terça-feira, 26 de julho de 2022

Fiuza Native Chardonnay e Arinto 2019

 

Nada melhor do que garimpar, buscar novas experiências sensoriais. Novas castas, novas regiões vitícolas. Tem sido maravilhoso viajar nessas novas percepções organolépticas, mas não podemos negligenciar os clássicos. Nunca!

Até porque os clássicos atingiram tal condição por serem exatamente especiais! A tradição e a credibilidade põem a mesa, na expressão literal da palavra. Os clássicos certamente construíram a minha predileção pela poesia líquida. Quem não começou a degustar um Merlot, Cabernet Sauvignon, Malbec e nunca se encantou?

E quando temos um blend das principais castas brancas dos mais emblemáticos países produtores de vinhos do planeta? Apesar de serem variedades extremamente conhecidas, a primeira muito conhecida em seu país, Portugal, a outra, oriunda da França, é mundialmente conhecida e de fácil adaptabilidade em vários terroirs, em vários climas, ganhando contornos em suas características.

Falo da Arinto, portuguesa, que se adaptou em várias regiões emblemáticas de Portugal e a rainha das uvas brancas, a Chardonnay. E de uma região que não degustava há mais de um ano e que também traz a assinatura da tradição de Portugal: o Tejo.

Apesar de serem castas amplamente conhecidas, o blend me traz grandes novidades! Mesmo que apresentem tradição e uma grande capacidade de cultivo, logo expansão de rótulos ofertados, ainda há brechas para o novo, o novo pelo menos para mim, humilde e reles enófilo.

Então sem mais delongas apresentarei o vinho que degustei e gostei que veio da região emblemática do Tejo, de Almerim, que se chama Fiuza composto pelas castas Arinto e Chardonnay da safra 2019. E para não perder o costume vamos às histórias do Tejo, a sua sub-região, Almerim, de onde veio esse rótulo e depois as descrições desse rótulo que, claro, tinha que me surpreender positivamente.

Tejo



A história da Região do Tejo se confunde com a das suas Terras. Sob o comando do rio Tejo, influenciando economia, paisagem e clima, trata-se de uma das mais antigas regiões produtoras de vinhos de Portugal, cujo patrimônio remonta à presença Romana na antiga Lusitana.

A Região Vitivinícola do Tejo está localizada no centro de Portugal, a pouca distância de Lisboa. O rio não é o que separa, mas o que liga um território vitivinícola com 12.500 hectares de vinhas distribuídos por 21 municípios. Largo e imponente, o Tejo é o maior rio de Portugal. Como elemento primordial da paisagem, moldou a história dos que lá vivem, criam e trabalham, influenciando o clima e o terroir.

Tejo

A arte de produzir vinho, nesta região, remonta a 2000 a.C., quando os Tartessos iniciaram a plantação da vinha junto às margens do rio que lhe dá o nome. Reza a História que já Afonso Henriques fez referência aos vinhos da região no Foral de Santarém, datado de 1170, e que o Cartaxo teria exportado 500 navios com tonéis de vinho que, em apenas um ano, atingira o valor de 12.000 reis. As histórias continuam pela cronologia fora, com o ano de 1765 a destacar-se pelo desaparecimento da vinha nos campos do Tejo, como consequência de uma ordem imposta por Marquês de Pombal.

Em 1989, são fundadas seis Indicações de Proveniência Regulamentada para vinhos da região do Ribatejo e, em 1997, é criada a Comissão Vitivinícola Regional do Ribatejo, à qual se sucede a constituição por lei da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, em 2009, seguindo-se a Rota dos Vinhos do Tejo.

Muitas das quintas produtoras pertencem às famílias nobiliárquicas. Cada uma com a sua história, em comum têm o objetivo de produzir vinhos de qualidade, que expressem as caraterísticas da região. Como resultado, os vinhos incorporam tradições (o pisa pé, método de esmagar as uvas com os pés), o entusiasmo e empenho das suas gentes, a natureza que predomina nas terras ribatejanas e as mais modernas tecnologias.

O Tejo tem alguns dos mais vibrantes e acessíveis vinhos de Portugal, oferecendo uma gama diversificada e diferenciada de estilos, para todos os gostos, orçamentos e ocasiões. A produção anual, que cresce safra após safra, atingiu, no último ano, 2021, cerca de 23,3 milhões de litros.

Nos brancos, o perfil traduz-se em vinhos muito aromáticos, frescos e elegantes. Os tintos são muito equilibrados, frescos e com taninos distintos. No nariz, sobressai a fruta.  Já nos tintos de guarda a madeira revela-se de forma discreta. A região do Tejo produz também excelentes vinhos rosés, espumantes, frisantes, e ainda licorosos e colheitas tardias.

As castas tintas nativas do Tejo incluem a Touriga Nacional, a casta portuguesa por excelência, bem como a Trincadeira, Castelão e Aragonês. O aromático Fernão Pires e o Arinto produzem alguns dos vinhos brancos mais refrescantes da região. Estas castas autóctones prosperaram em climas quentes e solos complexos da Região do Tejo, mantendo a elevada acidez natural, para produzir vinhos equilibrados com características de frutas ricas.

Na Região do Tejo, a legislação permite a utilização de diversas castas, tanto nacionais como internacionais. As brancas mais comuns são Chardonnay e Sauvignon Blanc. Entre as tintas destacam-se as Cabernet Sauvignon e Merlot.

O terroir da região está profundamente ligado à influência que o rio Tejo inflige às margens, que muitas vezes inunda as vinhas em época de cheias. A sua força e amplitude influenciam o solo e o clima, gerando três áreas produtoras distintas:

Bairro: localizado a norte do rio Tejo, as suas terras altas são compostas por colinas e planícies, ricas em solos de calcário e argila e depósitos de xisto.

Charneca: na margem sul do Tejo, apresenta solos arenosos e temperaturas elevadas, o que leva a um amadurecimento mais rápido das uvas na região.

Campo: localizado nas margens do Tejo, a influência do rio faz-se sentir nas temperaturas mais amenas, resultando vinhos mais frutados, acidez e frescor.

A Região dos Vinhos do Tejo é composta por um total de 17 mil hectares de terreno vinícola, que produzem anualmente cerca de 650 mil hectolitros, o que representa cerca de 10% do total de vinho produzido em Portugal. Destes cerca de 110 mil hectolitros são certificados, dos quais 90% são vinhos com Indicação Geográfica Protegida (IGP) e 10% são vinhos com Denominação de Origem Controlada (DOC).

Almerim

Almeirim é uma cidade que está localizada no Ribatejo e que pertence ao distrito de Santarém, tendo cerca de 11.700 habitantes. Desde 2002 está integrada na região do Alentejo e na sub-região da Lezíria do Tejo, continua, no entanto, a fazer parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.

O município é limitado a norte pelo município de Alpiarça, a leste e nordeste pela Chamusca, a sul por Coruche e Salvaterra de Magos, a oeste pelo Cartaxo e a noroeste por Santarém.

A ocupação humana da atual área do concelho de Almeirim é muito antiga. Terão sido a proximidade do rio Tejo e a riqueza natural os fatores que terão contribuído para a instalação de homens nesta região.

Com as suas magníficas coutadas de caça, que se estendiam por uma grande extensão, a vizinhança de Santarém, as proximidades do Tejo e ainda de Lisboa, com fácil acesso, por via fluvial, Almeirim tornou-se, desde logo, no lugar preferido dos reis da II dinastia e a estância de Inverno frequentada por numerosos membros da Corte, de tal maneira que foi considerada a "Sintra de Inverno", no século XVI.

E agora finalmente o vinho!

Na taça tem um lindo e brilhante amarelo palha, límpido, diria, com alguma intensidade, com reflexos esverdeados.

No nariz explode em aromas de frutas brancas, frutas de caroço onde se destacam pera, melão, melancia, maçã-verde, abacaxi, com toques cítricos, sendo muito fresco, com um delicado floral.

Na boca é leve, saboroso, com o protagonismo, como no aspecto olfativo, das frutas brancas e cítricas, mas que traz alguma complexidade caracterizada por uma discreta untuosidade, com um acidez equilibrada e final cheio e persistente.

Novidades, garimpos, propostas arrojadas, moderno e clássico. Todos os quesitos são consistentes quando falamos em vinho! Tudo é válido para quem ama a poesia líquida! E o Fiuza Native Arinto e Chardonnay trouxe um pouco de cada um: Castas tradicionais, a classe de suas características, a representatividade histórica da região, o corte arrojado e moderno conspiraram a favor deste belo e surpreendente rótulo de uma vinícola que tem, como filosofia, a junção de variedades autóctones e castas emblemáticas francesas. Um vinho fresco, leve, solar, mas que traz personalidade, sobretudo pelo seu blend. O frescor da Arinto, dada pela sua acidez e a estrutura da Chardonnay entrega esse vinho especial e versátil. Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Fiuza & Bright:

A Família Mascarenhas Fiuza dedica-se à vitivinicultura há mais de um século. A empresa iniciou a sua atividade no início do Século XX. Joaquim Mascarenhas Fiuza, filho de D. Luísa Mascarenhas (irmã do 10º Marquês de Fronteira e 9º Marquês de Alorna) começou a produzir vinho com o seu tio nas propriedades da Família Mascarenhas Fiuza que há séculos que tem Quintas na região.

Em 1986, surge a parceria entre o produtor de vinhos Joaquim Mascarenhas Fiuza e o prestigiado enólogo australiano Peter Bright donde nasce a empresa Fiuza & Bright. Pioneira na produção das castas francesas em Portugal, a Fiuza & Bright produz nas suas duas quintas (Quinta da Requeixada e Quinta da Granja) as principais castas portuguesas como a Touriga Nacional, Aragonez, Arinto, Vital, Fernão Pires ou o Alvarinho e também algumas das principais castas francesas como o Alicante Bouschet, o Cabernet Sauvignon, o Merlot, Syrah, o Chardonnay ou o Sauvignon Blanc.

As suas vinhas situam-se na região do Tejo, na região demarcada de Santarém e de lá têm saído alguns dos melhores vinhos portugueses, que são produzidos exclusivamente na sua Adega em Almeirim. Como consequência de todo esse trabalho e cuidado, a Fiuza têm recebido vários prémios e medalhas ao longo dos últimos anos.

Mas não só nos vinhos, Joaquim Mascarenhas Fiuza conquistou medalhas. De fato, o seu dia a dia dividia-se entre a atividade vitivinícola e o famoso desporto náutico, a Vela, na categoria "Star".

Enquanto atleta, protagonizando participações vitoriosas nas mais variadas provas e países, destacou-se sobretudo nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, de Londres em 1948 e em 1952, em Helsinque, tendo neste último ganho a merecida Medalha de Bronze. Nesse mesmo ano de 1952, em dupla com Rebelo Carvalho, conseguiu o quarto lugar no Campeonato do Mundo. Em 1957 e 1958, concretizou um sonho de ser Campeão da Europa. Por nove vezes foi ainda Campeão Nacional.

Mais informações acesse:

https://www.fiuzabrightpt.com/

Referências:

“Viva o Vinho”: https://www.vivaovinho.com.br/mundo-do-vinho/regioes-vinicolas/regiao-do-tejo-terra-de-vinhos-e-tradicao/

“Comissão Vitivinícola Regional do Tejo”: https://www.cvrtejo.pt/historia-do-vinho-e-da-regiao

“Conceito Português”: https://www.conceitoportugues.com.br/artigo/regiao-do-tejo

“Wines of Portugal”: https://winesofportugal.com/pt/descobrir/regioes-vitivinicolas/tejo/

 

 

 

 

 



 


sábado, 23 de julho de 2022

Marqués de Toledo Crianza Tempranillo 2016

 

No passado eu tinha certa rejeição, alguma controvérsia com os vinhos espanhóis. Talvez pela visão pré-concebida, preconceituosa acerca dos seus rótulos. Sempre tive a percepção de que os vinhos espanhóis ofertados em terras brasilis eram demasiados caros e pouco atrativos! Os valores altos são reais até os dias de hoje, mas pouco atrativos não, nunca! Estava anestesiado pela ignorância, pela incapacidade de discernimento, de entendimento da relevância histórica e de qualidade dos vinhos da Espanha.

E por que este tom de réu confesso? Porque a Espanha tem muito a oferecer! É de uma diversidade como poucos países podem proporcionar, no que a propostas e valores. Talvez essa visão pré-concebida que eu nutria fosse pelo fato de pouco conhecer os sites, lojas que ofertassem bons rótulos atraentes com bons e justos valores pelo menos para este reles enófilo trabalhador da classe operária.

Até que em um belo dia do ano de 2018 estava eu em mais uma de minhas incursões aos supermercados, em uma conhecida e grande rede de supermercados, inclusive, pois ficara sabendo que estavam fazendo promoções de alguns rótulos e observei um espanhol que me pareceu bem interessante, da safra 2013, sendo ofertado.

O valor, estampado, para que todos pudessem ver, era arrebatador, cerca de R$ 32,90! Bem o valor era ótimo, mas será que o vinho também era? Aquela dúvida martelava a minha cabeça, mas, diante desse meu histórico, diria, inóspito, com os vinhos da Espanha, decidi não hesitar tanto e comprei, afinal, caso não gostasse, eu não perderia tanto dinheiro.

O vinho era um “Crianza”, da gigante vinícola Pinord, chamado Clos de Torribas 2013. Foi por intermédio desse rótulo, que degustei e gostei, que o meu contato com os famosos vinhos amadeirados espanhóis se deu e que atualmente está em um nível quase que patológico de compras.

Depois de rótulo o meu interesse pelos rótulos espanhóis que ostentam os termos “crianza”, “reserva” e “gran reserva” se intensificaram nas compras e, consequentemente, no interesse. Tive, após o Clos de Torribas, outras experiências agradáveis o que, claro, ajudou a fomentar o meu interesse.

E gosto particularmente dos “crianzas” e diria que, dentre esses rótulos espanhóis, eles sejam os mais democráticos entre os paladares, pois entregam elegância, equilíbrio, sobretudo entre as notas frutadas e amadeiradas, trazendo leveza, mas complexidade pelo aporte das barricas, geralmente em curto estágio, de acordo com a legislação vigente que é extremamente rigorosa nesse sentido (Ver: Classificação dos vinhos espanhóis).

E depois de algum tempo, cerca de um ano, aproximadamente, decidi degustar mais um crianza e esse conheci por intermédio de um evento em minha cidade que privilegiou alguns rótulos do Velho Mundo, mais precisamente das regiões do Laguedoc-Roussillon e Castilla La Mancha, terroirs que tem me chamado atenção há algum tempo, sendo que o segundo a pouco menos tempo, graças a essa, digamos, redescoberta do vinho espanhol da minha parte.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei e digo, de cara, que degustei e gostei porque já o degustei no referido evento, motivando a minha compra, veio de Castilla La Mancha, mais precisamente do DO La Mancha, em Albacete, na Espanha, e se chama Marqués de Toledo Crianza, um 100% Tempranillo, da safra 2016. Antes de falar do vinho, contemos um pouco, para variar, a história da minha mais nova queridinha Castilla La Mancha.

Castilla La Mancha

Bem ao centro da Espanha, país com a maior área de vinhas plantadas em todo o mundo e o terceiro maior mercado produtor de vinhos, está localizada a região vitivinícola de Castilla La Mancha. Um território com grande extensão de terra quase que completamente plana, sem grandes elevações.  É nessa macrorregião que se origina quase 50% do total de litros de vinho produzidos anualmente na Espanha.

O nome “La Mancha” tem origem na expressão “Mantxa” que em árabe significa “terra seca”, o que de fato caracteriza a região. Neste território, o clima continental ao extremo provoca grandes diferenças de temperaturas entre verão e inverno. Nos dias quentes de verão os termômetros podem alcançar os 45°C, enquanto nas noites rigorosas de frio intenso do inverno, as temperaturas negativas podem chegar a até -15°C.

A irrigação torna-se muitas vezes essencial: além do baixo índice pluviométrico devido ao caráter continental e mediterrâneo do clima, o local se torna ainda mais seco graças ao seu microclima, que impede a entrada de correntes marítimas úmidas. A ocorrência de sol por ano é de aproximadamente 3.000 horas. Esta macrorregião é composta por várias regiões menores, incluindo sete “Denominações de Origem”, das quais se pode destacar La Mancha e Valdepeñenas.

Castilla La Mancha

Sub-regiões de Castilla

La Mancha: é a principal região dentre elas, sendo considerada a maior DO da Espanha e a mais extensa zona vinícola do mundo.  O território abrange 182 municípios, distribuídos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo. As principais uvas produzidas naquele solo são a uva branca Airen e a popular tinta espanhola Tempranillo, também conhecida localmente como Cencibel.

Valdepeñenas: localizada mais ao sul, mas com as mesmas condições climáticas, tem construído sua boa reputação graças à produção de vinhos de grande qualidade, normalmente varietais da uva Tempranillo ou blends desta com castas internacionais.

A DO La Mancha conta mais de 164.000 hectares de vinhedos plantados. Com isso, é a maior Denominação de Origem do país e a maior área vitivinícola contínua do mundo, abrangendo 182 municípios, divididos em quatro províncias: Albacete, Ciudad Real, Cuenca e Toledo.

DOs Castilla La Mancha

A regulamentação comunitária permite a produção de vinhos com indicação geográfica (IGP Vinos de la Tierra de Castilla), desde que tenham sido obtidos a partir de determinadas castas e provenham de uma determinada zona de produção. Na Espanha, esses vinhos são chamados de Vinos de la Tierra e podem usar menções em sua rotulagem relacionadas às variedades, safras e nome da vinícola, bem como às condições naturais ou técnicas da viticultura que deram origem ao vinho.

A importância social e econômica do setor na região, bem como o esforço de modernização feito pelos produtores, transformadores, engarrafadores e comerciantes nos últimos anos, exige um instrumento que lhes permita oferecer os seus vinhos de qualidade dignamente rotulados ao mercado.

Os tipos de vinhos que podem ser elaborados no IGP Vinos de la Tierra de Castilla são: vinhos brancos, rosés e tintos; Vinhos espumantes; Vinhos espumantes; vinhos licorosos; e vinhos de uvas maduras. São eles:

Brancas: Airén, Albillo Real, Chardonnay, Gewürztraminer, Macabeo oViura, Malvar, Malvasía Aromática, Marisancho o Pardillo, Merseguera, Moscatel de grano menudo, Moscatel de Alejandría, Parellada, Pedro Ximénez, Riesling, Sauvignon blanc, Torrontés, Verdejo, Verdoncho e Viognier.

Tintas: Bobal, Cabernet-sauvignon, Cabernet-franc, Coloraillo, Forcallat tinta, Garnacha tinta, Garnacha tintorera, Graciano, Malbec, Mazuela, Mencia, Merlot, Monastrell, Moravia agria, Moravia dulce o Crujidera, Petit Verdot, Pinot Noir, Prieto picudo, Rojal tinta, Syrah, Tempranillo o Cencibel, Tinto de la pámpana blanca e Tinto Velasco o Frasco.

As castas mais cultivadas em Castilla de La Mancha, sejam DO ou IGP, são: Airén, Viúra, Sauvignon Blanc e Chardonnay entre as brancas e as tintas são: Tempranillo, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Grenache.

Classificação dos rótulos da DO de Castilla La Mancha:

• Jóven: Categoria mais básica, sem passagem por madeira, para ser consumido preferencialmente no mesmo ano da colheita.

• Tradicional: Sem passagem por madeira, porém com mais estrutura do que o Jóven.

• Envelhecimento em barris de carvalho: Envelhecimento mínimo de 90 dias em barris de carvalho.

• Crianza: Envelhecimento natural de dois anos, sendo, pelo menos, seis meses em barris de carvalho.

• Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 12 meses em barris de carvalho e 24 meses em garrafa.

• Gran Reserva: Envelhecimento de, no mínimo, 18 meses em barris de carvalho e 42 meses em garrafa.

• Espumante: Produzidos a partir do método tradicional (segunda fermentação em garrafa), com no mínimo nove meses de autólise.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, escuro, com halos atijolados, em tom granada com lágrimas finas e lentas em média intensidade que desenham as bordas do copo.

No nariz no início mostrou-se fechado, mas, respirando em taça se abriu, entregando notas frutadas, frutas pretas e vermelhas bem maduras, onde se destaca framboesa, amora, ameixa, tendo ainda aromas de especiarias (cravo e açúcar mascavo) e notas herbáceas e terrosas. A madeira, apesar de discreta, se faz notada trazendo baunilha, couro e tabaco.

Na boca é elegante, mas com bom volume de boca, mostrando corpo médio e complexidade. Equilibrado entrega uma sinergia entre a fruta que também protagoniza no paladar com as notas amadeiradas que, graças aos nove meses de passagem por barricas de carvalho, traz toque de torrefação, chocolate meio amargo, um defumado, caramelo, além de álcool bem integrado. Taninos presentes, mas aveludados, acidez média e um final médio com retorgosto da fruta e madeira.

Um vinho austero, como a sua essência sugere, mas que entrega equilíbrio, elegância e que, sem sombra de dúvida, pode agradar aos mais diferenciados paladares. Por mais que seja austero, trazendo a complexidade pelo aporte da madeira, é elegante e redondo, também pelo afinamento na barrica. Um vinho que, aos seis anos de vida, mostra-se em boa forma e com, arrisco dizer, longo potencial de guarda. Marqués de Toledo Crianza Tempranillo é a personificação de que podemos degustar ótimos vinhos espanhóis a preços surpreendentemente atrativos para todos os bolsos. E que venham novos rótulos com a incrível capacidade de nos arrebatar com gratas e arrojadas surpresas. Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Lozano:

Em 1853 começa a história da vinícola, quando a família Lozano planta as primeiras vinhas em Villarrobledo (município da Espanha na província de Albacete, comunidade autônoma de Castilla-La-Mancha) formada principalmente pela variedade Aíren, nativa da região. Desde então, foram quatro gerações na gestão da adega, sempre apostando no bom trabalho e no uso de técnicas tradicionais na elaboração.

Em 1985, as instalações existentes foram adquiridas. Desde então, houve muitas melhorias que foram desenvolvidas, proporcionando um aumento considerável na capacidade de vinificação.

Em 2005, a Lozano diversificou o negócio e começou a concentrar-se em sucos e concentrados de uva, formando a empresa CONUVA, usando o mesmo roteiro: para alcançar a mais alta qualidade em todos os seus produtos e para agregar valor diferenciado a todos os clientes, a confiança.

A adega passou por diferentes estágios que forjaram o que é hoje: uma empresa familiar e profissional que é referência no setor vitivinícola que aposta adaptação aos novos tempos através de novos produtos e formatos.

Mais informações acesse:

https://bodegas-lozano.com/es/

Referências:

“Vinho Blog”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

“Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote

“Blog “Enologuia”: https://enologuia.com.br/regioes/245-a-regiao-de-castilla-la-mancha-a-terra-de-dom-quixote#:~:text=Este%20livro%2C%20universalmente%20famoso%2C%20trata,no%20centro%2Fsudeste%20da%20Espanha.&text=Os%20primeiros%20escritos%20da%20cultura,vinhas%20foram%20introduzidas%20pelos%20romanos.

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/vinhos-dos-moinhos_4580.html

“Blog VinhoSite”: http://blog.vinhosite.com.br/la-mancha-maior-regiao-produtora-vinhos-espanha/

 

 

 

 

 







domingo, 17 de julho de 2022

Pó das Areias Grande Escolha Castelão 2017

 

Tem certas coisas ou situações vividas que ficam na nossa mente e que teimam, insiste em vir à tona, como que nos lembrando de vivenciá-la ou pelo menos nos colocar em reflexão, simplesmente.

Quando tive os meus primeiros contatos com os vinhos portugueses, uma casta teimava em me “acompanhar” nas degustações dos rótulos lusitanos: Castelão! Mas nos primeiros rótulos não me atentei imediatamente com a variedade.

Contudo a constância fez com que eu olhasse, eu percebesse com mais carinho para ela. A minha primeira e inevitável pergunta foi: A cada degustação a Castelão aparece nos blends! Será ela tão importante para Portugal? O que ela tem de especial?

Não importava a região portuguesa, não importava o produtor, não importava a proposta do vinho, lá estava, seja predominando percentualmente falando ou não, a Castelão.

Claro que, estimulado pela curiosidade que me é peculiar neste vasto e atraente universo do vinho, me coloquei a pesquisar sobre a casta, profundamente. E realmente a sua história personifica a história recente e gigantesca da Portugal vitivinícola.

Logo dissecarei, com requintes de detalhes, a magnífica história da Castelão, mas antes seguirei contando a minha história, de forma mais breve possível, com esta especial variedade, autóctone portuguesa.

E quando me vi envolto em curiosidade em degustar um rótulo 100% Castelão me coloquei em uma saga no garimpo de um vinho que entregasse o que eu queria, o que eu necessitava de momento. À época tive a impressão da dificuldade de encontrar um nos sites especializados em venda de vinhos e os pouquíssimos ofertados estavam com um valor muito alto para o meu humilde bolso.

Mas continuei a procurar e estava cada vez mais decidido a procurar até encontrar e quando estive em um site de vendas de vinhos muito popular no Brasil encontrei, quase que despretensiosamente, um que, claro, me chamou a atenção, mas lendo as nuances de sua proposta, percebi se tratar de um vinho mais básico, mas isso não importa! O comprei, degustei e gostei! Ele era o Vinhas do Silvado 2016. Que vinho saboroso! Para a sua proposta entregou até além!

A saga continuaria! Claro que não iria parar por aí e encontrei outro, da região do Tejo, de nome Adega Grande Reserva Castelão 2017, esse, com uma proposta diferenciada, em relação ao primeiro rótulo, com passagem por madeira e a experiência foi ótima também! Estava com sorte! Os vinhos 100% Castelão estavam me entregando qualidade, tipicidade.

E com esse panorama favorável não poderia parar! Afinal o universo é vasto e temos a obrigação de explorá-lo. E no mesmo site que havia comprado o meu primeiro rótulo 100% Castelão achei outro da região de Setúbal, que tem uma relação histórica forte com a Castelão, mais precisamente da sub-região de Palmela, terra dos moscatéis de Setúbal, com uma proposta no mínimo arrojada: passagem por 12 meses em depósitos de cimento! Não me lembro de ter degustado um vinho com passagem por cimento! Então foi chegada a hora de degusta-lo! Depois de dois anos na adega desde a sua compra, o desarrolhei! E voilá!

Então sem mais delongas o vinho que degustei e gostei veio da região portuguesa de Setúbal, de Palmela, e se chama Pó das Areias Grande Escolha 100% Castelão da safra 2017. Então antes de falar do vinho, falemos um pouco da região de Setúbal e Palmela, bem como a artista do momento: Castelão!

Setúbal


A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Na região foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal.

De Setúbal saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico.

Situada no litoral oeste, a sul de Lisboa, esta região vitivinícola tem um terroir específico para a produção do famoso e tão apreciado vinho licoroso. “Esta região pode dividir-se em duas zonas orográficas completamente distintas: uma a sul e sudoeste, montanhosa, formada pelas serras da Arrábida, Rosca e S. Luís, e pelos montes de Palmela, S. Francisco e Azeitão, estes recortados por vales e colinas, com altitudes entre os 100 e os 500 m. A outra, pelo contrário, é plana, prolongando-se em extensa planície junto ao rio Sado.

Península de Setúbal

A área delimitada abrange no total uma superfície de 9.210 hectares de vinha, admitindo-se que, dessa área, cerca de 2075 hectares estão afeto à produção de vinhos com Denominação de Origem. Uma grande parte dos vinhos é exportada. Existem grandes empresas vitivinícolas na região utilizando tecnologias avançadas de transformação, da uva ao vinho. O Vinho Regional “Península de Setúbal” produz-se em todo o distrito de Setúbal. Já no que respeita aos vinhos com Denominação de Origem, temos duas regiões distintas: Setúbal, para a produção do vinho generoso, e Palmela, onde se produzem vinhos brancos, tintos e rosados, vinhos frisantes e espumantes rosados e vinhos licorosos.

O clima é misto, subtropical e mediterrânico. Influenciado pela proximidade do mar, pelas bacias hidrográficas do Tejo e do Sado e pelas serras e montes da região, tem fracas amplitudes térmicas e um índice pluviométrico entre os 400 a 500 mm. Extensa em território e com clima mediterrânico – tempo quente e seco no verão e relativamente frio e chuvoso no inverno –, a Península de Setúbal é uma região que permite a obtenção de vinhos carismáticos, com personalidade forte e traços de caráter únicos, com uma singular relação entre qualidade e preço. A presença de vinhas em terras planas compostas por solos de areia perfeitamente adaptados à produção de uvas de qualidade, bem como de um relevo mais acentuado, com vinhas plantadas em solo argilo-calcários, protegidos do Oceano Atlântico pela Serra da Arrábida, resulta numa produção de vinhos reconhecida nacional e internacionalmente.

As designações de Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG)

As designações de Denominação de Origem (D.O.) e Indicação Geográfica (I.G) indicam os vinhos de acordo com a sua origem, características e castas. É esta certificação que garante a qualidade dos vinhos que irá consumir. Desde o plantio até o engarrafamento, os vinhos da Península de Setúbal são avaliados e controlados pela CVRPS, chegando à sua mesa com 3 possíveis classificações: D.O. Palmela, D.O. Setúbal e I.G. Península de Setúbal (Vinho Regional).

DO Palmela

Abrangendo os concelhos de Setúbal, Palmela, Montijo e, ainda, a freguesia do Castelo, no concelho de Sesimbra, a D.O. Palmela cobre a mesma área que a D.O. Setúbal, mas exclui a produção de Moscatel de Setúbal. Aqui, tanto nos tintos como nos brancos, há uma utilização predominante de certas castas que permitem produzir vinhos carismáticos, com personalidades fortes.

Setúbal e Palmela mais ao norte

Os vinhos tintos D.O. Palmela devem conter a casta Castelão, conhecida tradicionalmente por Periquita, em pelo menos 67% da sua produção. São, na sua maioria, vinhos tranquilos, ou seja, não são gaseificados. São caracteristicamente bastante aromáticos, com grande capacidade de envelhecimento e estruturados. Os jovens e os mais velhos distinguem-se pelo perfil e aromas. Enquanto que os primeiros são caraterizados por aromas como a cereja, a groselha e a framboesa, os mais velhos abarcam outros aromas mais secos, como a bolota e o pinhão.

Castelão: O DNA de Portugal

A uva Castelão é uma variedade de uva de casca escura que é usada no processo de fabricação de vinho tinto e encontrada mais exclusivamente em Portugal. Ela é utilizada para a produção não só de vinhos varietais, mas também vinhos mistos.

A Castelão é extremamente popular graças à sua robustez. Essa uva tende a crescer bem em solos arenosos e inférteis e resiste à maioria das doenças. Embora essa uva prefira os climas mais quentes, ela produz qualidade decente de vinho, mesmo a partir de uvas cultivadas em partes mais frias e úmidas de Portugal.

A Castelão é conhecida, na região de Setúbal, como “Periquita”, também chamada João de Santarém ou Castelão Francês. Embora seja cultivada por todo o país, destaca-se, sobretudo nas regiões costeiras a sul e por vezes entra na constituição do Vinho do Porto.

O Termo “Periquita” está associado ao emblemático vinho, de mesmo nome, criado por José Maria da Fonseca, da vinícola de mesmo nome lá na região de Setúbal. A vinícola, fundada em 1834, tinha a alcunha de “Periquita” por causa do local onde estava instalado, conhecido como “Cova da Periquita”, nome dado pelos moradores da região.

José Maria da Fonseca

Na costa sul de Portugal, onde os solos são arenosos, as vinhas de Castelão produzem vinhos que não são apenas tânicos, mas também encorpados e extremamente rústicos, com um toque de sabor frutado que parece o sabor de uma fruta silvestre. Estes vinhos são frequentemente envelhecidos no carvalho por um período de cinco a dez anos e uma vez feito, o vinho produzido é de qualidade extremamente premium.

No caso dos vinhos produzidos a partir de uvas cultivadas na parte central de Portugal, devido à natureza calcária do solo, produz vinhos mais leves e frutados, que não precisam ser envelhecidos devido ao sabor equilibrado e podem ser consumidos precocemente. Este vinho é frequentemente misturado com variedades como Tinta Roriz e Touriga Nacional.

Quando misturado com outros vinhos, as bordas ásperas do Castelão tendem a amolecer um pouco, tornando o vinho muito mais acessível, principalmente quando não passa pelo processo de envelhecimento.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um lindo e intenso vermelho rubi com reflexos violáceos muito brilhantes, com lágrimas finas e em média intensidade que logo se dissipam do copo.

No nariz entrega um rico aroma de frutas vermelhas frescas com destaque para groselha, cereja e morango, com notas florais, de flores vermelhas, além de especiarias, como pimenta e toques herbáceos e de couro.

Na boca é redondo, elegante, fácil de degustar, muita fruta protagonizando também no palato. Muito equilibrado, graças aos seus taninos aveludados, mas envolventes, com uma acidez muito boa, apesar dos cinco anos de safra, e álcool bem integrado, revela todas as características da variedade Castelão, se devendo também aos 12 meses que estagiou em tanques de cimento que valoriza a essência da casta. Tem final médio.

Mais uma experiência excepcional com a Castelão! Muitas novidades foram impostas a mim com a degustação deste especial rótulo. Os depósitos de cimento, onde o vinho estagiou por doze meses, trouxe um vinho mais puro, enfatizando a essência da cepa, potencializando o seu terroir, com muita tipicidade. Tem taninos redondos, macios e faz do vinho algo suculento, fresco, vivo, mas com personalidade marcante por exatamente expor todas as suas nuances e características desta cepa que, a cada dia, me ganha.

E ainda tem uma curiosidade estampada no rótulo: Grande Escolha! O que significa? “Grande Escolha” é uma denominação de qualidade, mas que não é uma denominação de origem, mas se assemelha a um reserva ou grande reserva, por exemplo. Significa que obteve uma qualificação, uns pontos acima do “normal”, dos vinhos regionais, por exemplo, pelo organismo ou instituição que certifica o vinho.

E mais uma curiosidade, agora sobre o nome que ostenta em seu rótulo: “Pó das Areias”! Pó das Areias faz alusão aos solos arenosos e ao clima mediterrâneo no qual a uva Castelão foi cultivada.

O que corrobora, definitivamente, a sua qualidade, personificando o seu terroir. Enfim, um vinho repleto de tipicidade. Tem 13.5% de teor alcoólico.

Sobre a Adega Fernão Pó:

A Adega Fernão Pó é uma empresa familiar de Fernando Pó, concelho de Palmela, como resultado da junção das famílias Freitas & Palhoça. Ligadas à viticultura e produção de vinho há gerações, reúnem assim dois ramos da história vinícola de Fernando Pó.

Os Freitas são antigos proprietários da região e, por outro lado, os Palhoças, descendentes da cultura “caramela”, vindos do norte de Portugal, se estabeleceram em “Foros” na região. Anteriormente, nos anos 50, Aníbal da Silva Freitas fundou a Adega. Só posteriormente, em 1990, foi lançado o primeiro vinho de marca própria. Hoje, produz cerca de 660 mil litros de vinhos de vinhas próprias.

A planície de Fernão Pó é conhecida pela qualidade das suas uvas. Dividida em pequenas quintas desde a chegada do caminho-de-ferro em 1861, distingue-se pela camada de areias macias, a cobrir o solo de barro. O microclima temperado pelos rios Tejo e Sado protege e facilita a maturação perfeita das uvas. O resultado são vinhos conhecidos pela boa estrutura, corpo, cor e principalmente aromas.

Mais informações acesse:

https://fernaopo.pt/

Referências:

“Vinhos da Península de Setúbal”, em: https://vinhosdapeninsuladesetubal.org/

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Castel%C3%A3o_(uva)

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/castelao

“House of Wine”: http://houseofwine.com.br/por-dentro-vinho/castelao/

 “Correio Braziliense”: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/turismo/2016/01/06/interna_turismo,513036/conheca-a-historia-do-rotulo-periquita-vinho-pioneiro-do-norte-de-por.shtml

“Clube dos Vinhos Portugueses”: https://www.clubevinhosportugueses.pt/vinhos/regioes/peninsula-de-setubal/regioes-vitivinicolas-portuguesas-peninsula-de-setubal-2/

 

 

 

 

 

 





 







sábado, 16 de julho de 2022

Panizzon Maximus 2018

 

Algumas discussões vêm se tornando recorrente entre os enófilos brasileiros e é bom que aconteça mesmo, pois estimula o senso crítico e a capacidade de entendimento de determinados cenários. E quais seriam as discussões? A disseminação da cultura do vinho, democratizando-a, a qualidade crescente do vinho brasileiro e o seu reconhecimento pela crítica especializada internacional, o custo Brasil que os encarece etc.

Por que falo tudo isso? Acredito que precisamos discutir tais temas e entender como e em que circunstâncias o vinho nacional enche as nossas taças. Não quero parecer ufanista e tão pouco ser um espírito de porco chato que critica os problemas pela qual a nossa cultura (ou falta de) na degustação de nossos vinhos passa.

O fato é que os nossos vinhos ganham, a cada dia, em qualidade, adquirindo tipicidade, expressando o que há de mais genuíno de nossos mais significativos terroirs, embora o consumo per capita, por ano, insiste em não passar dos dois litros e detalhe: Esse triste e preocupante panorama desde 1986, pasmem!

Então tentemos enxergar o que há de bom e ruim na nossa viticultura e, evidente tentar tirar bons proveitos nisso tudo e tentar degustar, em especial, os nossos rótulos. O conceito de preço baixo pode ser relativo, mas o cenário difícil dos valores e os altos tributos que pesam sobre nossa bebida é nítido, mas, enquanto enófilos que somos, temos de ter a mínima capacidade de garimpar, de buscar opções de vinhos mais justas no preço para o seu bolso. Isso sim é ter o que eu chamei de bom senso no início deste texto.

E acreditem há sim vinhos com um excelente custo X benefício, com propostas arrojadas, de vinhos complexos, que entregam qualidade, tipicidade, de regiões que aprecia, bem como castas ou blends igualmente atrativas.

E preciso citar alguns poucos produtores que, a duras penas, tem produzindo vinhos de extrema qualidade há décadas e que mantém um valor justo, democrático e que vem ganhando também a credibilidade em todo o planeta ganhando prêmios, sendo laureados com reconhecimentos dos mais expressivos: Falo da Panizzon e da Garibaldi.

A Garibaldi entrega rótulos especiais e muito bem feitos, sobretudo os espumantes e não ousarei aqui a elencar todos os seus grandes rótulos que degustei e gostei para não correr o risco de ser injusto. A Panizzon eu conheci, o que é uma pena, recentemente e confesso que fiquei impressionado com os preços que são praticados dos seus rótulos mais simples aos complexos.

Fui presenteado por um amigo e foi assim que conheci esse produtor com um Panizzon da casta Ancellotta da safra 2015 e estava simplesmente espetacular e o valor de mercado gira em torno dos R$ 40,00, aproximadamente! Então movido pelo interesse e excitação por buscar novos rótulos a ótimos preços da Panizzon me pus a garimpar pela grande rede.

E parei em um site conhecido que vende vinhos brasileiros e me deparei com um, que parece ser um dos mais complexos do portfólio deste produtor e quando vi o preço não acreditei: em torno dos R$50,00! Vi novamente, talvez poderia ter sido um erro, mas não, o valor era aquele! Li a descrição do vinho me excitando ainda mais! Então a aquisição era inevitável.

Ficou algum tempo na adega até que precisava iniciar a minha experiência com esse rótulo e o dia chegou! Eis que o momento chegou e o ritual de iniciação se fez necessário neste dia! Desarrolhado, a taça inundada, os sentidos aguçados e...voilá! De fato, o vinho correspondeu de forma suprema, única! Um estupendo vinho da região de Campos de Cima da Serra, um terroir que também vem me ganhando definitivamente. Ainda ouvirão e muito falar de Campos de Cima da Serra!

Então sem mais delongas vamos às apresentações: O vinho que degustei e gostei veio, como disse, de Campos de Cima da Serra, no Brasil, e se chama Panizzon Maximus composto pelas castas Cabernet Franc (35%), Merlot (35%), Sangiovese (15%) e Ancellotta (15%) da safra 2018. Então antes de falar sobre o vinho vamos traçar a história de Campos de Cima da Serra.

Campos de Cima da Serra

Por muito tempo, a região dos Campos de Cima da Serra ficou à sombra da Serra Gaúcha. A predominância do cultivo de variedades híbridas e o clima frio e ventoso eram encarados como entraves para o desenvolvimento de grandes vinhedos. Atualmente, no entanto, o cenário é o oposto.

A baixa temperatura e a incidência constante do vento foram transformadas em diferenciais, pois propiciam uma maturação mais longa e condições para que as uvas viníferas apresentem excelente sanidade.

As iniciativas de empresários que se aventuraram em elaborar vinhos na região foram recompensadas com grandes rótulos, hoje nacionalmente conhecidos por sua qualidade.

A vitivinicultura na região dos Campos de Cima da Serra é recente, iniciou com pesquisas realizadas pela Embrapa Uva e Vinho, que desde 2004 conduz experimentos nas áreas de viticultura e enologia na região, tem indicado condições favoráveis devido ao solo e o clima.

Ainda em fase de crescimento, destacam-se municípios como Campestre da Serra, Monte Alegre dos Campos, Ipê e Vacaria. Até então, o que víamos eram esplêndidas maçãs, sobretudo plantadas em Vacaria: "maçãs da Serra Gaúcha para a sua mesa!", um slogan bem conhecido localmente.

Campos de Cima da Serra

Naturalmente tem naquelas terras, devido ao fato de ser um pouco mais frio, um terreno propício para ciclos vegetativos mais longos e aos vinhos com menor teor alcoólico, acidez mais alta e boa estabilidade de cor e bom perfil aromático (os dois últimos graças à boa amplitude térmica).

Recordando a teoria: a cada 100 metros de altitude a temperatura média decresce em torno de 0,5 graus e corresponde a um retardo de 2-3 dias no período de crescimento da planta. Isso, comparativamente, coloca a região de Campos de Cima mais próxima de um clima de Bordeaux, ao contrário da Serra Gaúcha. Mas, há uma boa insolação sem dúvidas! Aliás, turisticamente, dali pode-se iniciar, rumo ao litoral, a conhecida "Rota do Sol"!

Como os ciclos da planta são longos, há colheitas de uvas tardias como a Cabernet Sauvignon no mês de abril, fato que traduz uma maturação lenta e que associada à já citada amplitude térmica (com variações de 15 graus em média, entre dia-noite) propicia vinhos mais harmônicos, com bom equilíbrio geral entre corpo-álcool-acidez.

Dentre as uvas principais temos as tintas Ancelotta, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat e Pinot Noir. Esta última, tem tido bom destaque, sobretudo no munícipio de Muitos Capões. As brancas mais cultivadas são Chardonnay, Moscato Branco, Glera (Prosecco), Trebbiano e a de melhor potencial de qualidade, a Viognier.

As videiras estão situadas principalmente em três municípios: Vacaria, Muitos Capões e Monte Alegre dos Campos. As uvas Pinot Noir e Chardonnay (uvas utilizadas na elaboração de espumantes) são muito cultivadas na região que apresenta clima temperado, com boa amplitude térmica. Por conta das baixas temperaturas, as videiras têm um ciclo vegetativo mais longo, brotam mais tarde. Consequentemente, a colheita é mais tardia, quase no início do outono.

Pode-se resumir que a região de Campos de Cima da Serra aporta e acrescenta um toque a mais de sutilezas climáticas, permitindo a diversificação de estilos de vinhos do Rio Grande do Sul como um todo e, por sua bela paisagem natural, pode se tornar um novo polo turístico, a contrapartida lúdica no trabalho de informação e educação sobre vinhos aos consumidores.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um intenso e profundo vermelho rubi, porém com tons brilhantes, com lágrimas finas e em profusão que, lentamente, desenham as bordas do copo.

No nariz entregam aromas intensos de frutas negras bem maduras, com destaque para a ameixa, amora e cereja preta, em perfeita sinergia com a madeira que evidente, aporta notas de chocolate, torrefação e baunilha, além de toques de especiarias que vai surgindo com a evolução do vinho em taça, diria algo de pimenta ou ervas.

Na boca é intensamente seco, mas saboroso, volumoso em boca, de médio corpo, a sua estrutura é evidente, mas, por outro lado, é macio e equilibrado graças a sinergia, também percebida no palato, da fruta com a madeira, afinal os 12 meses de passagem por barricas de carvalho, evidencia o amadeirado, mas privilegia o protagonismo da fruta. Os taninos são gulosos, marcados, mas aveludados, com uma acidez alta que corrobora, reforça o volume de boca, com a percepção de notas terrosas, de couro e tabaco. Tem final persistente e retrogosto frutado.

Gratas novidades, novas experiências sensoriais! A comprovação de que os vinhos brasileiros estão arrojados e expressivos, está na sua tipicidade, respeitando o seu terroir e convenhamos que, mais uma vez, Campos de Cima da Serra se revela maravilhosa, personificada em um vinho estupendo como o Panizzon Maximus! O vinho já traz sua imponência no nome! Nunca um nome de vinho veio tão a calhar como esse da Panizzon que merece, mais uma vez, os louros por produzir grandes vinhos a preços acessíveis. Não! Neste caso não podemos criticar sobre os altos valores dos vinhos brasileiros. Panizzon Maximus ostenta não só o nome e a qualidade, mas a relevância de seu preço que só estimula a democratização da cultura do vinho brasileiro! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Panizzon:

Foi em 1960 que Ricardo Panizzon e seus filhos decidiram apostar em sua produção própria de vinhos. Com vasta experiência como fornecedores de matéria-prima para vinícolas da região, a família Panizzon teve a visão empreendedora de investir em um novo negócio. E foi a partir deste importante passo que nasce a Sociedade de Bebidas Panizzon Ltda., surgida e instalada até hoje no Travessão Martins, interior de Flores da Cunha, e atualmente capitaneada pela terceira geração da família.

Até 1990, as atividades da empresa se concentravam na produção de vinhos de mesa. Em 1991, inicia-se a produção de vinagres, sob a marca Rosina, em homenagem à nona Rosina, esposa do fundador Ricardo. Ainda na primeira metade da década de 90, a Sociedade amplia seu mix de produtos com o lançamento de bebidas quentes e vinhos compostos. Com o aquecimento do mercado e a grande demanda por novos produtos, em 1999 a Panizzon lança seus primeiros vinhos finos e, em 2002, passa a fazer parte também do nicho de espumantes finos.

Mas foi no ano 2003 que a empresa ampliou ainda mais sua atuação, apresentando ao mercado linhas de vinagre balsâmico e suco de uva. Um marco no setor produtivo da Panizzon foi a implementação de técnicas, equipamentos e infraestrutura de última geração aplicada na produção de suco de uva concentrado, no ano de 2006. Os vinhedos Durans são o berço da produção das uvas dos Vinhos Panizzon. A produção de vinhos e espumantes realizada a partir de vinhedos próprios é garantia de excelência, devido ao controle rigoroso de qualidade que é feito desde o plantio, que é realizado em espaldeiras, até a vintage.

Esses diferenciais únicos garantem reconhecimento aos Espumantes e Vinhos Finos Panizzon, premiados em concursos nacionais e internacionais. Hoje, presente há mais de 59 anos no mercado brasileiro de bebidas, a Panizzon se configura como referência por sua excelência, fruto da tradição do legado da família e do constante aprimoramento técnico e produtivo.

A sua postura inovadora, responsável pela introdução de novos gêneros de produtos em território nacional evidencia a maturidade da empresa, que possui mais de 50 anos de mercado. Além da tradição e do legado da família, o que impulsiona a Panizzon é a responsabilidade de aprimorar constantemente os conhecimentos adquiridos, formar técnicos, investir em tecnologia e novos projetos como o plantio de grandes áreas de vinhedos próprios. O resultado deste incansável trabalho são os espumantes, vinhos finos, vinhos de mesa, vinagres, sucos e bebidas quentes, todos os produtos referência no mercado por sua excelência em qualidade.

Mais informações acesse:

http://www.panizzon.com.br/

Referências:

“Cafeviagem”: https://cafeviagem.com/vinhos-de-campos-de-cima-da-serra/

“ABS-SP”: https://www.abs-sp.com.br/noticias/n144/c/vinhos-do-brasil-parte-iv-campos-de-cima-da-serra

 

 

 

 

 







sábado, 9 de julho de 2022

Witral Gran Reserva Syrah 2016

 

Seria possível enxergar novidades em algo que já conhecemos desde os tempos de outrora? Digo que no universo vasto e inexplorado do vinho podemos sem sombra de dúvida.

E não é somente nas novas safras de um mesmo rótulo que as influências naturais (clima, temperatura etc.) tem impacto determinante nos vinhos, dando-lhes um caráter único, safra após safra, ano após ano, mas também na novidade de uma região, por exemplo.

Quer algo mais regionalista que degustarmos rótulos de microrregiões, pequenas e desconhecidas regiões inseridas em um grande “bloco” regional, muitas vezes, conhecidos e respeitados mundialmente?

Mas no caso da região cujo vinho degustarei hoje vem ganhando notoriedade pela sua credibilidade, pelos seus vinhos de qualidade, que eu, até o momento, não tive o prazer de degustar. Até o momento, porque a espera acabou, ele chegou!

Quem não gosta de um belo Syrah chileno? Definitivamente a variedade ganhou o mundo e em qualquer terroir se adapta divinamente, ganhando claro suas peculiaridades de acordo com a terra, o clima e a geografia do local de cultivo.

E essa região de hoje, nova para mim, me oferece um Syrah. Entendeu a novidade mesmo que com algo que já profundamente conhecemos? Sim! Isso é mágico e só mesmo o universo do vinho e toda a sua aura cósmica e especial pode nos proporcionar.

Esse vinho, depois da aquisição, ficou por um período que considerei razoável na adega. Esperei, pacientemente, o melhor momento para degusta-lo e hoje com seus seis anos de vida, está maduro, elegante, complexo, arrisco, como tem de ser um belo Syrah com a sua proposta e do Chile.

Bem sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio do Valle del Limarí e se chama Witral Gran Reserva, um 100% Syrah da safra 2016. Antes de viajarmos na história de Limarí e da descrição do vinho, cabe aqui uma curiosidade: “Witral” significa “tear” na língua dos Mapuches e expressa uma das mais antigas tradições desse povo. Essa civilização habitou o Valle del Limarí.

Os mapuches são um povo indígena da região centro-sul do Chile e do sudoeste da Argentina. São conhecidos também como araucanos (nome que os espanhóis lhes deram, mas que eles não reconhecem como próprio e percebido como pejorativo) ou eram também chamados reches antes do século XVIII.

A denominação Mapuche se origina da fusão de duas palavras, “mapu” que significa terra, e “che”, que significa gente. Em algumas regiões, ambos os termos são utilizados com pequenas diferenças de significado. Especula-se que o nome araucano proceda da palavra quechua "awqa", inimigo, selvagem ou rebelde, ou de "palqu", silvestre, tendo sido lhes dada pelos incas ou pelos espanhóis, fato que explica o repúdio desta designação por parte dos próprios Mapuche. 

Valle del Limarí

Localizado na província de Coquimbo, a cerca de 400 quilômetros ao norte de Santiago e às portas do deserto do Atacama, o Valle del Limarí é uma importante área vitivinícola chilena. Seu nome é devido ao rio Limarí, que corta o vale levando água pura e cristalina das Cordilheiras dos Andes. O Rio Limarí desce das montanhas dos Andes, formando uma ampla bacia com o maior reservatório do Norte Chico, o que favorece toda a agricultura.

O Vale do Limarí é conhecido como o “Norte Verde do Chile”, pois nele se encontram metade das áreas irrigadas da região de Coquimbo. Os vinhedos nesta área são famosos por suas variedades Chardonnay, Sauvignon Blanc e Cabernet Sauvignon, mas outras variedades também são encontradas como a Syrah,  Viognier e Pinot Gris.

Coquimbo e as suas regiões, inclusive Valle del Limarí

Com um terroir que possui características excepcionais, o Valle del Limarí é um verdadeiro oásis em meio à paisagem desértica. A região possui um dos céus mais claros do mundo. Para se ter uma ideia, o Valle del Limarí recebe, aproximadamente, 35% a mais de intensidade solar e uma quantidade alta de dias de sol por ano, cerca de 300, quando comparado a outras regiões vitivinícolas chilenas, como o Valle Central. Devido a essa característica é também um dos principais polos de observação astronômica do mundo.

Antes de ganhar fama pela qualidade da enologia, o Valle del Limarí chamou a atenção internacional em 1987, quando pesquisadores de La Serena fotografaram a explosão de uma estrela da categoria Supernova, feito considerado raro. O clima árido da região desértica é perfeito para a observação espacial, já que a umidade local é muito baixa, o que evita que as imagens captadas pelas lentes dos telescópios embacem.

Outra característica marcante da região é a influência marítima do Oceano Pacífico. Por lá, essa brisa marítima recebe o nome de Camanchaca. É por isso que a temperatura local baixa com facilidade, devido às brisas durante os dias e as noites, o que ajuda no amadurecimento lento das uvas, resultando em uma maior concentração de aromas e sabores.

Além das importantes características citadas, o Valle del Limarí tem um fator que determina a tipicidade da região e, consequentemente, de seus vinhos, que é a mineralidade. Isso ocorre devido à quantidade de carbonato de cálcio presente no solo, que é absorvido pela videira e até chegar aos cachos de uva.

Na serra costeira os Altos de Talinay recebem a umidade do mar, gerando um afloresta com espécies vegetais que sobrevivem 1000 km ao norte de seu habitat natural. As brisas marítimas que entram no vale refrescam possíveis altas temperaturas, permitindo a produção de vinhos finos entre o setor de Socos e a cidade de Ovalle.

A região vinícola de Valle del Limari possui 4 denominações: Monte Patria (DO), Ovalle (DO), Punitaqui (DO) e Rio Hurtado (DO).

Além da beleza natural o turismo em Valle del Limarí conta com um forte potencial turístico com uma gastronomia marinha tendo a oportunidade de acompanhar produtos típicos como a papaia e os queijos de cabra. E uma grande variedade de piscos gourmet para descobrir! Os vestígios arqueológicos e os parques naturais completam uma experiência completa a quatro horas da capital.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresente um vermelho rubi intenso, escuro, profundo, mas brilhante, com lágrimas grossas, lentas e em profusão. Um vinho caudaloso, consistente já denunciando o seu corpo intenso.

No nariz traz aromas de frutas pretas maduras com destaque para amora e ameixa, com um curioso frescor, com notas de especiarias, baunilha e um tostado médio, graças aos dez meses de passagem por barricas de carvalho.

Na boca é seco, encorpado, complexo, volumoso no palato, quente e alcoólico, mas muito bem integrado ao vinho, bem como a fruta madura e a madeira, ambos evidentes, mas em sinergia, mostrando equilíbrio e personalidade, mas fácil de degustar. Pimenta trazendo picância, toques de chocolate meio amargo, torrefação, taninos marcantes, acidez média com um final prolongado e persistente.

Um Syrah de respeito, de marcante personalidade, mas com um incrível frescor que, após familiarizar com a história da região, é muito típico. Um vinho solar, com pouca acidez sim, mas que compensa nas frutas vermelhas maduras. De fato, um Syrah chileno que entrega toda a característica essencial da variedade, como tem de ser, mas redondo e equilibrado. Um vinho que teve a capacidade de unir complexidade e frescor, além da sua plenitude com 6 anos de vida e que tinha mais, muito mais a evoluir. Simples e nobre! Tem 14% de teor alcoólico.

Sobre a Vinícola Tabalí:

A Viña Tabalí, presidida por Nicolás Luksic, é há anos o vinhedo icônico e um dos pioneiros do Vale do Limarí. Continuando o caminho do pai, Guillermo Luksic, que fundou a adega em 2002, os locais escolhidos para cada casta têm uma singularidade que deve ser vista refletida em cada vinho

Guillermo Luksic foi o primeiro empresário a construir uma moderna adega no Vale do Limarí. Ele tinha um carinho especial por Ovalle porque sua mãe, Ena Craig, havia estudado na escola Amalia Errázuriz, então desde criança ele visitava a área com sua família e amigos. Ele tinha essa coisa sentimental da mãe, e a certa altura disse: quero ter um campo em Ovalle porque a região é fascinante, o clima, a temperatura e também é muito bonita.

Foi assim que Guillermo, no início da década de 1990, comprou a fazenda Tabalí, às margens do Valle del Encanto, onde plantou seus primeiros vinhedos em 1993. Só em 2002 foram lançados os primeiros vinhos da marca Tabalí, que rapidamente ganhariam reconhecimento pela sua qualidade tanto no mercado nacional como internacional.

Em 2009, após anos de estudos geológicos e experimentação, na busca constante pela inovação e excelência na qualidade de seus vinhos, a vinícola adquiriu o vinhedo Talinay. Esta vinha está localizada no sopé do Parque Nacional Fray Jorge e faz parte da Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO. Apenas 12km o separam da costa, sendo o vinhedo mais costeiro do vale e aquele que surpreenderia todo o Chile com prêmios de Melhor Pinot Noir e Melhor Chardonnay do país em sua primeira colheita.

Com o objetivo de buscar novos Terroirs no Vale, em 2010 foi comprada uma parte da antiga Hacienda El Bosque, localizada na área andina de Río Hurtado. Neste local, está plantado um vinhedo a 1.600 metros acima do nível do mar, algo completamente novo, tornando Tabalí o único vinhedo que possui vinhas do mar à montanha, no mesmo vale.

Finalmente, em 2013 e sob a presidência de Nicolás, Tabalí adquiriu um dos vinhedos Cabernet Sauvignon mais exclusivos e de alta qualidade do Vale do Maipo, com a singularidade de estar localizado na Cordilheira da Costa, com encostas de solos coluviais e com exposição. Esta vinha promete novas oportunidades para a adega, que finalmente decide expandir o seu portfólio e explorar outros vales.

Mais informações acesse:

https://www.tabali.com/

Referências:

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/enoturismo/o-vale-do-limari/

“Boa Bebida”: https://boabebida.com.br/regiao/Valle-del-Limari

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=LIMARI

“Wikipedia”: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mapuches

“Enoturismo Chile”: https://www.enoturismochile.cl/valle-del-limari/

“Top do Brasil”: http://www.topdobrasil.com.br/vinhos/chile/valle-del-limari.php