quarta-feira, 20 de maio de 2020

Tons de Duorum tinto 2014


Costumo dizer e defender, com unhas e dentes, o enófilo a participar, mesmo que ao menos uma vez na vida, de eventos e festivais de degustação de vinhos. A gama de informação que você absorve é fantástica, ainda tendo, é claro, o prazer e a alegria de degustar vários rótulos e conhecendo outros tantos. Você conversa com participantes, com representantes dos produtores, conhecem, por intermédio dos rótulos, novas regiões, propostas de vinhos, castas etc. O meu primeiro evento dessa natureza há quatro ou cinco anos atrás, tive a oportunidade de conhecer um rótulo excelente e de surpreendente custo x benefício à época que foi muito bem posicionado, na realidade foi o primeiro colocado, em uma degustação às cegas realizada pela organização do evento e que contou com especialistas, críticos e jornalistas ligados ao vinho.

O vinho que degustei e gostei veio da emblemática região portuguesa do Douro e se chama Tons de Duorum, da vinícola João Portugal Ramos, composta pelas típicas castas da região: Touriga Franca (50%), Touriga Nacional (30%) e Tinta Roriz (20%), da safra 2014.

Na taça apresenta um vermelho rubi intenso e brilhante com tonalidades violáceas, com lágrimas em abundância que teimavam em desenhar as paredes do copo.

No nariz tem uma explosão aromática de frutas vermelhas frescas, como o morango e a framboesa, com um agradável toque floral denotando muito frescor e jovialidade.

Na boca se reproduz as notas olfativas com muito frescor, um vinho jovem, elegante, mas com a característica personalidade dos vinhos do Douro, com taninos sedosos e presentes, com boa acidez com um final frutado, suave, fresco e persistente.

Um vinho que realça a tipicidade da região tradicional do Douro, mas que não tem aquela típica estrutura, corpo médio, sendo muito frutado, harmonioso e equilibrado, graças também a sua passagem por 6 meses por barricas de carvalho, muito bem integrados. Tem 13,5% de teor alcoólico.

Sobre a linha “Duorum”:

Dois enólogos que marcam a história do vinho em Portugal nas últimas décadas, em duas regiões que o mundo reconhece como de elevada qualidade e personalidade, o Douro e o Alentejo, reencontram-se num projeto sonhado e realizado nos vinhedos milenares do Douro. A “Duorum" (expressão latina que significa “de dois”), nasce em janeiro de 2007 e exprime a vontade de João Portugal Ramos e de José Maria Soares Franco de juntarem as suas atividades profissionais de enólogos num projeto de produção de vinhos do Douro com características únicas e de dimensão internacional. As vinhas, localizadas nas regiões de Cima Corgo e Douro Superior, dois terroirs excecionais e protegidos, estão erguidas em socalcos com diferentes altitudes, entre 150-500 metros, e apenas com castas autóctones. No Cima Corgo, existe baixa pluviosidade com cerca de 600 mm, temperaturas e amplitudes térmicas elevadas durante o ciclo da videira. Por sua vez, o Douro Superior é menos acidentado, com  encostas geralmente mais suaves e vales menos profundos. O clima é tipicamente mediterrânico, com as temperaturas estivais mais elevadas, e precipitações anuais próximas dos 400mm. Tanto a adega como as vinhas encontram-se inseridas na Região Demarcada do Douro, uma das mais antigas do Mundo e cujo valor paisagístico e cultural foi reconhecido pela UNESCO como Património da Humanidade. Adicionalmente, as propriedades da Duorum encontra-se em dois locais que integram a Rede Europeia de Conservação da Natureza (Rede Natura 2000), a Zona de Proteção Especial para Aves do Douro Internacional e Vale do Águeda e o Sítio de Importância Comunitária do Douro Internacional. A conduta ambiental e vitícola assumida pela DUORUM levou ao reconhecimento do ICNB (Instituto para a Conservação da Natureza e Biodiversidade) e à sua consequente adesão à iniciativa europeia Business & Biodiversity, uma rede internacional de empresas que integra na sua atividade preocupações com a natureza e a biodiversidade. Este compromisso tornou-se uma ferramenta imprescindível para atingir os elevados padrões de exigência ambiental estabelecidos pela DUORUM.

 Sobre a vinícola João Portugal Ramos:

Nascido de uma longa linhagem de produtores, João Portugal Ramos licenciou-se em Agronomia pelo Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Estagiou no Centro de Estudos da Estação Vitivinícola Nacional de Dois Portos, após o que inicia, em 1980, no Alentejo, a sua atividade de enólogo. A partir da experiência acumulada, João Portugal Ramos constituiu a Consulvinus no final da década de 80, com o objetivo de dar resposta às inúmeras solicitações de vários produtores um pouco por todo o país. Assim, a Consulvinus alarga a sua atividade para além do Alentejo, chegando ao Tejo, Península de Setúbal, Dão, Beiras e Lisboa, participando no desenvolvimento de marcantes vinhos portugueses e revitalizando regiões que até então começavam a cair no esquecimento dos enófilos e dos consumidores. João Portugal Ramos planta os primeiros 5 hectares de vinha em Estremoz, onde vive desde 1988, dando início ao seu projeto pessoal. Estremoz é o primeiro local eleito por João Portugal Ramos para fazer os seus próprios vinhos, após a longa carreira como enólogo consultor na criação de vinhos nas principais regiões vitivinícolas de Portugal. A primeira vindima realiza-se em 1992 e nos anos que se seguem o vinho é elaborado em instalações arrendadas, sendo 1997 o primeiro ano em que é vinificado nas novas instalações. Desta primeira vindima, nasce o primeiro vinho próprio de João Portugal Ramos – Vila Santa. Inicia-se a construção da Adega Vila Santa, em Estremoz. Em 1997 é também a primeira colheita do Marquês de Borba Reserva e no ano seguinte nasce o Colheita, que até hoje se mantém como a marca mais forte do grupo revelando uma consistência inabalável ano após ano. Embora João Portugal Ramos já fosse há muitos anos o enólogo responsável pela produção e distribuição dos vinhos dos seus sogros, os Condes de Foz de Arouce, só em 2005 é que a Quinta de Foz de Arouce na Lousã, Beira Baixa, passa a fazer oficialmente parte do grupo. No ano em que o Grupo João Portugal Ramos comemora 25 anos, o seu fundador, em 2017, recebe o Prémio Senhor do Vinho de uma das mais importantes publicações nacionais no setor – a Revista de Vinhos. Neste mesmo ano há a necessidade de ampliar a Adega Vila Santa pela terceira vez, recebendo seis novos lagares de mármore para permitir "pisa a pé" de um maior número de vinhos tintos, passando também a centralizar os processos de engarrafamento de todos os vinhos do Grupo em Estremoz, e aumentando ainda a capacidade de armazenagem de vinhos engarrafados. Os vinhos do Grupo João Portugal Ramos estão presentes por todo o mundo, sendo líderes de vendas de vinhos portugueses em alguns países. Hoje, o enólogo tem a seu lado dois dos seus cinco filhos, João Maria no departamento de enologia e Filipa no departamento de marketing, dando continuidade ao negócio de família.

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Degustado em: 2017








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