A Chardonnay, a “rainha das uvas brancas” é a casta vinífera
branca de maior prestígio no mundo, cultivada em todas as regiões produtoras,
degustada por todos. Durante muito tempo, acreditava-se que existia uma ligação
entre ela, Pinot Blanc e Pinot Noir, e esse pensamento não era por acaso: as
plantas de todas as três possuem estrutura e formato muito parecidos, diferindo
apenas na cor de seu fruto. Mas ela é o resultado do cruzamento entre as castas
Pinot Noir e Gouais Blanc, dela saindo um excelente vinho branco.
História da Chardonnay
Sua origem está associada à região francesa da Borgonha. Acredita-se
que os romanos foram os responsáveis por trazer a Gouais e que suas cepas foram
cultivadas no leste francês junto com as uvas Pinot Blanc — o que tornou seu cruzamento
muito mais propenso. Com isso, em meados do século XVIII, o fruto desse cruzamento,
a Chardonnay, foi reconhecida como uma nova espécie de uva e não mais como uma
variedade.
Originária da região da Borgonha, na França, durante muito
tempo foi a única variedade responsável pelos mais finos vinhos da região. O
que chardonnay fez com que essa percepção mudasse, foi o advento da moda dos
vinhos varietais a partir do século XX. É a variedade branca mais dispersa pelo
mundo, sendo cultivada na grande maioria das regiões produtoras do mundo e
conhecida como a rainha da uvas brancas. Dependendo da maneira como é tratada,
pode gerar desde vinhos longevos e complexos até brancos simples para consumo
diário. Entre as uvas brancas, é uma das variedades mais passiveis de
amadurecimento ou fermentação em barricas, desenvolvendo complexidade aromática
e, mais que tudo, estrutura em boca, com untuosidade e estrutura especiais.
É uma casta capaz de expressar o desejo do viticultor e a
expressão do terroir. Somente em sua região de origem, Borgonha, é que produz
um estilo de vinho que até os dias de hoje não conseguiu ser reproduzido em
outro lugar, talvez pela composição do solo da região, o conhecido, caro e
muito apreciado, Chablis. O Clima, grande influenciador direto de qualquer
vinho, é determinante no caso desta cepa. Quando cultivada em regiões mais
frias, gera vinho mais frescos e leves, se em regiões mais quentes, o vinho
ganha estrutura, untuosidade e notas de frutas tropicais maduras.
Características da Chardonnay
Essa uva de pele verde, utilizada na produção de espumantes e
vinhos brancos é, provavelmente, a mais “maleável” que existe no mundo, e
grande parte disso se deve ao fato de ser possível produzi-la em praticamente
todo lugar do planeta. É possível utilizá-la na produção de vinhos que
apresentam desde a expressão máxima da fruta — ou seja, vinhos que não passam
por madeira — como aqueles que variam de notas mais suaves até os mais
amadeirados — que apresentam características de baunilha e amanteigados. A
Chardonnay dá origem a vinhos ricos em aromas e sabores, de forma que evidencia
as frutas cítricas quando submetida a climas frios, e frutas tropicais a climas
quentes. Para atingir essa gama variada de vinhos que vão de estruturados e
encorpados até leves e delicados, sua grande aliada é a Terroir.
Principais regiões produtoras da Chardonnay
Cultivada em quase todos os lugares do mundo, a Chardonnay
tende a se apresentar pouco marcada e, muitas vezes, descaracterizada. Dessa forma,
as principais regiões são:
França, Borgonha (Côte de Beaune) – É a sua terra natal,
nenhuma outra casta branca pode ser cultivada nesta região. Seus vinhos estão
entre os melhores do mundo. Cada sub-região apresenta características
particulares: Montrachet (intensos, longevos, apaixonantes), Puligny-Montrachet
(estruturado, saboroso e fresco), Chassagne-Montrachet (mais noturno),
Meursault (amanteigado e frutas secas), Corton-Charlemagne (mais mineral);
França, Borgonha (Chablis) – Nesta parte da Borgonha tudo é
muito diferente, o clima é mais frio e o solo calcário já foi leito de mar. O
resultado só poderia ser um, vinhos espetaculares, soberbos. Chablis não se
copia, aqui a Chardonnay tem outra personalidade. Mineral, rochoso, feno verde,
imortal. Sem dúvida alguma, tudo que um vinho branco gostaria de ser;
França, Borgonha (Pouilly-Fuissé) – Vinhos diferentes,
encorpados por longa maturação. Muito interessantes e robustos;
França, Champagne – Aqui a Chardonnay é responsável pelo
frescor, cremosidade e elegância do espumante. Pode se apresentar varietal
(Blanc de Blancs) ou em corte com a Pinot Noir e Pinot Meunier;
Itália – Talvez, devido ao fato de ser um país que não tem
uma grande casta branca, a Chardonnay foi adotada com sucesso em quase todas as
regiões: Piemonte, Lombardia, Alto Adige, Toscana, Abruzzo e Sicilia. Produz
desde espumantes até vinhos de sobremesa deliciosos;
Espanha – Pelos mesmos motivos da Itália, aqui a Chardonnay
também vem ganhando espaço com muita competência. As melhores regiões são:
Penedès (Cavas), Somontano, Navarra e Rioja;
Califórnia – Produz milhões de garrafas por ano (45 milhões
de caixas em 2001). Em geral, seus vinhos são extremamente aromáticos,
alcoólicos, amadeirados e com baixa acidez. Algumas vezes percebe-se algum
açúcar residual. Os melhores exemplares podem ser espetaculares e rivalizar com
os melhores da Borgonha. As melhores sub-regiões são Napa e Sonoma Valleys com
destaque para as sub-regiões de Carneros, Russian River e Alexander Valley;
Austrália – Outra excelente região. Já viveu o momento dos
vinhos super maduros e amadeirados na década de 1980 e 1990, quase enjoativos
(Hunter Valley). Agora vive uma nova realidade, com vinhos mais elegantes,
complexos, frescos e provenientes de áreas mais frias. As melhores sub-regiões
são: Margaret River, Yarra Valley, Eden Valley, Padthaway e Tasmânia (para
espumantes);
Nova Zelândia – Sem dúvida, este país tem vocação para os
vinhos brancos. Aqui a Chardonnay pode alcançar patamares insuperáveis para o
Novo Mundo. Seus vinhos são intensos, potentes e muito bem equilibrados. As
melhores sub-regiões são: Hawke’s Bay, Marlborough e Wairarapa;
Chile – Assim como a Cabernet Sauvignon, aqui a Chardonnay
encontrou um terreno fértil para se desenvolver. É a casta branca mais
cultivada no país. Seus aromas, além das frutas típicas tropicais, apresentam
uma pegada mais tostada e amanteigada. Seus vinhos podem ser espetaculares. As
melhores sub-regiões são: Valle de Casablanca, Valle de Leyda, Valle del Maule,
Valle de Bío Bío e Malleco;
Argentina – Apesar do predomínio das castas tintas, existem
alguns bons (excelentes) vinhos feitos com Chardonnay. Mas não são muitos. A
região de Mendoza é a mais indicada.
Chardonnay day
O Chardonnay Day é comemorado desde 2010, na quinta-feira que
antecede o feriado de Memorial Day nos EUA.
Não se sabe exatamente quando e como surgiu o Chardonnay Day.
Possivelmente, foi em 2009, quando um grupo de enólogos se reuniu para
comemorar o sucesso e a premiação de um vinho canadense, que superou rótulos
franceses e californianos, no Wine Awards Cellier, em Montreal. Para eles, o
significado dessa conquista foi tão grande, que concluíram que a Chardonnay,
uma variedade amplamente cultivada em Ontario, merecia destaque. Então,
começaram a convidar vinícolas de todo o mundo, que possuem vinhos dessa uva,
para celebrá-la todos os anos, no fim de maio.
Há quem diga que a origem do Chardonnay day é parte de uma
criação midiática do especialista em marcas, branding e mídias sociais, o
americano Rick Bakas. Tudo parte de uma grande estratégia da indústria do
vinho!
A Chardonnay é hoje a mais utilizada e produzida no mundo,
por isso, você provavelmente vai sempre esbarrar em um rótulo que a contém.
Assim, é importante ficar muito atento ao local de produção da uva para que
você não acabe levando algo com expectativas erradas. E viva a Chardonnay day!
Fontes:
Adega Almeida, em: http://www.adegaalmeida.com.br/blog/tipos-de-uva-chardonnay-vinho-branco/
Divina e Vinho, em: https://divinaevinho.com/2018/05/24/o-dia-internacional-da-chardonnay-e-os-tantos-outros-dias-das-uvas-marketing/
Blog da Famiglia Valduga, em: https://blog.famigliavalduga.com.br/entenda-tudo-sobre-a-uva-chardonnay/
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