Definitivamente os vinhos australianos ganharam seu espaço no
mundo. Também não é à toa, são vinhos exuberantes, frescos, de personalidade,
complexos e elegantes. São vinhos versáteis, que proporciona harmonizar com
pratos leves, simples, condimentados ou pode se degustar sozinho. São informais,
frescos, mais complexos e austeros. Porém, no Brasil, apesar de ter uma boa
diversidade de rótulos, ainda está um pouco distante da realidade de um simples
enófilo, como eu, por exemplo. Explico: os valores são muitos altos para a
maioria da população brasileira, assalariada, com pouco poder de compra. Não é
uma novidade esse cenário, afinal o custo Brasil é alto, os tributos são altos,
a burocracia encarece o produto e continuamos a mercê dessa situação. Enófilo
brasileiro e pobre sofre! Mas os rótulos australianos são mais caros ainda! Não
quero entrar nos pormenores, mas mencionei isso para falar em um excepcional
vinho da terra do canguru com um surpreendente custo X benefício, tendo como
comparação outros rótulos que atingem 3 ou até 4 dígitos no seu valor!
Lembro-me bem que fui a busca de um vinho australiano, mas não queria gastar
tanto. Entrei em uma loja especializada e me foi apresentado um vinho que o
vendedor falou maravilhas. Com certo receio, comprei, afinal, pelo menos o
valor estava convidativo.
O vinho que degustei e gostei é o Matilda Plains tinto da
emblemática região de Langhorne Creek,
que conta com um blend das castas Cabernet Sauvignon (64%), Syrah (24%) e
Merlot (12%) da safra 2011. Mencionei a região de Langhorne Creek e gostaria de
falar um pouco sobre ela, antes de comentar o vinho.
Langhorne Creek
Esta região, que fica no sul da Austrália, que é simplesmente
uma das mais tradicionais regiões produtoras de vinhos australianos da
atualidade, também é conhecida pela cultura em torno do vinho, que reina por lá
e que dá o tom da atmosfera do local.
Langhorne Creek produz alguns dos melhores rótulos vindos de
um país emergente da atualidade e rivaliza com regiões tradicionais de centros
importantes, como a França, por exemplo. A maior parte da produção de vinhos
australiana se dá no sudeste do país. Cerca de 98% do que é produzido pelo país
vem de lá. A região de Langhorne Creek é extremamente propícia ao cultivo de
vinhas e à produção de bons vinhos muito por conta de seu solo diferenciado,
que é considerado por muitos um solo altamente privilegiado. Isto se dá pelo
fato de ser um tipo de solo muito bem drenado, que é rico em compostos
minerais, que favorecem o desenvolvimento dos mais variados tipos de vinhas da
atualidade. Seu clima é considerado perfeito pelos especialistas, já que
privilegia o amadurecimento de uvas, especialmente durante o alto verão, a
estação em que incidência de chuvas é muito baixa. Durante o inverno, o famoso
rio Bremer, o maior rio que serpenteia pela região, inunda os campos
cultivados, dando o suplemento de água altamente valioso para o desenvolvimento
das videiras, fazendo com que os produtores tenham condições de fazer uma
reversa hídrica. As principais vinhas cultivadas na Austrália são a Cabernet
Sauvignon, a Shiraz, a Chardonnay e a Merlot. Estas vinhas correspondem a mais
da metade do que é cultivado no país.
Agora o vinho
Na taça mostra um vermelho rubi intenso com tons violáceos
brilhantes, lindamente reluzentes, com lágrimas finas e abundantes, desenhando
as paredes do copo.
No nariz é uma explosão aromática que remetem a frutas
vermelhas maduras, com notas de baunilha, chocolate, diria um toque de
especiarias.
Na boca se reproduz as impressões olfativas, tendo certa
estrutura, complexidade, personalidade marcante, mas se revelando também, ao
mesmo tempo, macio, fácil de degustar. Acredito que essa versatilidade se dá
graças ao blend, típico da Austrália que, graças ao Cabernet Sauvignon que dá o
corpo e ao Syrah e, sobretudo ao Merlot, que traz a leveza ao vinho. Tem taninos
pronunciados, presentes, mas domados, o que se deve a passagem por barricas de
carvalho por 10 meses, com uma acidez equilibrada e instigante e final frutado.
O Matilda tinto sintetiza muito bem a proposta dos vinhos
australianos para exportação que são flexíveis, versáteis, mostrando
equilíbrio, harmonia, frescor e personalidade graças ao corpo estruturado. Um
vinho excelente, arrebatador. Tem robustos 14,5% de teor alcoólico, mas
muito bem integrados, tornando-o quase que imperceptível.
Sobre a Bremerton Wines:
Bremerton Wines & Bremerton Vineyards fazem parte da
empresa familiar Willson, Bremerton Vintners Pty Ltd, na região geográfica de
Langhorne Creek, no sul da Austrália. Langhorne Creek é único, pois fica no
solo rico da planície de inundação do rio Bremer e é conhecida como uma região
de clima frio, relativamente livre de doenças e produtora de frutas de
qualidade excepcionalmente alta e consistente. A brisa fresca e fresca do lago
Alexandrina proporciona um microclima de dias de verão ameno a quente e noites
frias, perfeitas para o longo amadurecimento das uvas, produzindo sabores de
clima intenso e procurado. A área foi estabelecida pela primeira vez na década
de 1850, quando Frank Potts, um construtor de navios inglês, pegou uma trilha
de terra e plantou uvas. O distrito cresceu para 450 hectares de vinha até
1990, quando a expansão começou, levando-o a aprox. 6000 ha - a segunda maior
região de cultivo de uvas do sul da Austrália. Quando compramos a propriedade
"Bremerton Lodge", de 40 ha, em 1985, era uma fazenda irrigada de
Lucerna (Alf-alfa). Os vinhos Bremerton evoluíram em 1988, quando nosso
primeiro vinho, 57 dúzia de um Cabernet Sauvignon foi feito com uvas compradas
de um vizinho. Continuamos experimentando pequenos lotes de frutas nos próximos
cinco anos, lançando um Shiraz em 1991. Após três anos de vinificação
experimental, uma análise da produção agrícola foi realizada e dois blocos
foram identificados como adequados para o cultivo de uvas e oferecendo um
melhor retorno por hectare. As primeiras uvas foram plantadas em 1991 - 2
hectares de Cabernet Sauvignon e 1,5 ha de Shiraz, seguidos por 2 hectares de
Cabernet e 2 ha de Shiraz em 1992. Uma grande inundação ocorreu em 18 de
dezembro de 1992, afogando a lucerna e causando grandes danos à fazenda e aos
edifícios. Isso exigiu uma revisão do futuro e, portanto, foi aqui que foi
tomada a decisão de prosseguir com a indústria da uva para vinho, pois a
propriedade estava em uma área vinícola tão renomada. Um plano estruturado foi
realizado para transformar a fazenda de lucerna em vinhedos e expandir
lentamente a produção de vinho. Em 1992, 1993 e 1994, foram plantados mais 40
hectares de videiras, constituídos por Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec,
Merlot, Verdelho, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Em 1993, foi tomada a decisão
de se tornar vinicultores comerciais, com a abertura da porta da adega em 1994
e o lançamento de dois vinhos brancos e um terceiro tinto - uma mistura de
Cabernet / Shiraz / Merlot. Hoje, a variedade pode variar até 18 vinhos, um terço
dos quais são exclusivos da Cellar Door e da Bremerton Wine Society. Agora, com
120 hectares de vinhedos de alta qualidade e uma vinícola moderna, nossa
produção de vinho aumentou de 680 dúzias em 1993 para 23.000 dúzias em 2005 e
agora varia entre 34-40.000 dúzias. As vendas abrangem todos os principais
estados da Austrália, com exportações para o Reino Unido, Hong Kong, Canadá,
Suíça, Alemanha, Cingapura, Brasil, Holanda, China, Filipinas e Dubai. A
enóloga Rebecca Willson e a gerente de marketing, Lucy Willson, focaram a gama
de vinhos da família em vinhos individualizados e de alta qualidade. Eles deram
a Bremerton uma posição forte no mercado de vinhos altamente competitivo, com o
primeiro rótulo de Rebecca aos anos - o Cabernet Sauvignon de 1997 conquistando
um troféu e classificado como o terceiro melhor Cabernet na Austrália pela
revista Winestate. Desde então, as Willson Sisters levaram a Bremerton a se
tornar uma das marcas mais conhecidas da região vinícola de Langhorne Creek, no
sul da Austrália. Nos últimos 11 anos, a Bremerton Wines foi premiada com a
vinícola James Halliday 5 estrelas, que nos classifica entre os 5% melhores de
todas as vinícolas australianas.
Mais informações acesse:
Degustado em: 2016
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