Meu reino por um vinho verde! Há de se exaltar, há de se
reverenciar a nobre simplicidade de um vinho verde. Um vinho que, apesar de ter
as suas origens em terras portuguesas tem a cara, o DNA do Brasil e a
descontração dos brasileiros. São vinhos frescos, jovens, leves, descontraídos,
informais, fáceis de degustar. Hoje alguns produtores da região dos Vinhos
Verdes investem em propostas de vinhos verdes mais estruturados, encorpados e
até com passagens por barricas de carvalho! Não há consenso entre os
especialistas e críticos do vinho quanto a essa proposta. Uns defendem que a
característica marcante do vinho verde é de um produto jovem e fresco, um vinho
direto, outros já são simpáticos a essas propostas mais estruturadas de vinhos.
Há gosto para todas as propostas e penso que uma não pode inviabilizar a outra
e quem dirá que uma é melhor que a outra é o enófilo. Somos nós que, cada um
com a sua percepção, vai escolher, para si, o melhor e o pior e não será uma
camada pequena de formadores de opinião que dirão o que é bom ou ruim. Mas,
polêmicas à parte, a grande vitrine do vinho verde e de sua emblemática região
é a casta Alvarinho! Popular e muito versátil, a Alvarinho pode inclusive
proporcionar vinhos mais estruturados, com passagem por madeira e até
longevidade! Infelizmente os vinhos ofertados no Brasil com essa cepa são muito
caros e vão contra as propostas de vinhos verdes, sobretudo aqueles com as
propostas mais diretas e informais. Porém, independente do vinho, a bebida no
Brasil é demasiadamente cara. Mas em minhas incursões aos supermercados,
avistei, meio que escondido nas gôndolas, sem nenhum destaque, um rótulo da
casta Alvarinho com um ótimo e surpreendente valor, em torno de R$ 38,90,
pasmem, amigos leitores! Não hesitei e comprei, sim, fui influenciado pelo
preço, afinal, nunca havia degustado um Alvarinho!
O vinho que degustei e gostei, como já bem publicitado, vem
da Região dos Vinhos Vinhos e é um regional do Minho, da casta Alvarinho, é o
Terra de Felgueiras da safra 2017. Um vinho que posso chamar, sem sombra de
dúvidas, de simples e bom, muito bom. Então, falemos da menina dos olhos da
Região de Vinhos Verdes: Alvarinho.
Alvarinho
A Alvarinho é uma uva típica portuguesa, originária de Melgaço, Região dos Vinhos Verdes. Mas os espanhóis tentam reivindicar sua origem, alegando ser da Galiza. Lá leva o nome de Albariño. É uma das castas brancas mais notáveis e considerada, por muitos, a melhor de Portugal. Tem baixa produção, pois seus cachos são pequenos e com muita semente. Apesar dos bagos serem pequenos, a uva tem a pele grossa o que permite suportar o frio. Possui teor de açúcar elevado, o que resulta em vinhos mais alcoólicos, e acidez alta. Dá corpo a vinhos únicos e facilmente identificáveis, de personalidade e temperamento forte. É uma casta vigorosa, que obriga a alguma prudência no controle do ímpeto vegetal, sendo, porém, uma casta pouco produtiva, com cachos pequenos e elevada proporção de grainhas. Historicamente, foi uma das primeiras variedades portuguesas a ser engarrafada em estreme, responsável pelo sucesso dos vinhos da sub-região de Monção e Melgaço. O Alvarinho proporciona vinhos com elevado potencial alcoólico, perfumados e delicados, com notas aromáticas díspares de pêssego, limão, maracujá, lichia, casca de laranja, jasmim, flor de laranjeira e erva-cidreira. Tem um enorme potencial de envelhecimento, conseguindo viver em perfeita saúde até completar, pelo menos, dez anos de idade. Mineral, floral ou frutada, a casta Alvarinho é seguramente um dos maiores tesouros de Portugal. Por ora, as suas fronteiras ainda estão demarcadas no Minho, na sub-região de Monção, mas a sua expansão para as demais regiões portuguesas é inevitável. Por todo o país, com o Alentejo destacado à cabeça, experimenta-se a casta Alvarinho, por vezes em locais improváveis e, aparentemente, pouco recomendáveis.
Entre Monção e Melgaço, cada vez mais a vinha se torna uma
evidência e produto de uma região. Tudo junto apetece partir para Norte.
Deixando marcadas algumas notas prévias: há uns 50, 60 anos, menos mesmo, o
Minho era mais de 90% tinto contra uns 9% de vinhedos brancos.
Felgueiras
Felgueiras é uma cidade portuguesa no Distrito do Porto,
região Norte e sub-região Tâmega, com cerca de 15.525 habitantes, inserida na
freguesia de Margaride. É sede de um município com 115,62 km² de área e 58.922
habitantes (2006), subdividido em 32 freguesias. O município é limitado a norte
pelo município de Fafe, a nordeste por Celorico de Basto, a sueste por Amarante,
a sudoeste por Lousada e a noroeste por Vizela e Guimarães. O município é
constituído por quatro centros urbanos: a Cidade de Felgueiras, a Cidade da
Lixa, a Vila de Barrosas e a Vila da Longra. Verdadeiro coração da NUT Tâmega,
constitui hoje uma centralidade importante no mapa de auto-estradas e
itinerários principais, uma garantia sólida de afirmação das inúmeras
potencialidades reais concelhias. Os bordados são uma das mais ricas tradições
do concelho, que emprega cerca de dois terços das bordadeiras nacionais. O filé
ou ponto de nó, o ponto de cruz, o bordado a cheio, o richelieu e o crivo são
exemplos genuínos do produto artesanal de verdadeiras mãos de fada. Os sabores
autênticos da gastronomia, a frescura e intensidade dos aromas dos vinhos e o
ambiente de grande animação proporcionam momentos inesquecíveis. Dando corpo a
essa riqueza, foi já constituída a “Confraria do Vinho de Felgueiras”,
destinada a divulgar e defender o vinho e a gastronomia felgueirenses.
Felgueiras, com 58 000 habitantes é um dos concelhos com a população mais jovem
do país e da Europa. Uma terra de exceção que aposta na valorização dos seus
recursos humanos, na consolidação do campus politécnico, no desenvolvimento
econômico (pleno emprego e centro de negócios) e na consolidação das suas
infraestruturas. Marcada pela invulgar capacidade empreendedora do seu povo é
responsável por 50% da exportação nacional de calçado, por um terço do melhor
Vinho Verde da Região e por um valioso patrimônio cultural. Felgueiras é um dos
municípios com maior desenvolvimento do Norte do País.
A primeira referência histórica a Felgueiras data de 959, no
testamento de Mumadona Dias, quando é citada para identificar a vila de Moure:
"In Felgaria Rubeans villa de Mauri". Felgueiras deriva do termo
felgaria, que significa terreno coberto de fetos que, quando secos, são
avermelhados (rubeans). Havendo quem afirme que o determinativo Rubeans se deve
a que o local foi calcinado pelo fogo. Existem historiadores que afirmam que
Felgueiras recebeu foral do conde D. Henrique. No entanto, apenas se conhece o
foral de D. Manuel a 15 de Outubro de 1514. No entanto, já em 1220, a terra de
Felgueiras contava com 20 paróquias (conhecidas hoje em dia como freguesias) e
vários mosteiros e igrejas. Em 1855, ao ser transformado em comarca, Felgueiras
ganhou mais doze freguesias. Em 13 de Julho de 1990 Felgueiras foi elevada à
categoria de cidade.
E agora o vinho:
Na taça tem um amarelo brilhante, reluzente, diria um dourado
com poucos reflexos esverdeados, com um gás já denunciando um frescor e leveza.
No nariz uma explosão aromática de frutas brancas, tropicais,
tais como pera, maçã verde, abacaxi, maracujá, um toque floral envolvente, mas
discreto e delicado.
Na boca se reproduz as notas frutadas, pleno e vivo, fresco e
jovial, mas que preenche, enche a boca, graças a sua boa acidez e criticidade, além de um curioso e discreto adocicado que logo se sente quando leva o vinho à boca. Além
de uma mineralidade que faz do vinho especial, simples, delicado, macio e
equilibrado. Tem um final persistente com um retrogosto frutado.
A Alvarinho é a personificação dos Vinhos Verdes, é a cara de
Portugal! Eu não podia passar na vida, como um fã incondicional dos Vinhos
Verdes, sem degustar um Alvarinho. E que surpreendente Alvarinho, um ótimo
custo X benefício. A casta está evidente, simples, mas equilibrado e delicado
neste Terras de Felgueiras. Que venham muitos outros! Tem 12% de teor
alcoólico.
Sobre a Vercoope:
A Vercoope é uma união de sete Cooperativas Vitivinícolas da
Região dos Vinhos Verdes: Amarante, Braga, Guimarães, Famalicão, Felgueiras,
Paredes e Vale de Cambra. Foi criada em 1964 com o objetivo de engarrafar,
comercializar e distribuir o vinho produzido pelos viticultores destas
cooperativas. A união permitiu juntar a produção de 4 000 viticultores e
lança-la no mercado, nacional e internacional, conseguindo mais qualidade,
dimensão e competitividade. A qualidade dos vinhos é reconhecida e comprovada
pelos consumidores, pelas vendas e pelas centenas de prémios conquistados em
competições de vinhos e imprensa especializada. A Vercoope produz anualmente 8
milhões de garrafas de Vinho Verde, sendo 30% para exportação. A Vercoope –
União das Adegas Cooperativas da Região dos Vinhos Verdes, U.C.R.L, está
inserida na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, considerada a maior região
demarcada de Portugal e uma das maiores do mundo, essencialmente devido à sua
extensão e da área dos solos dedicados à cultura da vinha, a que acresce uma
significativa percentagem de população diretamente dependente do sector
vitivinícola e nomeadamente do Vinho Verde. A Vercoope é uma entidade
vocacionada para o engarrafamento, comercialização e distribuição de Vinho
Verde e integra na sua estrutura as adegas cooperativas de Amarante, Braga,
Guimarães, Famalicão, Felgueiras, Paredes e Vale de Cambra que representam no
seu conjunto explorações vitícolas de cerca de 5000 viticultores. Situada em
Agrela, Santo-Tirso, numa estrutura moderna e tecnologicamente avançada, quer
com meios técnicos quer com meios humanos, tem potenciado, desde a sua
fundação, em 1964, o desenvolvimento da cultura do Vinho Verde, promovendo a
sua divulgação, o seu consumo e a valorização do produtor. Com mais de meio
século de atividade a defender uma política de qualidade e prestígio para os
seus vinhos, espumantes e aguardentes, ocupa por direito próprio, um lugar de
destaque no sector, sendo muito naturalmente considerada uma instituição de
referência no panorama regional e nacional.
Mais informações acesse:
Fontes pesquisadas:
“Terras de Portugal” em: http://www.terrasdeportugal.pt/felgueiras
Portal “Reserva 85”: https://reserva85.com.br/vinho/castas-uva-vitis-vinifera/alvarinho/
Portal “Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/casta-alvarinho-2-3/
Portal “Vinha”: https://www.vinha.pt/wikivinha/section/casta-vinho/alvarinho/
Portal “Revista dos Vinhos”: https://www.revistadevinhos.pt/beber/alvarinho
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