Depois da grande experiência que tive, a minha primeira,
diga-se de passagem, com o Sanjo Núbio Cabernet Sauvignon da safra 2010, da
região da São Joaquim, na Serra Catarinense, decidi ir à garimpo de mais vinhos
dessa região, afinal, os vinhos de altitude são verdadeiramente especiais e longevos.
Sim! A longevidade, os vinhos de grande potencial de guarda são a tônica dessa
exuberante região e para mim que está se interessando, de forma ávida, nesses
vinhos, São Joaquim parece ser a escolha ideal.
Entretanto esbarramos nos altos valores de alguns rótulos
ofertados dessa região. É claro que valores é muito relativo, mas para um
simplório assalariado como eu e como milhares de brasileiros, fica impossível
investir em vinhos na faixa dos R$ 150,00, por mais que de fato esses vinhos se
enquadrem na condição de “investimento”, pois diante de suas propostas de
longevidade, você pode deixa-lo evoluir e degustar um vinho com 10, 15 ou até
20 anos de safra!
Como esse Sanjo Núbio da casta Cabernet Sauvignon 2010 que,
com os seus 11 anos de safra estava no auge, pleno, vivo, intenso, complexo e
que ainda tinha muita vida pela frente.
E não é somente a região de São Joaquim, que recomendo a
leitura de sua história nesta resenha que fiz do Núbio Cabernet Sauvignon, mas
também o que me chamou a atenção foi esse rótulo da Cooperativa Sanjo que
também debutei na degustação. Como pode um vinho, com essa proposta e
complexidade, ter um custo X benefício tão bom, tão atrativo? Pasmem, na faixa
dos R$ 60,00!
Então fui buscar novos rótulos dessa jovem vinícola que
começou como um proeminente produtor de maçãs e que, há pelo menos 20 anos
atrás decidiu investir no ramo de vinhos, mas depois tem mais história desse
produtor.
Achei alguns vinhos, alguns rótulos dessa vinícola e, sempre
que possível, fui adquirindo, rótulo a rótulo. Infelizmente não há tantos sites
especializados ou supermercados que ofertam os rótulos da Sanjo e pude observar
que eles dispõe de uma razoável, de uma vasta, diria, gama de rótulos em todas
as escalas de propostas, mas com grande parte deles tendo, entre outros, a
característica da longevidade, que é o carro-chefe da região de São Joaquim.
E no rótulo que escolhi para degustar hoje nesta agradável
noite de sábado, já tradicional em minhas degustações vínicas, teve como
impulso, como estímulo para a escolha, além do produtor e da região a qual foi
concebida, um detalhe que eu desconhecia sobre essa região: é de que a
Sauvignon Blanc de São Joaquim é considerado os melhores produzidos desta cepa no
Brasil! Fiquei curioso e aproveitei que estava em busca de novos rótulos da
Sanjo e de que estes têm valores bem acessíveis, e achei um Sauvignon Blanc por
eles produzidos.
Então, sem mais delongas, apresento o vinho que degustei e
gostei da região de São Joaquim, na Serra Catarinense, que se chama Sanjo Núbio
Sauvignon Blanc da safra 2017. E para ilustrar, em linhas históricas, a
percepção sensorial maravilhosa que tive deste belíssimo vinho, falemos um
pouco da história de crescimento gradual de qualidade da Sauvignon Blanc nas
terras de São Joaquim e do quão maravilhoso a casta ter se adaptado muito bem à
esse chão, a esse solo.
"Defendo que nós,
produtores, devemos abrir um processo e buscar a denominação de origem dos
vinhos de Sauvignon Blanc da altitude de Santa Catarina para caracterizar bem
nossos diferenciais de solo, clima e da qualidade da própria uva e do vinho”.
Acari Amorim,
sócio-fundador da vinícola Quinta das Neves.
Com essa afirmação já mostra quão relevante tem se tornado a
questão do Sauvignon Blanc catarinense.
A vitivinicultura na Serra Catarinense surgiu aos olhos dos
consumidores brasileiros há pouco tempo. Foi somente no final dos anos 1990 que
alguns produtores passaram a apostar na fria e alta região serrana do entorno
de São Joaquim. Com altitudes que variam de 900 a 1.400 metros acima do nível
do mar, além de temperaturas excepcionalmente baixas e solo predominantemente
basáltico, o potencial de seu terroir ainda está sendo bastante testado por
enólogos e viticultores, mas, nos últimos anos, uma casta vem se destacando: a
Sauvignon Blanc.
Mas por que a Sauvignon Blanc parece se adaptar tão bem ao
terroir de Santa Catarina? O significado do nome Sauvignon deriva de ‘selvagem’
e, no clima da altitude catarinense, ser selvagem é uma condição básica de
sobrevivência. O segredo da adaptação dessa uva está no seu ciclo
intermediário. O período entre a brotação e a maturação das uvas não é precoce
nem tardio, e essa característica tem permitido escapar das geadas extremas de
início e final de ciclo. Por ser uma variedade de ciclo médio e que brota mais
tarde, portanto com menor risco de perdas por geada (consegue escapar da
maioria das geadas do início da primavera e que frequentemente gera sérios
problemas para uvas como Chardonnay e Pinot Noir), ela se adaptou bem ao
terroir de altitude catarinense.
As características da Sauvignon Blanc fazem com que ela
suporte o clima catarinense: O ápice do broto da variedade é bem algodonoso –
envolto em uma espécie de lanosidade –, e a casca da uva é espessa e
resistente. Essas características ajudam muito a planta a suportar o frio.
Também é um varietal que tolera o vento, que sopra forte na região.
Os enólogos
são unânimes em afirmar que o bom desempenho da Sauvignon Blanc em Santa
Catarina está em sua equação com as características climáticas locais. Quando
as outras castas tendem a sofrer um pouco diante da climatologia do estado,
ela, por sua vez, não apenas suporta as intempéries, como se beneficia delas.
Ainda se está em uma latitude em que a corrente marítima
quente (Corrente do Brasil) vinda do norte se encontra com a corrente marítima
fria (Corrente das Falklands) vinda do sul e isso permite viver as quatro
estações do ano em um único dia, várias vezes no mesmo dia.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um lindo amarelo claro de um reluzente brilho,
com alguns reflexos esverdeados.
No nariz uma boa expressão aromática, tendo como
protagonistas as frutas brancas, tropicais frescas, tais como maçã-verde, pera,
melão, goiaba e cítricas como limão e abacaxi, com toques herbáceos,
especiarias e um agradável flores, flores brancas.
Na boca é marcante, goza de grande personalidade, mas, por outro
lado, é delicado, elegante, tornando-o ainda jovial, apesar dos seus 4 anos de
safra, e fácil de degustar. As frutas ganham destaque também, com uma acidez
acentuada que torna o vinho longo, com um final prolongado e fresco.
A busca por novas percepções sensoriais, novos terroirs, o
garimpo por novidades, as gratas surpresas, tudo corrobora que a zona de
conforto não é uma boa condição para enófilos que buscam grandes e infindáveis
novidades que faz do universo do vinho algo inexplorado, altamente inexplorado,
arriscaria. Uma casta que já é velha conhecida, como a Sauvignon Blanc, ainda
trazer grandes novidades em suas características de uma região que para mim e
para o cenário vitivinícola brasileiro, ainda é novo. Há muito a se explorar,
há muito a degustar e é tão bom que essa nossa estrada não tenha um fim, uma
chegada. Sanjo Núbio Sauvignon traz o máximo da expressão aromática, frutas
brancas, silvestres, cítricas, com sabor marcante, de personalidade, intenso e
persistência. Um vinho maiúsculo e que faz frente a qualquer rótulo dessa casta
produzida na França e no Chile, por exemplo. Que venham mais vinhos de altitude!
Tem 12% de teor alcoólico.
Sobre a Sanjo Cooperativa Agrícola de São Joaquim:
Formada originalmente por 34 fruticultores, em sua maioria
imigrantes e descendentes de japoneses oriundos da cooperativa paulista de
Cotia, a Sanjo construiu uma história de sucesso comercial investindo em
qualidade e tecnologia agrícola. Nossa produção alcança mais de 50 mil
toneladas anuais de maçãs, em uma área plantada de 1240 hectares.
No Brasil, as variedades mais consumidas de maçãs são a Gala
e a Fuji. A Sanjo produz ambas em grande volume, comercializadas em todo o
país, e divididas entre as marcas Sanjo, Dádiva, Pomerana e Hoshi, conforme a
categoria. A empresa também comercializa com sucesso a linha de maçãs em
sacolas Sanjo Disney, destinada ao público infantil.
A partir de 2002, aliando os valores da tradição japonesa à
qualidade das uvas francesas e à experiência de enólogos de descendência
italiana, vindos das tradicionais vinícolas da Serra Gaúcha, a Sanjo passou a
investir também com sucesso na produção de vinhos finos de altitude,
contribuindo para o reconhecimento alcançado pelos vinhos produzidos na Serra
Catarinense. São 25,7 hectares das variedades Cabernet Sauvignon, Merlot,
Chardonnay e Sauvignon Blanc, cultivadas com as mais avançadas tecnologias de produção
de uvas para a elaboração de vinhos.
Mais informações acesse:
Referências:
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/sauvignon-blanc-grande-joia-da-serra-catarinense_11298.html
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