quinta-feira, 28 de maio de 2020

Viña Chatel Crianza tinto 2013


Sempre tive dificuldades para comprar vinhos espanhóis. Talvez fosse pela baixa oferta de rótulos atraentes ou simplesmente a incapacidade da minha parte de escolher o vinho que procurava ou pior: a visão pré-concebida que me impedia de comprar os vinhos certos para mim. Vou dizer que a famigerada opção 3. A minha cabeça era povoada por receios de comprar vinhos muito caros e que não me arrebatasse de tal maneira que me deixasse de joelhos ou aqueles muito baratos que fosse uma completa porcaria. Mas de algum tempo para cá fui descobrindo novas alternativas, locais de compras, sejam elas locais virtuais ou físicos, com novas regiões, castas ou blends inusitados e pouco conhecidos por aqui, propostas de vinhos, enfim, o leque abriu, percebi o quão diversificado a Espanha no que tange a sua cultura vitivinífera é e tudo o mais.

Então fui às compras e encontrei um da região tradicional de Penedès, que para mim era, até então nova, que estava a um surpreendente valor (R$ 24,90, na promoção), um crianza chamado Viña Chatel, da tradicional Bodegas Pinord, com um corte das castas Tempranillo (90%) e Cabernet Sauvignon (10%) da safra 2013.

Algo importante é saber o conceito da palavra “crianza” para esse tipo de vinho e a sua importância para a proposta do vinho. O termo “crianza” não se significa que o vinho seja jovem (não significa “criança”), mas significa “envelhecimento”, ou seja, o tempo que o vinho maturou em barricas de carvalho. Na Espanha os termos “Crianza”, “Reserva” e “Gran Reserva” segue um padrão de vinificação, diferentemente em alguns países do Novo Mundo que as utiliza para definir a qualidade das suas uvas, mas também por mero marketing. O vinho que estampa no rótulo o termo “crianza” tem, por questão da lei, passar 24 meses na vinícola, sendo que, no mínimo 6 meses em barricas de carvalho e o resto evoluindo, descansando na garrafa até sair do produtor para o consumidor. Caso queira saber mais leia em: “Classificação dos vinhos espanhóis” 

Penedès

Essa é uma denominação de origem de vinhos produzidos na Catalunha, noroeste da Espanha. Uma das mais antigas regiões vinícolas da Europa. Uma das melhores da Espanha. Os limites geográficos da denominação de origem Penedès não coincidem nem com divisões geográficas nem políticas. Penedès estende-se por uma longa faixa de terra, entre as montanhas e o Mediterrâneo, no caminho que vai de Tarragona a Barcelona.


O clima é mediterrâneo. Os verões são quentes, os invernos são suaves, e as chuvas moderadas estão concentradas, principalmente na primavera e no outono. Mas a variação climática é bastante grande, dentro da região. A denominação é composta por 3 zonas distintas: Penedès Superior (próxima às cordilheiras do interior), Penedès Marítimo ou Baixo (entre o mar e as colinas costeiras) e Penedès Central (na planície entre essas duas zonas). Aproximadamente 75% dos vinhedos da denominação estão ocupados com vinhas de cepas brancas, sendo que as mais cultivadas são: Xarel-lo, Macabeu, Parellada, Chardonnay e Moscatel d’Alexandria. Entre as tintas, as mais cultivadas dentro das regras do conselho regulador são Merlot, Cabernet Sauvignon e Tempranillo. É possível observar, nessa região, uma tendência dos produtores para as cepas internacionais, em detrimento às nativas. O estilo dos vinhos de Penedès varia de secos a doces, tranquilos a espumantes, podendo ser brancos, tintos ou rosés. Os melhores tintos encorpados vêm do Alto Penedès, ou Penedès Superior. Os brancos frescos de maior destaque, em contrapartida, são produzidos no Baixo Penedès. Fonte: Tintos & Tantos (http://www.tintosetantos.com/index.php/denominando/592-penedes).

Agora o vinho:

Na taça o vinho apresenta uma cor vermelho escuro, intenso com reflexos violáceos com lágrimas em abundância, finas e que demora um pouco a se dissipar desenhando as paredes do copo.

No nariz, apesar da safra de 2013, o vinho ainda estava jovem, fresco, com aromas intensos de especiarias, com notas intensas de frutas vermelhas e um discreto mas agradável toque abaunilhado e de madeira, muito bem integrado ao conjunto do vinho, graças a passagem por 9 meses em barricas de carvalho.

Na boca reproduz-se as impressões olfativas, com a fruta preenchendo a boca, com um paladar agradável, suave, macio, devido ao tempo da passagem em madeira, mostrando um bom equilíbrio entre a mesma e o vinho, com taninos presentes mas sedosos e gentis com um bom final
Descobri e consegui exorcizar todos os meus questionamentos quanto aos vinhos espanhóis, percebendo ainda que é possível degustar bons rótulos daquele país a valores extremamente convidativos ao bolso. Viña Chatel surpreendente pelo valor baixo, entregando mais do que vale, mostrando ainda que, caso queira, tem bom potencial de guarda, onde o degustei com 7 anos de vida! Vinho de personalidade, alguma estrutura, mas fácil de degustar. 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Pinord:

Bodegas Pinord tem mais de cem anos de experiência em vinificação na região de Penedès, no nordeste da Espanha, em seu nome. Eles produzem vinhos e cavas (espumantes), usando métodos tradicionais, herdados de seus ancestrais. Hoje, o uso de tecnologia de ponta, juntamente com uma equipe excepcional de profissionais esforçados, ajuda a tornar seus vinhos e cavas famosos em todo o mundo. A história da Bodegas Pinord remonta ao tempo em que, há mais de cento e cinquenta anos, a família Tetas começou a produzir vinhos brancos e tintos em sua propriedade em Sant Cugat Sesgarrigues a partir de uvas que eles mesmos haviam cultivado. Mesmo naquela época, eles produziam e envelheciam os vinhos usando os métodos mais tradicionais empregados na região. Em 1942, Josep Maria Tetas instalou a atual vinícola em Vilafranca del Penedès, a apenas quatro quilômetros da propriedade original. É o nome desta vinha que, de fato, inspirou a família a criar o nome da empresa: “Pi del Nord” (Pinheiro do Norte) e hoje, que foi reconvertida para a agricultura orgânica, fornecendo à vinícola uvas de alta qualidade, assim como fez séculos antes. Naquela época, Miquel Tetas, pai de Josep Maria, fermentou uvas Xarel·lo de suas vinhas e, uma vez que foi dito, ele viajou a noite toda com um cavalo e uma carroça e dois barris de 500 litros para vender seus vinhos em Barcelona, ​​onde os habitantes desfrutaram muito da delicadeza de seus vinhos. Logo, Josep Maria Tetas, que era um homem inquisitivo e empreendedor, observou como alguns de seus vinhos jovens emitiam espontaneamente pequenas quantidades de dióxido de carbono - bolhas como os petilantes franceses ou os frizzantes italianos. Ele começou a investigar como fermentar suas uvas, a fim de manter essa efervescência em seus vinhos. Reynal, o primeiro vinho pérola fabricado na Espanha, foi o resultado de sua pesquisa. O sucesso foi imediato e foi muito além das expectativas: muito em breve, a Pinord começou a exportar seus vinhos para todo o mundo e a vinícola cresceu rapidamente. Eles estenderam a vinícola e aumentaram a produção. Foi durante esses anos que Marrugat Cavas foi criado usando o sobrenome da esposa de Josep Maria Teta, cuja família há muito estava ligada à produção de vinho na região de Penedès. Eles também começaram a fazer uma variedade de vinhos tranquilos, muscadelle e outras especialidades que compunham um portfólio muito amplo de vinhos, ganhando elogios da vinícola e fama internacional durante os anos cinquenta e sessenta. Foi nessa época que Pinord se tornou um dos pontos de referência da vinificação em Penedès. Nos últimos anos, a Bodegas Pinord ampliou sua gama de produtos e começou a produzir vinhos em outras denominações de vinhos na Espanha. Estes novos vinhos são todos feitos usando métodos de agricultura biológica.

Geração após geração, a filosofia da família Tetas pode ser resumida nas seguintes palavras: Tradição familiar, espírito pioneiro e inovador, amor pela terra e paixão por ótimos vinhos.

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