quinta-feira, 7 de maio de 2020

Matilda Plains Tinto 2011


Definitivamente os vinhos australianos ganharam seu espaço no mundo. Também não é à toa, são vinhos exuberantes, frescos, de personalidade, complexos e elegantes. São vinhos versáteis, que proporciona harmonizar com pratos leves, simples, condimentados ou pode se degustar sozinho. São informais, frescos, mais complexos e austeros. Porém, no Brasil, apesar de ter uma boa diversidade de rótulos, ainda está um pouco distante da realidade de um simples enófilo, como eu, por exemplo. Explico: os valores são muitos altos para a maioria da população brasileira, assalariada, com pouco poder de compra. Não é uma novidade esse cenário, afinal o custo Brasil é alto, os tributos são altos, a burocracia encarece o produto e continuamos a mercê dessa situação. Enófilo brasileiro e pobre sofre! Mas os rótulos australianos são mais caros ainda! Não quero entrar nos pormenores, mas mencionei isso para falar em um excepcional vinho da terra do canguru com um surpreendente custo X benefício, tendo como comparação outros rótulos que atingem 3 ou até 4 dígitos no seu valor! Lembro-me bem que fui a busca de um vinho australiano, mas não queria gastar tanto. Entrei em uma loja especializada e me foi apresentado um vinho que o vendedor falou maravilhas. Com certo receio, comprei, afinal, pelo menos o valor estava convidativo.

O vinho que degustei e gostei é o Matilda Plains tinto da emblemática região de  Langhorne Creek, que conta com um blend das castas Cabernet Sauvignon (64%), Syrah (24%) e Merlot (12%) da safra 2011. Mencionei a região de Langhorne Creek e gostaria de falar um pouco sobre ela, antes de comentar o vinho.

Langhorne Creek

Esta região, que fica no sul da Austrália, que é simplesmente uma das mais tradicionais regiões produtoras de vinhos australianos da atualidade, também é conhecida pela cultura em torno do vinho, que reina por lá e que dá o tom da atmosfera do local.


Langhorne Creek produz alguns dos melhores rótulos vindos de um país emergente da atualidade e rivaliza com regiões tradicionais de centros importantes, como a França, por exemplo. A maior parte da produção de vinhos australiana se dá no sudeste do país. Cerca de 98% do que é produzido pelo país vem de lá. A região de Langhorne Creek é extremamente propícia ao cultivo de vinhas e à produção de bons vinhos muito por conta de seu solo diferenciado, que é considerado por muitos um solo altamente privilegiado. Isto se dá pelo fato de ser um tipo de solo muito bem drenado, que é rico em compostos minerais, que favorecem o desenvolvimento dos mais variados tipos de vinhas da atualidade. Seu clima é considerado perfeito pelos especialistas, já que privilegia o amadurecimento de uvas, especialmente durante o alto verão, a estação em que incidência de chuvas é muito baixa. Durante o inverno, o famoso rio Bremer, o maior rio que serpenteia pela região, inunda os campos cultivados, dando o suplemento de água altamente valioso para o desenvolvimento das videiras, fazendo com que os produtores tenham condições de fazer uma reversa hídrica. As principais vinhas cultivadas na Austrália são a Cabernet Sauvignon, a Shiraz, a Chardonnay e a Merlot. Estas vinhas correspondem a mais da metade do que é cultivado no país.

Agora o vinho

Na taça mostra um vermelho rubi intenso com tons violáceos brilhantes, lindamente reluzentes, com lágrimas finas e abundantes, desenhando as paredes do copo.

No nariz é uma explosão aromática que remetem a frutas vermelhas maduras, com notas de baunilha, chocolate, diria um toque de especiarias.

Na boca se reproduz as impressões olfativas, tendo certa estrutura, complexidade, personalidade marcante, mas se revelando também, ao mesmo tempo, macio, fácil de degustar. Acredito que essa versatilidade se dá graças ao blend, típico da Austrália que, graças ao Cabernet Sauvignon que dá o corpo e ao Syrah e, sobretudo ao Merlot, que traz a leveza ao vinho. Tem taninos pronunciados, presentes, mas domados, o que se deve a passagem por barricas de carvalho por 10 meses, com uma acidez equilibrada e instigante e final frutado.

O Matilda tinto sintetiza muito bem a proposta dos vinhos australianos para exportação que são flexíveis, versáteis, mostrando equilíbrio, harmonia, frescor e personalidade graças ao corpo estruturado. Um vinho excelente, arrebatador. Tem robustos 14,5% de teor alcoólico, mas muito bem integrados, tornando-o quase que imperceptível.

Sobre a Bremerton Wines:

Bremerton Wines & Bremerton Vineyards fazem parte da empresa familiar Willson, Bremerton Vintners Pty Ltd, na região geográfica de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Langhorne Creek é único, pois fica no solo rico da planície de inundação do rio Bremer e é conhecida como uma região de clima frio, relativamente livre de doenças e produtora de frutas de qualidade excepcionalmente alta e consistente. A brisa fresca e fresca do lago Alexandrina proporciona um microclima de dias de verão ameno a quente e noites frias, perfeitas para o longo amadurecimento das uvas, produzindo sabores de clima intenso e procurado. A área foi estabelecida pela primeira vez na década de 1850, quando Frank Potts, um construtor de navios inglês, pegou uma trilha de terra e plantou uvas. O distrito cresceu para 450 hectares de vinha até 1990, quando a expansão começou, levando-o a aprox. 6000 ha - a segunda maior região de cultivo de uvas do sul da Austrália. Quando compramos a propriedade "Bremerton Lodge", de 40 ha, em 1985, era uma fazenda irrigada de Lucerna (Alf-alfa). Os vinhos Bremerton evoluíram em 1988, quando nosso primeiro vinho, 57 dúzia de um Cabernet Sauvignon foi feito com uvas compradas de um vizinho. Continuamos experimentando pequenos lotes de frutas nos próximos cinco anos, lançando um Shiraz em 1991. Após três anos de vinificação experimental, uma análise da produção agrícola foi realizada e dois blocos foram identificados como adequados para o cultivo de uvas e oferecendo um melhor retorno por hectare. As primeiras uvas foram plantadas em 1991 - 2 hectares de Cabernet Sauvignon e 1,5 ha de Shiraz, seguidos por 2 hectares de Cabernet e 2 ha de Shiraz em 1992. Uma grande inundação ocorreu em 18 de dezembro de 1992, afogando a lucerna e causando grandes danos à fazenda e aos edifícios. Isso exigiu uma revisão do futuro e, portanto, foi aqui que foi tomada a decisão de prosseguir com a indústria da uva para vinho, pois a propriedade estava em uma área vinícola tão renomada. Um plano estruturado foi realizado para transformar a fazenda de lucerna em vinhedos e expandir lentamente a produção de vinho. Em 1992, 1993 e 1994, foram plantados mais 40 hectares de videiras, constituídos por Cabernet Sauvignon, Shiraz, Malbec, Merlot, Verdelho, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Em 1993, foi tomada a decisão de se tornar vinicultores comerciais, com a abertura da porta da adega em 1994 e o lançamento de dois vinhos brancos e um terceiro tinto - uma mistura de Cabernet / Shiraz / Merlot. Hoje, a variedade pode variar até 18 vinhos, um terço dos quais são exclusivos da Cellar Door e da Bremerton Wine Society. Agora, com 120 hectares de vinhedos de alta qualidade e uma vinícola moderna, nossa produção de vinho aumentou de 680 dúzias em 1993 para 23.000 dúzias em 2005 e agora varia entre 34-40.000 dúzias. As vendas abrangem todos os principais estados da Austrália, com exportações para o Reino Unido, Hong Kong, Canadá, Suíça, Alemanha, Cingapura, Brasil, Holanda, China, Filipinas e Dubai. A enóloga Rebecca Willson e a gerente de marketing, Lucy Willson, focaram a gama de vinhos da família em vinhos individualizados e de alta qualidade. Eles deram a Bremerton uma posição forte no mercado de vinhos altamente competitivo, com o primeiro rótulo de Rebecca aos anos - o Cabernet Sauvignon de 1997 conquistando um troféu e classificado como o terceiro melhor Cabernet na Austrália pela revista Winestate. Desde então, as Willson Sisters levaram a Bremerton a se tornar uma das marcas mais conhecidas da região vinícola de Langhorne Creek, no sul da Austrália. Nos últimos 11 anos, a Bremerton Wines foi premiada com a vinícola James Halliday 5 estrelas, que nos classifica entre os 5% melhores de todas as vinícolas australianas.

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Degustado em: 2016

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