muito caros! O valor alto era a certeza, embora essa questão seja subjetiva, de que o vinho tinha qualidade. Pelo menos aqueles com “três dígitos”. Ao longo do tempo, talvez por conta desses absurdos quesitos, tive dificuldade de escolher e degustar os vinhos franceses, afinal não tinha condições de me adequar a preços com três dígitos, a valores altos. E por muito tempo minha expectativa de degustar os franceses ficava cada vez mais distante e isso perdurou por um longo tempo. Mas quando passei a ler um pouco mais sobre vinhos, pesquisando novas ou desconhecidas regiões, aquelas ditas “alternativas” e principalmente diversifiquei meus pontos de compra de vinhos comecei a perceber que há sim vinhos franceses mais acessíveis, monetariamente falando, bem como regiões, embora pouco mencionadas, que pudessem entregar surpreendentes vinhos. Foi mais ou menos assim que descobri a região de Languedoc-Roussillon. E quando degustei o meu primeiro rótulo dessa região, o Le Petit Cochonet da casta Sauvignon Blanc eu não o escolhi por ser necessariamente desta região, embora eu soubesse de onde este vinho tenha vindo. Lembro-me o que me chamou a atenção neste vinho foram alguns comentários elogiosos acerca do mesmo e o consequente valor bem atrativo. Quando o degustei foi como um mundo novo surgindo diante dos meus olhos. É possível degustar vinhos franceses a um preço baixo! E assim o foi também com este rótulo, agora um tinto. Eu precisava degustar outro novo vinho do Languedoc-Roussillon.

O vinho que degustei e gostei, como já não é novidade, vem do Languedoc-Rousillon e se chama Roche Mazet da casta Cabernet Sauvignon (100%), da safra 2017. Trata-se de um IGP (Indication Géographique Protégée que em tradução literal significa: Indicação Geográfica Protegida) e também um “Pays D’Oc”. Mas, antes de falar sobre o vinho, seria interessante falar sobre esses termos: “IGP” e “Pays D’Oc”. O que significam e o que isso influencia no vinho que nós degustamos?

IGP (Indication Géographique Protégée), o antigo “Vin de Pays”

O Vin de Pays significa “Vinho Regional”. Para nós brasileiros seria algo como “vinho do interior” ou “country wine” para os americanos. O Vin de Pays tem uma liberdade maior na hora da produção, ainda que submetidos a rigorosas regras. Esses vinhos não foram produzidas conforme a classificação AOC, que veremos adiante. Nessa categoria, podemos ter vinhos com nome do tipo de uva, como acontece no Brasil, Argentina e Chile. O Vin de Pays pode ter no rótulo “Cabernet Sauvignon”, já um AOC, não. É uma chance de o mercado francês competir melhor com os vinhos do “Novo Mundo”. É importante frisar que nem sempre o Vin de Pays indica qualidade inferior ao AOC. Muitas vezes o Vin de Pays é caro e de qualidade extrema, inclusive, pode ser produzido com o resto da produção de uvas que irão para o AOC. O Vin de Pays, a partir de 2009, foi substituído pelo IGP – Indication Géographique Protégée. O mesmo acontece aqui. Por motivos estratégicos, as vinícolas não usarão o IGP por um bom tempo. Essa mudança será introduzida aos poucos. Mas se você encontrar um IGP saiba que significa o mesmo que Vin de Pays.

“Pays D’Oc” ou simplesmente os vinhos do Languedoc-Roussillon

Com vinhedos cultivados desde o ano 125 a.C., Languedoc-Roussillon é uma das regiões vinícolas mais importantes da França, responsável por ¼ de todo o vinho produzido no país. Na opinião de vários autores, como a inglesa Jancis Robinson, a região origina algumas das melhores relações qualidade e preço de toda a França. Boa parte da produção é dedicada aos famosos e saborosos “Vin de Pays d’Oc”, contando ainda com importantes AOC (Apelação de Origem Controlada) como Minervois, Fitou, Corbières e Coteaux du Langedoc. Quando elaborados pelos melhores produtores, são vinhos cheios de fruta e sabor, com boa complexidade, corpo e um delicioso acento regional, perfeitos para acompanhar as refeições. Languedoc-Roussillon é uma vasta área vitivinícola, que traz um acentuado toque mediterrâneo e um rico histórico de cultivo de vinhas e produção de vinhos, um ciclo que teve início há mais de 2.000 anos com as colônias gregas e romanas.

Languedoc-Roussillon

Um cauteloso processo de subdivisão de Languedoc-Roussillon em terroirs reconhecidamente distintos está em andamento há alguns anos, originando as apelações Clairette du Languedoc, La Clape, Picpoul de Pinet, entre outras. Algumas encontram-se bem estabelecidas, com anos de certificação, outras estão conquistando aos poucos seu espaço perante o mundo do vinho. Com um solo bastante fértil, as uvas tintas encontradas com maior facilidade na região francesa são a Syrah, Grenache, Cinsault, Carignan, Merlot e Cabernet Sauvignon. Entre as variedades brancas, encontram-se Rolle, Clairette, Terret, Boubolenc, Muscat, Maccabéo, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Picpoul, Marsanne e Viognier. A diversidade de vinhos encontrada na região francesa é imensa. Os exemplares tintos vãos desde os frutados até os encorpados, e estão sendo cada vez mais produzidos com sucesso. Os vinhos brancos podem ser mais complexos ou nítidos, variando entre os doces e oxidados até leves e secos. Languedoc-Roussillon produz também magníficos vinhos de sobremesa e espumantes de muito prestígio; seus rosés são intensos, pálidos e muito perfumados. A tradição de Languedoc-Roussillon estende-se por anos, e a região é dona de constante evolução e muita variedade. A região tornou-se uma respeitada produtora, dando origem a vinhos de qualidade e prestígio perante todo o mundo. Atualmente o Languedoc vem se tornando tão excitantes para vinhos tintos robustos e frutados a preços convidativos. De trinta anos para cá vinicultores pioneiros ajudaram a elevar a qualidade para novos níveis. As uvas Syrah, Grenache e Mourvèdre ocuparam o lugar da Carignan e a procura pela qualidade reduziu a primazia dos vinhos populares. No período de 1982 a 1993, sub-regiões como Faugères, Minervois e Limoux enquadram-se como Denominação de Origem Controlada. Corbières, o vinhedo mais amplo da França Meridional, corre atrás com tintos apimentados da Grenache.

E agora o vinho!

Na taça tem um vermelho rubi intenso, com bordas violáceas e lágrimas finas e em profusão, que teimam em desenhar as paredes do copo.

No nariz traz notas de frutas vermelhas que explodem nas narinas de forma exuberante, como amora, cereja, além de um discreto e agradável toque de baunilha e especiarias, algo como pimentão.

Na boca é sedoso, elegante, de corpo leve para médio, fácil de degustar, mas complexo, ao mesmo tempo, com a presença marcante das frutas vermelhas e especiarias, com o toque da madeira na medida ideal privilegiando as características da cepa. O produtor não informa o tempo de passagem por barrica de carvalho, mas acredito que tenha em torno de 4 a 6 meses de passagem por madeira. Tem taninos domados e acidez correta, na medida e um final frutado e levemente amadeirado.

Um vinho moderno, com uma nova cara, sem virar as costas para a essência dos vinhos franceses. É assim que defino o Roche Mazet Cabernet Sauvignon. Termos como elegância, equilíbrio e harmonia sintetizam esse vinho, aliada a personalidade marcante típica da Cabernet Sauvignon. Maciez, elegância e personalidade, se entrelaçam em uma sinergia maravilhosa que se traduz nesse belíssimo Cabernet Sauvignon. Notas de frutas trazem o frescor e a descontração e a passagem por madeira te convida para viajar em uma grata complexidade deste vinho que expressa o que há de melhor no Languedoc-Roussillon. A propósito o nome “Roche Mazet” é uma homenagem às características e a tipicidade da região: “Roche” é a palavra francesa para “rocha” em referência aos solos calcários argilosos da região de Pays d'Oc. “Mazet” é um abrigo de pedra para agricultores, viticultores e criadores, simbolizando uma pessoa no meio das vinhas. O vinho tem 12,5% de teor alcoólico.


Sobre a Roche Mazet:

Fundada em 1998 dentro da Société des Vins de France, a única ambição da Roche Mazet é comercializar um vinho Pays d'Oc bem feito e acessível. A marca foi lançada em 1998 com uma pequena gama de duas variedades: Cabernet Sauvignon e Sauvignon. A gama cresceu, acrescentando novas castas e diferentes formatos. Hoje, a Roche Mazet oferece 7 variedades de vinhos tranquilos e 3 espumantes.

Sobre a Maison Castel:

O Grupo Castel, que é proprietário da vinícola Roche Mazet, foi fundado no ano de 1949 pela família que sempre teve o objetivo de satisfazer os seus clientes e consumidores, oferecendo qualidade a preços bons. Com entusiasmo, paixão, vontade e pragmatismo, a propriedade desde o início aprecia os valores histórico, geográfico e cultural que estão relacionados ao vinho. Com algumas dezenas de hectares repletos de vinhedos de castas autóctones, como Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, a vinícola sempre escolheu o caminho da aliança entre a tradição e a modernidade. Atualmente o Grupo Castel é um dos mais importantes produtores de vinhos franceses e exporta seus exemplares para diversos países de todo o mundo.

Mais informações acesse:



Fontes de pesquisa sobre a região do Languedoc-Roussillon e IGP (Indication Géographique Protégée):






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