Sempre tive dificuldades para comprar vinhos espanhóis.
Talvez fosse pela baixa oferta de rótulos atraentes ou simplesmente a incapacidade
da minha parte de escolher o vinho que procurava ou pior: a visão pré-concebida
que me impedia de comprar os vinhos certos para mim. Vou dizer que a famigerada
opção 3. A minha cabeça era povoada por receios de comprar vinhos muito caros e
que não me arrebatasse de tal maneira que me deixasse de joelhos ou aqueles
muito baratos que fosse uma completa porcaria. Mas de algum tempo para cá fui
descobrindo novas alternativas, locais de compras, sejam elas locais virtuais
ou físicos, com novas regiões, castas ou blends inusitados e pouco conhecidos
por aqui, propostas de vinhos, enfim, o leque abriu, percebi o quão
diversificado a Espanha no que tange a sua cultura vitivinífera é e tudo o
mais.
Então fui às compras e encontrei um da região tradicional de
Penedès, que para mim era, até então nova, que estava a um surpreendente valor
(R$ 24,90, na promoção), um crianza chamado Viña Chatel, da tradicional Bodegas
Pinord, com um corte das castas Tempranillo (90%) e Cabernet Sauvignon (10%) da
safra 2013.
Algo importante é saber o conceito da palavra “crianza” para
esse tipo de vinho e a sua importância para a proposta do vinho. O termo “crianza”
não se significa que o vinho seja jovem (não significa “criança”), mas
significa “envelhecimento”, ou seja, o tempo que o vinho maturou em barricas de
carvalho. Na Espanha os termos “Crianza”, “Reserva” e “Gran Reserva” segue um
padrão de vinificação, diferentemente em alguns países do Novo Mundo que as
utiliza para definir a qualidade das suas uvas, mas também por mero marketing.
O vinho que estampa no rótulo o termo “crianza” tem, por questão da lei, passar
24 meses na vinícola, sendo que, no mínimo 6 meses em barricas de carvalho e o
resto evoluindo, descansando na garrafa até sair do produtor para o consumidor.
Caso queira saber mais leia em: “Classificação dos vinhos espanhóis”
Penedès
Essa é uma denominação de origem de vinhos produzidos na
Catalunha, noroeste da Espanha. Uma das mais antigas regiões vinícolas da Europa.
Uma das melhores da Espanha. Os limites geográficos da denominação de origem
Penedès não coincidem nem com divisões geográficas nem políticas. Penedès
estende-se por uma longa faixa de terra, entre as montanhas e o Mediterrâneo,
no caminho que vai de Tarragona a Barcelona.
O clima é mediterrâneo. Os verões são quentes, os invernos
são suaves, e as chuvas moderadas estão concentradas, principalmente na
primavera e no outono. Mas a variação climática é bastante grande, dentro da região.
A denominação é composta por 3 zonas distintas: Penedès Superior (próxima às
cordilheiras do interior), Penedès Marítimo ou Baixo (entre o mar e as colinas
costeiras) e Penedès Central (na planície entre essas duas zonas). Aproximadamente
75% dos vinhedos da denominação estão ocupados com vinhas de cepas brancas,
sendo que as mais cultivadas são: Xarel-lo, Macabeu, Parellada, Chardonnay e
Moscatel d’Alexandria. Entre as tintas, as mais cultivadas dentro das regras do
conselho regulador são Merlot, Cabernet Sauvignon e Tempranillo. É possível
observar, nessa região, uma tendência dos produtores para as cepas internacionais,
em detrimento às nativas. O estilo dos vinhos de Penedès varia de secos a
doces, tranquilos a espumantes, podendo ser brancos, tintos ou rosés. Os
melhores tintos encorpados vêm do Alto Penedès, ou Penedès Superior. Os brancos
frescos de maior destaque, em contrapartida, são produzidos no Baixo Penedès.
Fonte: Tintos & Tantos (http://www.tintosetantos.com/index.php/denominando/592-penedes).
Agora o vinho:
Na taça o vinho apresenta uma cor vermelho escuro, intenso
com reflexos violáceos com lágrimas em abundância, finas e que demora um pouco
a se dissipar desenhando as paredes do copo.
No nariz, apesar da safra de 2013, o vinho ainda estava
jovem, fresco, com aromas intensos de especiarias, com notas intensas de frutas
vermelhas e um discreto mas agradável toque abaunilhado e de madeira, muito bem
integrado ao conjunto do vinho, graças a passagem por 9 meses em barricas de
carvalho.
Na boca reproduz-se as impressões olfativas, com a fruta
preenchendo a boca, com um paladar agradável, suave, macio, devido ao tempo da
passagem em madeira, mostrando um bom equilíbrio entre a mesma e o vinho, com
taninos presentes mas sedosos e gentis com um bom final
Descobri e consegui exorcizar todos os meus questionamentos
quanto aos vinhos espanhóis, percebendo ainda que é possível degustar bons
rótulos daquele país a valores extremamente convidativos ao bolso. Viña Chatel
surpreendente pelo valor baixo, entregando mais do que vale, mostrando ainda
que, caso queira, tem bom potencial de guarda, onde o degustei com 7 anos de
vida! Vinho de personalidade, alguma estrutura, mas fácil de degustar. 13% de
teor alcoólico.
Sobre a Bodegas Pinord:
Bodegas Pinord tem mais de cem anos de experiência em
vinificação na região de Penedès, no nordeste da Espanha, em seu nome. Eles
produzem vinhos e cavas (espumantes), usando métodos tradicionais, herdados de
seus ancestrais. Hoje, o uso de tecnologia de ponta, juntamente com uma equipe
excepcional de profissionais esforçados, ajuda a tornar seus vinhos e cavas
famosos em todo o mundo. A história da Bodegas Pinord remonta ao tempo em que,
há mais de cento e cinquenta anos, a família Tetas começou a produzir vinhos
brancos e tintos em sua propriedade em Sant Cugat Sesgarrigues a partir de uvas
que eles mesmos haviam cultivado. Mesmo naquela época, eles produziam e
envelheciam os vinhos usando os métodos mais tradicionais empregados na região.
Em 1942, Josep Maria Tetas instalou a atual vinícola em Vilafranca del Penedès,
a apenas quatro quilômetros da propriedade original. É o nome desta vinha que,
de fato, inspirou a família a criar o nome da empresa: “Pi del Nord” (Pinheiro
do Norte) e hoje, que foi reconvertida para a agricultura orgânica, fornecendo
à vinícola uvas de alta qualidade, assim como fez séculos antes. Naquela época,
Miquel Tetas, pai de Josep Maria, fermentou uvas Xarel·lo de suas vinhas e, uma
vez que foi dito, ele viajou a noite toda com um cavalo e uma carroça e dois
barris de 500 litros para vender seus vinhos em Barcelona, onde os habitantes
desfrutaram muito da delicadeza de seus vinhos. Logo, Josep Maria Tetas, que
era um homem inquisitivo e empreendedor, observou como alguns de seus vinhos
jovens emitiam espontaneamente pequenas quantidades de dióxido de carbono -
bolhas como os petilantes franceses ou os frizzantes italianos. Ele começou a
investigar como fermentar suas uvas, a fim de manter essa efervescência em seus
vinhos. Reynal, o primeiro vinho pérola fabricado na Espanha, foi o resultado
de sua pesquisa. O sucesso foi imediato e foi muito além das expectativas:
muito em breve, a Pinord começou a exportar seus vinhos para todo o mundo e a
vinícola cresceu rapidamente. Eles estenderam a vinícola e aumentaram a
produção. Foi durante esses anos que Marrugat Cavas foi criado usando o
sobrenome da esposa de Josep Maria Teta, cuja família há muito estava ligada à
produção de vinho na região de Penedès. Eles também começaram a fazer uma
variedade de vinhos tranquilos, muscadelle e outras especialidades que
compunham um portfólio muito amplo de vinhos, ganhando elogios da vinícola e
fama internacional durante os anos cinquenta e sessenta. Foi nessa época que
Pinord se tornou um dos pontos de referência da vinificação em Penedès. Nos
últimos anos, a Bodegas Pinord ampliou sua gama de produtos e começou a
produzir vinhos em outras denominações de vinhos na Espanha. Estes novos vinhos
são todos feitos usando métodos de agricultura biológica.
Geração após geração, a filosofia da família Tetas pode ser
resumida nas seguintes palavras: Tradição familiar, espírito pioneiro e
inovador, amor pela terra e paixão por ótimos vinhos.
Mais informações acesse: