Existe certo receio por parte dos enófilos e que não deixa de
ser endossado por alguns críticos especializados de vinhos que produtores ou
vinícolas pouco conhecidas, independente do seu tamanho e participação de
mercado, é deveras arriscado comprar um rótulo que seja. Costumo dizer e
confesso não saber se a nomenclatura cabe a situação, que gosto desses vinhos “undergrounds”,
pouco conhecidos, badalados e consagrados. Muitas vinícolas, bem como algumas
castas, ainda são muito novas para nós, brasileiros, embora populares nos seus
países de origem. E ainda temos o agravante do fator “moda”. Explico: aqui no
Brasil, principalmente, por uma questão dos anseios da demanda, chega os vinhos
e castas mais consumidas, tais como: Merlot, Cabernet Sauvignon, Carmenere etc.
Claro que há o fator “hectare” também, afinal, castas como as mencionadas são
de fácil produção, mas não é de minha intenção, pelo menos por enquanto, entrar
nesses pormenores. Mesmo que com todo o risco que admito que exista, tenho
mergulhado fundo na procura desses vinhos alternativos, poucos conhecidos e
badalados e olha que tenho encontrados gratas surpresas positivas.
O vinho que degustei e gostei veio do Chile, da região de
Valle Leyda e se chama Tripantu Grand Reserve da casta Pinot Noir safra 2011.
Lembro-me de que ao observar alguns rótulos nas gôndolas, mirei os olhos nesse
rótulo que, sem muito destaque o tomei pelas mãos e sem muita informação
resolvi arriscar, comprando-o. Mas antes de falar do Tripantu Grand Reserve
Pinot Noir, é conveniente falar um pouco dessa região chilena chamada Vale de
Leyda que vem crescendo em importância no Chile, mas que ainda não é tão
conhecida no Brasil.
Valle Leyda
Valle de Leyda é uma região vinícola do Chile, situada a
menos de 100 quilômetros da capital Santiago. Esta região é privilegiada pela
corrente fria de Humboldt proveniente do Oceano Pacífico e, por consequência,
dá origem a vinhos excelentes a partir das uvas Chardonnay e Pinot Noir. Associada
à produção de cevada e trigo, a região chilena rapidamente está conquistando
seu espaço perante o mundo dos vinhos de alta qualidade. Os primeiros
produtores apareceram na região em 1990, atraídos por um terroir ideal para a
elaboração de uvas premiadas. Com o investimento de uma família produtora de
vinhos, obteve-se a construção de um gasoduto de 8 quilômetros para canalizar a
água do rio Maipo – potencializando o cultivo das vinhas.
A região de Valle de Leyda está localizada em um conjunto de
colinas ao lado da faixa costeira que protege a faixa central do país de
influências oceânicas. Trata-se de uma região vinícola localizada ao sul da
fria região de Valle de Casablanca. As brisas frias do oceano e a névoa da
manhã moderam as temperaturas da área, mais baixas do que sua altitude indica.
Estas temperaturas frescas são complementadas pela elevada incidência solar
durante o período de crescimento das vinhas, proporcionando que as uvas
amadureçam completamente e desenvolvam excelente complexidade, mantendo seus
níveis de acidez equilibrados.
Vamos ao vinho:
Na taça apresenta uma bela cor púrpura com reflexos violáceos
muito brilhantes, límpido, típico da Pinot Noir. Poucas lágrimas já denunciando
um frescor e leveza.
No nariz uma explosão aromática de frutas vermelhas em
compota e notas vegetais, talvez um pouco de especiarias e baunilha.
Na boca se repete as impressões olfativas, sendo harmônico,
delicado, fácil e convidativo para beber, mas ainda sim, revelou-se com muita
personalidade e diria com alguma complexidade e estrutura com bom volume de
boca. Tem taninos presentes, mas domados, com um discreto amadeirado muito bem
integrado ao conjunto do vinho, devido a sua passagem por barricas de carvalho (o produtor não informa o tempo de passagem) com acidez equilibrada e um final persistente,
com retrogosto frutado.
Um vinho surpreendentemente maravilhoso com um excelente
custo X benefício! E, com a história da região de Vale de Leyda em produzir
grandes Pinot Noir, corroborando, certificando a qualidade deste rótulo mesmo
no auge de sua impopularidade. Pesquisar é sempre necessário em se tratar de
vinhos cujas vinícolas não sejam conhecidas, mas se permita ousar, ouça seu
coração sempre. Teor alcoólico de 13,5% muito bem integrados.
Sobre a TerrAustral Wines:
Nossa história começa em 1938, José Crispi Junior decide
plantar uvas e maçãs no Vale do Curicó, no Chile. A agricultura no sangue da
família Crispi há pelo menos três gerações. Durante anos venderam frutas no
mercado interno. Até que José decide que era hora da marca ser desfrutada por
outras pessoas. Terraustral é o legado da família Crispi que continua até os
dias de hoje. Uma operação de propriedade familiar comprometida com a produção
de vinhos de alta qualidade por um ótimo valor. Por trás dos vinhos estão os
valores pela terra. Os vinhos da TerrAustral refletem todos os cantos mágicos da
terra chilena.
Mais informações acesse:
Degustado em: 2015
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