sábado, 14 de janeiro de 2023

Vitis Barbera 2018

 

Estamos, creio, testemunhando uma volta ao passado na vitivinicultura do Brasil ou a recuperação de um passado, não sei dizer exatamente. Estamos presenciando um “boom” de castas autóctones italianas em nossos terroirs.

Cepas como Sangiovese, Teroldego, Barbera e por aí o vai são alguns dos exemplos de algumas clássicas uvas, tendo outras, não muito conhecidas, despontando em nossas terras, sobretudo no sul do Brasil, mais precisamente em Santa Catarina.

Alguns produtores por lá cultivam apenas castas oriundas da Itália! E o que estou tentando dizer com uma volta ao passado? Nos primórdios de nossa jovem vitivinicultura, foram os italianos, os imigrantes, que desbravaram as nossas selvagens, intocáveis terras e cultivaram algumas cepas americanas, haja vista que o clima não “harmonizou” com as castas vitis viníferas que os italianos trouxeram consigo.

Hoje com toda a tecnologia e a expertise dos seus descendentes, com uma retaguarda de capital de algumas verdadeiras indústrias do vinho, estão revistando o passado de seus desbravadores cultivando castas do país da bota.

A Itália e suas castas estão sendo revisitadas em terras brasilianas trazendo o passado para o presente, mas enaltecendo a tipicidade do local, das terras brasileiras. E não se enganem que seja apenas no sul do Brasil, no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina, mas há informações de que no Centro Oeste brasileiro algumas vinícolas estão produzindo a Barbera! Sensacional!

E por falar em Barbera a minha degustação de hoje trará uma vinícola de peso, de tradição que tem, em seu portfólio, um clássico feito de outro clássico piemontês, a Barbera.

Uma junção de clássicos que entrega uma casta tradicional, com um rótulo tipicamente da Serra Gaúcha, talvez a mais emblemática e icônica região produtora de vinhos, não só do Brasil, mas da América Latina.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio do Vale Trentino, entre Caxias do Sul e Farroupilha, na Serra Gaúcha, um brasileiro chamado Vitis da clássica italiana Barbera da safra 2018.

Um pouco sobre a linha “vitis”: os varietais dessa linha de rótulos, a Barbera e também a Marselan, fazem parte de uma categoria de uvas raras no Brasil e representam os resultados surpreendentes que o terroir do Vale Trentino oferece para estas castas europeias sem passagem por barrica. A linha foi lançada após mais de 10 anos do plantio das videiras, momento no qual se percebeu que as mesmas haviam revelado sua tipicidade na região.

Serra Gaúcha

Situada a nordeste do Rio Grande do Sul, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela da vitivinicultura brasileira, destacando-se pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produz. Para qualquer enófilo indo ao Rio Grande do Sul, é obrigatório visitar a Serra Gaúcha, especialmente Bento Gonçalves.

Serra Gaúcha

A região da Serra Gaúcha está situada em latitude próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas exatamente na época que antecede a colheita, período crucial à maturação das uvas. Quando as chuvas são reduzidas, surgem ótimas safras, como nos anos 1999, 2002, 2004, 2005 e 2006.

A partir de 2007, com o aquecimento global, o clima da Serra Gaúcha se transformou, surgindo verões mais quentes e secos, com resultados ótimos para a vinicultura, mas terríveis para a agricultura.

Desde 2005 o nível de qualidade dos vinhos tintos vem subindo continuamente, graças a esta mudança e também do salto de tecnologia de vinhedos implantado a partir do ano 2000.

Vale Trentino, Distrito de Forqueta

Localizada a 15Km da área central da cidade de Caxias do Sul, a Região Administrativa de Forqueta tem como característica principal a produção de vinhos e uvas, que responde por cerca de 90% da sua economia rural. Conta a história de que o nome surgiu devido a abertura de uma casa de comércio no entroncamento da Estrada Geral com a estrada que levava aos Santos Anjos. O entroncamento tinha a forma de um garfo, uma “forchetta” em italiano, derivando aí o nome de Forqueta.

Distrito de Forqueta (Destaque)

Vale Trentino é o nome do roteiro que faz parte dessa região, um percurso que reúne atrativos em Caxias do Sul e Farroupilha. Tem duas características fortes: o cultivo da uva, com lindos vales e parreirais, o que garante um belo passeio para contemplar as lindas paisagens. No centro está o museu da Uva e do Vinho Plínio Slomp.

Outra característica é a religiosidade dentre as 15 capelas em diferentes localidades do interior, uma é em devoção a Nossa Senhora da Salete, a padroeira dos agricultores e de São Roque, em Farroupilha, que data de 1898 e é uma das mais antigas.

Forqueta ainda tem a Festa do Vinho Novo, realizada a cada dois anos nos três primeiros finais de semana de julho. O evento conta com exposições, shows, desfiles temáticos e culinária típica.

Barbera, o “vinho do povo”.

Uma das maiores uvas italianas, ficando atrás apenas da Sangiovese, a uva Barbera, conhecida anteriormente por produzir vinhos de menor qualidade, hoje é responsável por vinhos nobres e notáveis. Esta casta passou, pelos últimos anos, uma verdadeira história de superação. Trata-se da uva que é responsável pelo vinho que os piemonteses consomem no dia a dia, daí o nome que foi concedido pelas pessoas da região: “o vinho do povo”.

Acredita-se que a uva Barbera tem origem nas montanhas de Monferrato, na região central de Piemonte, na Itália. Alguns documentos, datados entre 1246 e 1277, encontrados na Catedral da Casale Monferrato, detalham acordos relacionados a vinhedos plantados com “de bonis vitibus barbexinis”, a uva Barbera.

Contudo, um ampelógrafo chamado Pierre Viala especula que ela se originou em Oltrepò Pavese, na região da Lombardia. Nos séculos 19 e 20, ondas de imigrantes italianos trouxeram esta cepa para a Califórnia, Argentina e outros lugares nas Américas. Em 1985, um evento trágico relacionado à uva Barbera envolveu produtores adicionando ilegalmente metanol aos vinhos.

Esta ação causou declínio no plantio e vendas da uva. Isto levou a Montepulciano tomar o posto da uva Barbera no meio da década de 90. Anteriormente considerada uva de vinhos inferiores, até o escândalo de Relações Públicas nas décadas de 80 e 90, a uva Barbera tomou um rumo de superação muito interessante.

Frutado, ele tem gosto de cerejas, morangos e framboesas. Quando jovem, o vinho Barbera pode ter aroma de mirtilos também. Com pouco tanino e alta acidez natural, a uva Barbera é uma boa pedida para harmonizar vinhos com alimentos ricos e reconfortantes, como queijos, carnes e cogumelos.

Além de Piemonte, a uva Barbera é cultivada em outras regiões da Itália, como Campania, Emilia-Romagna, Puglia, Sardenha e Sicília, somando 52.600 acres de plantação. Fora do país, a Argentina, a Austrália, os Estados Unidos e até mesmo o Brasil são outros produtores conhecidos de vinhos de qualidade com a Barbera. Em regiões quentes, como a Califórnia, nos EUA, destacam-se toques de ameixa, além do sabor frutado de cereja.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela uma cor vermelho rubi intensa, brilhante e com reflexos violáceos, com lágrimas finas e em profusão, mas rápidas.

No nariz traz o protagonismo das frutas vermelhas, remetendo a cerejas, amoras, framboesa e morango, além de delicadas expressões de especiarias.

Na boca é seco de textura leve, mas de marcante personalidade por ser untuoso, com o destaque para a fruta replicando as impressões olfativas. Tem taninos sedosos, amáveis, macios, com acidez evidente, mas equilibrada e um final de média persistência e retrogosto frutado.

Terroir, história, experiências sensoriais... Tudo parece convergir para o prazer, para a celebração de se degustar um vinho, de se ter à mesa um vinho para, primordialmente, proporcionar a alegria, o momento único de se ter em nossa humilde taça um vinho desse naipe. O passado é o presente, que inspira o futuro. Ah sim o Brasil vem ganhando expertise para o cultivo de uvas autóctones italianas e se tornará, a médio e/ou longo prazo um dos grandes produtores nesse quesito no mundo, até porque, tendo como primeira referência, o Vitis Barbera, não há como negar, mesmo que com uma dose generosa de euforia, esse momento para a história da vitivinicultura do Brasil. Que venham muitos, que o passado, o presente e o futuro se entrelacem. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Casa Perini:

Em 1876 chegava da Itália a família Perini com Giuseppe e Antônio Perini, mas somente em 1929 começaram a elaborar seus primeiros vinhos de forma artesanal no porão de sua casa, quando os fornecia para cerimônias festivas da comunidade local, no Vale Trentino, em Farroupilha.

Quatro décadas após o patriarca iniciar sua modesta produção, seu filho viria a promover mudanças maiores. Em outubro de 1970 resolve ampliar os negócios da família, fundando a Casa Perini.

Motivado e apaixonado por transformar a uva em vinho, buscam a cada ano aperfeiçoar a vinícola com equipamentos, tecnologia e equipe qualificada, pois sem uma equipe profissional a arte de elaborar vinhos perde criatividade e talento. Em 2005 a Família Perini adquire a unidade Bacardi Martini em Garibaldi agregando tecnologia ao seu processo produtivo através dos tanques “Vinimatics”, utilizados na maceração e fermentação dos vinhos tintos.

Em 2010 a vinícola foi pioneira no setor ao implantar o sistema de rastreabilidade no qual é possível, através do número do lote, rastrear todo o caminho do vinho desde o vinhedo até a garrafa. O reconhecimento vem a cada prêmio alcançado e a cada consumidor satisfeito, o que se comprova com a conquista de mais de 200 medalhas nacionais e internacionais e, principalmente, com a recente premiação do Casa Perini Moscatel, eleito o 5° melhor vinho do mundo de 2017 pela WAWWJ (World Association of Writers & Journalists of Wines & Spirits).

Mais informações acesse:

https://www.casaperini.com.br/home

Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/piemonte-grandiosa-regiao-italiana_8360.html

“Vem da Uva”: https://www.vemdauva.com.br/vinho-barbera-conheca-suas-caracteristicas/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/uvas/256-uva-barbera-conheca-o-vinho-do-povo

“Blog Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/uva-barbera-mais-plantadas-na-italia

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRAGAUCHA

“Guia de Caxias do Sul”: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/rural/categoria/regiao-de-forqueta-roteiro-vale-trentino

“Destinos do Sul”: https://destinosdosul.com/2021/02/24/uvas-e-muita-historia-no-vale-trentino-em-caxias-do-sul/






domingo, 8 de janeiro de 2023

Terras de Felgueiras Vinhão 2020

 

Algumas gratas descobertas nos enchem de alegria e orgulho, diria, no universo dos vinhos. E elas se materializam em eventos de degustação que, além das referidas descobertas, nos propicia conversar com os produtores sobre os seus rótulos, bem como o intercâmbio de informações e conhecimento com os demais participantes enófilos. 

E o rótulo de hoje, embora eu conheça o produtor, e tenha me enamorado pelos seus vinhos, eu não conhecia e me encheu de satisfação e alegria quando o localizei em um popular supermercado em minha cidade, Niterói.

O evento foi o maravilhoso “Vinho Verde Wine Experience de 2020” e o produtor é a Vercoope. Uma das adegas cooperativas da belíssima região dos Vinhos Verdes com mais entrada e representatividade de mercado aqui no Brasil.

Já tinha degustado o Terras de Felgueiras AlvarinhoLoureiro e surpreenderam pela excelente relação qualidade X preço e quando estive no evento que deixou saudades, pois lamentavelmente, desde 2020, não é realizado, encontrei o estande da Vercoope e como já era de se esperar a fila estava grande.

Mesmo tendo degustado alguns de seus rótulos e podemos incluir os da linha mais básica, eu decidi, claro, me aproximar do estande de exposição de seus vinhos e degustar novamente os rótulos que havia tido contato e quem sabe outros novos vinhos para mim.

Encontrei uma simpática expositora que já fez perguntas sobre a vinícola e com a garrafa do Alvarinho em mãos. Disse que já o conhecia, mas fiz questão de degusta-lo novamente. Mas olhando um pouco mais de atenção observei alguns espumantes feitos com a casta Loureiro (a minha preferida da região de Vinhos Verdes) e um tinto. Sim! Um vinho verde tinto!

Para os desavisados há vinho verde tinto embora seja produzido em uma escala muito baixa em proporção com relação aos já famosos brancos. Eu, interessado, tentei buscar informações acerca desses dados, desses números e infelizmente nada encontrei de atualizado, mas recordo-me que, há algum tempo atrás, eu li em algum site de que a proporção é de 85% de produção de brancos e pouco menos de 10% de tintos e em menor proporção ainda os rosés, com cerca de 5% da produção.

A predominância é dos brancos e são esses rótulos que chegam à profusão em nossas terras e chegam em relevantes números, pois são, geralmente leves e frescos, tendo e muito a ver com as nossas características climáticas.

Mas de volta ao evento eu vi um da casta Vinhão e claro me pus a experimentá-lo e a nossa simpática e atenciosa expositora fez questão de encher a minha taça e tecendo maravilhas a seu respeito. A princípio pensei: é coisa de quem está expondo, falar bem é o seu trabalho. Mas quando o degustei fui arrebatado! Estava maravilhoso! O destaque ficou para a sua excelente acidez que saliva, para os seus taninos (Sim!), mas fresco, leve e altivo.

Mas após a degustação logo lamentei: Infelizmente não poderei comprar por aqui no evento, pois não está à venda! Espero que eu consiga encontra-lo disponível para venda em algum lugar e a expositora, preocupada em me animar, disse que poderia ser encontrado em vários supermercados do Rio de Janeiro.

Então me lembrei do supermercado muito popular que havia comprado o Alvarinho. Quem sabe eu poderia encontrar o Terra de Felgueiras Vinhão. E encontrei! E por um preço tão arrebatador quanto o vinho: cerca de R$35,00! Não hesitei e comprei.

Estava animado para degusta-lo inteiro, a garrafa inteira! Eu já tinha degustado uns poucos vinhos verdes tintos com a Vinhão em blends, em cortes, não varietal como esse. Então o vinho que degustei e gostei veio da região dos Vinhos Verdes e se chama Terras de Felgueiras da casta Vinhão (100%) da safra 2020.

Antes de tecer os comentários acerca desse vinho falemos um pouco da emblemática região dos Vinhos Verdes e um pouco dessa casta que ainda é pouco conhecida pelos brasileiros: a Vinhão.

Vinhos Verdes: Entre-Douro-e-Minho

Desde o tempo da ocupação romana, antes da era cristã, a vinha era cultivada na margem sul do Rio Minho da forma característica e invulgar que se mantém até hoje. Não se trata de suposição. As referências à viticultura na região encontram-se nos escritos do naturalista Plínio, o Velho, em sua História Natural, e do filósofo Sêneca, em seu compêndio Questões Naturais. Está também documentada na legislação do Imperador Domiciano, entre 96 e 51 a.C.

Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra.

No início do século XX, ultrapassados os problemas das quebras de produção devido às pragas, foram tomadas medidas especiais para a colocação dos vinhos locais e escoamento dos excedentes. Tornava-se obrigatório, para isso, conservar a genuinidade e a qualidade dos produtos, assegurando-se seu valor do ponto de vista cultural e econômico.

O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Região dos Vinhos Verdes

A Região Demarcada dos Vinhos Verdes está dividia em nove sub-regiões, cada uma com sua característica específica e suas castas de uva recomendadas:

Sub-região de Monção e Melgaço: utilizam-se apenas as castas Pedral (tinta) e Alvarinho (branca). É de lá o mais icônico Alvarinho, com notas cítricas misturadas com nuances de aromas florais e de frutos tropicais e paladar mineral.

Sub-região de Amarante: as castas brancas são Azal e Avesso e originam vinhos com aromas frutados e com o maior teor alcoólico da Região. Mas é dos tintos que vem a fama da sub-região. Elaborados com Amaral, Vinhão e Espadeiro, são vinhos com cor carregada e muito viva.

Sub-região de Baião: também tem muita notoriedade na produção dos brancos, a partir da casta Avesso.

Sub-região de Basto: a casta Azal atinge o seu máximo potencial e resultam vinhos com aroma de limão e maçã verde muito frescos, de alta acidez.

Sub-região do Cávado: têm vinhos brancos das castas Arinto, Loureiro e Trajadura com acidez moderada e notas de frutos cítricos e de pomar. Os vinhos tintos são na maioria cortes de Vinhão e Borraçal, cor intensa vermelho granada e aromas de frutos frescos.

Sub-região do Lima: Os vinhos brancos mais famosos são produzidos a partir da casta Loureiro. Os aromas são finos e elegantes e vão desde limão até rosas.

Sub-região de Paiva: produz alguns dos tintos mais prestigiados de toda a região a partir de Amaral e Vinhão.

Sub-região do Sousa: utiliza a casta Espadeiro, principalmente para a produção de rosés, sendo alguns dos mais destacados da Região.

Sub-região do Ave: Arinto e Loureiro Trajadura juntas compõem um blend perfeito com frescura viva e notas florais e de frutas cítricas.

O uso indiscriminado dos termos “Vinhos Verdes” ou “Vinho Verde” gera muita confusão. Pode parecer uma questão simplesmente ligada ao plural, mas não é. Os termos se referem à Região dos Vinhos Verdes (plural), uma das 14 regiões demarcadas de Portugal e à Denominação de Origem Controlada (DOC) Vinho Verde (singular). Para receber o selo de Denominação de Origem Vinho Verde, os vinhos devem respeitar as normas estabelecidas pela lei. Não há restrição de área de cultivo, toda a produção realizada dentro da Região dos Vinhos Verdes pode receber o selo se respeitarem as diretrizes da DOC.

Em 1926 foi criada a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), responsável por controlar e certificar os produtos elaborados na região. Quando a amostra apresentada à CVRVV não cumpre com os requisitos legais para ser certificada como DOC, o exemplar recebe o selo IG Minho. Isso não quer dizer que o vinho é de pior qualidade, apenas que não se enquadra legalmente aos parâmetros pré-definidos. A IG Minho permite a utilização de maior variedade de castas, incluindo uvas internacionais, e regras distintas de vinificação.

Na maioria dos casos, os produtores não estão buscando necessariamente a tipicidade do vinho, mas a produção de vinhos inovadores. É comum encontrar vinhos IG Minho mais caros que os DOC Vinhos Verdes. Alguns produtores optam de forma intencional por rotular seus vinhos como Regional do Minho, até mesmo por questões de marketing e posicionamento de mercado.

A região dos Vinhos Verdes tem influência atlântica, reforçada pela orientação dos vales dos principais rios, que correndo de nascente para poente facilitam a penetração dos ventos marítimos. É observada elevada pluviosidade, temperatura amena, pequena amplitude térmica e solo majoritariamente granítico e localmente xistoso. Mas algumas regiões, por conta do microclima, apresentam características de terroir distintas. O que influencia diretamente no vinho.

Por que vinho verde?

Evidentemente, a cor do Vinho Verde não é verde. Então, por que esse nome? Duas são as versões mais conhecidas. O Vinho Verde leva esse nome porque as uvas da região, mesmo quando maduras, têm elevado teor de acidez, produzindo líquido cujas características lhes dão a aparência de vir de uvas colhidas antes da correta maturação.

A outra explicação diz que "Vinho Verde" significa "vinho de uma região verde", ou seja, a denominação deriva da belíssima paisagem local, onde o verde das terras cultivadas se perde no horizonte.

Felgueiras

Felgueiras é uma cidade portuguesa no Distrito do Porto, região Norte e sub-região Tâmega, com cerca de 15.525 habitantes, inserida na freguesia de Margaride. É sede de um município com 115,62 km² de área e 58.922 habitantes (2006), subdividido em 32 freguesias. O município é limitado a norte pelo município de Fafe, a nordeste por Celorico de Basto, a sueste por Amarante, a sudoeste por Lousada e a noroeste por Vizela e Guimarães.

O município é constituído por quatro centros urbanos: a Cidade de Felgueiras, a Cidade da Lixa, a Vila de Barrosas e a Vila da Longra. Verdadeiro coração da NUT Tâmega, constitui hoje uma centralidade importante no mapa de auto-estradas e itinerários principais, uma garantia sólida de afirmação das inúmeras potencialidades reais concelhias.

Os bordados são uma das mais ricas tradições do concelho, que emprega cerca de dois terços das bordadeiras nacionais. O filé ou ponto de nó, o ponto de cruz, o bordado a cheio, o richelieu e o crivo são exemplos genuínos do produto artesanal de verdadeiras mãos de fada. Os sabores autênticos da gastronomia, a frescura e intensidade dos aromas dos vinhos e o ambiente de grande animação proporcionam momentos inesquecíveis.

Dando corpo a essa riqueza, foi já constituída a “Confraria do Vinho de Felgueiras”, destinada a divulgar e defender o vinho e a gastronomia felgueirenses. Felgueiras, com 58 000 habitantes é um dos concelhos com a população mais jovem do país e da Europa. Uma terra de exceção que aposta na valorização dos seus recursos humanos, na consolidação do campus politécnico, no desenvolvimento econômico (pleno emprego e centro de negócios) e na consolidação das suas infraestruturas.

Marcada pela invulgar capacidade empreendedora do seu povo é responsável por 50% da exportação nacional de calçado, por um terço do melhor Vinho Verde da Região e por um valioso patrimônio cultural. Felgueiras é um dos municípios com maior desenvolvimento do Norte do País.

A primeira referência histórica a Felgueiras data de 959, no testamento de Mumadona Dias, quando é citada para identificar a vila de Moure: "In Felgaria Rubeans villa de Mauri". Felgueiras deriva do termo felgaria, que significa terreno coberto de fetos que, quando secos, são avermelhados (rubeans).

Havendo quem afirme que o determinativo Rubeans se deve a que o local foi calcinado pelo fogo. Existem historiadores que afirmam que Felgueiras recebeu foral do conde D. Henrique. No entanto, apenas se conhece o foral de D. Manuel a 15 de outubro de 1514.

 No entanto, já em 1220, a terra de Felgueiras contava com 20 paróquias (conhecidas hoje em dia como freguesias) e vários mosteiros e igrejas. Em 1855, ao ser transformado em comarca, Felgueiras ganhou mais doze freguesias. Em 13 de Julho de 1990 Felgueiras foi elevada à categoria de cidade.

Vinhão

A casta Vinhão é essencialmente apreciada pelas suas qualidades corantes, pois origina vinhos de cor vermelha intensa e opacos à luz. Pensa-se que é oriunda da zona do Minho e teria sido levada para a região do Douro, onde é conhecida por Sousão.

Vinhão no Minho e Sousão no Douro e no resto do país – dois nomes da mesma casta, duas realidades unidas geneticamente e separadas estilisticamente, duas faces da mesma moeda, cara e coroa, yin e yang. Uma casta intensa, com tudo no máximo – cor, acidez, tanino, onde as possíveis fraquezas são consequências das suas virtudes. 

O Vinhão representa um vinho popular, por vezes rústico, franco e imediato na fruta e no modo de consumo e o Sousão refere-se ao vinho de nicho, menos divulgado e mais seletivo, onde a forte personalidade da casta fica moldada pela abordagem enológica. Entretanto, presencia-se uma mudança de paradigma: há Vinhões que ultrapassam a estigma do “vinho do ano” e Sousões a fingir que são “Vinhões”, com o perdão do trocadilho.

Na viragem do século, Vinhão/Sousão era a quarta casta tinta mais plantada em Portugal, representando 3% da plantação nacional. Hoje é a 10ª casta mais plantada, com 3.772 ha a nível nacional, sendo a região do Minho responsável pela maioria das plantações, sendo a casta tinta mais cultivada da região. Com alguma expressão e peso no Douro, encontra-se também nas regiões de Trás-os-Montes, Alentejo e até no Algarve, mas é claramente minoritária, sendo mais uma curiosidade do que tendência.

Na Espanha chama-se Sousón e está bastante presente na região de Galícia: DO Monterrei, Valdeorras, Rias Baixas, sobretudo nas sub-regiões Condado do Tea e O Rosal “coladas” ao rio Minho do outro lado da fronteira. Planta-se também algum Vinhão/Sousão na África do Sul, Austrália e Califórnia, mas nos dados estatísticos aparece na categoria “outras castas” e normalmente é usada para produção dos vinhos licorosos.

É uma casta originária do Minho, mais precisamente da ribeira do Lima. Viajou para o Douro no século XVII, por volta de 1790. Nesta altura, uma das principais castas do Douro era Bastardo, muito precoce, de teor alcoólico alto, mas com intensidade de cor baixíssima, por isto o Vinhão, assumindo o nome de Sousão, veio para conferir a sua cor intensa aos vinhos do Porto como alternativa às bagas de sabugueiro.

Mas existia no Minho outra casta, também antiga, com o nome Sousão. Aparecia mencionada nos estatutos da DO Vinho Verde até há relativamente pouco tempo. Esta casta não tinha nada a ver com Vinhão, nem com Sousão no Douro, mas o nome idêntico era suficiente para criar confusão. A questão resolveu-se com alteração do nome Sousão para Sezão em 2012 na lista de castas aptas à produção de Vinhos em Portugal, passando o Sousão do Douro a sinônimo oficial do Vinhão no Minho. Existem 7 clones homologados da casta e as características variam bastante em termos de rendimento, acidez e teor alcoólico.

A Vinhão é a mais conhecida e mais divulgada casta na Região do Minho. Tem maior expressão nas sub-regiões de Lima, Basto e Ave. E Amarante é afamada pelos seus vinhos tintos com predominância de Vinhão, sobretudo da zona de Gatão.

Em 1999, Vinhão ocupava 7.928 ha, em 2017 apenas metade – 3.447 ha, mas é uma das castas mais utilizadas no âmbito de restruturação da vinha (518 ha), sendo a única casta tinta a ser replantada com esta dimensão.

Os vinhos produzidos com a casta Vinhão apresentam também elevada acidez e por vezes, ficam muito acídulos. No Douro esta casta é essencialmente utilizada para conferir boa cor ao vinho, incluindo o vinho do Porto.

Pelas suas características intrínsecas, Vinhão/Sousão dificilmente chegará ao estrelato de uma Touriga Nacional. Continuará como um vinho de nicho, a despertar o interesse dos enófilos, sobretudo nos mercados mais maduros, onde se procura diferença de estilos e se aprecia o caráter de castas autóctones.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, profundo e opaco, caudaloso, que mancha o bojo do copo, trazendo um gaseificado visível que denotam frescor e leveza.

No nariz aromas proeminentes de frutas vermelhas frescas, como ameixas, morango e até jamelão maduro, com notas herbáceas, vegetais, couro e um floral evidente que impõe uma sensação de frescor e delicadeza.

Na boca é leve, saboroso, mas com personalidade exigida pelas características marcantes da casta. Tem uma agulha destacada, aquela efervescência gostosa e instigante. O protagonismo das frutas é replicado no paladar, com taninos leves, mas com uma leve adstringência, acidez intensa que saliva a boca, com um final persistente.

A Região dos Vinhos Verdes ainda consegue me surpreender, me trazer gratas e espetaculares experiências sensoriais. O vinho, no auge de sua simplicidade, traz tanta complexidade ao aroma e principalmente no paladar com sua explosão de acidez e taninos, mas entregando frescor e leveza como tem de ser um legítimo e típico vinho verde. E essa característica faz da casta parte de um nicho, de poucos apreciadores e logo poucos rótulos como esse chegam até nós, brasileiros. Mas para aqueles que vislumbram novidades e, consequentemente sair da temível “zona de conforto”, o Terras de Felgueiras Vinhão é o ideal. Tem 11% de teor alcoólico.

Sobre a Vercoope:

A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar, comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas cooperativas. A união permitiu juntar a produção de 4 000 viticultores e lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade, dimensão e competitividade.

A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em competições de vinhos e imprensa especializada. A Vercoope produz anualmente 8 milhões de garrafas de Vinho Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope – União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está inserida na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, considerada a maior região demarcada de Portugal e uma das maiores do mundo, essencialmente devido à sua extensão e da área dos solos dedicados à cultura da vinha, a que acresce uma significativa percentagem de população diretamente dependente do sector vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde.

A Vercoope é uma entidade vocacionada para o engarrafamento, comercialização e distribuição de Vinho Verde e integra na sua estrutura as adegas cooperativas de Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra que representam no seu conjunto explorações vitícolas de cerca de 5000 viticultores. Situada em Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e tecnologicamente avançada, quer com meios técnicos quer com meios humanos, tem potenciado, desde a sua fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do Vinho Verde, promovendo a sua divulgação, o seu consumo e a valorização do produtor.

Com mais de meio século de atividade a defender uma política de qualidade e prestígio para os seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa por direito próprio, um lugar de destaque no sector, sendo muito naturalmente considerada uma instituição de referência no panorama regional e nacional.

Mais informações acesse:                                                                       

https://vercoope.pt/

Referências:

“Terras de Portugal” em: http://www.terrasdeportugal.pt/felgueiras

“Vinho Virtual”: https://www.vinhovirtual.com.br/uvas-351-Vinh%C3%A3o

“Grandes Escolhas”: https://grandesescolhas.com/vinhao-vs-sousao-a-dupla-face-de-uma-uva/

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinho-verde-bebida-portuguesa-do-verao_8317.html

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-paisagem-que-deu-nome-ao-vinho_2744.html

“Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/indicacao-geografica-ig-denominacao-de-origem-do/regioes-demarcadas-de-portugal/regiao-dos-vinhos-verdes/

 







sábado, 7 de janeiro de 2023

Anciano Reserva Tempranillo 2011

 

Alguns rótulos aos poucos vão atingindo status de sucesso comercial com vendas altas, com representatividade de mercado, graças também a propagandas agressivas por parte de alguns sites especializados em vendas de vinho, principalmente por causa de exclusividade de venda ou coisas similares.

Nada melhor, penso, para um vinho ganhar notoriedade por intermédio de seus enófilos, para aquele que o compra, independentemente de sua classe social, de seu poder aquisitivo, de que posição está na famosa “pirâmide social”. Afinal vinho é para quem o degusta.

E um ótimo exemplo disso é a famosa linha de vinhos espanhóis da “Anciano”. Lembro-me bem que quando o comprei, quando comprei um rótulo, ele estava na faixa dos R$40 a R$ 50. Isso em 2019! Há quase quatro anos essa era a média do vinho em um famoso e-commerce de vinhos brasileiros.

Mas como vivemos em um país com taxas altas de impostos que incidem no vinho e também pela ganância desmedida de alguns revendedores, o valor atingiu, com a sua linha “Gran Reserva” quase R$100! Sim! Três dígitos em pouco menos de quatro anos!

Essa é a realidade de um país que encara o vinho, bebida cientificamente comprovada como benéfica a saúde, como meramente uma bebida alcoólica. Infelizmente a carga tributária e o custo Brasil são entraves para a difusão da cultura do vinho em terras brasileiras.

Mas não vou entrar, pelo menos por enquanto, nessa discussão, embora urgente e necessária, mas falar na minha primeira experiência com a linha “Anciano” que custou em 2019, R$ 44,50, pasme, para um Gran Reserva! Mas também não gozava ainda de grande sucesso, apesar da propaganda agressiva de vendas.

Lembro que o abri em meu aniversário com um amigo de longa data e como ele tinha outro rótulo de safra distinta, sugeri que fizéssemos uma “mini degustação vertical” com os dois rótulos que tínhamos!

Os rótulos eram o Anciano Gran Reserva 2006 e 2008! Os dois degustados em 2021! 15 e 13 anos de garrafa, respectivamente. Não preciso dizer a excitação que estávamos para degusta-los. A experiência foi especial e arrebatadora. Prometi, à época, que tornaria a degustar qualquer outro rótulo da linha.

E a oportunidade surgiu pouco mais de um ano depois e com a sua “versão Reserva” e melhor: com uma garrafa Magnum, ou seja, uma garrafa que contém um litro e meio de vinho! Uma grande e desafiadora novidade para mim. Mas com isso veio uma dúvida: Como degustar, sozinho, uma garrafa, em um dia, que tem um litro e meio?

Para mim parece um tanto quanto difícil degustar todo ele em um dia. Então decidi fazer algo que há tempos não fazia: degustar o vinho em duas etapas, isto é, em dois dias. Sequer me lembro de quando foi a última vez que degustei o vinho em dois ou mais dias. Até o meu famoso “vácuo vin” estava um tanto quanto aposentado, devido pouco uso.

E o rótulo também conta com algum tempo em garrafa que, para mim, já é outro atrativo para o vinho. Cerca de 12 anos de garrafa! Não preciso dizer também da minha excitação para com a degustação.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região espanhola de Valdepeñas, que fica em Castilla La Mancha, e se chama Anciano Reserva da casta Tempranillo (100%) da safra 2011. Para não perder o costume vamos de história e falar de Valdepeñas, em Castilla La Mancha.

Valdepeñas


A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são destinadas à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.


E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi com certa transparência, mas também traz alguma intensidade, quase opaco e halos “atijolados”, com lágrimas finas e abundantes e lentas que desenham a borda do copo.

No nariz inicialmente se mostrou tímido nos aromas, mas logo apresentou notas de frutas pretas maduras com destaque para ameixa e cereja, os 12 meses em barricas de carvalho trouxe notas amadeiradas, um discreto toque de torrefação, café, tabaco, especiarias, baunilha e caramelo.

Na boca o tempo, os seus doze anos de garrafa personificaram em um vinho elegante e macio, taninos sedosos, finos e amáveis, porém surpreende pela acidez vivaz, altiva. As notas frutadas replicam no paladar e em sinergia com o carvalho que traz o aporte de características como baunilha, terra molhada, madeira, além de um final de média persistência com um retrogosto frutado.

Aos 12 se mostrou vivo e pleno, mas elegante. O tempo lhe foi gentil. Surpreendeu pela acidez vivaz e intensa, as notas frutadas evidentes. Pouco denotou a idade do vinho, apenas a sua tonalidade granada, os halos “atijolados” que deu um caráter lindo ao aspecto visual com um vermelho rubi que embora tenha se revelado intenso, mostrou também alguma transparência. Um Tempranillo sedoso, macio e saboroso. Enfim, mais uma vez a linha “Anciano” não decepcionou. Tem 13% de teor alcoólico.

Algumas curiosidades sobre a linha Anciano:

A história dos rótulos da Anciano começou quando Guy Anderson, enólogo do Reino Unido, decidiu explorar outros países para produção de seus vinhos e, assim, conheceu a capital Lisboa e Douro, em Portugal e logo depois a Espanha. Sua energia criativa e paixão casaram com a experiência da vinícola Casa Santos Lima em Portugal.

Na Espanha desbravou os solos de regiões emblemáticas como Rioja e outras regiões em ascensão, um tanto desconhecida no mundo, como Valdepeñas, por exemplo. Esta última região, traz um clima quente que favorece a produção de vinhos potentes e expressivos. E assim nasceu, sob a consultoria do “Master of Wine” (título que apenas pouco mais de 300 pessoas no mundo possuem) chamado Norrel Robertson.

Sobre a Vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Sobre a Bodegas Navalón:

A Bodegas Navalón está rodeada pelos antigos vinhedos de DO Valdepeñas no coração da Espanha. A bodega é a paixão da mesma família local há várias gerações. Foi originalmente fundada no início do século XX por Don Juan Sánchez, um proprietário de terras que decidiu construir uma adega para fazer o seu próprio vinho, em vez de vender as suas uvas a terceiros.

Valdepeñas significa “Vale das Rochas”, referindo-se ao solo especial, salpicado de seixos e pedras maiores. Essas pedras absorvem os raios do sol durante o dia e liberam seu calor durante a noite.

No subsolo profundo, camadas de giz e argila retêm água, vital para refrescar as vinhas durante o intenso calor do verão. A uma altitude média de 2.300 pés acima do nível do mar, os vinhedos se beneficiam de um clima continental seco com mais de 2.500 horas de sol e pouca chuva, resultando em um microclima ideal para o cultivo de videiras.

A enóloga, María José Marchante, é guiada pelo mestre do vinho, Norrel Robertson, na produção de vinhos varietalmente corretos, frescos, frutados e com valor incrível.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

https://www.guyandersonwines.co.uk/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

“Gastronominho”: https://gastronominho.com.br/noticias/2018/08/evino-anuncia-chegada-de-novos-rotulos-da-linha-anciano/

 

 

 








sábado, 31 de dezembro de 2022

Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon 2012

 

Não existe aquele ditado popular que diz: “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Olha que, segundo especialistas, um raio não só pode cair em um mesmo lugar duas vezes como muitas e muitas vezes e eu acho, melhor, tenho certeza que essa questão, com metáforas à parte, pode se aplicar ao universo do vinho! O que quero dizer com isso?

Simples! Um vinho pode sim ser degustado várias outras vezes! Aquele vinho de mesmo rótulo, porém de safras diferentes ou de mesmo rótulo e também de safras iguais. Aprendi, com um conhecido especialista e jornalista do vinho, chamado Didu Russo, que podemos comprar o mesmo vinho, da mesma safra, degustara um de forma imediata e deixar o outro guardado por alguns anos e fazer as devidas comparações entre eles.

Hoje estou dentro do possível e das condições financeiras, fazendo isso com alguns vinhos, que tenham uma boa longevidade, um bom potencial de guarda. E decidi fazer esse teste com um vinho brasileiro, da serra catarinense, da fria São Joaquim.

Recentemente fiz a aquisição da linha “Núbio” da Cooperativa Sanjo, tida como uma das maiores, senão a maior produtora de maçãs do Brasil e que, em 2002, se aventurou na produção de vinhos.

E aproveitei os festejos do fim de ano para degustar uma das garrafas, da safra 2012! Sim, dez anos de um vinho para celebrar mais um ano que, apesar das já costumeiras dificuldades do cotidiano, terminamos com saúde para continuar a degustar bons vinhos.

E como aqui em minha casa, esse período do ano é marcada por uma tradição, o churrasco, optei, claro, por harmonizar com um tinto, uma casta condizente, a meu ver com essa popular comida brasileira, carioca. A casta é a rainha das uvas tintas: Cabernet Sauvignon.

Bem diante dessas dicas já está mais do que evidente o vinho que degustei e gostei. Falo do Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2012! Esse foi o primeiro rótulo da vinícola que degustei e o amor foi a primeira vista, algo como arrebatador! E o primeiro foi o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2010 e como estava maravilhoso! Depois foi o Sanjo Núbio Sauvignon Blanc 2017, depois o surpreendente Sanjo Nobrese Cabernet Sauvignon e espero que venham muitos.

E veio esse Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon 2012 que foi responsável por eu conhecer os vinhos de Santa Catarina que pensei que nunca teria acesso pelos altos preços de alguns rótulos. Mas a linha Sanjo te oferece oportunidades nesse sentido e foi mais um quesito que agregou ao meu sentimento de carinho que construí por esse produtor que, estranhamente, é pouco mencionado, a não ser pelo próprio especialista e jornalista Didu Russo.

Então sem mais delongas vamos com um pouco de história e desbravar são Joaquim e sua importância para o cenário vitivinícola brasileira e é tida como a região que abriga os vinhos mais longevos do Brasil e me parece que a linha Núbio Cabernet Sauvignon corrobora isso.

São Joaquim, Serra Catarinense, Brasil

A vitivinicultura no Brasil ficaria restrita a pequenas áreas em distintos pontos do território nacional até 1875, quando se inicia, no Rio Grande do Sul a instalação de imigrantes italianos. Concebe-se então, como marco da indústria vitivinícola brasileira a chegada destes imigrantes italianos (século XIX) e sua instalação na Serra Gaúcha. Em Santa Catarina, as primeiras mudas de uva plantadas pelos imigrantes italianos que chegaram, em 1878, na região onde seria fundada a cidade de Urussanga, são as responsáveis pelo início da vitivinicultura catarinense que conhecida atualmente.

Os italianos trouxeram mudas e sementes de vitis viníferas, mas elas não se adaptaram à úmida região”. A cultura da uva e o hábito do consumo do vinho faziam parte do patrimônio cultural acumulado dos imigrantes italianos oriundos na sua maioria da região do Trento, acostumados a dispor do vinho em seu ritual à mesa. Diante das condições naturais adversas, foram buscar videiras que se adaptassem às características climáticas da região de Urussanga, mesmo que o vinho resultante se apresentasse diferente da bebida já consumida na Itália. Recorreram então às variedades americanas e híbridas, como a Isabel, mais resistentes a pragas e ao clima tropical.

Atualmente, a região Meio-Oeste é a maior produtora de vinhos do estado de Santa Catarina. Foi nela que, na primeira metade do século XX, italianos que haviam migrado do Rio Grande do Sul deram início à construção da mais expressiva cadeia vitivinícola de Santa Catarina. A produção da uva e do vinho no Meio-Oeste catarinense é constituída principalmente de uvas de origem americana e híbrida. Apenas na década de 70, com a criação em Santa Catarina do PROFIT (Projeto de Fruticultura de Clima Temperado) é que houve um grande incentivo para o plantio de castas europeias. Desde o final da década de 1990, entretanto, vem ocorrendo uma reversão das expectativas no plantio das variedades de castas europeias, representada por novos plantios, inclusive em áreas não tradicionais para o cultivo da videira, como é o caso das regiões de elevada altitude (acima de 950 metros). Assim como ocorreu com o setor macieiro, as condições geográficas da região do planalto catarinense favorecem a produção de uvas, especialmente as da variedade vitis viníferas.

A partir de estudos visando o desenvolvimento da vitivinicultura no planalto serrano, iniciados na década de 1990 pela EPAGRI e de investimentos de empresas de outras regiões identificados no mesmo período, a produção de vinhos finos vem crescendo. Além das características geoclimáticas adequadas para a produção das castas europeias, há que se considerar também o emprego de sofisticadas técnicas enológicas, bem como as modernas instalações produtivas. Pode-se também atribuir o início do cultivo de parreiras e da fabricação de vinhos na serra catarinense à fixação de descendentes de italianos oriundos da região sul do estado de Santa Catarina que migraram para o planalto.

O início dos experimentos da EPAGRI e o plantio de 50 plantas experimentais de uvas Cabernet Sauvignon realizado pela vinícola Monte Lemos que detém a marca Dal Pizzol foram o incentivo que faltava para que Acari Amorim, Francisco Brito, Nelson Essenburg e Robson Abdala adquirissem uma propriedade em São Joaquim, no ano de 1999, dando início a Quinta da Neve.

Em 2000, o empresário Dilor de Freitas adquiriu uma propriedade no município de Bom Retiro, onde em 2001 iniciou o cultivo de uvas finas. No ano de 2002, adquiriu sua propriedade de São Joaquim e lançou a construção de sua vinícola onde localiza-se a sede da Villa Francioni e o centro de visitações. O empresário Nazário Santos, a partir de uma sociedade com um grupo de profissionais liberais paulistas, idealizou a Quinta Santa Maria, sendo um dos pioneiros produtores de vinhos de uvas vitis viníferas em São Joaquim.

Os novos terroirs de Santa Catarina, localizados em altitudes que podem chegar a 1.400 metros no Estado que registra as temperaturas mais baixas do País, têm vantagens para quem planta uvas viníferas. Em regiões mais frias e altas, o ciclo da videira se desloca para mais tarde, e esse ciclo longo ajuda a concentrar açúcares e taninos, além de melhorar a sanidade dos grãos. Atualmente, na região vitivinícola de São Joaquim, já é possível destacar os municípios de São Joaquim, Urubici, Urupema e Bom Retiro.

Ao investigar a vitivinicultura de altitude de São Joaquim, observa-se a tendência e a existência de significativos acertos no processo de desenvolvimento do setor. A identificação de recursos naturais raros e diferenciados se apresenta como um fator capaz de gerar vantagens competitivas, estruturando a atividade produtiva com o foco na segmentação de mercado.

Através do suporte de instituições de pesquisa como mecanismo de desenvolvimento de todo o setor produtivo da uva e do vinho, da articulação entre os recursos disponíveis, dos maiores investimentos em publicidade e propaganda realizados pelas empresas do setor e dos projetos que visam o diferencial do produto afirmado pelas indicações geográficas identifica-se a importância das tipicidades que procedem dos vinhos finos de altitude, confirmando então, a criação de um produto diferenciado no país.

Indicação Geográfica (IG) da Serra Catarinense

Em 29 de junho de 2021, o INPI concedeu a Indicação Geográfica Santa Catarina para Vinhos de Altitude (serra catarinense) da espécie Indicação de Procedência (IP), para vinho fino, vinho nobre, vinho licoroso, espumante natural, vinho moscatel espumante e brandy. O pedido da IG foi solicitado pela “Vinhos de Altitude – Produtores e Associados”, em 2 de junho de 2020.

A área geográfica da IP Vinhos de Altitude de Santa Catarina abrange 29 municípios que correspondem a 20% da área do estado catarinense: Água Doce, Anitápolis, Arroio Trinta, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Brunópolis, Caçador, Campo Belo do Sul, Capão Alto, Cerro Negro, Curitibanos, Fraiburgo, Frei Rogério, Iomerê, Lages, Macieira, Painel, Pinheiro Preto, Rancho Queimado, Rio das Antas, Salto Veloso, São Joaquim, São José do Cerrito, Tangará, Treze Tílias, Urubici, Urupema, Vargem Bonita e Videira.

Atualmente são aproximadamente 300 hectares de área cultivada, concentradas entre 900 e 1400 metros de altitude, na região vitivinícola de maior altitude e mais fria do Brasil. Do ponto de vista sensorial, os vinhos da IP irão enriquecer ainda mais a paleta de cores e sabores dos vinhos brasileiros.

A paisagem, o solo, o relevo e o clima particular dessas regiões de altitude favorecem a biossíntese dos pigmentos e dos aromas, preservando a acidez e atribuindo estrutura e corpo aos vinhos, permitindo a expressão plena da genética de cada variedade de uva.  Os vinhos da região têm sua qualidade atribuída, também, ao elevado nível tecnológico empregado nos vinhedos e nas vinícolas.  São vinhos com uma excelente expressão de sabor e elevada tipicidade, são vinhos com um sentido de lugar.

Foram aprovadas para produção dos vinhos da IP as variedades finas (Vitis vinifera L.) Aglianico, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Garganega, Gewurztraminer, Grechetto, Malbec, Marselan, Merlot, Montepulciano, Moscato Bianco, Moscato Giallo, Nero d’Avola, Petit Verdot, Pignolo, Pinot Noir, Rebo, Refosco dal Peduncolo Rosso, Ribolla Gialla, Rondinella, Sangiovese, Sauvignon Blanc, Sémillon, Syrah, Touriga Nacional e Vermentino.

Diversos requisitos de produção fazem parte do Caderno de Especificações Técnicas da IP. Dentre eles, destaca-se que 100% das uvas devem ser produzidas na área delimitada, em áreas de altitude. Os sistemas de condução autorizados para os vinhedos são a espaldeira e o Ýpsilon, sendo que a produtividade máxima permitida é de 7000 litros de vinho por hectare/ano.

Para a vinificação, as uvas devem atingir níveis de maturação definidos por tipo de vinho, os quais, por sua vez, devem ser elaborados na área delimitada pelos municípios integrantes da IP.

Os vinhos atendem padrões analíticos de qualidade, próprios da IP, e devem ter a qualidade sensorial aprovada em degustação realizada às cegas; normas de rotulagem dos vinhos, facilitando a identificação das garrafas pelo consumidor,  incluindo um selo de controle numerado exclusivo da IP; controles sob a gestão do Conselho Regulador que aplica um Plano de Controle para atestar a conformidade dos produtos em relação aos requisitos de produção.

E agora finalmente o vinho!

Na taça um atraente vermelho rubi, intenso, vívido, quase escuro, com halos denunciando evolução em cor atijolada, granada, com lágrimas grossas, lentas e em profusão, manchando o bojo.

No nariz é elegante e delicado, mas complexo, trazendo uma belíssima convergência, harmonia entre as notas amadeiradas, graças aos 12 meses em barricas de carvalho, cerca de 50% do lote, com notas frutadas, de frutas negras maduras, apesar dos 10 anos de garrafa. Aromas balsâmicos são percebidos, bem como baunilha, um defumado, especiarias, com destaque para pimenta e pimentão, além de terra molhada, ervas, tabaco.

Na boca traz o sabor marcante da Cabernet Sauvignon, a elegância, o equilíbrio, com a estrutura que a cepa entrega, sendo alcoólico, sem agredir, conferindo-lhe um belo volume de boca, sendo corpulento. As notas frutadas também protagonizam como no aspecto olfativo, as notas amadeiradas oferecem uma discreta tosta, caramelo, chocolate. Os taninos estão presentes, mas sedosos, a acidez se mostra vívida, intensa, salivante com um final potente e persistente.

Especial, singular, incrível! Adjetivos não faltam ao Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon que, mesmo aos 10 anos de vida, teria muitos anos pela frente e a evoluir fantasticamente, não é a toa que há mais um exemplar como esse por mim degustado na adega evoluindo lentamente para daqui alguns anos ser degustado. E não é especial apenas por isso, mas por ser oriundo de regiões, terroirs frios, a Cabernet Sauvignon precisa ser cultivada em climas quentes, então são poucas as safras, são poucos os anos que rótulos como esse são concebidos. Para se ter uma noção da dimensão disso e do quão especial é degustar esse vinho, é de que a safra de 2012 é a mais atual dessa linha de rótulos. Celebremos um novo ano, um ano melhor, melhor com vinhos para evocar a alegria e a saúde para sermos longevos como o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon. Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Sanjo Cooperativa Agrícola de São Joaquim:

Formada originalmente por 34 fruticultores, em sua maioria imigrantes e descendentes de japoneses oriundos da cooperativa paulista de Cotia, a Sanjo construiu uma história de sucesso comercial investindo em qualidade e tecnologia agrícola. Nossa produção alcança mais de 50 mil toneladas anuais de maçãs, em uma área plantada de 1240 hectares.

No Brasil, as variedades mais consumidas de maçãs são a Gala e a Fuji. A Sanjo produz ambas em grande volume, comercializadas em todo o país, e divididas entre as marcas Sanjo, Dádiva, Pomerana e Hoshi, conforme a categoria. A empresa também comercializa com sucesso a linha de maçãs em sacolas Sanjo Disney, destinada ao público infantil.

A partir de 2002, aliando os valores da tradição japonesa à qualidade das uvas francesas e à experiência de enólogos de descendência italiana, vindos das tradicionais vinícolas da Serra Gaúcha, a Sanjo passou a investir também com sucesso na produção de vinhos finos de altitude, contribuindo para o reconhecimento alcançado pelos vinhos produzidos na Serra Catarinense. São 25,7 hectares das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc, cultivadas com as mais avançadas tecnologias de produção de uvas para a elaboração de vinhos.

Mais informações acesse:

http://www.sanjo.com.br//



Referências:

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/comecando-por-cima_8143.html

“O Turismo e a Produção de Vinhos Finos na Região de São Joaquim (SC): Notas Preliminares”: https://www.ucs.br/ucs/eventos/seminarios_semintur/semin_tur_6/arquivos/13/O%20Turismo%20e%20a%20Producao%20de%20Vinhos%20Finos%20na%20Regiao%20de%20Sao%20Joaquim.pdf

“Blog do Jeriel”: https://blogdojeriel.com.br/2010/02/21/nubio-2005-um-bom-cabernet-sauvignon-de-sao-joaquim-santa-catarina/

“CafeViagem”: https://cafeviagem.com/vinhos-de-altitude-de-santa-catarina-conquistam-indicacao-geografica/#

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/63617903/vinhos-de-altitude-de-santa-catarina-nova-indicacao-geografica-na-regiao-mais-fria-do-brasil