sábado, 17 de setembro de 2022

El Artista Gran Reserva Tempranillo 2012

 

Há quem torça o nariz, rejeite de forma retumbante os vinhos baratos, por achar, entender que não tem qualidade ou no mínimo suspeito de uma audiência, de uma degustação. Você não encontrará complexidade, estrutura, por exemplo, em vinhos baratos! Será?

Estou dando margem à contextualização pelo simples fato de que nem sempre essa afirmativa é regra! Para toda regra há sempre exceções! Aqueles vinhos que você nem esperava certas características pelo simples fato do preço ser baixo, não condizente a valores incipientes! Será que temos de nos render a certos estereótipos?

Não quero e sequer devo entrar em detalhes técnicos que determinam os valores dos vinhos, tais como o processo de vinificação e o vinho engarrafado que, finalmente chega às mesas dos enófilos espalhados pelo mundo. Aquele esquema de processo de produção e produto final.

Sem contar que ainda tem o fator da larga produção que também estão associados a vinhos de baixa qualidade que muitos formadores de opinião do universo do vinho preconizam como tal. Como disse não quero e não devo, como um reles degustador de vinhos, entrar em pormenores sobre esses casos, talvez pelo fato de minha incapacidade técnica ou ignorância perante o caso.

Mas talvez consiga provar o contrário com exemplos práticos. Cases de sucesso que, nada mais é do que a aceitação do enófilo e um viés possível e democrático da entrada de muitos degustadores em potencial ao mundo do vinho ou a possibilidade de explorar novas possibilidades e novas propostas de vinhos de enófilos assalariados, que não tem a chance de degustar vinhos complexos, por exemplo, pelo fato de não ter um alto poder aquisitivo.

Por que estou falando tudo isso? Porque eu tive algumas surpresas surpreendentemente positivas e agradáveis com alguns vinhos espanhóis do “combo” Crianza, Reserva e Gran Reserva tidos como rótulos de complexidade e extrema personalidade o que, para muitos, seria impossível, a priori, por preços, digamos, populares e/ou acessíveis a bolsos menos favorecidos.

Vou citar alguns exemplos de vinhos que degustei e gostei que sempre estarão em meu coração e lembrança tais como o Gran Villa Gran Reserva de 2011, da região de Navarra e o Palácio del Conde Gran Reserva 2015, da região de Valência. Todos na faixa de R$ 40,00 à época da compra, há cerca de um ou dois anos atrás, aproximadamente. É possível?

É possível uma vinícola investir em um rótulo a preços baixos com essa proposta? Digo que sim! Vende pelo volume, uai! E é o que está acontecendo com um vinho que me chamou a atenção pela visibilidade, pelo lindo rótulo e, sobretudo, pela proposta! Será que o vinho é bom? Como eu estou em uma vibe de comprar espanhóis com essa proposta amadeirada e complexa dos Crianzas, Reservas e Gran Reservas, decidi apostar como muitos estão fazendo. No escuro? Talvez sim! Mas escolher e comprar vinhos, penso, é assumir riscos.

Então o comprei e, logo que o vinho deu as caras em minha casa, decidi não demorar muito para degusta-lo e o melhor: da safra 2012! Com bons doze anos de vida! O que esperar? Eu tive algumas boas surpresas. Então lá vamos nós de novo! Desarrolhei a garrafa, o vinho inundou a taça, aromas se manifestam, a cor, linda e granada, com um incomum brilho excita os olhos que estimulam os outros sentidos e..voilá!

O vinho que degustei e gostei veio da região de Valdepeñas, na Espanha, e se chama El Artista Gran Reserva, um 100% Tempranillo, da safra 2012! Alguns portais que falam sobre vinho repercutiu a chegada do El Artista, bem como confirmando o sucesso de vendas do El Artista Gran Reserva, o que é fantástico! Leia aqui uma das repercussões feitas para o rótulo!

Então antes de descrever o vinho contemos um pouco da história da Denominação de Origem (DO) de Valdepeñas e o seu terroir.

Valdepeñas

A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a -10°C.

Valdepeñas

Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de coloração muito profunda.

Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são destinadas à exportação da Espanha para outros países.

A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77% deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.

A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de carvalho.

A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.

Denominação de Origem e história

A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área de produção.

Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a produção e engarrafamento dos seus vinhos.

Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios: Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de Calatrava, Alhambra e Montiel.


E agora finalmente o vinho!

Na taça revela um vermelho rubi intenso, escuro, mas com reflexos granada, algo de atijolado que denota os seus dez anos de garrafa, com algumas lágrimas finas, razoavelmente lentas, mas que desenham as bordas do copo.

No nariz fica o destaque para a sinergia, a harmonia entre as notas amadeiradas e frutadas. O carvalho, com seus 18 meses estagiando, trouxe traços abaunilhados, de defumado, couro e especiarias, diria pimenta. As frutas pretas maduras, como amoras, ameixas e cereja, denunciam uma das genuínas características da Tempranillo.

Na boca é seco, untuoso, volumoso, arriscaria vibrante, contudo o tempo o tornou elegante e complexo, o equilíbrio e a harmonia da idade e notória. As notas amadeiradas se faz protagonista, bem como as notas frutadas, como assim revelou no aspecto olfativo, com taninos maduros, domados, com a acidez incrivelmente média e um final solar e persistente.

El Artista Gran Reserva é um vinho complexo, a madeira protagoniza, porém juntamente com as notas frutadas, o que é incrível aos dez anos de vida. Um vinho macio, redondo, equilibrado, entregando a elegância típica de vinhos como esse. Não esperam peso, estrutura ou algo que o valha, afinal 18 meses de barricas de carvalho com outros 18 meses em garrafa, o afinamento trará complexidade, não peso, estrutura. E o mais gratificante é degustar um vinho em uma faixa de preço extremamente acessível. É possível sim degustar um Gran Reserva espanhol com um valor competitivo e que atinja sim a todos os níveis sociais, sem taxar o vinho como aristocrático e de difícil alcance entre os enófilos indistintamente. Uma reverência aos revendedores e a vinícola que provaram que é possível degustar um vinho com tal proposta a um valor justo e possível. Democratizemos a cultura do vinho! Tem 13% de teor alcoólico.

Sobre a Bodegas Fernando Castro:

A Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850, é a mais antiga adega CLM sob a direção da mesma família. A família Castro começou a produzir vinhos brancos e tintos a partir de uvas cultivadas na sua propriedade em Santa Cruz de Mudela, seguindo os métodos tradicionais da região.

Desde 1895, as Bodegas Fernando Castro estão presentes nos pontos mais importantes do território nacional, graças ao conhecido Comboio do Vinho e posteriormente através da sua própria rede de transportes, conquistando a confiança dos grandes centros de compras.

Com uma localização geográfica imbatível, estando no centro de Espanha, os seus produtos chegam a qualquer ponto da geografia, o que juntamente com a ênfase na qualidade dos seus produtos e eficiência no serviço, tem facilitado a expansão do seu mercado ao máximo desde 70 países para onde exportam atualmente.

A adega Fernando Castro está localizada no centro nevrálgico da Denominação de Origem Valdepeñas. Localizada no extremo sul do planalto ibérico e bem delimitada pela planície de La Mancha a norte, os campos de Montiel a leste, Calatrava a oeste e Serra Morena a sul, Santa Cruz de Mudela preserva o património cultural e gastronómico de A Mancha.

A região contém uma abundância de solos calcários, arenosos e argilosos (avermelhados), atravessados pelo rio Jabalón e bronzeados pelo sol. Terrenos com um clima continental marcado de temperaturas extremas e baixa pluviosidade, onde as temperaturas podem ultrapassar os 40ºC e descer abaixo dos -10ºC.

Viticultores por tradição familiar, Bodegas Fernando Castro tem 380 hectares de vinhas aninhadas em torno da Finca Los Altos, supervisionadas pessoalmente pela família Castro. Os seus vinhos expressam a personalidade de uma região única, situada a 705 metros de altitude e com um clima de temperaturas extremas, os seus solos são pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade, condição ideal para o cultivo da vinha.

Mais de 2.500 horas de sol por ano se traduzem em uvas bem maduras e vinhos com maior intensidade de cor, estrutura ideal e poder aromático.

Atualmente, duas gerações da família Castro trabalham juntas, com o apoio inestimável de grandes profissionais que contribuem para a produção, processamento, envelhecimento e comercialização dos seus vinhos, utilizando instalações modernas, confortáveis ​​e funcionais.

Na última década, alargaram a sua gama de produtos a setores novos e emergentes como os vinhos espumantes, vinhos não alcoólicos, vinhos Kosher, vinhos biológicos e até sangrias, garantindo os mesmos níveis de qualidade e serviço nestes novos produtos.

Todos os anos os vinhos são premiados nos mais prestigiados concursos internacionais do mundo, como Berliner Wein Thophy, Mundus Vini, Sakura Japan Awards ou o Best Wine-in-Box da França.

Mais informações acesse:

https://bodegasfernandocastro.es/

Referências:

“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/

“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html











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