sexta-feira, 22 de maio de 2020

Chardonnay day


A Chardonnay, a “rainha das uvas brancas” é a casta vinífera branca de maior prestígio no mundo, cultivada em todas as regiões produtoras, degustada por todos. Durante muito tempo, acreditava-se que existia uma ligação entre ela, Pinot Blanc e Pinot Noir, e esse pensamento não era por acaso: as plantas de todas as três possuem estrutura e formato muito parecidos, diferindo apenas na cor de seu fruto. Mas ela é o resultado do cruzamento entre as castas Pinot Noir e Gouais Blanc, dela saindo um excelente vinho branco.

História da Chardonnay

Sua origem está associada à região francesa da Borgonha. Acredita-se que os romanos foram os responsáveis por trazer a Gouais e que suas cepas foram cultivadas no leste francês junto com as uvas Pinot Blanc — o que tornou seu cruzamento muito mais propenso. Com isso, em meados do século XVIII, o fruto desse cruzamento, a Chardonnay, foi reconhecida como uma nova espécie de uva e não mais como uma variedade.

Originária da região da Borgonha, na França, durante muito tempo foi a única variedade responsável pelos mais finos vinhos da região. O que chardonnay fez com que essa percepção mudasse, foi o advento da moda dos vinhos varietais a partir do século XX. É a variedade branca mais dispersa pelo mundo, sendo cultivada na grande maioria das regiões produtoras do mundo e conhecida como a rainha da uvas brancas. Dependendo da maneira como é tratada, pode gerar desde vinhos longevos e complexos até brancos simples para consumo diário. Entre as uvas brancas, é uma das variedades mais passiveis de amadurecimento ou fermentação em barricas, desenvolvendo complexidade aromática e, mais que tudo, estrutura em boca, com untuosidade e estrutura especiais.

É uma casta capaz de expressar o desejo do viticultor e a expressão do terroir. Somente em sua região de origem, Borgonha, é que produz um estilo de vinho que até os dias de hoje não conseguiu ser reproduzido em outro lugar, talvez pela composição do solo da região, o conhecido, caro e muito apreciado, Chablis. O Clima, grande influenciador direto de qualquer vinho, é determinante no caso desta cepa. Quando cultivada em regiões mais frias, gera vinho mais frescos e leves, se em regiões mais quentes, o vinho ganha estrutura, untuosidade e notas de frutas tropicais maduras.

Características da Chardonnay


Essa uva de pele verde, utilizada na produção de espumantes e vinhos brancos é, provavelmente, a mais “maleável” que existe no mundo, e grande parte disso se deve ao fato de ser possível produzi-la em praticamente todo lugar do planeta. É possível utilizá-la na produção de vinhos que apresentam desde a expressão máxima da fruta — ou seja, vinhos que não passam por madeira — como aqueles que variam de notas mais suaves até os mais amadeirados — que apresentam características de baunilha e amanteigados. A Chardonnay dá origem a vinhos ricos em aromas e sabores, de forma que evidencia as frutas cítricas quando submetida a climas frios, e frutas tropicais a climas quentes. Para atingir essa gama variada de vinhos que vão de estruturados e encorpados até leves e delicados, sua grande aliada é a Terroir.

Principais regiões produtoras da Chardonnay

Cultivada em quase todos os lugares do mundo, a Chardonnay tende a se apresentar pouco marcada e, muitas vezes, descaracterizada. Dessa forma, as principais regiões são:

França, Borgonha (Côte de Beaune) – É a sua terra natal, nenhuma outra casta branca pode ser cultivada nesta região. Seus vinhos estão entre os melhores do mundo. Cada sub-região apresenta características particulares: Montrachet (intensos, longevos, apaixonantes), Puligny-Montrachet (estruturado, saboroso e fresco), Chassagne-Montrachet (mais noturno), Meursault (amanteigado e frutas secas), Corton-Charlemagne (mais mineral);

França, Borgonha (Chablis) – Nesta parte da Borgonha tudo é muito diferente, o clima é mais frio e o solo calcário já foi leito de mar. O resultado só poderia ser um, vinhos espetaculares, soberbos. Chablis não se copia, aqui a Chardonnay tem outra personalidade. Mineral, rochoso, feno verde, imortal. Sem dúvida alguma, tudo que um vinho branco gostaria de ser;

França, Borgonha (Pouilly-Fuissé) – Vinhos diferentes, encorpados por longa maturação. Muito interessantes e robustos;

França, Champagne – Aqui a Chardonnay é responsável pelo frescor, cremosidade e elegância do espumante. Pode se apresentar varietal (Blanc de Blancs) ou em corte com a Pinot Noir e Pinot Meunier;

Itália – Talvez, devido ao fato de ser um país que não tem uma grande casta branca, a Chardonnay foi adotada com sucesso em quase todas as regiões: Piemonte, Lombardia, Alto Adige, Toscana, Abruzzo e Sicilia. Produz desde espumantes até vinhos de sobremesa deliciosos;

Espanha – Pelos mesmos motivos da Itália, aqui a Chardonnay também vem ganhando espaço com muita competência. As melhores regiões são: Penedès (Cavas), Somontano, Navarra e Rioja;

Califórnia – Produz milhões de garrafas por ano (45 milhões de caixas em 2001). Em geral, seus vinhos são extremamente aromáticos, alcoólicos, amadeirados e com baixa acidez. Algumas vezes percebe-se algum açúcar residual. Os melhores exemplares podem ser espetaculares e rivalizar com os melhores da Borgonha. As melhores sub-regiões são Napa e Sonoma Valleys com destaque para as sub-regiões de Carneros, Russian River e Alexander Valley;

Austrália – Outra excelente região. Já viveu o momento dos vinhos super maduros e amadeirados na década de 1980 e 1990, quase enjoativos (Hunter Valley). Agora vive uma nova realidade, com vinhos mais elegantes, complexos, frescos e provenientes de áreas mais frias. As melhores sub-regiões são: Margaret River, Yarra Valley, Eden Valley, Padthaway e Tasmânia (para espumantes);

Nova Zelândia – Sem dúvida, este país tem vocação para os vinhos brancos. Aqui a Chardonnay pode alcançar patamares insuperáveis para o Novo Mundo. Seus vinhos são intensos, potentes e muito bem equilibrados. As melhores sub-regiões são: Hawke’s Bay, Marlborough e Wairarapa;

Chile – Assim como a Cabernet Sauvignon, aqui a Chardonnay encontrou um terreno fértil para se desenvolver. É a casta branca mais cultivada no país. Seus aromas, além das frutas típicas tropicais, apresentam uma pegada mais tostada e amanteigada. Seus vinhos podem ser espetaculares. As melhores sub-regiões são: Valle de Casablanca, Valle de Leyda, Valle del Maule, Valle de Bío Bío e Malleco;

Argentina – Apesar do predomínio das castas tintas, existem alguns bons (excelentes) vinhos feitos com Chardonnay. Mas não são muitos. A região de Mendoza é a mais indicada.

Chardonnay day

O Chardonnay Day é comemorado desde 2010, na quinta-feira que antecede o feriado de Memorial Day nos EUA.

Não se sabe exatamente quando e como surgiu o Chardonnay Day. Possivelmente, foi em 2009, quando um grupo de enólogos se reuniu para comemorar o sucesso e a premiação de um vinho canadense, que superou rótulos franceses e californianos, no Wine Awards Cellier, em Montreal. Para eles, o significado dessa conquista foi tão grande, que concluíram que a Chardonnay, uma variedade amplamente cultivada em Ontario, merecia destaque. Então, começaram a convidar vinícolas de todo o mundo, que possuem vinhos dessa uva, para celebrá-la todos os anos, no fim de maio.

Há quem diga que a origem do Chardonnay day é parte de uma criação midiática do especialista em marcas, branding e mídias sociais, o americano Rick Bakas. Tudo parte de uma grande estratégia da indústria do vinho!

A Chardonnay é hoje a mais utilizada e produzida no mundo, por isso, você provavelmente vai sempre esbarrar em um rótulo que a contém. Assim, é importante ficar muito atento ao local de produção da uva para que você não acabe levando algo com expectativas erradas. E viva a Chardonnay day!



Fontes:









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