O vinho que degustei e gostei de hoje é um clássico italiano!
Falando em clássicos do vinho a Itália dispara na preferência dos mais
exigentes paladares enófilos. Falo do Chainti, falo do Castellani Chianti
Riserva da igualmente tradicional vinícola Castellani.
O vinho é composto pela tradicional Sangiovese, que predomina
em 85% do blend, uma regulamentação do DOCG da região de Chianti, que segue com
Canaiolo (10%) e Cabernet Sauvignon (5%) da safra 2015.
A Castellani foi estabelecida em Montecalvoli no final do
século 19 quando Alfred, um viticultor de longa data, decidiu a começar a
engarrafar e vender seu vinho. O filho de Alfredo, Duilio, junto com seu irmão
Mario dá início ao período de expansão da empresa. Duilio, homem meticuloso e
diligente, participa ativamente de todas as etapas do trabalho.
Várias adegas foram adquiridas ao longo dos anos, como a
Fazenda Burchino, nas
colinas da vila de Terricciola, bem como a aquisição da vinha Poggio al Casone,
além da Fazenda Campomaggio.
Falando um pouco de Chianti, a região é montanhosa e se
estende por cerca de 60 km a 70 km na sua extensão, cujo ponto mais alto é
Monte San Michele, a 893 metros. Existem cinco rios que cruzam e definem a área
como os rios Pesa, Greve, Ombrone, Staggia e Arbia.
O começo da história remonta ao século XIII, quando os Médici
dominavam a cidade de Firenze (Florença), na Toscana, e lá criaram uma das
repúblicas mais influentes de seu tempo – basta lembrar que eles foram patronos
das artes que culminaram com o Renascimento. Em meados do século XIII, os
fiorentinos eram uma potência e viviam guerreando com vizinhos.
Para garantir uma boa defesa de suas terras, eles as
dividiram em ligas militares de cidades. Uma delas, criada em 1384, foi a Lega
del Chianti, que compreendia as vilas de Radda, Gaiole e Castellina (até hoje o
centro da região que se denomina Chianti Classico), e durou até 1774, atuando
ativamente durante as batalhas entre Firenze e Siena.
Aliás, a principal lenda em torno do vinho de Chianti vem dessas longas disputas medievais entre fiorentinos e sieneses, nascendo a lenda Gallo Nero, que serve de emblema dos vinhos de Chianti Classico.
Diz-se que os sieneses escolheram um belo e forte galo branco
para dar o sinal ao seu cavaleiro. Já os fiorentinos teriam escolhido um galo
negro raquítico, que ficou confinado sem comida. Por isso, o galo de Firenze
teria acordado mais cedo, ainda durante a noite, faminto, e começado a cantar,
fazendo com que seu cavaleiro tivesse grande vantagem sobre o rival de Siena,
cujo galo só acordaria para cantar já nos primeiros raios de sol da manhã.
Assim, dos pouco mais de 60 quilômetros que separam as duas cidades, o cavaleiro sienês conseguiu percorrer somente cerca de 12 antes de encontrar o oponente nas proximidades de Fonterutoli, pouco ao sul de Castellina.
Em 1716, Cosimo III de Médici delimitou a região para a
produção dos vinhos de Chianti. Lendas à parte, a verdade é que a demarcação da
área de Chianti como pertencente à Firenze ocorreu em um tratado de 1203. Na
época, os fiorentinos eram leais ao Papa e Siena, ao Sacro-Império Romano. Para
maiores detalhes sobre a história de magnífica região segue o link de leitura
do Blog “História com Gosto”.
O vinho, é um belo representante da bela Toscana e a sua
pérola Chianti, mostra, no aspecto visual, um rubi intenso, quase escuro com
halos granada, evidenciando algum tempo em garrafa, cerca de cinco anos, mas
também pelos longos 24 meses que estagiou em barricas de carvalho.
No nariz apresenta discreto toque amadeirado, algo de terra
molhada, couro, tabaco e baunilha, bem complexo, como já era de se prever de um
chianti riserva. As notas frutadas se apresentam também, algo de frutas
vermelhas como framboesa, cereja e até morangos e finaliza com especiarias,
defumado. A rusticidade da casta predominante, a Sangiovese, se faz presente.
Na boca é intenso, com média estrutura para mais, evidenciado por taninos marcados, presentes, mas domados, com uma acidez vivaz, também típica da Sangiovese, bem como o álcool com alguma proeminência no início, acalmando ao longo da degustação. A madeira se mostrou discreta, porém entregou um leve chocolate e tostado, as notas frutadas protagonizam. Não evoluiu muito bem ao longo da degustação, mas se mostrou íntegro até o fim.
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