quarta-feira, 13 de maio de 2020

Baron de Bordeaux tinto 2012


Degustar um vinho da emblemática e histórica região de Bordeaux é como se estivéssemos recintando poesias líquidas. Não há como passar pelo mundo do vinho sem o protagonismo de seus rótulos, a experiência se torna indispensável. Claro que os mais complexos e famosos vinhos dessa região está muito distante da realidade econômica e social de muitos brasileiros com salários com baixíssimo poder de compra e tantas outras responsabilidades que requer financiamentos ou custeios. Mas há uma variedade de vinhos, nas mais diversas e distintas propostas que, com um pouco de interesse e dedicação, encontra aquele vinho que você se identifica, que você deseja, seja ele tinto, branco, mais frutado, jovem ou encorpado. Ler Guia definitivo dos vinhos de Bordeaux

E por falar em valores e garimpagem de rótulos descobri um com valor surpreendente! Porém da mesma forma que o valor baixo seduz pode nos trazer certos receios, questionamentos quanto a sua qualidade, embora valor não seja demérito para rótulos e propostas de vinhos. Pesquisei um pouco sobre o mesmo e, com um espírito “aventureiro” resolvi compra-lo. O vinho surpreendeu! O vinho que degustei e gostei, como disse, veio de Bordeaux e se chama Baron de Bordeaux, com o típico blend da região com as castas Merlot, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc da safra 2012.

Na taça tem um vermelho rubi escuro, com discretos toques acastanhados, atijolados, talvez pelo tempo de safra (o degustei em 2019, com sete anos de vida!), com lágrimas finas com razoável abundância e que brevemente se dissipam das paredes do copo.

No nariz traz aromas de frutas vermelhas, mas não muito em evidência, com notas de especiarias e pimenta.

Na boca reproduz as impressões olfativas, com certa complexidade, mas harmonioso, com taninos sedosos, pouca acidez e um final de média persistência.

Apesar da safra o vinho se revelou pleno, a presença da fruta não era tão evidente, abundante, talvez pelo tempo de vida, de safra, mas ainda mostrava uma “jovialidade” e uma personalidade marcante adquirido pela “idade”, mas um vinho equilibrado, de corpo médio, garantido pela predominância da casta Merlot, afinal, este vinho foi produzido na margem direita do rio Gironde e que, de acordo com o produtor o mesmo veio de encostas montanhosas, na fronteira com as margens retas do Garonne e Dordogne, com condições ideais da incidência solar. A vinha está espalhada por todo o departamento de Gironde, com a natureza de seu magnífico terroir.


O mesmo tem 13% de teor alcoólico bem integrados, quase imperceptíveis e teve passagem por tanques de aço inoxidável e concreto.

Sobre o rótulo “Baron de Bordeaux”:

O nome “Baron de Bordeaux” foi inspirado pela aristocracia francesa do século XVIII. O famoso Barão Montesquieu, filósofo de Bordeaux, fazia parte da corrente do Iluminismo e foi determinante na história da França. Nascido em 18 de janeiro de 1689 no Brède, ele escreveu a melhor parte de seu trabalho lá.

Sobre a Producta Vignobles:

A Producta Vignobles é um grupo de produtores, de caves cooperativas, que foi fundada em 1949, na região de Bordeaux. Especialistas em vinhos nas áreas de compras, qualidade, marketing, logística e comércio, as missões da vinícola são: Desenvolver vinhos de qualidade em perfeita harmonia com a promessa da denominação, criar um elo entre o enólogo e o consumidor, é a representação da vinha na taça dos consumidores, ser uma garantia de qualidade para o consumidor, ser parceiro dos clientes, com boa distribuição dos rótulos, oferecendo vinhos com terroir de Bordeaux. A Producta Vignobles também ostenta algumas facetas de pioneirismo na cultura vitivinícola francesa, tais como: pioneira na venda de marca própria, em 1980, aquisição de certificação ISO 9001 em 1990, desenvolvimento da abordagem Agri Confiance por vinícolas cooperativas, para viticultura responsável e sustentável, em 2010, em 2011 foi pioneira no design ecológico de uma nova garrafa "gravada", 100% reciclável e com pegada leve e uma abertura de escritório na China, em 2014 foi a primeira empresa na categoria de marketing de vinhos eleita por LA TRIBUNE OBJECTIF AQUITAINE e em 2015 introduziu-se ao mundo arte com sua série de obras de Product’Art. Produzem cerca de mais de 20 milhões de garrafas por ano. Tudo começa no coração da vinha e nos cuidados que os vinicultores trazem para a vinha durante todo o ano, desde o tamanho das vinhas até a colheita da safra.

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Degustado em: 2019






sábado, 9 de maio de 2020

Panizzon Ancellotta 2015


Algumas discussões vêm se tornando recorrente entre os enófilos brasileiros: a disseminação da cultura do vinho, democratizando-a, a qualidade crescente do vinho brasileiro e o seu reconhecimento pela crítica especializada internacional, o custo Brasil que encarece os vinhos para os brasileiros etc. Por que falo tudo isso? Acredito que precisamos discutir tais temas e entender como e em que circunstâncias o vinho nacional enche as nossas taças. Não quero parecer ufanista e tão pouco ser um espírito de porco chato que critica os problemas pela qual a nossa cultura (ou falta de) viticultura brasileira passa. O fato é que os nossos vinhos ganha, a cada dia, em qualidade, adquirindo tipicidade, expressando o que há de mais genuíno de nossos mais significativos terroirs, embora o consumo per capita, por ano, insiste em não passar dos dois litros. Então prefiro unir o que há de bom e ruim na nossa viticultura.

Toda essa introdução é para dizer que o vinho que degustei e gostei é brasileiro, veio da famosa região gaúcha de Flores da Cunha, em Altos Montes, e é de uma casta que se notabilizou na Itália, é oriunda de lá, a Ancellotta. Falo do Panizzon da safra 2015.

Na taça revela um vermelho intenso, profundo, escura, proporcionando uma bebida caudalosa com lágrimas finas que se dissipam rapidamente.

No nariz aromas intensos de frutas maduras, com toques de baunilha e tostado, graças a passagem por 6 meses por barricas de carvalho.

Na boca é seco, com bom volume de boca, preenche maravilhosamente a boca, com taninos presentes, mas sedosos, em virtude da breve passagem por madeira, fazendo do vinho macio, equilibrado e fácil de degustar. Tem boa acidez e um final frutado de média persistência.

Um vinho de personalidade, porém refinado, equilibrado, harmonioso e elegante e apesar da cor intensa e escura não é nem um pouco encorpado, mas, como disse, macio e fácil de beber. Harmoniza muito bem com massas em geral, como macarrão e pizza, por exemplo. Uma curiosidade: as mudas que produziram este vinho vieram da Itália e aqui encontrou as condições naturais ideais para ser vinificado, para ser feito com a tipicidade brasileira. Um vinho nacional que, como muitos rótulos, premiados em todos os cantos do mundo, que, como costumo dizer, precisam ser conhecidos e reconhecidos por todos os brasileiros sem distinção de raça, cor, credo e, sobretudo nível social. E por falar em reconhecimento, o Panizzon Ancellotta da safra 2015 foi premiado no famoso “Grande Prova Vinhos do Brasil 2019” como o melhor Ancellotta do evento tão importante. Veja: https://blogs.oglobo.globo.com/luciana-froes/post/grande-prova-vinhos-do-brasil-premia.html. Embora não “bebamos prêmios” é um reconhecimento em tanto corroborado pela sua atestada qualidade. Tem 12% de teor alcoólico.

Sobre a Panizzon Vinhos:

Foi em 1960 que Ricardo Panizzon e seus filhos decidiram apostar em sua produção própria de vinhos. Com vasta experiência como fornecedores de matéria-prima para vinícolas da região, a família Panizzon teve a visão empreendedora de investir em um novo negócio. E foi a partir deste importante passo que nasce a Sociedade de Bebidas Panizzon Ltda., surgida e instalada até hoje no Travessão Martins, interior de Flores da Cunha, e atualmente capitaneada pela terceira geração da família. Até 1990, as atividades da empresa se concentravam na produção de vinhos de mesa. Em 1991, inicia-se a produção de vinagres, sob a marca Rosina, em homenagem à nona Rosina, esposa do fundador Ricardo. Ainda na primeira metade da década de 90, a Sociedade amplia seu mix de produtos com o lançamento de bebidas quentes e vinhos compostos. Com o aquecimento do mercado e a grande demanda por novos produtos, em 1999 a Panizzon lança seus primeiros vinhos finos e, em 2002, passa a fazer parte também do nicho de espumantes finos. Mas foi no ano 2003 que a empresa ampliou ainda mais sua atuação, apresentando ao mercado linhas de vinagre balsâmico e suco de uva. Um marco no setor produtivo da Panizzon foi a implementação de técnicas, equipamentos e infraestrutura de última geração aplicada na produção de suco de uva concentrado, no ano de 2006. s vinhedos Durans são o berço da produção das uvas dos Vinhos Panizzon. A produção de vinhos e espumantes realizada a partir de vinhedos próprios é garantia de excelência, devido ao controle rigoroso de qualidade que é feito desde o plantio, que é realizado em espaldeiras, até a vintage. Esses diferenciais únicos garantem reconhecimento aos Espumantes e Vinhos Finos Panizzon, premiados em concursos nacionais e internacionais. Hoje, presente há mais de 59 anos no mercado brasileiro de bebidas, a Panizzon se configura como referência por sua excelência, fruto da tradição do legado da família e do constante aprimoramento técnico e produtivo. A sua postura inovadora, responsável pela introdução de novos gêneros de produtos em território nacional evidencia a maturidade da empresa, que possui mais de 50 anos de mercado. Além da tradição e do legado da família, o que impulsiona a Panizzon é a responsabilidade de aprimorar constantemente os conhecimentos adquiridos, formar técnicos, investir em tecnologia e novos projetos como o plantio de grandes áreas de vinhedos próprios. O resultado deste incansável trabalho são os espumantes, vinhos finos, vinhos de mesa, vinagres, sucos e bebidas quentes, todos os produtos referência no mercado por sua excelência em qualidade.

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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Matilda Plains Tinto 2011


Definitivamente os vinhos australianos ganharam seu espaço no mundo. Também não é à toa, são vinhos exuberantes, frescos, de personalidade, complexos e elegantes. São vinhos versáteis, que proporciona harmonizar com pratos leves, simples, condimentados ou pode se degustar sozinho. São informais, frescos, mais complexos e austeros. Porém, no Brasil, apesar de ter uma boa diversidade de rótulos, ainda está um pouco distante da realidade de um simples enófilo, como eu, por exemplo. Explico: os valores são muitos altos para a maioria da população brasileira, assalariada, com pouco poder de compra. Não é uma novidade esse cenário, afinal o custo Brasil é alto, os tributos são altos, a burocracia encarece o produto e continuamos a mercê dessa situação. Enófilo brasileiro e pobre sofre! Mas os rótulos australianos são mais caros ainda! Não quero entrar nos pormenores, mas mencionei isso para falar em um excepcional vinho da terra do canguru com um surpreendente custo X benefício, tendo como comparação outros rótulos que atingem 3 ou até 4 dígitos no seu valor! Lembro-me bem que fui a busca de um vinho australiano, mas não queria gastar tanto. Entrei em uma loja especializada e me foi apresentado um vinho que o vendedor falou maravilhas. Com certo receio, comprei, afinal, pelo menos o valor estava convidativo.

O vinho que degustei e gostei é o Matilda Plains tinto da emblemática região de  Langhorne Creek, que conta com um blend das castas Cabernet Sauvignon (64%), Syrah (24%) e Merlot (12%) da safra 2011. Mencionei a região de Langhorne Creek e gostaria de falar um pouco sobre ela, antes de comentar o vinho.

Langhorne Creek

Esta região, que fica no sul da Austrália, que é simplesmente uma das mais tradicionais regiões produtoras de vinhos australianos da atualidade, também é conhecida pela cultura em torno do vinho, que reina por lá e que dá o tom da atmosfera do local.


Langhorne Creek produz alguns dos melhores rótulos vindos de um país emergente da atualidade e rivaliza com regiões tradicionais de centros importantes, como a França, por exemplo. A maior parte da produção de vinhos australiana se dá no sudeste do país. Cerca de 98% do que é produzido pelo país vem de lá. A região de Langhorne Creek é extremamente propícia ao cultivo de vinhas e à produção de bons vinhos muito por conta de seu solo diferenciado, que é considerado por muitos um solo altamente privilegiado. Isto se dá pelo fato de ser um tipo de solo muito bem drenado, que é rico em compostos minerais, que favorecem o desenvolvimento dos mais variados tipos de vinhas da atualidade. Seu clima é considerado perfeito pelos especialistas, já que privilegia o amadurecimento de uvas, especialmente durante o alto verão, a estação em que incidência de chuvas é muito baixa. Durante o inverno, o famoso rio Bremer, o maior rio que serpenteia pela região, inunda os campos cultivados, dando o suplemento de água altamente valioso para o desenvolvimento das videiras, fazendo com que os produtores tenham condições de fazer uma reversa hídrica. As principais vinhas cultivadas na Austrália são a Cabernet Sauvignon, a Shiraz, a Chardonnay e a Merlot. Estas vinhas correspondem a mais da metade do que é cultivado no país.

Agora o vinho

Na taça mostra um vermelho rubi intenso com tons violáceos brilhantes, lindamente reluzentes, com lágrimas finas e abundantes, desenhando as paredes do copo.

No nariz é uma explosão aromática que remetem a frutas vermelhas maduras, com notas de baunilha, chocolate, diria um toque de especiarias.

Na boca se reproduz as impressões olfativas, tendo certa estrutura, complexidade, personalidade marcante, mas se revelando também, ao mesmo tempo, macio, fácil de degustar. Acredito que essa versatilidade se dá graças ao blend, típico da Austrália que, graças ao Cabernet Sauvignon que dá o corpo e ao Syrah e, sobretudo ao Merlot, que traz a leveza ao vinho. Tem taninos pronunciados, presentes, mas domados, o que se deve a passagem por barricas de carvalho por 10 meses, com uma acidez equilibrada e instigante e final frutado.

O Matilda tinto sintetiza muito bem a proposta dos vinhos australianos para exportação que são flexíveis, versáteis, mostrando equilíbrio, harmonia, frescor e personalidade graças ao corpo estruturado. Um vinho excelente, arrebatador. Tem robustos 14,5% de teor alcoólico, mas muito bem integrados, tornando-o quase que imperceptível.

Sobre a Bremerton Wines:

Bremerton Wines & Bremerton Vineyards fazem parte da empresa familiar Willson, Bremerton Vintners Pty Ltd, na região geográfica de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Langhorne Creek é único, pois fica no solo rico da planície de inundação do rio Bremer e é conhecida como uma região de clima frio, relativamente livre de doenças e produtora de frutas de qualidade excepcionalmente alta e consistente. A brisa fresca e fresca do lago Alexandrina proporciona um microclima de dias de verão ameno a quente e noites frias, perfeitas para o longo amadurecimento das uvas, produzindo sabores de clima intenso e procurado. A área foi estabelecida pela primeira vez na década de 1850, quando Frank Potts, um construtor de navios inglês, pegou uma trilha de terra e plantou uvas. O distrito cresceu para 450 hectares de vinha até 1990, quando a expansão começou, levando-o a aprox. 6000 ha - a segunda maior região de cultivo de uvas do sul da Austrália. Quando compramos a propriedade "Bremerton Lodge", de 40 ha, em 1985, era uma fazenda irrigada de Lucerna (Alf-alfa). Os vinhos Bremerton evoluíram em 1988, quando nosso primeiro vinho, 57 dúzia de um Cabernet Sauvignon foi feito com uvas compradas de um vizinho. Continuamos experimentando pequenos lotes de frutas nos próximos cinco anos, lançando um Shiraz em 1991. Após três anos de vinificação experimental, uma análise da produção agrícola foi realizada e dois blocos foram identificados como adequados para o cultivo de uvas e oferecendo um melhor retorno por hectare. As primeiras uvas foram plantadas em 1991 - 2 hectares de Cabernet Sauvignon e 1,5 ha de Shiraz, seguidos por 2 hectares de Cabernet e 2 ha de Shiraz em 1992. Uma grande inundação ocorreu em 18 de dezembro de 1992, afogando a lucerna e causando grandes danos à fazenda e aos edifícios. Isso exigiu uma revisão do futuro e, portanto, foi aqui que foi tomada a decisão de prosseguir com a indústria da uva para vinho, pois a propriedade estava em uma área vinícola tão renomada. Um plano estruturado foi realizado para transformar a fazenda de lucerna em vinhedos e expandir lentamente a produção de vinho. Em 1992, 1993 e 1994, foram plantados mais 40 hectares de videiras, constituídos por Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec, Merlot, Verdelho, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Em 1993, foi tomada a decisão de se tornar vinicultores comerciais, com a abertura da porta da adega em 1994 e o lançamento de dois vinhos brancos e um terceiro tinto - uma mistura de Cabernet / Shiraz / Merlot. Hoje, a variedade pode variar até 18 vinhos, um terço dos quais são exclusivos da Cellar Door e da Bremerton Wine Society. Agora, com 120 hectares de vinhedos de alta qualidade e uma vinícola moderna, nossa produção de vinho aumentou de 680 dúzias em 1993 para 23.000 dúzias em 2005 e agora varia entre 34-40.000 dúzias. As vendas abrangem todos os principais estados da Austrália, com exportações para o Reino Unido, Hong Kong, Canadá, Suíça, Alemanha, Cingapura, Brasil, Holanda, China, Filipinas e Dubai. A enóloga Rebecca Willson e a gerente de marketing, Lucy Willson, focaram a gama de vinhos da família em vinhos individualizados e de alta qualidade. Eles deram a Bremerton uma posição forte no mercado de vinhos altamente competitivo, com o primeiro rótulo de Rebecca aos anos - o Cabernet Sauvignon de 1997 conquistando um troféu e classificado como o terceiro melhor Cabernet na Austrália pela revista Winestate. Desde então, as Willson Sisters levaram a Bremerton a se tornar uma das marcas mais conhecidas da região vinícola de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Nos últimos 11 anos, a Bremerton Wines foi premiada com a vinícola James Halliday 5 estrelas, que nos classifica entre os 5% melhores de todas as vinícolas australianas.

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Degustado em: 2016

quarta-feira, 6 de maio de 2020

D. João I branco


Qual o seu conceito, a sua percepção dos vinhos baratos? O que pesa na sua decisão ao comprar um vinho, quais as suas prioridades na escolha? É claro que, em tempos bicudos, de incerteza econômica, degustar vinhos baratos pode ser a alternativa para continuar degustando, mas o prazer de explorar rótulos desconhecidos, de produtores pouco badalados, de custo baixo, pode, para muitos, parecer um risco desnecessário, comparando valores com qualidade, não nego essa possibilidade, mas não se enganem de que podem trazer surpreendentes e gratas surpresas. Contudo, é deveras essencial você, caso se interesse por esses rótulos, antes fazer uma pesquisa, acessar o site do produtor e conhecer um pouco da história do vinho e da vinícola. Acredite isso pode fortalecer, para mais ou para menos, na sua decisão de compra do vinho, afinal, comprar no escuro é um risco que pode ser mitigado, mas se você não tiver as informações que precisa e estiver interessado em comprar, siga seu coração e não hesite na compra.

E um exemplo de retorno extremamente favorável, agradável, satisfatório e todos os sinônimos enaltecedores possíveis, foi um tinto da região portuguesa de Beira Interior, pouco conhecida por aqui no Brasil, principalmente se levamos em consideração, em termos de popularidade como Alentejo e Douro, por exemplo, de uma vinícola chamada Adega Cooperativa de Pinhel, chamado D. João I branco da casta Síria, conhecida como Roupeiro, no Alentejo e na Península de Setúbal. O mesmo não é safrado, é considerado, em Portugal, como um “vinho de mesa”. Mas não se enganem o conceito de vinho de mesa em Portugal, a título de informação, é diferente daqui do Brasil. Enquanto por aqui vinhos de mesa são produzidos por uvas não vitiviníferas, em Portugal vinho de mesa é considerado como um vinho básico, de cotidiano, que não tem uma classificação DOC ou “Regional” e que são produzidos com castas locais, denotando, mesmo assim um vinho de caráter regional, embora não ostente tais classificações, em minha opinião. Como disse que a região é pouco conhecida, convém fazer um breve histórico da mesma, antes de analisar o vinho.

Beira Interior

É na Beira Interior, identificada geograficamente como prolongamento do sistema central ibérico e histórico e culturalmente pelas matrizes testemunhadas nas suas aldeias medievais e cidadelas fortificadas que, a Denominação de Origem Beira Interior foi criada a 2 de novembro de 1999, resultado da aglutinação das regiões de Castelo Rodrigo, Cova da Beira e Pinhel, que passaram a sub-regiões desde então. Tem um passado histórico vitivinícola que remonta à fundação da nacionalidade portuguesa, está localizada no interior centro de Portugal, tem cerca de 16 000 hectares de vinhas e uma grande variedade de castas. Situada no interior centro/norte de Portugal é a região vitivinícola mais alta de Portugal, com vinhas plantadas entre os 300 e os 700 metros de altitude.


Os vinhos são muito influenciados pela montanha e a orologia da região é dominada pelas serras da Estrela, Gardunha, Açor, Marofa e Malcata. Os solos são de origem granítica (80%), na sua maioria, sendo os restantes essencialmente de origem xistosa, existindo entre o granito e o xisto alguns filões de quartzo. O clima da região é muito agreste, com temperaturas negativas no Inverno e Verões muito quentes e secos. Os encepamentos mais tradicionais são nas brancas a Síria, Fonte Cal, Malvasia, Arinto e Rabo de Ovelha, e Malvasia e nas Tintas, a Rufete, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, Trincadeira, Mourisco, Jaen e alfrocheiro.

O vinho:

No aspecto visual mostra um amarelo palha com reflexos esverdeados.

No nariz é fresco, leve, trazendo frutas brancas como abacaxi, maçã verde, maracujá.

Na boca confirma as impressões olfativas sendo muito fresco, leve, equilibrado, é incrivelmente saboroso, com final persistente e frutado.

Vinho honesto, bem feito, correto, com tipicidade e que sintetiza o caráter regional e que, independente dos valores, entregam muito mais do que valem. Com 13% de teor alcoólico. É claro que são diferentes dos vinhos mais emblemáticos, mais caros, com passagem por madeira etc Mas seria injusto comparar tais vinhos com a linha D. João I, pois, antes de qualquer coisa, são vinhos com propostas totalmente distintas.

Sobre a Adega Cooperativa de Pinhel:

Desde tempos muito antigos que em Pinhel, e seu termo, se praticava a cultura da vinha e se produziam vinhos de alta qualidade; já nos princípios do ano 1500, o Rei D. Manuel I, o Venturoso, concedeu diversas regalias e privilégios em favor dos vinhos de Pinhel. Em 1942 e 1943, houve colheitas abundantes e não havia escoamento para a produção, foi então que a Junta Nacional do Vinho, recentemente criada, como organismo de Coordenação Económica, e que veio substituir a antiga Federação dos  Vinicultores do Centro e Sul de Portugal, instalou em Pinhel uma caldeira móvel de destilação, acionada por uma geradora locomóvel, em que foram destilados milhões de litros de vinho e que veio resolver a crise gravíssima, que afetava os lavradores da Região, que viviam exclusivamente do rendimento do vinho. De todos os Organismos Corporativos, criados pelo Estado Novo, a Junta Nacional do Vinho, era o mais querido, pelos beneficias que trouxe a toda a região vitivinícola, por isso os vinicultores depositavam toda a confiança esperançados que o organismo, quando necessário, lhe resolvesse os problemas respeitantes ao vinho. Os vinhos desta área eram tão bons que as aguardentes vínicas resultantes da destilação ficavam de finíssima qualidade. Quando transportadas para os armazéns da Mealhada não eram misturadas com outras provenientes de outras áreas ficando em depósitos separados. Em 1945, a Junta Nacional do Vinho iniciou a instalação de duas caldeiras fixas de destilação contínua, que trabalhavam de dia e de noite, só paravam cada 15 dias para limpeza. Como era pena destilar vinhos de tão boa qualidade, a Junta Nacional do Vinho, em colaboração com o Grémio da Lavoura de Pinhel, pensou na criação da Adega Cooperativa, nas suas próprias instalações que tinham sido compradas à Câmara Municipal de Pinhel e que tinham ficado devolutas pela saída das Forças Militares, ali aquarteladas, e que se tinham revoltado contra o Governo da Ditadura Militar.Em 1947, construíram-se 6 lagares em granito, no parque utilizado pelas viaturas militares e os tonéis foram montados nas cavalariças depois de devidamente adaptadas. A primeira laboração foi feita por processos artesanais, pois em Pinhel não havia energia eléctrica com potência suficiente e a mesma era desligada à meia-noite; às próprias bombas de trasfega, eram movidas por motores de explosão. Foram 33 sócios, a entregar as uvas nesse ano na Adega; embora com bastantes dificuldades, estava criada e posta a funcionar a Adega Cooperativa. Dos primitivos 33 cooperantes, atingiu-se os 2.300 atuais.

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D. João I tinto


Qual o seu conceito, a sua percepção dos vinhos baratos? O que pesa na sua decisão ao comprar um vinho, quais as suas prioridades na escolha? É claro que, em tempos bicudos, de incerteza econômica, degustar vinhos baratos pode ser a alternativa para continuar degustando, mas o prazer de explorar rótulos desconhecidos, de produtores pouco badalados, de custo baixo, pode, para muitos, parecer um risco desnecessário, comparando valores com qualidade, não nego essa possibilidade, mas não se enganem de que podem trazer surpreendentes e gratas surpresas. Contudo, é deveras essencial você, caso se interesse por esses rótulos, antes fazer uma pesquisa, acessar o site do produtor e conhecer um pouco da história do vinho e da vinícola. Acredite isso pode fortalecer, para mais ou para menos, na sua decisão de compra do vinho, afinal, comprar no escuro é um risco que pode ser mitigado, mas se você não tiver as informações que precisa e estiver interessado em comprar, siga seu coração e não hesite na compra.

E um exemplo de retorno extremamente favorável, agradável, satisfatório e todos os sinônimos enaltecedores possíveis, foi um tinto da região portuguesa de Beira Interior, pouco conhecida por aqui no Brasil, principalmente se levamos em consideração, em termos de popularidade como Alentejo e Douro, por exemplo, de uma vinícola chamada Adega Cooperativa de Pinhel, chamado D. João I tinto das castas Tinta Roriz, Touriga Francesa, Rufete e Marufo. O mesmo não é safrado, é considerado, em Portugal, como um “vinho de mesa”. Mas não se enganem o conceito de vinho de mesa em Portugal, a título de informação, é diferente daqui do Brasil. Enquanto por aqui vinhos de mesa são produzidos por uvas não vitiviníferas, em Portugal vinho de mesa é considerado como um vinho básico, de cotidiano, que não tem uma classificação DOC ou “Regional” e que são produzidos com castas locais, denotando, mesmo assim um vinho de caráter regional, embora não ostente tais classificações, em minha opinião. Como disse que a região é pouco conhecida, convém fazer um breve histórico da mesma, antes de analisar o vinho.

Beira Interior

É na Beira Interior, identificada geograficamente como prolongamento do sistema central ibérico e histórico e culturalmente pelas matrizes testemunhadas nas suas aldeias mediavais e cidadelas fortificadas que, a Denominação de Origem Beira Interior foi criada a 2 de novembro de 1999, resultado da aglutinação das regiões de Castelo Rodrigo, Cova da Beira e Pinhel, que passaram a sub-regiões desde então. Tem um passado histórico vitivinícola que remonta à fundação da nacionalidade portuguesa, está localizada no interior centro de Portugal, tem cerca de 16 000 hectares de vinhas e uma grande variedade de castas. Situada no interior centro/norte de Portugal é a região vitivinícola mais alta de Portugal, com vinhas plantadas entre os 300 e os 700 metros de altitude.


Os vinhos são muito influenciados pela montanha e a orologia da região é dominada pelas serras da Estrela, Gardunha, Açor, Marofa e Malcata. Os solos são de origem granítica (80%), na sua maioria, sendo os restantes essencialmente de origem xistosa, existindo entre o granito e o xisto alguns filões de quartzo. O clima da região é muito agreste, com temperaturas negativas no Inverno e Verões muito quentes e secos. Os encepamentos mais tradicionais são nas brancas a Síria, Fonte Cal, Malvasia, Arinto e Rabo de Ovelha, e Malvasia e nas Tintas, a Rufete, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, Trincadeira, Mourisco, Jaen e alfrocheiro.

O vinho:

No aspecto visual mostra um incrível vermelho rubi escuro, profundo, quase que caudaloso ao depositá-lo na taça, com lágrimas finas e abundantes.

No nariz traz muita fruta, frutas vermelhas maduras, um toque de especiarias e de estrebaria.

Na boca é seco, muito frutado, com alguma estrutura e corpo, mas fácil de degustar, com taninos presentes, mas comportados com acidez razoável e percebi um discreto amadeirado, mas acredito ser oriundo do vinho e não um estágio em barricas de carvalho. Tem um final de média intensidade.

Vinho honesto, bem feito, correto, com tipicidade e que sintetiza o caráter regional e que, independente dos valores, entregam muito mais do que valem. Com 13% de teor alcoólico. É claro que são diferentes dos vinhos mais emblemáticos, mais caros, com passagem por madeira etc Mas seria injusto comparar tais vinhos com a linha D. João I, pois, antes de qualquer coisa, são vinhos com propostas totalmente distintas.

Sobre a Adega Cooperativa de Pinhel:

Desde tempos muito antigos que em Pinhel, e seu termo, se praticava a cultura da vinha e se produziam vinhos de alta qualidade; já nos princípios do ano 1500, o Rei D. Manuel I, o Venturoso, concedeu diversas regalias e privilégios em favor dos vinhos de Pinhel. Em 1942 e 1943, houve colheitas abundantes e não havia escoamento para a produção, foi então que a Junta Nacional do Vinho, recentemente criada, como organismo de Coordenação Económica, e que veio substituir a antiga Federação dos  Vinicultores do Centro e Sul de Portugal, instalou em Pinhel uma caldeira móvel de destilação, acionada por uma geradora locomóvel, em que foram destilados milhões de litros de vinho e que veio resolver a crise gravíssima, que afetava os lavradores da Região, que viviam exclusivamente do rendimento do vinho. De todos os Organismos Corporativos, criados pelo Estado Novo, a Junta Nacional do Vinho, era o mais querido, pelos beneficias que trouxe a toda a região vitivinícola, por isso os vinicultores depositavam toda a confiança esperançados que o organismo, quando necessário, lhe resolvesse os problemas respeitantes ao vinho. Os vinhos desta área eram tão bons que as aguardentes vínicas resultantes da destilação ficavam de finíssima qualidade. Quando transportadas para os armazéns da Mealhada não eram misturadas com outras provenientes de outras áreas ficando em depósitos separados. Em 1945, a Junta Nacional do Vinho iniciou a instalação de duas caldeiras fixas de destilação contínua, que trabalhavam de dia e de noite, só paravam cada 15 dias para limpeza. Como era pena destilar vinhos de tão boa qualidade, a Junta Nacional do Vinho, em colaboração com o Grémio da Lavoura de Pinhel, pensou na criação da Adega Cooperativa, nas suas próprias instalações que tinham sido compradas à Câmara Municipal de Pinhel e que tinham ficado devolutas pela saída das Forças Militares, ali aquarteladas, e que se tinham revoltado contra o Governo da Ditadura Militar.Em 1947, construíram-se 6 lagares em granito, no parque utilizado pelas viaturas militares e os tonéis foram montados nas cavalariças depois de devidamente adaptadas. A primeira laboração foi feita por processos artesanais, pois em Pinhel não havia energia eléctrica com potência suficiente e a mesma era desligada à meia-noite; às próprias bombas de trasfega, eram movidas por motores de explosão. Foram 33 sócios, a entregar as uvas nesse ano na Adega; embora com bastantes dificuldades, estava criada e posta a funcionar a Adega Cooperativa. Dos primitivos 33 cooperantes, atingiu-se os 2.300 atuais.

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Degustado em: 2018


Os principais vales do Chile


O formato longilíneo do Chile se reflete nas características de seus vinhos. De um extremo a outro, no sentido norte ao sul, o país corta o trópico de capricórnio e quase alcança o círculo polar ártico, saindo de um clima de deserto, no Atacama, para o de geleiras, na Patagônia. De leste a oeste, começa na Cordilheira dos Andes e termina na Cordilheira da Costa, diante do oceano Pacífico.

As características geográficas, marcadas por intensas atividades sísmicas e vulcânicas, determinam tipos diferentes de solo. As melhores áreas para o plantio de vinhedos, que ficam no terço central do país, contam com solos bem drenados com pedras e solos aluviais com cascalhos depositados por rios.

Na prática, há variações acentuadas que interferem no desenvolvimento das dezenas de uvas cultivadas na região, com destaque para a Cabernet Sauvignon, a mais difundida, e a Carménère, a mais emblemática, além de Merlot, Syrah, Pinot Noir, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Riesling.

Por características topográficas, cortam o país diversos rios, que nascem nos Andes e desaguam no Pacífico. Não por acaso o Chile é famoso por seus vales transversais, que se distribuem em quatro grandes regiões: Coquimbo, Aconcagua, Vale Central e Região Sul. Os vales estão em sub-regiões que são divididas em áreas vitivinícolas mais específicas, com delimitações de leste a oeste, chamadas Costa (Oceano Pacífico), Entre Cordilheiras (Cordilheira da Costa) e Andes (Cordilheira dos Andes).

Os vales chilenos mais famosos são Maipo, Curicó e Maule, que compõem, junto com o Curiel, o Vale Central, próximo à capital Santiago. Relacionamos aqui os principais deles e mostramos suas características, partindo do norte ao sul do país.



Coquimbo

Vale de Limarí
A Denominação de Origem Coquimbo engloba os vales Elqui, Limarí e Choapa. Ficam no norte do Chile, uma região seca e quente, praticamente desértica. A viticultura proliferou ali a partir do rio Limarí, cuja bacia é aberta para o mar. Com bons ventos e poucas chuvas, planícies e encostas produzem vinhos bastante minerais, também por causa do solo.

Vale de Elqui

Mais recentemente, ao norte de Limarí, próximo a La Serena, na área dos Andes, a região de Elqui passou a produzir vinhos, com destaque para o Syrah.

Vale de Choapa

Já o Vale de Choapa, que fica em uma porção estreita de terra entre a Cordilheira dos Andes e a Cordilheira da Costa, tem solos rochosos e produz vinhos em pouca quantidade, principalmente Syrah e Cabernet Sauvignon.

Aconcagua

Vale do Aconcágua

O rio Aconcágua desce dos Andes e forma um vale rodeado de montanhas. Há vinhedos planos perto do leito e nas encostas de colinas. Com chuvas apenas no inverno, faz calor na região, o que cria condições para formação de um clima árido. Os ventos determinados por oscilações térmicas entre a cordilheira e a costa garantem o amadurecimento das uvas. Destaque no Vale do Aconcágua para a Syrah, que se adaptou bem aos solos que um dia foram leitos de rio.

Vale de Casablanca

Apesar das recorrentes geadas e da neblina, que exigem medidas cautelares dos viticultores, trata-se de uma das principais regiões de produção de vinhos brancos do mundo, com milhares de plantações. Incrustado no meio da Cordilheira da Costa, o Vale de Casablanca tem topografia acidentada e sofre forte influência oceânica na forma de frentes frias e brisas. O terreno fértil é pródigo na produção principalmente de Chardonnay e Sauvignon Blanc, além de tintos como os Pinot Noir, em belos vinhedos da região, na zona central do Chile.

Vale de Santo Antonio

Ao sul do Vale de Casablanca, o Vale de Santo Antonio também tem terreno demarcado por muitas colinas. É uma região próxima ao mar com muita influência do Pacífico. Ali germinaram famílias de uvas que se adaptam melhor ao frio com vinhos brancos e tintos bastante festejados. Próximo dali, na costa, a poucos quilômetros do mar, há o vale do Leyda, com invernos úmidos e verões secos.

Vale Central

Vale do Maipo

O mais famoso do Chile. Fica aos pés dos Andes e abriga boa parte das plantações de Cabernet Sauvignon do país. O resultado são vinhos como o Albis, feito no coração do Vale do Maipo pela vinícola Haras de Pirque em parceria com o viticultor italiano Piero Antinori, utilizando também Carménère. É uma área extensa, subdividida por sua altitude. O Maipo Andes fica próximo à Cordilheira e sofre influência do frio. Este elegante Gran Reserva Hussonet, nome dado em homenagem a um garanhão da vinícola da Haras de Pirque, expressa como poucos o terroir de lá com Cabernet Sauvignon e Syrah. O Maipo Entre Cordilheiras, em área mais plana e bem irrigada, tem solo que um dia foi leito, pedregoso, produzindo ótimos tintos. Por fim, o Maipo Costa, pouco povoado e com muitas influências do Pacífico.

Vale do Cachapoal (Rapel)

O rio Cachapoal, que nasce nos Andes, deságua no grande lago Rapel e forma um vale onde se encontram muitos vinhedos. A maior parte das plantações pertence às próprias vinícolas. Na parte mais fria, aos pés da cordilheira, a Cabernet Sauvignon tem boa fama. A oeste, nas redondezas de Peumo, local mais quente e sujeito a influências do mar, estão algumas das zonas onde a mais emblemática uva chilena, a Carménère, melhor amadurece. A Anakena é uma das vinícolas da região que se beneficia das brisas oceânicas, produzindo entre outros vinhos este Ona Special Reserve Andes, elaborado com Syrah, Cabernet Sauvignon e Carménère plantadas em Las Cabras.

Vale de Colchagua (Rapel)

Na língua indígena mapuche, Colchagua significa “vale de pequenas lagoas”. Era o limite sul do Império Inca, que construiu as primeiras estruturas de irrigação na região. Com belas colinas forradas por extensas plantações, algumas com videiras centenárias, o Vale de Colchagua é um dos principais destinos turísticos do Chile. É também uma região com sol e calor suficientes para garantir o amadurecimento de uvas como Carménère e Syrah, como mostra este outro Anakena, o Ona Special Reserve Red Blend, que ainda conta com Cabernet Sauvignon.

Vale de Curicó

Um complexo hidrográfico composto por quatro rios garante a irrigação das planícies do Vale de Curicó de onde saem excelentes vinhos. São quase 20 mil hectares de plantações partindo dos pés dos Andes, com destaque para Cabernet Sauvignon e também Sauvignon Blanc cuja produção supera a de Chardonnay.

Vale do Maule

Apesar de ostentar a maior área vitivinícola do Chile e ter seus primeiros vinhedos plantados no século 18, o Vale do Maule ainda tem muito a se desenvolver. Uvas menos conhecidas como a tinta espanhola Pais e a Carignan despontam ali, que seguem a transição climática dos Andes para o Pacífico.

Região Sul

Vale do Itata

O rio Itata forma um vale com características diferentes da maioria dos outros do Chile, uma vez que a Cordilheira da Costa perde altitude nesta latitude. As uvas brancas superam as tintas nessa região vitivinícola do país, lideradas pela Moscatel Alexandria.

Vale do Biobío

Mais ao sul do Chile e com menor proteção da Cordilheira da Costa em relação a outras regiões, por causa da baixa altitude, o Vale do Biobío é uma região fria, o que significa colheitas mais tardias. Com chuvas em maior volume e distribuídas ao longo do ano, as plantações exigem mais dos viticultores, principalmente quando as temperaturas sobem.

Vale de Malleco

Área altamente complexa para se cultivar videiras, sobretudo diante das chuvas na região, o Vale de Malleco, ainda mais ao sul do Chile, tem história recente. As primeiras plantações datam dos anos 1990. Apesar da chuva, a influência das brisas oceânicas favorece o frescor das uvas.

Extremos

Existem outros vales com plantações de vinhas no Chile, tanto ao norte, no Atacama, caso do Vale do Huasco, como mais ao sul (região Austral), com destaque para o Vale do Osorno.

Com tanta diversidade, o Chile se tornou o quarto maior exportador de vinho do mundo. São centenas de milhões de litros degustados todos os anos mundo afora. Um patrimônio sul-americano ao alcance de sua taça, nas suas mais diferentes manifestações. Um brinde aos chilenos.

Tripantu Grand Reserve Pinot Noir 2011


Existe certo receio por parte dos enófilos e que não deixa de ser endossado por alguns críticos especializados de vinhos que produtores ou vinícolas pouco conhecidas, independente do seu tamanho e participação de mercado, é deveras arriscado comprar um rótulo que seja. Costumo dizer e confesso não saber se a nomenclatura cabe a situação, que gosto desses vinhos “undergrounds”, pouco conhecidos, badalados e consagrados. Muitas vinícolas, bem como algumas castas, ainda são muito novas para nós, brasileiros, embora populares nos seus países de origem. E ainda temos o agravante do fator “moda”. Explico: aqui no Brasil, principalmente, por uma questão dos anseios da demanda, chega os vinhos e castas mais consumidas, tais como: Merlot, Cabernet Sauvignon, Carmenere etc. Claro que há o fator “hectare” também, afinal, castas como as mencionadas são de fácil produção, mas não é de minha intenção, pelo menos por enquanto, entrar nesses pormenores. Mesmo que com todo o risco que admito que exista, tenho mergulhado fundo na procura desses vinhos alternativos, poucos conhecidos e badalados e olha que tenho encontrados gratas surpresas positivas.

O vinho que degustei e gostei veio do Chile, da região de Valle Leyda e se chama Tripantu Grand Reserve da casta Pinot Noir safra 2011. Lembro-me de que ao observar alguns rótulos nas gôndolas, mirei os olhos nesse rótulo que, sem muito destaque o tomei pelas mãos e sem muita informação resolvi arriscar, comprando-o. Mas antes de falar do Tripantu Grand Reserve Pinot Noir, é conveniente falar um pouco dessa região chilena chamada Vale de Leyda que vem crescendo em importância no Chile, mas que ainda não é tão conhecida no Brasil.

Valle Leyda

Valle de Leyda é uma região vinícola do Chile, situada a menos de 100 quilômetros da capital Santiago. Esta região é privilegiada pela corrente fria de Humboldt proveniente do Oceano Pacífico e, por consequência, dá origem a vinhos excelentes a partir das uvas Chardonnay e Pinot Noir. Associada à produção de cevada e trigo, a região chilena rapidamente está conquistando seu espaço perante o mundo dos vinhos de alta qualidade. Os primeiros produtores apareceram na região em 1990, atraídos por um terroir ideal para a elaboração de uvas premiadas. Com o investimento de uma família produtora de vinhos, obteve-se a construção de um gasoduto de 8 quilômetros para canalizar a água do rio Maipo – potencializando o cultivo das vinhas.



A região de Valle de Leyda está localizada em um conjunto de colinas ao lado da faixa costeira que protege a faixa central do país de influências oceânicas. Trata-se de uma região vinícola localizada ao sul da fria região de Valle de Casablanca. As brisas frias do oceano e a névoa da manhã moderam as temperaturas da área, mais baixas do que sua altitude indica. Estas temperaturas frescas são complementadas pela elevada incidência solar durante o período de crescimento das vinhas, proporcionando que as uvas amadureçam completamente e desenvolvam excelente complexidade, mantendo seus níveis de acidez equilibrados.

Vamos ao vinho:

Na taça apresenta uma bela cor púrpura com reflexos violáceos muito brilhantes, límpido, típico da Pinot Noir. Poucas lágrimas já denunciando um frescor e leveza.

No nariz uma explosão aromática de frutas vermelhas em compota e notas vegetais, talvez um pouco de especiarias e baunilha.

Na boca se repete as impressões olfativas, sendo harmônico, delicado, fácil e convidativo para beber, mas ainda sim, revelou-se com muita personalidade e diria com alguma complexidade e estrutura com bom volume de boca. Tem taninos presentes, mas domados, com um discreto amadeirado muito bem integrado ao conjunto do vinho, devido a sua passagem por barricas de carvalho (o produtor não informa o tempo de passagem) com acidez equilibrada e um final persistente, com retrogosto frutado.

Um vinho surpreendentemente maravilhoso com um excelente custo X benefício! E, com a história da região de Vale de Leyda em produzir grandes Pinot Noir, corroborando, certificando a qualidade deste rótulo mesmo no auge de sua impopularidade. Pesquisar é sempre necessário em se tratar de vinhos cujas vinícolas não sejam conhecidas, mas se permita ousar, ouça seu coração sempre. Teor alcoólico de 13,5% muito bem integrados.

Sobre a TerrAustral Wines:

Nossa história começa em 1938, José Crispi Junior decide plantar uvas e maçãs no Vale do Curicó, no Chile. A agricultura no sangue da família Crispi há pelo menos três gerações. Durante anos venderam frutas no mercado interno. Até que José decide que era hora da marca ser desfrutada por outras pessoas. Terraustral é o legado da família Crispi que continua até os dias de hoje. Uma operação de propriedade familiar comprometida com a produção de vinhos de alta qualidade por um ótimo valor. Por trás dos vinhos estão os valores pela terra. Os vinhos da TerrAustral refletem todos os cantos mágicos da terra chilena.

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 Degustado em: 2015