sábado, 7 de janeiro de 2023

Anciano Reserva Tempranillo 2011

 

Alguns rótulos aos poucos vão atingindo status de sucesso comercial com vendas altas, com representatividade de mercado, graças também a propagandas agressivas por parte de alguns sites especializados em vendas de vinho, principalmente por causa de exclusividade de venda ou coisas similares.

Nada melhor, penso, para um vinho ganhar notoriedade por intermédio de seus enófilos, para aquele que o compra, independentemente de sua classe social, de seu poder aquisitivo, de que posição está na famosa “pirâmide social”. Afinal vinho é para quem o degusta.

E um ótimo exemplo disso é a famosa linha de vinhos espanhóis da “Anciano”. Lembro-me bem que quando o comprei, quando comprei um rótulo, ele estava na faixa dos R$40 a R$ 50. Isso em 2019! Há quase quatro anos essa era a média do vinho em um famoso e-commerce de vinhos brasileiros.

Mas como vivemos em um país com taxas altas de impostos que incidem no vinho e também pela ganância desmedida de alguns revendedores, o valor atingiu, com a sua linha “Gran Reserva” quase R$100! Sim! Três dígitos em pouco menos de quatro anos!

Essa é a realidade de um país que encara o vinho, bebida cientificamente comprovada como benéfica a saúde, como meramente uma bebida alcoólica. Infelizmente a carga tributária e o custo Brasil são entraves para a difusão da cultura do vinho em terras brasileiras.

Mas não vou entrar, pelo menos por enquanto, nessa discussão, embora urgente e necessária, mas falar na minha primeira experiência com a linha “Anciano” que custou em 2019, R$ 44,50, pasme, para um Gran Reserva! Mas também não gozava ainda de grande sucesso, apesar da propaganda agressiva de vendas.

Lembro que o abri em meu aniversário com um amigo de longa data e como ele tinha outro rótulo de safra distinta, sugeri que fizéssemos uma “mini degustação vertical” com os dois rótulos que tínhamos!

Os rótulos eram o Anciano Gran Reserva 2006 e 2008! Os dois degustados em 2021! 15 e 13 anos de garrafa, respectivamente. Não preciso dizer a excitação que estávamos para degusta-los. A experiência foi especial e arrebatadora. Prometi, à época, que tornaria a degustar qualquer outro rótulo da linha.

E a oportunidade surgiu pouco mais de um ano depois e com a sua “versão Reserva” e melhor: com uma garrafa Magnum, ou seja, uma garrafa que contém um litro e meio de vinho! Uma grande e desafiadora novidade para mim. Mas com isso veio uma dúvida: Como degustar, sozinho, uma garrafa, em um dia, que tem um litro e meio?

Para mim parece um tanto quanto difícil degustar todo ele em um dia. Então decidi fazer algo que há tempos não fazia: degustar o vinho em duas etapas, isto é, em dois dias. Sequer me lembro de quando foi a última vez que degustei o vinho em dois ou mais dias. Até o meu famoso “vácuo vin” estava um tanto quanto aposentado, devido pouco uso.

E o rótulo também conta com algum tempo em garrafa que, para mim, já é outro atrativo para o vinho. Cerca de 12 anos de garrafa! Não preciso dizer também da minha excitação para com a degustação.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho! O vinho que degustei e gostei veio da região espanhola de Valdepeñas, que fica em Castilla La Mancha, e se chama Anciano Reserva da casta Tempranillo (100%) da safra 2011. Para não perder o costume vamos de história e falar de Valdepeñas, em Castilla La Mancha.

Valdepeñas


A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são destinadas à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.


E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi com certa transparência, mas também traz alguma intensidade, quase opaco e halos “atijolados”, com lágrimas finas e abundantes e lentas que desenham a borda do copo.

No nariz inicialmente se mostrou tímido nos aromas, mas logo apresentou notas de frutas pretas maduras com destaque para ameixa e cereja, os 12 meses em barricas de carvalho trouxe notas amadeiradas, um discreto toque de torrefação, café, tabaco, especiarias, baunilha e caramelo.

Na boca o tempo, os seus doze anos de garrafa personificaram em um vinho elegante e macio, taninos sedosos, finos e amáveis, porém surpreende pela acidez vivaz, altiva. As notas frutadas replicam no paladar e em sinergia com o carvalho que traz o aporte de características como baunilha, terra molhada, madeira, além de um final de média persistência com um retrogosto frutado.

Aos 12 se mostrou vivo e pleno, mas elegante. O tempo lhe foi gentil. Surpreendeu pela acidez vivaz e intensa, as notas frutadas evidentes. Pouco denotou a idade do vinho, apenas a sua tonalidade granada, os halos “atijolados” que deu um caráter lindo ao aspecto visual com um vermelho rubi que embora tenha se revelado intenso, mostrou também alguma transparência. Um Tempranillo sedoso, macio e saboroso. Enfim, mais uma vez a linha “Anciano” não decepcionou. Tem 13% de teor alcoólico.

Algumas curiosidades sobre a linha Anciano:

A história dos rótulos da Anciano começou quando Guy Anderson, enólogo do Reino Unido, decidiu explorar outros países para produção de seus vinhos e, assim, conheceu a capital Lisboa e Douro, em Portugal e logo depois a Espanha. Sua energia criativa e paixão casaram com a experiência da vinícola Casa Santos Lima em Portugal.

Na Espanha desbravou os solos de regiões emblemáticas como Rioja e outras regiões em ascensão, um tanto desconhecida no mundo, como Valdepeñas, por exemplo. Esta última região, traz um clima quente que favorece a produção de vinhos potentes e expressivos. E assim nasceu, sob a consultoria do “Master of Wine” (título que apenas pouco mais de 300 pessoas no mundo possuem) chamado Norrel Robertson.

Sobre a Vinícola Anciano:

Anciano é uma vinícola fundada a princípio no início do século XX por Don Juan Sánchez, um fazendeiro que decidiu construir uma adega para elaborar seu próprio vinho ao invés de vender suas uvas para outras pessoas.

Localizada no coração de La-Mancha, a Anciano desfruta dessa forma do solo especial de Valdepeñas para a produção dos vinhos. Valdepeñas significa, a saber, “vale das pedras” devido ao solo especial formado por pequenas e grandes pedras.

Estas pedras não apenas absorvem o calor do sol durante o dia e o libera à noite, mas também permitem que o calcário do solo absorva a água necessária para regar os vinhedos durante ao verão de calor intenso de La-Mancha. Ou seja, o local possui as condições perfeitas para o nascimento de grandes rótulos.

Posteriormente, a vinícola foi adquirida e hoje faz parte do grupo Guy Anderson Wines, um grupo multinacional criado pelo enólogo Guy Anderson.

Sobre a Bodegas Navalón:

A Bodegas Navalón está rodeada pelos antigos vinhedos de DO Valdepeñas no coração da Espanha. A bodega é a paixão da mesma família local há várias gerações. Foi originalmente fundada no início do século XX por Don Juan Sánchez, um proprietário de terras que decidiu construir uma adega para fazer o seu próprio vinho, em vez de vender as suas uvas a terceiros.

Valdepeñas significa “Vale das Rochas”, referindo-se ao solo especial, salpicado de seixos e pedras maiores. Essas pedras absorvem os raios do sol durante o dia e liberam seu calor durante a noite.

No subsolo profundo, camadas de giz e argila retêm água, vital para refrescar as vinhas durante o intenso calor do verão. A uma altitude média de 2.300 pés acima do nível do mar, os vinhedos se beneficiam de um clima continental seco com mais de 2.500 horas de sol e pouca chuva, resultando em um microclima ideal para o cultivo de videiras.

A enóloga, María José Marchante, é guiada pelo mestre do vinho, Norrel Robertson, na produção de vinhos varietalmente corretos, frescos, frutados e com valor incrível.

Mais informações acesse:

https://www.ancianowine.com/

https://www.guyandersonwines.co.uk/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

“Gastronominho”: https://gastronominho.com.br/noticias/2018/08/evino-anuncia-chegada-de-novos-rotulos-da-linha-anciano/

 

 

 








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