sábado, 8 de abril de 2023

Partridge Gran Reserva Bonarda 2015

 

Eu nunca havia degustado essa casta até então! Quando lembramos da Argentina o que nos vem à mente é sempre, claro, a Malbec, a mais cultivada, de maior sucesso não só nas terras dos nossos Hermanos, mas no mundo inteiro, principalmente em nosso país, onde é exportada aos cântaros.

Evidente que há uma grande quantidade de castas que são bem cultivadas na Argentina sejam elas tintas ou brancas, que merecem a nossa atenção e a Torrontés é uma delas, a cepa branca mais querida por aquelas bandas. E há ainda outras tantas, como Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot etc.

Mas uma que hoje é tida como a segunda mais plantada na Argentina eu nunca havia experimentado, bem, pelo menos até o ano de 2013 ou 2014, não me recordo o ano exato. Falo da Bonarda.

O meu primeiro contato com a Bonarda foi em grande estilo: Com um rótulo da gigante e tradicional Nieto Senetiner, o Don Nicanor Bonarda 2015! Não havia tido, confesso, a dimensão da importância dessa degustação, mas lembro-me do quão agradável e prazeroso foi.

Depois dessa especial degustação foi um hiato até o meu próximo contato com outro rótulo da Bonarda. E quando isso aconteceu, em 2018, foi de uma forma meio inusitada ou, diria, inesperada.

Recebi uma notificação, por email, de um evento de degustação de vinhos argentinos, que seria ministrado por uma loja conhecida de vinhos no tradicional bairro carioca da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Bem o evento era gratuito então decidi conferir os rótulos que seriam expostos para degustação e posterior venda aos participantes do evento. E diante dos “Malbecs”, “Torrontés” da vida, lá estava um Bonarda! Sim, um Bonarda! Um misto de ansiedade e curiosidade me tomou de assalto.

E finalmente quando os organizadores disponibilizaram o rótulo para degustação, uma versão orgânica e sem passagem por barricas de carvalho, diferente, em termos de proposta, do Don Nicanor, o vinho era ótimo! Um vinho frutado, leve, saboroso! Assim é o Bonarda na sua essência. O vinho? Colonia Las Liebres Clasica Bonarda 2014!

Vinhos de qualidade, especiais e que, embora não tenha um histórico de degustação, os poucos que tive experiência de degustar foram extremamente satisfatórios! Então para não perder a Bonarda de vista resolvi ir ao garimpo para buscar novos rótulos e não foi muito difícil encontrar um e bem interessante de um produtor que já tive algumas boas experiências: Viña Las Perdices.

Estava em um preço arrebatador para um Gran Reserva então não hesitei e comprei mais um Bonarda, mas resolvi deixar por alguns anos na adega, talvez cerca de dois ou três anos e hoje com oito anos de garrafa tenho esperanças e acredito piamente que esteja no auge para degustação.

Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da região de Mendoza, na Argentina, e se chama Partridge Gran Reserva Bonarda da safra 2015. Já que falamos da Bonarda, vamos com a história dessa cepa que é a segunda mais cultivada na Argentina.

Bonarda

A uva Bonarda Piemontesa, que historicamente era usada para deixar os taninos da casta Nebbiolo mais macios e conferir mais fruta aos vinhos mais duros do Piemonte, não tem relação com a uva Bonarda encontrada na Argentina.

Na verdade, a casta Bonarda argentina é a uva Douce Noire, originária da Saboia, na França. Por ter características semelhantes à Bonarda Piemontesa, até na França se acreditava que a uva era originária do Piemonte, mas estudos de DNA mostraram que se trata de uma variedade distinta de casta.

A uva Bonarda possui cachos bem cheios, compactos e médios. Com cor bem escura (preto azulado), os bagos da casta possuem polpa macia e formato de esfera. Com cor bem escura (preto azulado), os bagos da casta possuem polpa macia e formato de esfera. A uva Bonarda, antigamente era utilizada somente em cortes, para propiciar maior equilíbrio na acidez dos tintos.

Bonarda

Hoje, já é possível achar varietais da casta ou bi-varietais, sendo muito utilizada na elaboração de vinhos com a casta Malbec e a uva Syrah. Hoje, a casta existe em minúsculas quantidades na França e nos Estados Unidos, mas a Argentina conta com quase 19.000 hectares plantados, onde é identificada como Bonarda.

Sabe-se que a Bonarda chegou à Argentina com os primeiros imigrantes europeus, no final do século XIX. Lentamente, adaptou-se às condições locais, por meio de uma seleção natural de clones no campo, ajudada pelo fato de não ser particularmente sensível a nenhuma enfermidade.

Dos 19 mil hectares plantados da Bonarda na Argentina 9 mil são plantados nas planícies quentes do Leste de Mendoza, nos arredores de San Martin, Junin, Rivadavia e Santa Rosa, longe dos ventos frios da Cordilheira dos Andes.

A uva Bonarda tem um ciclo longo de amadurecimento, necessitando de bastante calor para conseguir amadurecer. Quando as uvas não amadurecem o suficiente, seus vinhos têm pouca cor e corpo e, no palato, um leve toque de ervas. Apesar disso, é muito produtiva.

Os vinhos ralos com uvas provenientes de vinhedos de grande produção não ajudaram a boa reputação da Bonarda. Produzia vinhos medíocres e era usada, ainda é, em cortes de uvas Malbec e até com variedades como Criolla, nos 'vinos gruessos', vinhos baratos dos supermercados argentinos.

Alguns produtores enfrentaram o desafio de elaborar um bom vinho de Bonarda e vem tido grandes resultados e vários desses vinhos estão disponíveis em importadoras brasileiras. São vinhos marcados por frescor, acidez vibrante, fruta fresca e taninos suaves. Por um preço bastante acessível, constituem uma excelente relação entre qualidade e preço e, na Argentina, diz-se que são um revigorante para a alma, combatendo tristezas e saudade.

E agora finalmente o vinho!

Na taça Revela um rubi intenso, profundo, escuro, intransponível, com halos granada, atijolado, que denotam os seus oito anos de garrafa ou pela longa passagem por barricas de carvalho, além da viscosidade que mancha o copo.

No nariz é aromático, perfumado, complexo, com as frutas negras maduras em grande evidência, com as notas amadeiradas também vivaz, graças a passagem por 18 meses em barricas de carvalho, que entrega baunilha, couro, tabaco, café torrado, torrefação, tosta alta, chocolate meio amargo e um herbáceo ao fundo.

Na boca é seco, traz estrutura, alguma robustez, alcoólico, um vinho gordo, volumoso, corpulento, mas o tempo se encarregou de deixa-lo macio, elegante, mostrando equilíbrio. A fruta negra madura protagoniza, como no aspecto olfativo, bem como a madeira, trazendo notas de baunilha, de café, de chocolate, de torrefação, com um herbáceo e terra molhada, além de taninos domados, comportados e acidez correta e um final cheio, persistente e de retrogosto frutado.

Um vinho elegante, complexo, de marcante personalidade, equilibrado. Assim é o Partridge Gran Reserva da casta Bonarda. O tempo foi gentil com o vinho, dando-lhe tais características mencionadas. Mendoza lhe deu a fruta, a austeridade, o bom corpo, corroborando que a Bonarda hoje não é apenas uma alternativa de vinho barato a Malbec, mas mais um vinho de qualidade e tipicidade atestada como a Malbec. Hoje a Bonarda é uma realidade e, com isso, esperamos todos que o nosso mercado seja receptivo e nos brinde com rótulos especiais como esse. Tem 14% de teor Alcoólico.

Sobre a Viña Las Perdices:

Em 1952, Juan Muñoz López decidiu deixar sua cidade natal, Andalucia, no sul da Espanha, e ele e sua família emigraram para Mendoza, na Argentina, a fim de buscar novos horizontes.

Em seguida, já em solo argentino, não pôde deixar de notar as perdizes que vagavam pela terra. Com efeito, um vizinho disse a ele que essas aves geralmente são vistas em grupos de três.

Assim sendo, com o passar dos dias, as perdizes se tornaram as companheiras constantes de Don Juan em seus longos dias de trabalho. Assim, ele decidiu nomear sua vinícola Partridge Vineyard: “Viña las Perdices”.

A adega hoje é uma operação familiar criada por Juan Muñoz López, sua esposa Rosario, seus filhos Nicolas e Carlos e sua filha Estela.

A vinícola, assim, se localiza no sopé da Cordilheira dos Andes a 1.030 metros acima do nível do mar, em Agrelo, Luján de Cuyo – a primeira zona DOC (denominação de origem controlada) argentina. Do mesmo modo, as uvas são provenientes de duas de suas vinhas em Agrelo em Lujan de Cuyo e Barancas em Maipu.

Por fim, hoje Las Perdices continua a ser uma vinícola de pequena produção e com um espírito entusiasmado em apresentar os vinhos finos de Mendoza.

Sobre a Partridge Vineyard:

A linha Partridge foi criada em 2009 para complementar o portfólio da Viña Las Perdices nos mercados internacionais. São vinhos de perfil clássico e de qualidade, que ganhou a preferência dos consumidores.

A linha tem quatro divisões, que variam de acordo com o perfil dos rótulos:Partridge Flying, Partridge Reserva, Partridge Gran Reserva e Partridge Selección de Barricas.

A sub-linha Partridge Flying oferece vinhos fáceis de beber que são excelentes para o dia a dia. Em Reserva, os rótulos amadurecem em barricas de carvalho, agregando mais corpo e complexidade aos vinhos. Já na Gran Reserva, os vinhos são sofisticados e passam no mínimo 12 meses em carvalho, garantindo grande intensidade. E, por último, a Selección de Barricas, conta com exemplares de alta gama.

Mais informações acesse:

https://www.lasperdices.com/index.php

Referências:

“Mistral”: https://www.mistral.com.br/tipo-de-uva/bonarda

“Revista Adega”: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/uva-bonarda_6000.html

 




sexta-feira, 7 de abril de 2023

J. Meyer Pinot Gris 2020

 

Sou um réu confesso! Adoro a Pinot Grigio! Nunca deixo de falar dela e dos seus predicados e, claro, da minha predileção por esta cepa tão especial. Não diria, neste momento, que é a minha preferida, há outras que aprecio e muito, mas colocaria a Pinot Grigio em um patamar de importância em minha enófila vida.

Ela sempre esteve, está e estará figurando em minha reles e humilde adega, dado o carinho e afeição que, ao longo de quase dez anos tenho por esta casta. E não me canso de falar dela, não me canso de enaltecer suas qualidades, mesmo que ainda eu veja, eu leia alguns comentários maldosos, rejeitando-a.

Evidente que temos de respeitar as opiniões, as percepções alheias, mas ler algumas opiniões pouco fundamentadas, sem consistência é perceber que, infelizmente, ainda existe alguns equívocos acerca da cepa. Ela é leve sim, mas não é inexpressiva. Ela é frutada sim, mas não é sem graça e enjoativa. Ela expressa as características de um povo, de um país como o nosso, harmonizando com o clima e o DNA cultural de nosso país.

Já degustei alguns rótulos da Pinot Grigio do Brasil, da Itália, as mais famosas talvez, do Chile, até da África do Sul e, dentro das possibilidades, vou tentando desbravar o mundo do vinho com novas opções de rótulos da velha e querida Pinot Grigio e hoje será especial, para variar, mais uma vez. Degustarei um rótulo alemão da Pinot Grigio que lá, como na França e Argentina (degustei um dos Hermanos também!) é chamada de Pinot Gris.

Eu a descobri, por acaso, de uma forma bem despretensiosa, quando estava a navegar em um site desses famosos de venda de vinhos no Brasil quando estava procurando o preço de outro vinho! Quando vi o Pinot Gris o coração balançou e é plenamente plausível, afinal é a Pinot Grigio!

Acho que esqueci da compra do vinho inicial! A compra do Pinot Grigio ou Pinot Gris foi imediata! E não demorou muito para degusta-lo e claro a animação é grande para tê-lo em taça! O produtor é o mesmo do J. Meyer Pinot Noir 2018 que um grande amigo de longa e data e hoje confrade Paulo Roberto trouxe à minha casa para degustarmos juntos e que tivemos uma grata surpresa.

Então sem mais delongas vamos às apresentações do vinho cuja “identidade” já foi praticamente revelada. O vinho que degustei e gostei veio da famosa região germânica de Pfalz e se chama J. Meyer Pinot Gris da safra 2020. Para variar, vamos às histórias, vamos de Pfalz, na Alemanha e falar um pouco das classificações dos vinhos alemães que ainda é um tanto quanto novo para a realidade brasileira.

Pfalz

Localizada no sudoeste da Alemanha e fazendo fronteira com a Alsácia, na França, Pfalz é famosa por seus vinhos. É a segunda maior das 13 regiões vinícolas do país, com mais de três mil famílias de vinicultores dedicadas à produção de vinho. 

Região estreita de 22.000ha, o Platinado se estende a oeste do Reno, por cerca de 80 km seguindo um eixo norte-sul. Divide-se em três setores: Mittelhaardt (Haardt média), Deutschen Weinstraße (Rota Alemã do Vinho) e Südliche Weinstrasse (Rota Sul do Vinho). Os melhores vinhedos ladeiam as encostas a leste da Floresta do Platinado.

A região é famosa pela qualidade de seus vinhos brancos, particularmente por seus Rieslings, vinhos de caráter, minerais, geralmente encorpados, mas também muito finos. A produção dos vinhos tintos é muito limitada, mas sua qualidade é geralmente excelente.

Pfalz

A região vinícola do Palatinado, denominada oficialmente de Pfalz, pode ser descoberta da melhor maneira pela Rota Alemã do Vinho (Deutschen Weinstraße). Essa rota turística de vinhos, a mais antiga do gênero no mundo, liga diversas cidades produtores de vinho, de Bockenheim, ao norte, a Schweigen, na fronteira com a França. A rota permite conhecer de maneira agradável a região vinícola entre a floresta Pfälzerwald e o Reno.

Pfalz possui uma grande variedade de solos: arenito (na maior parte da região), calcário erodido, ardósia, rocha basáltica e loess (sedimento fértil de cor amarela que só existe em algumas partes da Europa e da China), entre outros - o que permite o cultivo de amplo sortimento de castas de uvas tintas e brancas.

Comparado a outras regiões alemãs, o clima de Pfalz é mais quente, porém ameno. Não há invernos rigorosos e verões de altíssimas temperaturas. A chuva acontece na medida certa e tudo isto beneficia o cultivo das uvas, influenciando diretamente na qualidade destas.

Em Pfalz são cultivadas 45 castas de uva branca e 22 de uva tinta. Aproximadamente 25% dos vinhedos do local são cultivados com a variedade Riesling, por isso, Pfalz é considerada a maior produtora destas uvas em todo o mundo. Entretanto, 40% dos vinhedos são de frutas tintas, e a região é a maior produtora de vinhos tintos do país.

Além da Riesling, as uvas brancas Gewürztraminer e Scheurebe são destaque na região. Entre as tintas cultivadas em Pfalz temos Dornfelder, Portugieser, Spätburgunder (Pinot Noir) e Regent, além das mundialmente conhecidas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo e Syrah. Em Pfalz a Pinot Noir dá os melhores resultados dentre as regiões alemãs.

Nomenclatura e definições dos vinhos alemães

O medo do desconhecido é o principal empecilho do vinho alemão. Devido aos conceitos, às expressões e ao idioma, o país possui um dos rótulos mais difíceis do mundo para compreender. Esse conteúdo vai além da safra, região de origem, teor alcoólico, uva e o nome do produtor, pois trazem dados como categoria de qualidade, número do teste de controle de qualidade, tipo e estilo do vinho.

Aliás, existem alguns dados que são obrigatórios e outros que são apenas opcionais. O vinho alemão passa por um rigoroso teste de controle de qualidade (A.P.NR.), desenvolvido pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG). Além disso, seus exemplares são divididos em categorias de qualidade.

Essa categorização depende de dois fatores: maturidade e qualidade das uvas, e a especificidade e tipicidade da região. As categorias de qualidade podem ser consideradas um sinônimo das Denominações de Origem, por também conter regras e normas específicas como área delimitada, uvas autorizadas, entre outros.

Deutscher Wein: São os vinhos mais simples de todas as categorias. Os vinhos podem ser produzidos com uvas colhidas em vinhedos de todo o território alemão.

Landwein: Assim como a Deutscher Wein, também possui vinhos simples, quando relacionado aos de outras categorias. Pode ser comparado aos IGP’s de outros países europeus. 85% das uvas devem ser provenientes de vinhedos de regiões reconhecidas pela categoria.

Qualitätswein bestimmter Anbaugebiet (QbA): É considerada a categoria dominante no país. As uvas precisam ser autorizadas e atingir um grau mínimo exigido de maturação. As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. Os rótulos podem conter termos que indicam o nível de doçura do vinho como:

Trocken: vinho seco.

Halbtrocken: vinho meio-seco ou ligeiramente doce.

Feinherb: um termo não oficial para descrever vinhos semelhantes ao Halbtrocken.

Liebliche: vinho doce.

Em setembro de 1994, foi permitida a criação de uma subcategoria QbA, a Qualitätswein garantierten Ursprungs (QGU). Comparada a uma Denominação de Origem Controlada e Garantida, a QGU abrange uma região, vinha ou aldeia específica, que expressa além de alta qualidade, tipicidade. Nessa categoria, os vinhos passam por rigorosas análises sensoriais e analíticas.

Qualitätswein mit Prädikat (QmP) ou Prädikatswein

As uvas devem ser permitidas pela categoria e provenientes de uma das treze regiões vitícolas específicas. Além disso, o nome da região precisa estar estampado no rótulo. As uvas devem atingir um grau específico de maturação, açúcar e teor alcoólico natural. Os rótulos precisam estampar alguns atributos específicos referentes ao nível de maturação das uvas e ao método de colheita:

Kabinett: colheita realizada com uvas completamente maduras. Gera vinhos mais leves e com baixo teor alcoólico.

Spätlese: colheita tardia, ou seja, as uvas são colhidas em um período posterior ao considerado ideal. Gera vinhos concentrados e com intenso aroma, mas não especificamente com o paladar adocicado.

Auslese: uvas colhidas muito maduras, mas apenas os cachos selecionados. Gera vinhos nobres, com intensidade tanto no aroma quanto no paladar. A doçura no paladar não é uma regra.

Eiswein: uvas sobreamadurecidas como a Beerenauslese, porém colhidas e prensadas congeladas. Gera vinhos nobres e singulares, com alta concentração.

Trockenbeerenauslese (TBA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, que secam por um determinado tempo adquirindo características próximas a de uvas passas. Gera vinhos doces, ricos e nobres.

Beerenauslese (BA): uvas sobreamadurecidas, infectadas por Botrytis cinerea, com seleção criteriosa dos bagos. Essas uvas são colhidas apenas em safras excepcionais. Gera vinhos longevos, ricos e doces.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um amarelo palha, brilhante e reluzente, já tendendo ao dourado.

No nariz entrega aromas de frutas de polpa branca maduras, com destaque para o pêssego, melão, maçã-verde, limão e damasco, com delicados e agradáveis notas de flores brancas, o típico floral da cepa.

Na boca é leve, com frescor, porém aliado a uma personalidade marcante, diria uma boa intensidade e volume, com as notas frutadas, as frutas maduras em evidência, como no aspecto olfativo, além de uma acidez equilibrada e um final de boa persistência, um final longo.

O fato é que na Alemanha se elabora grandes e emblemáticos vinhos brancos, a Riesling está aí para confirmar esse fato, com vinhos expressivos, de personalidade, frescos e também longevos, de potencial de guarda invejáveis. E Pfalz com a sua diversidade de solos e climas propicia não apenas a produção de Riesling, mas também de Pinot Gris, mostrando, além de ter sido adaptado ao clima ameno do local, mas entregando um rótulo refrescante, frutado e equilibrado, com nuances de damasco, pêssego, pera e toques florais bem delicados. Uma grata experiência com o meu primeiro Pinot Gris alemão. E que venham vários outros! Tem 12,5% de teor alcoólico.

Sobre a Moselland:

A princípio, no século XIX, muitos produtores individuais da Alemanha se uniram por necessidade econômica para formar pequenas cooperativas vitícolas: eles pretendiam trabalhar com mais eficiência, unindo forças.

Em seguida, em 1969, as principais cooperativas se fundiram com a Hauptkellerei Koblenz para formar a maior cooperativa vitícola do estado de Rheinland-Pfalz. Desse modo, o resultado foi a criação da Moselland, localizada em Bernkastel Kues, que por mais de um quarto de século, foi um nome garantiu alta qualidade.

Sendo assim, na Moselland, a qualidade começa bem na vinha. Os viticultores são especialistas em gerenciamento de vinhedos, desde o plantio até a colheita, assim produzem uvas da mais alta qualidade que são entregues em nas estações de prensagem e coleta, ao lado das vinhas. Além disso, a equipe altamente qualificada assume o processo de vinificação usando os mais modernos maquinários.

Mais informações acesse:

https://www.moselland.de/

Referências:

“Vinho sem Segredo”: https://vinhosemsegredo.com/2011/05/02/nomenclatura-do-vinho-alemao-i/

“Winepedia”: https://www.wine.com.br/winepedia/dicas/como-ler-rotulos-alemanha/

“Art des Caves”: https://blog.artdescaves.com.br/conheca-pfalz-regiao-que-mais-produz-vinhos-alemanha

“Carpevinum”: https://www.carpevinum.com.br/loja/noticia.php?loja=677095&id=255

 






quinta-feira, 6 de abril de 2023

Velharia Reserva Syrah 2016

 

O que faz de um vinho especial? Embora a pergunta seja objetiva, direta, ela carrega certa complexidade. Sim! A resposta é muito pessoal, afinal o vinho que pode ser especial para você, pode não significar nada para o outro e os motivos são infindáveis: dinheiro, experiências sensoriais, regiões, castas etc.

Mas há certas coisas que faz do vinho especial e acredito que possa ser unanimidade entre os enófilos e foge um pouco do “óbvio” dos motivos acima elencados, como, por exemplo, método de vinificação, safras especiais, condições climáticas que influenciam diretamente no cultivo etc.

Embora seja algo mais voltado para questões técnicas, digamos, evidentemente que degustar um rótulo que é produzido em safras especiais, concebidos em anos excepcionais traz algo mais especial a degustação.

E a degustação, o rótulo de hoje é especial, principalmente pelo que pude apurar acerca da sua história, curta, mas significativa exatamente no que tange a questões de safras especiais.

E aí vem também, no “rabo do cometa”, os demais motivos que faz com que o vinho seja especial, pelo menos para mim, como a região de Lisboa, ser um varietal, o que não é habitual em se tratar de vinhos lusitanos etc.

O vinho em questão apesar de trazer um nome que denota algo antigo, meio datado, digamos, é recente no mercado, tendo a sua primeira safra, apenas em 2006. É um reserva que, desde esse ano, é concebido apenas em safras excepcionais, em anos de qualidade acima da média e que raramente aparece no ano a seguir da vindima, apesar de ter tido uma em 2008 e 2009.

Então é por essas e por outras que um vinho é especial e não se enganem, preço não compra tudo, valor não compra tudo, nem mesmo um momento especial. Não precisa de tanto, vide o vingo em questão que custou na faixa, pasmem, dos R$30 em um popular supermercado de minha cidade, Niterói.

Sem mais delongas vamos às apresentações! O surpreendente vinho que degustei e gostei veio da emblemática região de Lisboa e se chama Velharia Reserva Syrah da safra 2016. Exatamente a primeira vindima desse rótulo. Especial, não? Então para não perder tempo, vamos também às histórias de Lisboa.

Lisboa

A costa de Portugal é muito privilegiada para a produção vitivinícola graças à sua posição em relação ao Oceano Atlântico, à incidência de ventos, ao solo e ao relevo que constituem o local. Entre as principais áreas produtoras podemos citar a região dos vinhos de Lisboa, antigamente conhecida como Estremadura, famosa tanto por tintos encorpados como por brancos leves e aromáticos.

Lisboa

Tem mais de 30 hectares de cultivo com mais de 9 mil aptas à produção de Vinho Regional de Lisboa e Vinho com Denominação de Origem Controlada. O nome passou em 2009 para Lisboa de forma a diferenciar da região de mesmo nome na Espanha, também produtora de vinhos.

O litoral da IGP Lisboa corre para o sul de Beiras a partir da capital de Portugal, onde o rio Tejo encontra o Oceano Atlântico. Suas características geográficas proporcionam certa complexidade à região, pois está situada climaticamente em zona de transição dos ventos úmidos e estios, com solo de idades variadas, secos, encostas e maciços montanhosos se contrapõem a várzeas e terras de aluvião.

Ainda sofre influência direta da capital do país localizada em um extremo da região. Uma de suas características determinantes é a grande variedade de solos, como terras de aluvião (sedimentar), calcário secundário, várzeas e maciços montanhosos, muitas vezes misturados. Cada um desses terrenos pode proporcionar às uvas características completamente diferentes.

Lisboa

Esta região possui boas condições para produzir vinhos de qualidade, todavia há cerca de quinze anos atrás a região de Lisboa era essencialmente conhecida por produzir vinho em elevada quantidade e de pouca qualidade. Assim, iniciou-se um processo de reestruturação nas vinhas e adegas.

Provavelmente a reestruturação mais importante realizou-se nas vinhas, uma vez que as novas castas plantadas foram escolhidas em função da sua produção em qualidade e não em quantidade. Hoje, os vinhos da Região de Lisboa são conhecidos pela sua boa relação qualidade/preço.

A região concentrou-se na plantação das mais nobres castas portuguesas e estrangeiras e em 1993 foi criada a categoria “Vinho Regional da Estremadura”, hoje "Vinho Regional Lisboa". A nova categoria incentivou os produtores a estudar as potencialidades de diferentes castas e, neste momento, a maior parte dos vinhos produzidos na região de Lisboa são regionais (a lei de vinhos DOC é muito restritiva na utilização de castas).

Entre as principais uvas cultivadas podemos citar as brancas Arinto, Fernão Pires (ambos naturais de Portugal) e Malvasia, e as tintas, Alicante Bouschet, Castelão, Touriga Nacional e Aragonez (como é chamada a Tempranillo na região).

Acredita-se que a elaboração de vinhos seja uma atividade desde o século 12, quando os monges da Ordem de Cister se estabeleceram na região. Uma de suas principais funções era justamente a produção da bebida para a celebração de missas.

Lisboa DO

A Região de Lisboa é constituída por nove Denominações de Origem: Colares, Carcavelos e Bucelas (na zona sul, próximo de Lisboa), Alenquer, Arruda, Torres Vedras, Lourinhã e Óbidos (no centro da região) e Encostas d’Aire (a norte, junto à região das Beiras).

As regiões de Colares, Carcavelos e Bucelas outrora muito importantes, hoje têm praticamente um interesse histórico. A proximidade da capital e a necessidade de urbanizar terrenos quase levaram à extinção das vinhas nestas Denominações de Origem.

DO Lisboa

A Denominação de Origem de Bucelas apenas produz vinhos brancos e foi demarcada em 1911. Os seus vinhos, essencialmente elaborados a partir da casta Arinto, foram muito apreciados no estrangeiro, especialmente pela corte inglesa. Os vinhos brancos de Bucelas apresentam acidez equilibrada, aromas florais e são capazes de conservar as suas qualidades durante anos.

Colares é uma Denominação de Origem que se situa na zona sul da região de Lisboa. É muito próxima do mar e as suas vinhas são instaladas em solos calcários ou assentes em areia. Os vinhos são essencialmente elaborados a partir da casta Ramisco, todavia a produção desta região raramente atinge as 10 mil garrafas.

A zona central da região de Lisboa (Óbidos, Arruda, Torres Vedras e Alenquer) recebeu a maioria dos investimentos na região: procedeu-se à modernização das vinhas e apostou-se na plantação de novas castas. Hoje em dia, os melhores vinhos DOC desta zona provêm de castas tintas como, por exemplo, a casta Castelão, a Aragonez (Tinta Roriz), a Touriga Nacional, a Tinta Miúda e a Trincadeira que por vezes são lotadas com a Alicante Bouschet, a Touriga Franca, a Cabernet Sauvignon e a Syrah, entre outras. Os vinhos brancos são normalmente elaborados com as castas Arinto, Fernão Pires, Seara-Nova e Vital, apesar da Chardonnay também ser cultivada em algumas zonas.

A região de Alenquer produz alguns dos mais prestigiados vinhos DOC da região de Lisboa (tintos e brancos). Nesta zona as vinhas são protegidas dos ventos atlânticos, favorecendo a maturação das uvas e a produção de vinhos mais concentrados. Noutras zonas da região de Lisboa, os vinhos tintos são aromáticos, elegantes, ricos em taninos e capazes de envelhecer alguns anos em garrafa. Os vinhos brancos caracterizam-se pela sua frescura e carácter citrino.

A maior Denominação de Origem da região, Encostas d’Aire, foi a última a sofrer as consequências da modernização. Apostou-se na plantação de novas castas como a Baga ou Castelão e castas brancas como Arinto, Malvasia, Fernão Pires, que partilham as terras com outras castas portuguesas e internacionais, como por exemplo, a Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Aragonez, Touriga Nacional ou Trincadeira. O perfil dos vinhos começou a alterar-se: ganharam mais cor, corpo e intensidade.

Agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho intenso, quase escuro, com entornos granada, talvez denotando os seus sete anos de garrafa ou pela passagem por barricas de carvalho, alguma viscosidade, com lágrimas finas, lentas e em profusão entregando o seu teor alcoólico.

No nariz é levemente aromático, mas elegante e complexo, com notas de frutas vermelhas bem maduras, com a madeira sentida de forma plena, mas muito bem integrada, em convergência com a fruta, trazendo ainda o aporte da baunilha, do couro, do tabaco, do cedro, do defumado, das especiarias, a pimenta típica da cepa.

Na boca traz bom corpo, alguma estrutura, alcoólico, mas a maciez e elegância, adquiridas pelo tempo de garrafa, entrega um vinho equilibrado, as notas frutadas, como no aspecto olfativo, apresenta protagonismo, bem como o amadeirado, devido aos 12 meses em barricas, além da baunilha, das especiarias, a terra molhada, o toque herbáceo, um discreto chocolate, com taninos maduros e sedosos, acidez correta e um final de média persistência.

Um vinho, aos sete anos de garrafa, está pronto, polido, elegante, mas que apresenta personalidade inerente a casta e as propostas do enólogo quis retratar com seu engenhoso trabalho. Fruta em sinergia com a madeira, tudo conspirando a favor de um vinho harmonioso, vivo, pleno. São nuances que retratam o quão esse vinho é especial e que mesmo com o valor baixo e ter sido adquirido em supermercados, preconceitos à parte. O vinho que você gosta sempre fará da degustação e do momento especial. Tem 14% de teor alcoólico.


Sobre a Adega Cooperativa Labrugeira:

Os vinhos do alto concelho de Alenquer são referidos em vários escritos ao longo de séculos, pela sua qualidade e pelo fato de serem vinhos escolhidos para servirem a Casa Real Portuguesa e para outras casas distintas.

No entanto, foi no século XIX que Camilo Castelo Branco no seu livro “A filha do Regicida” página 131 refere: “ … e saindo pelos moinhos de vento, pelo vale da Anunciada até Andaluzes, isso é que é lindo, principalmente se um homem lançou a fateixa na tasca do vesgo e com duas mãos de carneiro, faz lastro a dois tragos bons de vinho da Labrugeira. São os meus passeios ao Domingo”.

Assim se prova que desde sempre os vinhos da Labrugeira eram conhecidos e apreciados. Foi, porém, em 1973, que um grupo de 85 viticultores do Alto Concelho de Alenquer, na aldeia da Labrugeira, se uniram e organizaram numa única adega – Adega Cooperativa da Labrugeira.

Assim se deu um grande passo para potencializar a boa qualidade das uvas para a produção de grandes vinhos da região. A pouco e pouco se foram juntando novos associados com vinhas situadas na zona norte do concelho de Alenquer, no sopé sul e oeste da serra de Montejunto, com uma área de influência que cobre as freguesias de Ventosa, Olhalvo, Cabanas de Torres e Abrigada e Vila Verde dos Francos.

Esta região de meias encostas, com terrenos argilo-calcários e protegida do clima marítimo da zona litoral oeste, pelas serras que seguem por Vila Verde dos Francos e serra de São Julião, produz grandes vinhos tintos e brancos com boa estrutura e graduação acima da média geral. Desde a sua fundação até hoje, a Adega tem vindo a obter centenas de prémios e distinções, nacionais e internacionais, nomeadamente em 1990 quando foi distinguida com o 1º Prémio no Concurso Nacional de Vinhos da Junta Nacional do Vinho, com o vinho tinto colheita 1990, concurso que premiava a nível nacional apenas três vinhos tintos e três brancos.

Desde então, a Adega recebeu centenas de medalhas de ouro, prata e bronze em concursos nacionais e internacionais, nomeadamente no Concurso de Vinhos de Lisboa, Concurso do Crédito Agrícola, Concurso do Festival Nacional de Vinho e nos Concursos da Viniportugal. Em 2020 recebeu uma medalha de ouro em França, na Vinalies Internationales-”Concours des Enologues de France” com o vinho “Velharia” Reserva 2014.

Atualmente a Adega da Labrugeira comercializa uma vasta gama de vinhos engarrafados e acondicionados, brancos, tintos, rosés, vinhos leves, aguardentes bagaceiras e vinho espumante, com a certificação Regional Lisboa (IGP) e DOP Alenquer. Distribui no mercado português, no mercado Europeu e exporta para Países Terceiros. A sua produção anual cifra-se em cerca de 4 milhões de litros.

Mais informações acesse:

http://www.adegalabrugeira.pt/index.html

Referências:

“Blog Divvino”: https://www.divvino.com.br/blog/vinho-lisboa/

“Olhar Turístico”: https://www.olharturistico.com.br/regiao-dos-vinhos-de-lisboa/

“Belle Cave”: https://www.bellecave.com.br/vinhos-de-lisboa-saiba-mais-sobre-essa-regiao-produtora

“Infovini”: http://www.infovini.com/pagina.php?codNode=3901

 










domingo, 2 de abril de 2023

Raíces Gran Reserva Tempranillo 2012

 

A Espanha definitivamente entrou no meu radar! A cada dia e cada oferta de rótulos, que são muitos, descubro novas e atraentes regiões que compõe o cenário vitivinícola espanhol. E o melhor: a preços igualmente atraentes.

Porém há certa rejeição quando se fala em valores, principalmente valores baixos de alguns rótulos da Espanha, mais precisamente aos vinhos que ostentam as nomenclaturas “crianza”, “reserva” e “gran reserva”.

Parece que existe um custo alto a se pagar por rótulos mais baratos de regiões que não gozam de fama da Espanha, como Navarra, Catalunha, Valência etc. Há uma “distinta” rejeição quando se fala ou menciona quaisquer rótulos que não seja Rioja, Priorat ou Ribera del Duero.

Mas antes de valores preconizo, de forma unânime, o garimpo às regiões espanholas, a busca por novos terroirs, isso sim é o mais importante de tudo! E tenho me aventurado com um prazer único! Grandes e fantásticas surpresas vem surgindo a cada rótulo, a cada degustação!

E uma, em especial, não posso deixar de comentar, fica na maior região produtora de vinhos da Espanha, ou melhor, sub-região, Valdepeñas. Essa região ficou um pouco mais conhecida graças aos vinhos da linha “Pata Negra” e, mais tarde, da linha “Anciano” que teve uma agressiva propaganda de marketing de um ´popular e-commerce brasileiro.

A propósito tive o privilégio de degustar dois rótulos, em uma espécie de “mini-vertical” com um grande amigo em meu aniversário, da linha Anciano Gran Reserva, das safras 20062008 e simplesmente foi espetacular degustar vinhos de mais de uma década de vida e ainda vivos, plenos e com muitos e muitos anos pela frente!

E isso, a longevidade, me atrai também. Vinhos que se degustam na plenitude de suas características e que entregam tipicidade, qualidade, com expressão do terroir e melhor, com valores extremamente interessantes.

E há também outro ponto interessante:  produtor, a vinícola. Será a minha segunda experiência com os rótulos da Bodegas Fernando Castro, que conheci com o El Artista Gran Reserva Tempranillo da safra 2012 e que surpreendeu de forma positiva quando o degustei quando tinha 10 anos de garrafa!

Então sem mais delongas vamos às apresentações do “novo” vinho! O vinho que degustei e gostei veio, como disse, de Valdepeñas, de Castilla La Mancha, na Espanha, e se chama Raíces Gran Reserva, um 100% Tempranillo, da safra 2012. Para variar, vamos de história, vamos de Valdepeñas.

Valdepeñas


A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são destinadas à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.


Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.

E agora finalmente o vinho!

Na taça apresenta um vermelho rubi com intensidade, com pouco brilho e halos acastanhados, em tons granada, já denotando os 11 anos de idade, além de lágrimas finas, lentas e em profusão.

No nariz explodem em complexidade a começar com as notas frutadas, frutas pretas e vermelhas já passadas, em estágio de geleia, com a madeira também assumindo o protagonismo, entregando toques de baunilha, torrefação, chocolate, além da rusticidade com destaque para o couro, tabaco, defumado, terra molhada e especiarias.

Na boca revela um misto de potência e elegância! Um vinho austero, maduro, mas macio, redondo, uma estrutura perfeitamente harmônica e equilibrada. As frutas em compota aparecem e está em plena convergência com a madeira, sendo complexo e aveludado. Percebe-se a baunilha, a torrefação, discreto café torrado e chocolate, com taninos domados, mas ainda presentes, com acidez correta e um final de média persistência.

O Raíces Gran Reserva é um vinho complexo, a madeira protagoniza, porém juntamente com as notas frutadas, o que é incrível aos 11 anos de vida. Um vinho macio, redondo, equilibrado, entregando a elegância típica de vinhos como esse. Não esperem peso, estrutura ou algo que o valha, afinal 18 meses de barricas de carvalho com outros 18 meses em garrafa, o afinamento trará complexidade e estrutura, não peso. E o mais gratificante é degustar um vinho em uma faixa de preço extremamente acessível. É possível sim degustar um Gran Reserva espanhol com um valor competitivo e que atinja sim a todos os níveis sociais, sem taxar o vinho como aristocrático e de difícil alcance entre os enófilos indistintamente. Uma reverência aos revendedores e a vinícola que provaram que é possível degustar um vinho com tal proposta a um valor justo e possível. Democratizemos a cultura do vinho! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Fernando Castro:

A Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850, é a mais antiga adega CLM sob a direção da mesma família. A família Castro começou a produzir vinhos brancos e tintos a partir de uvas cultivadas na sua propriedade em Santa Cruz de Mudela, seguindo os métodos tradicionais da região.

Desde 1895, as Bodegas Fernando Castro estão presentes nos pontos mais importantes do território nacional, graças ao conhecido Comboio do Vinho e posteriormente através da sua própria rede de transportes, conquistando a confiança dos grandes centros de compras.

Com uma localização geográfica imbatível, estando no centro de Espanha, os seus produtos chegam a qualquer ponto da geografia, o que juntamente com a ênfase na qualidade dos seus produtos e eficiência no serviço, tem facilitado a expansão do seu mercado ao máximo desde 70 países para onde exportam atualmente.

A adega Fernando Castro está localizada no centro nevrálgico da Denominação de Origem Valdepeñas. Localizada no extremo sul do planalto ibérico e bem delimitada pela planície de La Mancha a norte, os campos de Montiel a leste, Calatrava a oeste e Serra Morena a sul, Santa Cruz de Mudela preserva o património cultural e gastronómico de A Mancha.

A região contém uma abundância de solos calcários, arenosos e argilosos (avermelhados), atravessados pelo rio Jabalón e bronzeados pelo sol. Terrenos com um clima continental marcado de temperaturas extremas e baixa pluviosidade, onde as temperaturas podem ultrapassar os 40ºC e descer abaixo dos -10ºC.

Viticultores por tradição familiar, Bodegas Fernando Castro tem 380 hectares de vinhas aninhadas em torno da Finca Los Altos, supervisionadas pessoalmente pela família Castro. Os seus vinhos expressam a personalidade de uma região única, situada a 705 metros de altitude e com um clima de temperaturas extremas, os seus solos são pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, condição ideal para o cultivo da vinha.

Mais de 2.500 horas de sol por ano se traduzem em uvas bem maduras e vinhos com maior intensidade de cor, estrutura ideal e poder aromático.

Atualmente, duas gerações da família Castro trabalham juntas, com o apoio inestimável de grandes profissionais que contribuem para a produção, processamento, envelhecimento e comercialização dos seus vinhos, utilizando instalações modernas, confortáveis ​​e funcionais.

Na última década, alargaram a sua gama de produtos a setores novos e emergentes como os vinhos espumantes, vinhos não alcoólicos, vinhos Kosher, vinhos biológicos e até sangrias, garantindo os mesmos níveis de qualidade e serviço nestes novos produtos.

Todos os anos os vinhos são premiados nos mais prestigiados concursos internacionais do mundo, como Berliner Wein Thophy, Mundus Vini, Sakura Japan Awards ou o Best Wine-in-Box da França.

Mais informações acesse:

https://bodegasfernandocastro.es/

Referência:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html

 

 

 












sábado, 1 de abril de 2023

Miolo Single Vineyard Touriga Nacional 2019

 

Quando eu descobri essa linha, até então, nova de rótulos da Vinícola Miolo, eu estava com a adega vazia de vinhos desse importante produtor brasileiro. Importante para a vitivinicultura nacional e muito importante para aminha vida, a minha trajetória de enófilo.

Eu não tinha nenhum vinho da Miolo em minha humilde adega! Logo a Miolo que foi tão importante para a minha construção de enófilo, tão importante naquela indispensável transição dos vinhos de mesa, das uvas americanas, para as uvas finas, as vitis viníferas.

E o que foi mais legal não foi apenas repor a minha adega com um rótulo da Miolo, foi repor a adega e também trazer uma linha nova de vinhos da vinícola com uma casta autóctone, ou seja, nativa de Portugal, tida como a famosa das castas tintas de terras lusitanas: Touriga Nacional.

Eu nunca tinha visto ou sequer sabia de vinhos brasileiros com a casta emblemática portuguesa, a Touriga Nacional. E quando descobri foi graças a uma premiação que esse vinho da Miolo conquistou adivinha onde? Sim, ganhou um prêmio em Portugal, onde a cepa reina absoluta e goza de muita qualidade, tipicidade.

O prêmio, cujos detalhes podem ser lidos aqui, foi conquistado em um concurso com a chancela da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) e o este rótulo da poderosa Miolo conquistou uma medalha de ouro, ou seja, laureado com a honraria máxima deste concurso de suma importância.

Claro que não podemos definir as nossas escolhas ou predileções com prêmios e medalhas, afinal, como costumar dizer nós degustamos vinhos e não prêmios, mas confesso que nesse caso me surpreendeu e me chamou a atenção para degustar esse vinho e pensei: Irei comprar esse vinho um dia.

Com a premiação o vinho conquistou reconhecimento, projeção e muitos e-commerces, sites especializados em vendas de vinhos passaram a oferta-lo, mas ainda um pouco caros, infelizmente. E preferi esperar um pouco mais. Quando, em uma dessas visitas aleatórias em sites de vinhos, observei o vinho em questão a um preço atraente e com alguns cupons de descontos que se tornou mais do que viável a sua compra. O fiz e o guardei por cerca de dois a três anos na adega. Esperei o melhor momento para tê-lo em minha taça!

E eis que o dia chegou! Então sem mais delongas vamos às apresentações! O vinho que degustei e gostei veio da já imponente Campanha Gaúcha e se chama Miolo Single Vineyard e a casta, claro, é a Touriga Nacional da safra 2019.

A Touriga Nacional deste rótulo da Miolo foi cultivada no vinhedo da Quinta do Seival e provém de um micro-lote que expressa as características do Terroir da Campanha Meridional, Rio Grande do Sul.

Para se chegar a este exemplar, a Miolo testou mais de vinte variedades portuguesas no vinhedo do Seival, onde, além da Touriga Nacional, apenas a Tinta Roriz e Alvarinho prosperaram com resultados espetaculares. E por falar em Campanha Gaúcha, vamos de história dessa região que vem ganhando projeção em todo o cenário vitivinícola brasileiro.

Campanha Gaúcha

Entre o encontro de rios como Rio Ibicuí e o Rio Quaraí, forma-se o do Rio Uruguai, divisa entre o Brasil, Argentina e Uruguai. Parte da Campanha Gaúcha também recebe corpo hídrico subterrâneo, o Aquífero Guarani representa a segunda maior fonte de água doce subterrânea do planeta, dele estando 157.600 km2 no Rio grande do Sul.

A Campanha Gaúcha se espalha também pelo Uruguai e pela Argentina garante uma cumplicidade com os “hermanos” do outro lado do Rio Uruguai. Os costumes se assemelham e os elementos locais emprestam rusticidade original: o cabo de osso das facas, o couro nos tapetes, a tesoura de tosquia que ganha novas utilidades.

Campanha Gaúcha

No verão, entre os meses de dezembro a fevereiro, os dias ficam com iluminação solar extensa, contendo praticamente 15 horas diárias de insolação, o que colabora para a rápida maturação das uvas e também ajuda a garantir uma elevada concentração de açúcar, fundamental para a produção de vinhos finos de alta qualidade, complexos e intensos.

As condições climáticas são melhores que as da Serra Gaúcha e tem-se avançado na produção de uvas europeias e vinhos de qualidade. Com o bom clima local, o investimento em tecnologia e a vontade das empresas, a região hoje já produz vinhos de grande qualidade que vêm surpreendendo a vinicultura brasileira.

A mais de 150 anos, antes mesmo da abolição da escravatura, a fronteira Oeste do Rio Grande do Sul já produzia vinhos de mesa que eram exportados para os países do Prata (Uruguai, Argentina e Paraguai) e vendidos no Brasil.

A primeira vinícola registrada do Brasil ficava na Campanha Gaúcha. Com paredes de barro e telhado de palha, fundada por José Marimon, a vinícola J. Marimon & Filhos iniciou o plantio de seus vinhedos em 1882, na Quinta do Seival, onde hoje fica o município de Candiota.

E o mais interessante é que, desde o início da elaboração de vinhos na região, os vinhos da Campanha Gaúcha comprovam sua qualidade recebendo medalha de ouro, conforme um artigo de fevereiro de 1923, do extinto jornal Correio do Sul de Bagé.


IP (Indicação de Procedência) da Campanha Gaúcha

Em 2020 a Campanha Gaúcha ganhou reconhecimento de Indicação de Procedência (IP) para seus vinhos. Aprovada pelo Inpi na modalidade de I.P., a designação vem sendo utilizado pelas vinícolas da região a partir do ano de 2020 para os vinhos finos, tranquilos e espumantes, em garrafa.

A Indicação Geográfica (IG) foi o resultado de mais de 5 anos de pesquisa, discussões e estudos de um grupo interdisciplinar coordenados pela Embrapa Uva e Vinhos do Rio Grande do Sul.

Além disso, os vinhos devem ser elaborados a partir das 36 variedades de vitis viníferas permitidas pelo regulamento, plantados em sistema de condução em espaldeira e respeitando os limites máximos de produtividade por hectare e os padrões de qualidade das frutas que seguirão para a vinificação. Finalmente, os vinhos precisam ser avaliados e aprovados sensorialmente às cegas por uma comissão de especialistas.

Esta é uma delimitação localizada no bioma Pampa do estado do Rio Grande do Sul, região vitivinícola que começou a se fortalecer na década de 1980, ganhando novo impulso nos anos 2000, com o crescimento do número de produtores de uva e de vinho, expandindo a atividade para diversos municípios da região.

A área geográfica delimitada totaliza 44.365 km2. A IP abrange, em todo ou em parte, 14 municípios da região: Aceguá, Alegrete, Bagé, Barra do Quaraí, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Itaqui, Lavras do Sul, Maçambará, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livramento e Uruguaiana.

A Campanha Gaúcha está situada entre os paralelos 29º e 31º Sul e trata-se de uma zona ensolarada, com as temperaturas mais elevadas e o menor volume de chuvas entre as regiões produtoras do Sul do Brasil.

Ao mesmo tempo, as parreiras – predominantemente plantadas em sistema de espaldeira – foram estabelecidas em grandes extensões de planície (altitude entre 100 e 360 m.) com encostas de baixa declividade, o que favorece a mecanização das colheitas, reduz os custos e potencializa a escala produtiva. Uma característica importante é o solo basáltico e arenoso, com boa drenagem, que somada aos outros fatores propicia a ótima qualidade das uvas.

Esta foi uma conquista para a região, que pode refletir em uma garantia da qualidade de seus produtos. Fica a torcida para que, após muito tempo de consistência de qualidade e de uma real identificação da tipicidade, a Campanha Gaúcha possa ter o reconhecimento de uma Denominação de Origem (DO). Leia aqui na íntegra o regulamento de uso da IP da Campanha Gaúcha.

E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho bem intenso, escuro, com alguma viscosidade, com lágrimas espessas, grossas, lentas e em profusão que desenham as bordas do copo.

No nariz traz os aromas complexos e evidentes das frutas vermelhas e negras bem maduras, diria em estágio de geleia, com as notas florais, de violetas, de tipicidade da Touriga Nacional, com a madeira também assumindo destaque, graças aos 12 meses em barricas de carvalho, que entregam baunilha, couro, tabaco, café, torrefação, chocolate.

Na boca é igualmente complexo, austero, trazendo untuosidade, volume, estruturado, mas se mostra equilibrado, macio, sendo fácil de degustar. A fruta e a madeira são notadas e estão em plena convergência e entrega frescor, notas de baunilha, terra molhada, caramelo, café torrado, chocolate, além de taninos presentes, marcados, mas de boa textura, domado, com acidez correta e um final cheio e persistente, um final frutado.

“O fato de ganharmos Ouro com o Touriga Nacional em Portugal, na sua terra de origem, valida ainda mais todo o trabalho que vem sendo construído há 19 anos no projeto Seival na Campanha Meridional”.

Adriano Miolo, superintendente da Miolo.

Muito melhor que a celebração de um prêmio conquistado por esta linha de rótulos da Miolo é a corroboração de um terroir que expressa toda a sua realidade, todas as suas características e que este grande produtor fez e faz questão de projetar em seus rótulos. É a prova contundente que mesmo se tratando de um vinho de volume traz, entrega qualidade, tipicidade, desmistificando qualquer questionamento oriundo de visões preconceituosas de aristocratas do vinho que insistem em dizer que todo o vinho produzido em larga escala é ruim. É a comprovação de que o elo entre este humilde enófilo com essa grande vinícola ainda está vivo e pleno, uma parceria que irá perdurar por anos e anos e que ainda me proporciona grandes novidades. Que venham outros tantos! Tem 14,5% de teor alcoólico!

Sobre a Vinícola Miolo:

A paixão pelo mundo fascinante do vinho é facilmente explicada pela história da família Miolo que, além de trabalhar na vitivinicultura desde a chegada de Giuseppe no Brasil em 1897, inova ano após ano. Uma das fundadoras do projeto Wines of Brasil, a Miolo Wine Group é a maior exportadora de vinhos do Brasil e a mais reconhecida no mercado internacional. A produção dentre as 4 vinícolas do grupo soma, em média, 10 milhões de litros por ano numa área cultivada de vinhedos próprios com aproximadamente 1.000 hectares.

A Miolo exporta para mais de 30 países de todos os continentes. É o maior exportador de vinhos finos do Brasil. De 30 hectares em 1989, a Miolo cultiva hoje, 30 safras mais tarde, cerca de 950 hectares de vinhedos em quatro terroirs brasileiros: Vale dos Vinhedos (Serra Gaúcha), Seival/Candiota (Campanha Meridional), Almadén/Santana do Livramento (Campanha Central) e Terranova/Casa Nova (Vale do São Francisco), sendo a única empresa do setor genuinamente brasileira com atuação em quatro diferentes regiões produtoras.

Com uma produção anual de cerca de 10 milhões de litros, é a marca que detém o maior portfólio de rótulos verde amarelos, exibindo centenas de prêmios conquistados no mundo inteiro. O pioneirismo na elaboração dos vinhos se estendeu para o enoturismo, onde a marca gera experiência, aproximando e formando novos apreciadores da bebida. Assim é no Vale dos Vinhedos com o Wine Garden Miolo, assim é no Vale do São Francisco com o Vapor do Vinho pelo Velho Chico, onde a Miolo transformou o sertão em vinhedo. Este mesmo espírito empreendedor que fez da pequena vinícola familiar a maior produtora de vinhos finos do Brasil em apenas 30 safras, é que move gerações e aproxima quem sonha de quem quer fazer.

Mais informações acesse:

https://www.miolo.com.br/

Referências:

“Academia do Vinho”: https://www.academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=CAMPANHA

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/campanha-gaucha/

“Vinhos da Campanha”: https://www.vinhosdacampanha.com.br/ciclo-de-crescimento-da-uva/

“Embrapa”: https://www.embrapa.br/uva-e-vinho/indicacoes-geograficas-de-vinhos-do-brasil/ig-registrada/campanha-gaucha

“Tudo do Vinho”: https://tudodovinho.wordpress.com/2020/07/14/i-p-campanha-gaucha/

“Além do Vinho”: https://alemdovinho.wordpress.com/2015/09/20/brasil-campanha-gaucha-melhor-terroir-para-a-tannat/

“Conceito de Luxo”: https://conceitodeluxo.com.br/miolo-touriga-nacional-do-brasil-e-ouro-em-portugal/