O vinho que degustei e gostei de hoje é um valoroso Merlot da
Serra Gaúcha de um produtor novo que vem apostando em vinhos naturais, com o
mínimo de intervenção humana e longevos. Falo da Vinha Solo Merlot da safra
2009, da vinícola Vinha Solo. Sim! Um valoroso Merlot da Serra Gaúcha com 14 anos e com muita vida,
complexidade, plenitude e integridade.
A Vinha Solo é um projeto de dois amigos que desejavam
produzir vinhos naturais, o arquiteto Milton Scola e o empresário Raimundo
Demore que escolheram uma preciosa área no norte de Caxias do Sul, no distrito
de Fazenda Souza.
Plantaram 20 hectares de vinhedos com mudas trazidas da
Itália aproveitando as peculiaridades características do solo de transição das
encostas e dos campos de cima da Serra Gaúcha
Na localidade de Fazenda Souza a altitude chega a 890 metros
e os ventos são generosos. O solo de estrutura argilo arenosa mantém uma
vegetação natural rasteira em equilíbrio com um regime de chuvas moderado,
permitindo uma prática cultural da vinha com pouca intervenção.
Isso propicia que muitas espécies locais de animais como
quero-queros, pardais, andorinhas, curicacas, lagartos entre outros vivam em
harmonia formando uma linda biodiversidade. Inclusive tais animais estampam os
rótulos dos seus vinhos, no caso do Merlot é o quero-quero.
A propósito o primeiro nome dado a região de Fazenda Souza
foi Pouso Alto, utilizado bem antes da chegada de imigrantes naquela
localidade. Inclusive um dos nomes do vinho da Vinha Solo carrega o antigo nome
da região que já era explorada, sob o aspecto da agricultura, antes de 1790,
época do Brasil Colônia.
O vinho, no auge dos seus 14 anos de garrafa, mostrou-se
pleno, íntegro, complexo e capaz ainda de evoluir bem em garrafa por mais
alguns anos. Evolução! Essa é a palavra inaugural para definir esse belo vinho.
Um visual granada, já com nuances bem evidentes de um lindo atijolado e
lágrimas espessas, lentas e grossas.
O nariz se mostrou complexo, gozando de um destaque fabuloso,
com notas de terra molhada e algo de flores, um instigante floral. Frutas secas
são percebidas, há algo de frutas vermelhas também, couro e especiarias, algo
de pimenta, cassis. O aroma, mesmo com a taça vazia, teimava em lá permanecer.
Na boca é elegante, macio, afinal o tempo lhe tornou gentil e
amável na boca. As frutas secas e vermelhas protagonizam, como no aspecto
olfativo. Apesar do veludo, ainda se revela com média estrutura, ainda entrega
alguma personalidade, corroborando o seu longo tempo em garrafa. Tem taninos
amáveis e domados e com uma acidez média, o que encanta pelo seu tempo de vida.
Tem final longo, cheio e persistente.
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