quinta-feira, 26 de março de 2020

Vinho espanhol Crianza, Reserva, Gran Reserva e outras classificações.




Até o início dos anos 2000, a classificação dos vinhos na Espanha era relativamente simples, pois focava apenas no tempo de envelhecimento das bebidas. Nos rótulos eram estampados Vinho Crianza, Reserva ou Gran Reserva. Seguindo as normativas da União Europeia e uma tendência mundial, novas leis foram estabelecidas. Então, vamos conhecer melhor o que compramos?

Regulamentação Europeia dos vinhos

A Espanha não é o maior produtor de vinhos, mas é o país com maior área plantada de vinhas no mundo. Rioja é a região mais famosa e em 1933 foi a primeira a ter uma Denominação de Origem no país.

Ao lado de França e Itália, o país tem um protagonismo no cenário da vitivinicultura tradicional. No entanto, mesmo sendo vizinhos, esses países têm suas peculiaridades e, às vezes, visões diferentes sobre os vinhos. Na França, por exemplo, o terroir é o elemento principal e a ligação com a terra um pressuposto para os bons vinhos. Essa ótica tem influenciado países do mundo todo desde o começo do século passado, mas na Espanha, além da denominação de origem, o envelhecimento do vinho ganha destaque.

Não temos hoje – e talvez nunca teremos – regras mundiais de classificação do vinho, porém, desde a criação da União Europeia, existe um esforço para uma normatização que garanta as características de cada país.

Antes de 2011, os selos de classificação adotados pela UE eram: VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em uma Região Específica) e Vinhos de Mesa. Sob esse guarda-chuva abrigava as muitas denominações de cada país. As regras mudaram e atualmente são: DOP (Denominação de Origem Protegida) e IGP (Indicação Geográfica Protegida). Essa mudança ocorreu principalmente para que o selo pudesse ser usado para outros produtos além do vinho e tirar a conotação negativa das palavras “vinhos de mesa”.

A seguir os Selos da União Europeia para classificação dos vinhos.




Classificação do vinho espanhol

Até 2003 a Espanha classificava seus vinhos, principalmente, pelo seu envelhecimento nas barricas e garrafas. A primeira é chamada de maturação oxidativa (que permite uma micro-oxigenação pelas barricas de carvalho) e depois de engarrafados, a redutiva (evolução de aromas dentro da garrafa). As denominações de envelhecimento são:

Artigo 3. Indicações sobre as características dos vinhos.

Para fins de proteção, e sem prejuízo dos poderes que as comunidades autônomas possam ter em termos de denominações de origem, são estabelecidas as seguintes indicações sobre categorias de envelhecimento (extraídas da Lei 24/2003, de 10 de julho, sobre Vinha e Vinho):

a) Indicações comuns para vinhos de mesa com direito à menção tradicional "vinho local" e para vinhos de qualidade produzidos em determinadas regiões (a seguir, vqprd):

1º "Noble", que pode utilizar vinhos sujeitos a um período mínimo de envelhecimento de 18 meses no total, em recipiente de madeira de carvalho com capacidade máxima de 600 litros ou em garrafa.

2º "Añejo", que pode utilizar vinhos sujeitos a um período mínimo de envelhecimento de 24 meses no total, em recipiente de madeira de carvalho com capacidade máxima de 600 litros ou em garrafa.

3º "Antigo", que pode utilizar vinhos sujeitos a um período mínimo de 36 meses, quando este envelhecimento é marcadamente oxidativo devido à ação da luz, oxigênio, calor ou todos esses fatores.

b) Indicações específicas para os vqprd Além das indicações regulamentadas no parágrafo anterior, os vqprd podem utilizar o seguinte:

1º "Crianza", que pode utilizar vqprd com um período mínimo de envelhecimento de 24 meses, dos quais pelo menos seis permanecerão em barricas de carvalho com uma capacidade máxima de 330 litros; e os vqprd com um período mínimo de 18 meses, dos quais pelo menos seis serão conservados em barricas de carvalho com a mesma capacidade máxima.

2ª "Reserva", que pode utilizar os vqprd com um período mínimo de 36 meses, dos quais pelo menos 12 estarão em barris de madeira de carvalho com capacidade máxima de 330 litros e o restante referido período; os vqprd com um período de envelhecimento mínimo de 24 meses, dos quais pelo menos seis terão sido em barris de carvalho com a mesma capacidade máxima e em garrafa o resto do referido período.

3ª "Gran reserva", que pode utilizar os vqprd com um período mínimo de 60 meses, dos quais pelo menos 18 permanecerão em barris de carvalho com capacidade máxima de 330 litros e o restante na garrafa do referido período; os vqprd com um período de envelhecimento mínimo de 48 meses, dos quais pelo menos seis estarão em barris de carvalho com a mesma capacidade máxima e em garrafa durante o resto desse período.

c) Indicações específicas para vinhos espumantes de qualidade. Os vinhos espumantes de qualidade podem utilizar as seguintes indicações:

1º "Premium" e "reserva", que podem utilizar vinhos espumantes de qualidade definidos na regulamentação comunitária e vinhos espumantes de qualidade produzidos numa determinada região (vqprd).

2ª "Gran reserva", que pode ser utilizada pelos vinhos espumantes de qualidade cobertos pela Denominação Cava, com um período de envelhecimento mínimo de 30 meses, desde a corrida até a repugnância.

Com a reformulação da Lei da Vinha e do Vinho de 2003, a classificação ficou mais complexa. Para entender os rótulos, além das denominações de envelhecimento, temos outras que são divididas em:

DOCa (Denominación de Origen Calificada) – é o nível mais alto da classificação junto com a VP (Vino de Pago). O termo Calificada significa que os vinhos são de alta qualidade e garantidos. Têm este selo apenas as regiões de Rioja e Priorat.

DO (Denominación de Origen) – além de sua origem geográfica, essa denominação indica que o vinho possui um estilo que segue regras de produção. Inclui uma gestão das vinhas (castas permitidas, rendimento por planta, etc) e técnicas de vinificação.

VP (Vino de Pago) – São vinhos de alta qualidade, muitas vezes de vanguarda, mas que não se enquadram na DO. Isso pode acontecer de duas formas: se a vinícola estiver fora de uma indicação geográfica, a propriedade ganhará o título de Vino de Pago; outro caso é quando o vinho é elaborado fora das regras de produção, mas possui excelente qualidade, então será Vino de Pago Calificado.

VC (Vino de Calidad con Indicación Geográfica) – essa pode ser compreendida como uma categoria de transição. São vinícolas que estão em ascensão para níveis mais altos de qualidade, mas que ainda não podem ser considerados DO.

VT (Vino de la Tierra) – nessa denominação, o vinho é visto apenas pela ótica da terra de origem, e não pela qualidade e processos produtivos. É um termo mais genérico e flexível, que não restringe castas, mas que determina limitações sobre o rendimento das vinhas.







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