Há quem torça o nariz, rejeite de forma retumbante os vinhos
baratos, por achar, entender que não tem qualidade ou no mínimo suspeito de uma
audiência, de uma degustação. Você não encontrará complexidade, estrutura, por
exemplo, em vinhos baratos! Será?
Estou dando margem à contextualização pelo simples fato de
que nem sempre essa afirmativa é regra! Para toda regra há sempre exceções!
Aqueles vinhos que você nem esperava certas características pelo simples fato
do preço ser baixo, não condizente a valores incipientes! Será que temos de nos
render a certos estereótipos?
Não quero e sequer devo entrar em detalhes técnicos que
determinam os valores dos vinhos, tais como o processo de vinificação e o vinho
engarrafado que, finalmente chega às mesas dos enófilos espalhados pelo mundo.
Aquele esquema de processo de produção e produto final.
Sem contar que ainda tem o fator da larga produção que também
estão associados a vinhos de baixa qualidade que muitos formadores de opinião
do universo do vinho preconizam como tal. Como disse não quero e não devo, como
um reles degustador de vinhos, entrar em pormenores sobre esses casos, talvez
pelo fato de minha incapacidade técnica ou ignorância perante o caso.
Mas talvez consiga provar o contrário com exemplos práticos. Cases
de sucesso que, nada mais é do que a aceitação do enófilo e um viés possível e
democrático da entrada de muitos degustadores em potencial ao mundo do vinho ou
a possibilidade de explorar novas possibilidades e novas propostas de vinhos de
enófilos assalariados, que não tem a chance de degustar vinhos complexos, por
exemplo, pelo fato de não ter um alto poder aquisitivo.
Por que estou falando tudo isso? Porque eu tive algumas
surpresas surpreendentemente positivas e agradáveis com alguns vinhos espanhóis
do “combo” Crianza, Reserva e Gran Reserva tidos como rótulos de complexidade e
extrema personalidade o que, para muitos, seria impossível, a priori, por
preços, digamos, populares e/ou acessíveis a bolsos menos favorecidos.
Vou citar alguns exemplos de vinhos que degustei e gostei que
sempre estarão em meu coração e lembrança tais como o Gran Villa Gran Reserva de 2011, da região de Navarra e o Palácio del Conde Gran Reserva 2015, da
região de Valência. Todos na faixa de R$ 40,00 à época da compra, há cerca de
um ou dois anos atrás, aproximadamente. É possível?
É possível uma vinícola investir em um rótulo a preços baixos
com essa proposta? Digo que sim! Vende pelo volume, uai! E é o que está
acontecendo com um vinho que me chamou a atenção pela visibilidade, pelo lindo
rótulo e, sobretudo, pela proposta! Será que o vinho é bom? Como eu estou em
uma vibe de comprar espanhóis com essa proposta amadeirada e complexa dos
Crianzas, Reservas e Gran Reservas, decidi apostar como muitos estão fazendo.
No escuro? Talvez sim! Mas escolher e comprar vinhos, penso, é assumir riscos.
Então o comprei e, logo que o vinho deu as caras em minha
casa, decidi não demorar muito para degusta-lo e o melhor: da safra 2012! Com
bons doze anos de vida! O que esperar? Eu tive algumas boas surpresas. Então lá
vamos nós de novo! Desarrolhei a garrafa, o vinho inundou a taça, aromas se
manifestam, a cor, linda e granada, com um incomum brilho excita os olhos que
estimulam os outros sentidos e..voilá!
O vinho que degustei e gostei veio da região de Valdepeñas,
na Espanha, e se chama El Artista Gran Reserva, um 100% Tempranillo, da safra
2012! Alguns portais que falam sobre vinho repercutiu a chegada do El Artista,
bem como confirmando o sucesso de vendas do El Artista Gran Reserva, o que é
fantástico! Leia aqui uma das repercussões feitas para o rótulo!
Então antes de descrever o vinho contemos um pouco da
história da Denominação de Origem (DO) de Valdepeñas e o seu terroir.
Valdepeñas
A D.O. Valdepeñas fica ao sul de Castilla La Mancha no centro
da Espanha. Trata-se de uma região muito propícia para o cultivo da vinha, com
um clima continental de baixo índice pluviométrico, e que registra temperaturas
extremas, com máximas que superam os 40°C, e mínimas que podem ser inferiores a
-10°C.
Os solos, pobres em matéria orgânica e de baixa fertilidade,
obrigam as raízes das videiras a se desenvolverem, a se aprofundarem e a se
fortalecerem. Nesse cenário, cultivam-se uvas que alcançam boa maturação, e que
são capazes de produzir vinhos muito estruturados, complexos, aromáticos e de
coloração muito profunda.
Anualmente, são produzidos cerca de 57 milhões de litros de
vinho rotulados com a denominação Valdepeñas, sendo que quase 40% da produção são
destinadas à exportação da Espanha para outros países.
A grande maioria dos vinhos de Valdepeñas, cerca de 77%
deles, são tintos. Os brancos representam cerca de 18%, e os rosés de
Valdepeñas, tradicionalmente famosos, representam apenas 5%.
A notoriedade de Valdepeñas encontra sua origem em vinhos
rosés do passado, que foram lentamente dando lugar a tintos elegantes, sempre
aveludados e frutados, que podem ser jovens ou envelhecidos em barris de
carvalho.
A variedade mais importante de Valdepeñas é sem dúvida, a
Tempranillo, que também é conhecida nessa região como Cencibel. Outras uvas
autorizadas para cultivo em Valdepeñas são as tintas Garnacha, Cabernet
Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot, além das brancas Airén, Macabeo,
Chardonnay, Sauvignon Blanc, Moscatel de Grano Menudo e Verdejo.
Denominação de Origem e história
A Denominação de Origem Valdepeñas nasceu em 1932 conforme
consta do Estatuto do Vinho, a produção de vinho na região remonta ao século V
aC, como comprovam os estudos científicos do sítio ibérico "Cerro de las
Cabezas" localizado geograficamente dentro da área que hoje é a sua área
de produção.
Foi em 1968 que a Denominação de Origem Valdepeñas foi dotada
do seu primeiro regulamento, que durou até 2009, altura em que se constituiu
como Associação Interprofissional, criando o quadro de trabalho entre
produtores e adegas, pela qualidade diferenciada no processo de viticultura e a
produção e engarrafamento dos seus vinhos.
Apesar de ser mundialmente reconhecida como "Denominação
de Origem Valdepeñas", sua área de produção inclui dez municípios:
Valdepeñas, Alcubillas, Moral de Calatrava, San Carlos del Valle, Santa Cruz de
Mudela, Torrenueva, parte do distrito Torre de Juan Abad, Granátula de
Calatrava, Alhambra e Montiel.
E agora finalmente o vinho!
Na taça revela um vermelho rubi intenso, escuro, mas com
reflexos granada, algo de atijolado que denota os seus dez anos de garrafa, com
algumas lágrimas finas, razoavelmente lentas, mas que desenham as bordas do
copo.
No nariz fica o destaque para a sinergia, a harmonia entre as
notas amadeiradas e frutadas. O carvalho, com seus 18 meses estagiando, trouxe traços
abaunilhados, de defumado, couro e especiarias, diria pimenta. As frutas pretas
maduras, como amoras, ameixas e cereja, denunciam uma das genuínas
características da Tempranillo.
Na boca é seco, untuoso, volumoso, arriscaria vibrante, contudo
o tempo o tornou elegante e complexo, o equilíbrio e a harmonia da idade e
notória. As notas amadeiradas se faz protagonista, bem como as notas frutadas,
como assim revelou no aspecto olfativo, com taninos maduros, domados, com a
acidez incrivelmente média e um final solar e persistente.
El Artista Gran Reserva é um vinho complexo, a madeira
protagoniza, porém juntamente com as notas frutadas, o que é incrível aos dez
anos de vida. Um vinho macio, redondo, equilibrado, entregando a elegância
típica de vinhos como esse. Não esperam peso, estrutura ou algo que o valha,
afinal 18 meses de barricas de carvalho com outros 18 meses em garrafa, o
afinamento trará complexidade, não peso, estrutura. E o mais gratificante é
degustar um vinho em uma faixa de preço extremamente acessível. É possível sim
degustar um Gran Reserva espanhol com um valor competitivo e que atinja sim a
todos os níveis sociais, sem taxar o vinho como aristocrático e de difícil
alcance entre os enófilos indistintamente. Uma reverência aos revendedores e a
vinícola que provaram que é possível degustar um vinho com tal proposta a um
valor justo e possível. Democratizemos a cultura do vinho! Tem 13% de teor
alcoólico.
Sobre a Bodegas Fernando Castro:
A Bodegas Fernando Castro foi fundada em 1850, é a mais
antiga adega CLM sob a direção da mesma família. A família Castro começou a
produzir vinhos brancos e tintos a partir de uvas cultivadas na sua propriedade
em Santa Cruz de Mudela, seguindo os métodos tradicionais da região.
Desde 1895, as Bodegas Fernando Castro estão presentes nos
pontos mais importantes do território nacional, graças ao conhecido Comboio do
Vinho e posteriormente através da sua própria rede de transportes, conquistando
a confiança dos grandes centros de compras.
Com uma localização geográfica imbatível, estando no centro
de Espanha, os seus produtos chegam a qualquer ponto da geografia, o que
juntamente com a ênfase na qualidade dos seus produtos e eficiência no serviço,
tem facilitado a expansão do seu mercado ao máximo desde 70 países para onde
exportam atualmente.
A adega Fernando Castro está localizada no centro nevrálgico
da Denominação de Origem Valdepeñas. Localizada no extremo sul do planalto
ibérico e bem delimitada pela planície de La Mancha a norte, os campos de
Montiel a leste, Calatrava a oeste e Serra Morena a sul, Santa Cruz de Mudela
preserva o património cultural e gastronómico de A Mancha.
A região contém uma abundância de solos calcários, arenosos e
argilosos (avermelhados), atravessados pelo rio Jabalón e bronzeados pelo sol.
Terrenos com um clima continental marcado de temperaturas extremas e baixa
pluviosidade, onde as temperaturas podem ultrapassar os 40ºC e descer abaixo
dos -10ºC.
Viticultores por tradição familiar, Bodegas Fernando Castro
tem 380 hectares de vinhas aninhadas em torno da Finca Los Altos, supervisionadas
pessoalmente pela família Castro. Os seus vinhos expressam a personalidade de
uma região única, situada a 705 metros de altitude e com um clima de
temperaturas extremas, os seus solos são pobres em matéria orgânica e de baixa
fertilidade, condição ideal para o cultivo da vinha.
Mais de 2.500 horas de sol por ano se traduzem em uvas bem
maduras e vinhos com maior intensidade de cor, estrutura ideal e poder
aromático.
Atualmente, duas gerações da família Castro trabalham juntas,
com o apoio inestimável de grandes profissionais que contribuem para a
produção, processamento, envelhecimento e comercialização dos seus vinhos,
utilizando instalações modernas, confortáveis e funcionais.
Na última década, alargaram a sua gama de produtos a setores
novos e emergentes como os vinhos espumantes, vinhos não alcoólicos, vinhos
Kosher, vinhos biológicos e até sangrias, garantindo os mesmos níveis de
qualidade e serviço nestes novos produtos.
Todos os anos os vinhos são premiados nos mais prestigiados
concursos internacionais do mundo, como Berliner Wein Thophy, Mundus Vini,
Sakura Japan Awards ou o Best Wine-in-Box da França.
Mais informações acesse:
https://bodegasfernandocastro.es/
Referências:
“Vinos Valdepeñas”: https://vinosvaldepenas.com/denominacion/
“Bardot Vinhos e Artes”: http://www.bardotvinhoseartes.com.br/2015/11/denominacion-de-origen-valdepenas.html
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